Por Alan Bernetto
O império
Apesar de nunca terem descurado o exercício de sua autoridade, os soberanos persas asseguraram uma larga margem de autodeterminação, em assuntos internos, aos povos conquistados, permitindo que falassem as próprias línguas, cultuassem os próprios deuses e desenvolvessem em paz suas atividades econômicas. A cunhagem de uma moeda única para todo o império, como foi dito, foi fator importante para impulsionar as atividades comerciais. Caravanas partiam da Babilônia, da Ásia Menor e da Média, ligando regiões distantes por meio de um ativo intercâmbio de mercadorias, facilitado pela inexistência de fronteiras e pela paz reinante.
Apesar de terem criado pouca coisa de original, os persas souberam
aproveitar a herança de conhecimento que lhes transmitiram os povos
conquistados. Na arquitetura, por exemplo, onde nos deixaram magníficas
construções, os palácios assentam sobre plataformas, como na
Mesopotâmia; os tetos são sustentados por colunas, como nas salas
hipóstilas egípcias; as paredes se apresentam ornadas por
baixos-relevos, como na Assíria; e por tijolos esmaltados, como em
Babilônia. A escrita persa utilizou os caracteres cuneiformes
mesopotâmicos. O grande rei Dario acolhia em sua corte sábios
babilônios, médicos gregos e artífices egípcios.
Dois aspectos caracterizaram a civilização persa: o religioso e
o político. Com efeito, o Zoroastrismo apresentava uma elevação moral e
espiritual pouco comum na Antiguidade. Quanto ao aspecto político, a
obra realizada pelos persas foi totalmente original, quer no que diz
respeito ao tratamento dispensado aos povos sob seu domínio, quer no que
tange à organização administrativa.
Coube-lhes o mérito de aproximar as nações conquistadas.
Fazendo desaparecer rivalidades e desconfianças, estimularam o
intercâmbio de produtos e de ideias. Com a unificação do sistema
monetário por meio do dárico (moeda mandada cunhar por Dario I), as
atividades comerciais foram grandemente incrementadas. A excelente rede
de estradas, algumas com mais de 2 mil quilômetros, facilitava as
comunicações oficiais e o trânsito das caravanas. A justiça e a
clemência dos reis persas foi fator preponderante nessa aproximação.
Se a civilização persa não nos deixou obras originais no campo
da arte, da cultura e da ciência, ou se seu legado, nesse terreno, foi
inferior ao dos egípcios e mesopotâmicos, podemos dizer que a ela se
deve a revelação de valores éticos de profundo significado humano. E
essa contribuição é inestimável.
Darius retratado no chamado vaso grego Darius em Nápoles, encontrado em 1851, em Canosa di Puglia |
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Cambises II era filho de Ciro, o Grande (r. 559-530 aC), fundador do Império Persa e sua primeira dinastia | Xerxes, filho de Salamida, foi um Shahanshah Persa (imperador) do Império Aquemênida | |
Dárico (moeda cunhada por Dario) | Ciro, o Grande |
O império
A expansão persa se iniciou em 549 a.C. com a manobra política que
colocou Ciro no trono da Média. A união dos dois países iranianos
formava, por si só, uma poderosa potência. Mas a habilidade diplomática e
o talento militar dos soberanos aquemênidas transformariam a Pérsia no
centro do maior império até então constituído. Semitas, hititas, gregos e
egípcios foram, durante muitos anos, vassalos da aristocracia persa.
A base da organização política do Estado era a
satrapia (província), cujo governador se mantinha em permanente contato
com o rei, recebendo ordens e enviando relatórios sobre a situação
local. As comunicações eram rápidas e eficientes, graças às ótimas
estradas, que interligavam os principais pontos do império, e a um
perfeito serviço de correio a cavalo.
Zoroastro
Apesar de nunca terem descurado o exercício de sua autoridade, os soberanos persas asseguraram uma larga margem de autodeterminação, em assuntos internos, aos povos conquistados, permitindo que falassem as próprias línguas, cultuassem os próprios deuses e desenvolvessem em paz suas atividades econômicas. A cunhagem de uma moeda única para todo o império, como foi dito, foi fator importante para impulsionar as atividades comerciais. Caravanas partiam da Babilônia, da Ásia Menor e da Média, ligando regiões distantes por meio de um ativo intercâmbio de mercadorias, facilitado pela inexistência de fronteiras e pela paz reinante.
O rei, de tão vasto e poderoso império, era, como
todos os soberanos orientais que o haviam precedido, um rei absolutista.
Governava em nome de deus e vivia em meio à extrema pompa e aparato.
Quem quer que dele se aproximasse, devia fazê-lo ajoelhando- se. Mas a
nobreza desempenhava relevante papel nos negócios da Corte e muitas das
decisões reais levavam em conta a opinião dos membros da aristocracia.
A fase de maior vitalidade do Império Persa foi a de
sua formação e organização (549-485 a.C.) sob os governos de Ciro,
Cambises e Dario. Esse último lhe deu fronteiras definitivas e uma
estrutura altamente eficiente. A expansão persa foi freada pelo conflito
com os gregos, iniciado ao tempo de Dario (490 a.C.) e concluído com as
derrotas de Salamina (480 a.C.) impostas pelos helenos a seu filho e
sucessor: Xerxes.
A Pérsia renunciou a novas conquistas, permanecendo como maior potência asiática até a invasão macedônica em 331 a.C.
Até hoje o Império Aquemênida é
considerado o maior de todos os impérios da história, e uma das maiores
nações (Mapa do Império Aquemênida ca. 500 a.C.)
Fonte: Leituras da História
Fonte: Leituras da História