quarta-feira, 30 de julho de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
The Second Coming (by William Butler Yeats)
William Butler Yeats (1865-1939)
THE SECOND COMING
Turning and turning in the widening gyre
The falcon cannot hear the falconer;
Things fall apart; the centre cannot hold;
Mere anarchy is loosed upon the world,
The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere
The ceremony of innocence is drowned;
The best lack all conviction, while the worst
Are full of passionate intensity.
Surely some revelation is at hand;
Surely the Second Coming is at hand.
The Second Coming! Hardly are those words out
When a vast image out of Spiritus Mundi
Troubles my sight: a waste of desert sand;
A shape with lion body and the head of a man,
A gaze blank and pitiless as the sun,
Is moving its slow thighs, while all about it
Wind shadows of the indignant desert birds.
The darkness drops again but now I know
That twenty centuries of stony sleep
Were vexed to nightmare by a rocking cradle,
And what rough beast, its hour come round at last,
Slouches towards Bethlehem to be born?
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segunda-feira, 28 de julho de 2014
DECISÕES DO STF - ADI 3483 MA
Processo: | ADI 3483 MA |
Relator(a): | Min. DIAS TOFFOLI |
Julgamento: | 03/04/2014 |
Órgão Julgador: | Tribunal Pleno |
Publicação: | ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-091 DIVULG 13-05-2014 PUBLIC 14-05-2014 |
Parte(s): | PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA GOVERNADORA DO ESTADO DO MARANHÃO ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO MARANHÃO |
Ementa
EMENTA
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 7.716/2001 do Estado do
Maranhão. Fixação de nova hipótese de prioridade, em qualquer instância,
de tramitação processual para as causas em que for parte mulher vítima
de violência doméstica. Vício formal. Procedência da ação.
1.
A definição de regras sobre a tramitação das demandas judiciais e sua
priorização, na medida em que reflete parte importante da prestação da
atividade jurisdicional pelo Estado, é aspecto abrangido pelo ramo
processual do Direito, cuja positivação foi atribuída pela Constituição Federal privativamente à União (Art. 22, I, CF/88).
2.
A lei em comento, conquanto tenha alta carga de relevância social,
indubitavelmente, ao pretender tratar da matéria, invadiu esfera
reservada da União para legislar sobre direito processual.
3.
A fixação do regime de tramitação de feitos e das correspondentes
prioridades é matéria eminentemente processual, de competência privativa
da União, que não se confunde com matéria procedimental em matéria
processual, essa, sim, de competência concorrente dos estados-membros.
4.
O Supremo Tribunal Federal, por diversas vezes, reafirmou a ocorrência
de vício formal de inconstitucionalidade de normas estaduais que
exorbitem de sua competência concorrente para legislar sobre
procedimento em matéria processual, adentrando aspectos típicos do
processo, como competência, prazos, recursos, provas, entre outros.
Precedentes.
5. Ação julgada procedente.
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Como a experiência da 1ª guerra mundial definiu obras de escritores
Por Maria Fernanda Rodrigues – O Estado de S. Paulo
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/babel/a-primeira-guerra-mundial-os-escritores-que-lutaram-e-como-a-experiencia-no-front-definiu-suas-obras/
O americano Ernest Hemingway era um garoto
recém-saído do colégio quando, em 1918, foi dirigir ambulâncias para a
Cruz Vermelha no front italiano. Aos 19 anos, o alemão Ernst Jünger
estava no campo de batalha, matando e lutando para não morrer. J. R. R.
Tolkien, estudante de Oxford, juntou-se ao exército inglês. Guillaume
Apollinaire, poeta francês nascido na Itália, já era um artista
reconhecido no momento em que se feriu gravemente em combate.
Ao lado de C. S. Lewis, Bertolt Brecht, e.
e. cummings, Erich Maria Remarque, Rudyard Kipling, John dos Passos,
William Faulkner, Gertrude Stein, Agatha Christie e outros, estes
autores fizeram parte de uma geração marcada pela guerra. E a
experiência no conflito, em diferentes níveis e dos dois lados, acabaria
influenciando suas obras – seja como tema de livros ou como experiência
definidora dos artistas que eles se tornariam. Para eles, a escrita
foi, de certa forma, uma maneira de elaborar o trauma. “Escrever é uma
forma privilegiada de simbolizar, representar uma experiência que por
sua intensidade e violência transborda os limites do ser. É uma
tentativa de domá-la, integrá-la, retirar-lhe o poder desagregador e
desestruturante que carrega em si”, diz o psicanalista Sérgio Telles.
O caso de Tolkien é significativo. O autor de O Hobbit e de O Senhor dos Anéis
nunca escreveu uma linha sobre o conflito. Mas, para John Garth, um de
seus biógrafos, foi talvez o mais radical de todos os escritores
marcados pela guerra. “A experiência no front foi decisiva em sua
escolha pela escrita. Ela virou seu mundo de cabeça para baixo,
chacoalhou sua estrutura e despertou sua imaginação e seu interesse
pelos contos de fada – que tratam, geralmente, do indivíduo que entra em
contato com perigos estranhos e mortais. Escrever seu próprio conto de
fadas pode ter ajudado Tolkien a sobreviver quase ileso ao trauma da
guerra”, conta ao Estado o autor de Tolkien and the Great War: The Threshold of Middle-earth, inédito no País.
O escritor, porém, não entrou na guerra por
ideologia. Tinha 22 anos quando a Inglaterra se mobilizou e, ao
contrário de muitos colegas, ele preferiu continuar os estudos e não se
apresentou como voluntário naquele outono de 1914. Mas a cidade estava
ficando vazia e o câmpus, abandonado. Desconfortável com a situação, e
sem noção do que representaria e de quanto tempo duraria aquele
conflito, ele acabou se juntando ao Corpo de Treinamentos Para Oficiais
para se preparar para um possível alistamento. O então estudante de
língua e literatura inglesa aprendeu a atirar, e se surpreendeu ao
descobrir que gostou daquilo, conta Michael White, seu outro biógrafo,
em J. R. R. Tolkien – O Senhor da Fantasia. Ele aprendeu também
a ler mapas, conheceu os métodos de guerra e suas armas. Mas foi só em
1916 que o tenente Tolkien foi mandado ao front – e logo para a
sangrenta batalha de Somme, que já estava em andamento e que apenas no
primeiro dia mataria 19 mil soldados britânicos, entre os quais o amigo
Rob Gilson.
White relata
que Tolkien foi diversas vezes às trincheiras, matou, e voltou ileso de
todas elas. A morte de amigos, os corpos espalhados e o cheiro de sangue
o aproximavam da ideia de sua própria mortalidade, mas o que quase o
levou foi a febre da trincheira. Por causa dela, ele foi se tratar longe
dos campos de batalha. Tentou voltar à guerra, mas sempre tinha uma
recaída.
Autor de As Crônicas de Nárnia,
C.S. Lewis também não tratou diretamente do conflito em sua obra, mas
seu mundo ficcional, onde se luta contra a escuridão e o abismo,
certamente reflete a vivência nas trincheiras. Em seu livro sobre
Tolkien, White comenta que Lewis dedica três capítulos à desagradável
experiência na escola pública e apenas uma pequena parte de um capítulo à
sua participação na guerra, e o cita: “É muito distante do resto da
minha experiência (…) e frequentemente parece ter acontecido com outra
pessoa”. Mas ele esteve lá, se feriu, e na volta cumpriu a promessa
feita a um amigo: o combinado era que, caso um morresse, o outro
cuidaria da família do morto.
Motorista. A
experiência de Hemingway não foi tão radical, embora ele tenha se
ferido durante seu trabalho como motorista. Mas a guerra rendeu a ele
algumas histórias. Em 1926, lançou O Sol Também se Levanta, em que o
protagonista é um veterano de guerra. Em 1929, publicou Adeus às Armas,
este sim um romance situado durante o conflito e que narra a história de
amor entre um motorista de ambulância e uma enfermeira.
Relato impressionante da experiência no front está em Tempestade de Aço, diário de Ernst Jünger, que lutaria ainda na 2.ª Guerra – ele viveu até os 102 anos. Nada Novo no Front,
de Erich Maria Remarque, também retrata de forma vívida a experiência
de combate e aborda a inadequação do soldado ao voltar para casa e para o
convívio com civis. Já em As Aventuras do Bom Soldado Švejk, o
ex-combatente Jaroslav Hasek narra as peripécias de um checo que se
mete em muita confusão, optando pelo humor na hora de fazer contundente
denúncia do absurdo da guerra – o livro acaba de ser lançado no Brasil.
O poeta e. e. cummings teve uma passagem
traumática pelo conflito. Voluntário, acabou preso por engano, em campo
de concentração, sob alegação de espionagem – e trata disso no romance
autobiográfico A Cela Enorme, de 1922, e em alguns poemas. Louis-Ferdinand Céline se feriu no conflito e publicou, em 1932, Viagem ao Fim da Noite,
cujo protagonista também passa pela 1.ª Guerra. Rudyard Kipling,
diretor de propaganda para as colônias britânicas, voltou do conflito
com um caderno de poemas.
John dos Passos foi motorista do exército e,
em 1921, lançou o romance Três Soldados, sobre um vendedor, um jovem
camponês e um músico que respondem à pressão da guerra com rancor e
fúria assassina. Há quem diga que o americano William Faulkner não
chegou a ver de perto uma batalha, embora tenha se juntado à Força Aérea
Canadense. No entanto, a guerra foi tão marcante que, em 1926, ele
lançaria Paga de Soldado, sobre um veterano que, ao voltar para casa, é
repudiado por todos; a questão do desterrado pela guerra apareceria em
outras obras, como em Sartoris, na qual trata dos irmãos gêmeos John e
Bayard – os dois vão à guerra como aviadores: um deles morre e o outro
testemunha tudo e volta para casa atormentado.
Gertrude Stein comprou uma caminhonete e,
com a companheira Alice Toklas, distribuiu medicamentos para hospitais
militares na França. Bertolt Brecht estudava Medicina e passou um mês
trabalhando em hospital militar antes do fim da guerra. Agatha Christie
trabalhou como enfermeira da Cruz Vermelha e começou a escrever suas
histórias policiais nesse período. Scott Fitzgerald se alistou no
exército americano, mas o armistício chegou antes que ele completasse o
treinamento.
“A arte tem
papel essencial e não sobreviveríamos sem ela. O que elabora a vida e o
traumático não é o pensamento raciocinado ou conceitual, e sim o sonhar
e, como dizia o psicanalista Otto Rank, a arte é o sonho da humanidade.
Os romances e os diários são produto desse processo de sonhar e, ao
mesmo tempo, serão matéria-prima para quem os lê – de produzir um sonho
próprio de cada um que ajude a passagem nos trajetos da vida”, explica o
psicanalista Leopold Nosek.
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/babel/a-primeira-guerra-mundial-os-escritores-que-lutaram-e-como-a-experiencia-no-front-definiu-suas-obras/
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sábado, 26 de julho de 2014
Momento poético: ¨Fragmentos" (por Rogério Rocha)
Por Rogério Rocha
Verso VI (Fragmentos)
Perene espanto! Espanto que me toma sempre.
Toda hora que desperto,
toda vez que olho o mundo (olhos abertos).
É milagre vivermos como hoje somos.
É milagre ter ao lado minúsculos objetos de alienação
ainda inertes à nossa conduta.
Repito o que dizes e digo sempre o novo na repetição.
Mas que novo? Que novo se recria no absurdo, no estorvo?
Abusamos das piadas, dos versos, dos repentes...
Talvez assim sejamos mais crentes.
Talvez assim saiamos do ventre da palavra
como serpentes esquálidas,
reluzindo a pele lisa e escamada.
Além do pecado original está o lume,
A voz clemente que abre aos ouvidos o verbo crescente,
o logos completo:
origem das coisas no ar, das frases que vagam,
das certezas que ficam, depois da queda, depois da chuva.
O sereno ainda impera!
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terça-feira, 22 de julho de 2014
História Antiga: A Civilização Persa
Por Alan Bernetto
O império
Apesar de nunca terem descurado o exercício de sua autoridade, os soberanos persas asseguraram uma larga margem de autodeterminação, em assuntos internos, aos povos conquistados, permitindo que falassem as próprias línguas, cultuassem os próprios deuses e desenvolvessem em paz suas atividades econômicas. A cunhagem de uma moeda única para todo o império, como foi dito, foi fator importante para impulsionar as atividades comerciais. Caravanas partiam da Babilônia, da Ásia Menor e da Média, ligando regiões distantes por meio de um ativo intercâmbio de mercadorias, facilitado pela inexistência de fronteiras e pela paz reinante.
Apesar de terem criado pouca coisa de original, os persas souberam
aproveitar a herança de conhecimento que lhes transmitiram os povos
conquistados. Na arquitetura, por exemplo, onde nos deixaram magníficas
construções, os palácios assentam sobre plataformas, como na
Mesopotâmia; os tetos são sustentados por colunas, como nas salas
hipóstilas egípcias; as paredes se apresentam ornadas por
baixos-relevos, como na Assíria; e por tijolos esmaltados, como em
Babilônia. A escrita persa utilizou os caracteres cuneiformes
mesopotâmicos. O grande rei Dario acolhia em sua corte sábios
babilônios, médicos gregos e artífices egípcios.
Dois aspectos caracterizaram a civilização persa: o religioso e
o político. Com efeito, o Zoroastrismo apresentava uma elevação moral e
espiritual pouco comum na Antiguidade. Quanto ao aspecto político, a
obra realizada pelos persas foi totalmente original, quer no que diz
respeito ao tratamento dispensado aos povos sob seu domínio, quer no que
tange à organização administrativa.
Coube-lhes o mérito de aproximar as nações conquistadas.
Fazendo desaparecer rivalidades e desconfianças, estimularam o
intercâmbio de produtos e de ideias. Com a unificação do sistema
monetário por meio do dárico (moeda mandada cunhar por Dario I), as
atividades comerciais foram grandemente incrementadas. A excelente rede
de estradas, algumas com mais de 2 mil quilômetros, facilitava as
comunicações oficiais e o trânsito das caravanas. A justiça e a
clemência dos reis persas foi fator preponderante nessa aproximação.
Se a civilização persa não nos deixou obras originais no campo
da arte, da cultura e da ciência, ou se seu legado, nesse terreno, foi
inferior ao dos egípcios e mesopotâmicos, podemos dizer que a ela se
deve a revelação de valores éticos de profundo significado humano. E
essa contribuição é inestimável.
Darius retratado no chamado vaso grego Darius em Nápoles, encontrado em 1851, em Canosa di Puglia |
||
Cambises II era filho de Ciro, o Grande (r. 559-530 aC), fundador do Império Persa e sua primeira dinastia | Xerxes, filho de Salamida, foi um Shahanshah Persa (imperador) do Império Aquemênida | |
Dárico (moeda cunhada por Dario) | Ciro, o Grande |
O império
A expansão persa se iniciou em 549 a.C. com a manobra política que
colocou Ciro no trono da Média. A união dos dois países iranianos
formava, por si só, uma poderosa potência. Mas a habilidade diplomática e
o talento militar dos soberanos aquemênidas transformariam a Pérsia no
centro do maior império até então constituído. Semitas, hititas, gregos e
egípcios foram, durante muitos anos, vassalos da aristocracia persa.
A base da organização política do Estado era a
satrapia (província), cujo governador se mantinha em permanente contato
com o rei, recebendo ordens e enviando relatórios sobre a situação
local. As comunicações eram rápidas e eficientes, graças às ótimas
estradas, que interligavam os principais pontos do império, e a um
perfeito serviço de correio a cavalo.
Zoroastro
Apesar de nunca terem descurado o exercício de sua autoridade, os soberanos persas asseguraram uma larga margem de autodeterminação, em assuntos internos, aos povos conquistados, permitindo que falassem as próprias línguas, cultuassem os próprios deuses e desenvolvessem em paz suas atividades econômicas. A cunhagem de uma moeda única para todo o império, como foi dito, foi fator importante para impulsionar as atividades comerciais. Caravanas partiam da Babilônia, da Ásia Menor e da Média, ligando regiões distantes por meio de um ativo intercâmbio de mercadorias, facilitado pela inexistência de fronteiras e pela paz reinante.
O rei, de tão vasto e poderoso império, era, como
todos os soberanos orientais que o haviam precedido, um rei absolutista.
Governava em nome de deus e vivia em meio à extrema pompa e aparato.
Quem quer que dele se aproximasse, devia fazê-lo ajoelhando- se. Mas a
nobreza desempenhava relevante papel nos negócios da Corte e muitas das
decisões reais levavam em conta a opinião dos membros da aristocracia.
A fase de maior vitalidade do Império Persa foi a de
sua formação e organização (549-485 a.C.) sob os governos de Ciro,
Cambises e Dario. Esse último lhe deu fronteiras definitivas e uma
estrutura altamente eficiente. A expansão persa foi freada pelo conflito
com os gregos, iniciado ao tempo de Dario (490 a.C.) e concluído com as
derrotas de Salamina (480 a.C.) impostas pelos helenos a seu filho e
sucessor: Xerxes.
A Pérsia renunciou a novas conquistas, permanecendo como maior potência asiática até a invasão macedônica em 331 a.C.
Até hoje o Império Aquemênida é
considerado o maior de todos os impérios da história, e uma das maiores
nações (Mapa do Império Aquemênida ca. 500 a.C.)
Fonte: Leituras da História
Fonte: Leituras da História
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domingo, 20 de julho de 2014
Momento poético: "Poeira e tempo" (por Rogério Rocha)
Poeira e tempo
Poeira e tempo, na junção dos elementos.
Na paisagem, o vento ao longe soprando
Os restos do dia e as dores da vida...
No penhasco, a solidão da queda veloz.
Na voz, o embargo da palavra apodrecida.
Um rio de corredeira se esvai sem pressa.
Mesmo assim, a chuva implora paciência
E impera silenciosa por sobre vales perdidos.
Poeira e tempo, na eclosão dos sentimentos.
Na paisagem, as nuvens, que somem tão mansas,
Acalentando as crianças que brincam ao relento.
São Luís, 11/02/2009.
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O lado bom das coisas ruins
Por Rodrigo Rigaud | Fonte: Revista Superinteressante
Que lições tirar de momentos ou emoções negativas? A Revista Superinteressante realizou pesquisa na qual listou pontos positivos que podem ser extraídos de momentos ruins e que acabam sendo motores para futuras vitórias. Confira abaixo a abordagem de cada tópico e conheça as virtudes existentes em meio às desventuras:
DEPRESSÃO
Do ponto de vista clínico, não há nada de bom na depressão. Ela aprisiona no sofrimento pessoas que, paralisadas, não conseguem tomar atitudes que melhorariam sua vida. Isolam-se socialmente e tendem a remoer um problema. Às vezes, até a morte. Mas não. Até ela tem seu lado positivo. Para começar a entender qual é esse lado, temos que responder a uma pergunta: por quê, afinal, a depressão existe? Uma hipótese é a de que, conforme a civilização se desenvolveu, o homem alterou seu ambiente numa velocidade maior do que sua capacidade de adaptar-se a ele. Evoluímos para viver em grupos de 50 a 70 membros seguindo o ciclo do Sol, com a preocupação de obter alimento e procriar. Agora as coisas mudaram um pouco: temos de nos preocupar com contas, imagem, carreira... E muitos planos acabam frustrados - talvez mais do que a cabeça foi feita para aguentar. Pior: temos hábitos sedentários e, graças à luz artificial, fazemos nosso corpo funcionar no tempo do relógio, e não no do Sol. Tudo isso explicaria por que a prevalência da depressão tem aumentado. "É o mesmo que ocorre com nosso sistema cardiovascular, que não evoluiu para dar conta de alimentos gordurosos e pouco exercício", afirma Paul Gilbert, da Universidade de Derby, no Reino Unido.
Mas não é só isso. Outra corrente defende que a depressão existe porque foi talhada pela seleção natural, ou seja: porque oferece vantagens a seus portadores. Segundo o médico Randolph Nesse, da Universidade de Michigan, ela teria a mesma função da dor: garantir nossa sobrevivência diante de um risco. Quando um tecido está prestes a ser lesionado durante alguma atividade física, nossos neurônios transmitem um estímulo que nos impede de seguir além de nossos limites. A depressão funciona da mesma forma - mas, em vez de impedir fisicamente que você assuma um risco, ela atua no ânimo. A euforia e a depressão serviriam para regular nossas ações na busca por um objetivo. Um dos primeiros cientistas a pensar isso como uma adaptação foi o psicólogo americano Eric Klinger. Num artigo de 1975, ele analisou como o humor melhora conforme o progresso na busca de um objetivo. Isso motiva a pessoa a continuar a se esforçar e assumir riscos cada vez maiores. Quando esses esforços começam a falhar, uma piora no ânimo a faz voltar atrás, preservar suas reservas e reconsiderar opções. Essa piora, essa depressão leve, abre espaço para a introspecção e o autoexame necessários para tomar decisões difíceis, como desistir de objetivos inalcançáveis e buscar novas metas. Foi justamente o que observaram pesquisadores da Univerdidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. Por 19 meses, eles acompanharam 97 adolescentes, analisando sua capacidade de deixar de lado objetivos muito difíceis (ou inalcançáveis), como virar um músico famoso, e abraçar outras metas, como dar duro para entrar numa boa faculdade. Enquanto isso, os pesquisadores também observaram sintomas de depressão nos voluntários. Conclusão: as pessoas com sintomas de depressão leve conseguiam abrir mão com mais facilidade de objetivos irrealistas. Elas davam menos murro em ponta de faca. E tendiam a sair da adolescência menos machucados, mais felizes, do que os esmurradores de lâminas.
ANSIEDADE
Você está perdido no meio do nada. E ouve um ruído longínquo de animal. O bicho pode ser um tatu ou uma onça. Se você ficar apavorado e sair correndo até um lugar seguro antes que uma possível onça se aproxime, vai ter gasto 200 calorias em 10 minutos. Se não correr e depois for surpreendido por um leão, perderá seu corpinho inteiro - isto é, 200 mil calorias. Por esse raciocínio frio e puramente matemático, valeria a pena ter um ataque de pânico se a probabilidade de o ruído ser de um leão for maior que 1 em 1 000, conclui Randolph Nesse em sua empreitada em busca das causas evolutivas de transtornos mentais. Isso justifica por que é bom sentir medo mesmo quando a ameaça é pequena. E ansiedade é isto: medo de algo que não é necessariamente real. Mais: tal como o amor, ela é uma emoção. E uma emoção é um padrão de resposta diante de situações que podem trazer riscos ou oportunidades. A paixão ajuda a cortejar um parceiro, a raiva nos afasta de alguém quando desconfiamos que fomos traídos, e a ansiedade nos faz fugir ou lutar quando sentimos ameaçados. E isso acontece sem que pensemos. Quando bate a ansiedade, o fígado começa a liberar glicose, a frequência cardíaca aumenta, menos sangue circula pela pele e mais vai para os músculos. Assim, o corpo fica preparado para reagir - a animais, à altura, a trovões, à escuridão ou ao escrutínio público. E também a coisas mais sutis, como um trabalho insuportável ou um relacionamento falido. Ou seja: a ansiedade também pode funcionar como um alarme para que você mude de vida quando necessário. Um alarme que não temos como fingir não escutar.
PESSIMISMO
Para começar, precisamos de pessimistas por perto. Como diz o psicólogo americano Martin Seligman: "Os visionários, os planejadores, os desenvolvedores, todos eles precisam sonhar com coisas que ainda não existem, explorar fronteiras. Mas, se todas as pessoas forem otimistas, será um desastre", afirma. Qualquer empresa precisa de figuras que joguem a dura realidade sobre os otimistas: tesoureiros, vice-presidentes financeiros, engenheiros de segurança...
Esse realismo é coisa pequena se comparado com o pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Para ele, o otimismo é a causa de todo sofrimento existencial. Somos movidos pela vontade - um sentimento que nos leva a agir, assumir riscos e conquistar objetivos. Mas essa vontade é apenas uma parte de um ciclo inescapável de desilusões: dela vamos ao sucesso, então à frustração - e a uma nova vontade.
Esse realismo é coisa pequena se comparado com o pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Para ele, o otimismo é a causa de todo sofrimento existencial. Somos movidos pela vontade - um sentimento que nos leva a agir, assumir riscos e conquistar objetivos. Mas essa vontade é apenas uma parte de um ciclo inescapável de desilusões: dela vamos ao sucesso, então à frustração - e a uma nova vontade.
Mas qual é o remédio, então? Se livrar das vontades e passar o resto da vida na cama sem produzir mais nada? Claro que não. A filosofia do alemão não foi produzida para ser levada ao pé da letra. Mas essa visão seca joga luz no outro lado da moeda do pessimismo: o excesso de otimismo - propagandeado nas últimas décadas por toneladas de livros de autoajuda. O segredo por trás do otimismo exacerbado, do pensamento positivo desvairado, não tem nada de glorioso: ele é uma fonte de ansiedade. É o que concluíram os psicólogos John Lee e Joane Wood, da Universidade de Waterloo, no Canadá. Um estudo deles mostrou que pacientes com autoestima baixa tendem a piorar mais ainda quando são obrigados a pensar positivamente.
Na prática: é como se, ao repetir para si mesmo que você vai conseguir uma promoção no trabalho, por exemplo, isso só servisse para lembrar o quanto você está distante disso. A conclusão dos pesquisadores é que o melhor caminho é entender as razões do seu pessimismo e aí sim tomar providências. E que o pior é enterrar os pensamentos negativos sob uma camada de otimismo artificial. O filósofo britânico Roger Scruton vai além disso. Para ele, há algo pior do que o otimismo puro e simples: o "otimismo inescrupuloso". Aquelas utopias que levam populações inteiras a aceitar falácias e resistir à razão. O maior exemplo disso foi a ascensão do nazismo - um regime terrível, mas essencialmente otimista, tanto que deu origem à Segunda Guerra com a certeza inabalável da vitória. E qual a resposta de Scruton para esse otimismo inescrupuloso? O pessimismo, que, segundo ele, cria leis preparadas para os piores cenários. O melhor jeito de evitar o pior, enfim, é antever o pior.
TIMIDEZ
Escolas valorizam trabalho em grupo. Processos seletivos jogam candidatos em dinâmicas para identificar líderes natos. Empresas colocam seus funcionários em amplos escritórios sem divisórias e colhem ideias em brainstorms com uma dezena de pessoas - vale tudo, menos ter vergonha de falar besteira. Vivemos no mundo dos extrovertidos. Mas há pesquisadores que veem essa valorização do trabalho coletivo e da extroversão como um tiro no pé. "O mundo está desperdiçando o talento das pessoas tímidas", defende Susan Cain em seu livro Quiet (Quieto, sem versão brasileira), que compila estudos sobre o assunto.
Mas como a timidez pode ser positiva, afinal? Para responder a isso, precisamos esclarecer uma coisa - ser introvertido não significa ser fechado ao exterior. Muito pelo contrário. É ser sensível demais a ele. É o que tem demonstrado desde a década de 1960 o psicólogo Jerome Kagan. Em seu estudo mais importante, ele juntou 500 bebês de 4 meses em seu laboratório em Harvard para observar como reagiam quando estimulados com sons, imagens coloridas em movimento e cheiros. Então separou o grupo dos que reagiam muito - 20% deles - e o dos que reagiam pouco - 40%. Suas pesquisas anteriores lhe permitiram predizer o contrário do que a intuição sugere: os muito reativos se tornariam os futuros introvertidos. Aos 2, 4, 7 e 11 anos de idade, essas crianças voltaram ao laboratório de Kagan. As que haviam sido classificadas como muito reativas desenvolveram personalidades sérias, cuidadosas, enquanto as pouco reativas se tornaram mais relaxadas e autoconfiantes - a futura turma do fundão. Isso porque a amídala (estrutura do sistema límbico, responsável por reações instintivas, como apetite, libido e medo) é mais facilmente estimulada em crianças muito reativas. Ou seja, são mais alertas, mais sensíveis a estímulos novos. Suas pupilas se dilatam mais, suas cordas vocais ficam mais tensas, sua saliva tem mais cortisol - um hormônio do estresse - e seu batimento cardíaco se acelera mais. Um pouco de novidade já implica em vontade de se proteger. O lado negativo é que são mais vulneráveis à depressão e à ansiedade. Mas, ao mesmo tempo, podem ser mais empáticas, cuidadosas e cooperativas, desde que se sintam em sua zona de conforto. "Crianças muito reativas podem ter maior probabilidade para se tornar artistas, escritores, cientistas e pensadores, pois sua aversão a estímulos novos as faz passar mais tempo no ambiente familiar - e intelectualmente fértil - de sua própria cabeça", diz Cain. Um introvertido concentra a mente numa só atividade, em vez de dissipar energia em assuntos não relacionados ao trabalho - estudos do programador americano Tom DeMarco com 600 colegas mostram que o que define a produtividade no setor de TI não é o salário nem a experiência, mas o quão isolado é o ambiente de trabalho. A solidão também permite focar-se nas próprias falhas e treinar até chegar à perfeição. É esse tipo de prática que cria grandes atletas e virtuoses musicais.
FRACASSO
Quando destruímos um relacionamento, somos demitidos ou vivemos qualquer outra grande frustração nessa linha, não tem muito jeito: sentimos não só que um plano deu errado, mas que falhamos como pessoa.
Nossa mente, porém, evoluiu com uma defesa contra isso: ela ignora o que não quer saber. Uma área do cérebro chamada córtex cingulado anterior é ativada quando percebemos que alguma coisa deu errado. É como se fosse o mecanismo do "putz!". Com ele, excitamos mais uma região - o córtex pré-frontral dorso-lateral. Ele é o "censor" da mente, responsável por apagar determinado pensamento.
Esse mecanismo duplo - primeiro o "putz" e depois o "esquece" - permite editar nossa consciência conforme nossa vontade. Assim, conseguimos deixar para trás nossos fracassos.
Nossa mente, porém, evoluiu com uma defesa contra isso: ela ignora o que não quer saber. Uma área do cérebro chamada córtex cingulado anterior é ativada quando percebemos que alguma coisa deu errado. É como se fosse o mecanismo do "putz!". Com ele, excitamos mais uma região - o córtex pré-frontral dorso-lateral. Ele é o "censor" da mente, responsável por apagar determinado pensamento.
Esse mecanismo duplo - primeiro o "putz" e depois o "esquece" - permite editar nossa consciência conforme nossa vontade. Assim, conseguimos deixar para trás nossos fracassos.
Isso também acontece com cientistas. No início da década de 1990, Kevin Dunbar começou a observar os laboratórios de bioquímica da Universidade de Stanford. Descobriu que a metade dos dados obtidos nas pesquisas não batia com o que suas respectivas teorias previam. Os resultados às vezes simplesmente não faziam sentido. A reação então era típica: primeiro, os pesquisadores procuravam um bode espiatório - alguma enzima ou máquina devia não ter funcionado direito. Então repetia-se o experimento. Quando o resultado inesperado acontecia de novo, o experimento inteiro era considerado um fracasso e acabava arquivado. O que os pesquisadores não percebiam é que o mecanismo "putz, esquece" de sua mente os cegava. Dunbar então observou grupos de estudo com pesquisadores de diferentes áreas - biólogos, químicos e médicos. O fato de ter pessoas com um olhar de fora fez com que os bioquímicos, em vez de jogar fora o experimento, abrissem os olhos e repensassem suas teorias. Assim puderam reavaliar suas convicções e muitas vezes encontrar o caminho que funcionava. Moral da história: entender o porquê de um fracasso pode ser o melhor atalho para o sucesso.
É mais ou menos o que aconteceu com a britânica Joanne Rowling. Quando era adolescente, tudo o que seus pais esperavam dela era que não fosse pobre como eles. E tudo o que ela queria era ser escritora. Para arranjar um meio-termo entre seu desejo e o dos pais, fez faculdade de letras. Terminados os estudos, sua vida virou uma sucessão de fracassos. Tentou agradar os pais trabalhando num escritório, mas não suportava a chatice do dia a dia. Quando a mãe morreu, mudou-se para Portugal para dar aula de inglês. Em 3 anos, casou-se, teve uma filha e se divorciou. Desempregada e descasada, mudou-se para a Escócia, onde, deprimida, foi viver da ajuda financeira do Estado. Quando Joanne estava no ponto mais fundo de seu fracasso, começou a escrever um livro. Levou um "não" de 8 editoras - até conseguir uma que publicasse seu Harry Potter e a Pedra Filosofal. Adotou o nome artístico de J. K. Rowling e, em 3 anos, se tornaria a mulher mais rica do Reino Unido. E, para ela, o ingrediente de seu sucesso foi o fracasso. "O fracasso significa eliminar tudo o que não for essencial. Parei de fazer de conta para mim mesma que era uma pessoa diferente e comecei a direcionar toda minha energia em terminar o único trabalho que importava para mim", disse a uma plateia de graduandos de Harvard durante uma conferência do TED (instituição que organiza conferências sobre novas ideias). E arrematou: "Me senti liberta, porque meu maior medo já tinha acontecido. E ainda assim eu continuava viva".
É mais ou menos o que aconteceu com a britânica Joanne Rowling. Quando era adolescente, tudo o que seus pais esperavam dela era que não fosse pobre como eles. E tudo o que ela queria era ser escritora. Para arranjar um meio-termo entre seu desejo e o dos pais, fez faculdade de letras. Terminados os estudos, sua vida virou uma sucessão de fracassos. Tentou agradar os pais trabalhando num escritório, mas não suportava a chatice do dia a dia. Quando a mãe morreu, mudou-se para Portugal para dar aula de inglês. Em 3 anos, casou-se, teve uma filha e se divorciou. Desempregada e descasada, mudou-se para a Escócia, onde, deprimida, foi viver da ajuda financeira do Estado. Quando Joanne estava no ponto mais fundo de seu fracasso, começou a escrever um livro. Levou um "não" de 8 editoras - até conseguir uma que publicasse seu Harry Potter e a Pedra Filosofal. Adotou o nome artístico de J. K. Rowling e, em 3 anos, se tornaria a mulher mais rica do Reino Unido. E, para ela, o ingrediente de seu sucesso foi o fracasso. "O fracasso significa eliminar tudo o que não for essencial. Parei de fazer de conta para mim mesma que era uma pessoa diferente e comecei a direcionar toda minha energia em terminar o único trabalho que importava para mim", disse a uma plateia de graduandos de Harvard durante uma conferência do TED (instituição que organiza conferências sobre novas ideias). E arrematou: "Me senti liberta, porque meu maior medo já tinha acontecido. E ainda assim eu continuava viva".
DÉFICIT DE ATENÇÃO
De 3 a 5% das crianças em idade escolar são daquelas distraídas e agitadas, que perdem tudo, não conseguem fazer a lição, não esperam sua vez e agem sem pensar. Têm o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Quando crescem, os sintomas diminuem, mas os problemas, não. Podem até piorar - afinal, as responsabilidades são outras. O que se esquece não é mais a lição de casa, mas prazos e reuniões. Trabalhos são abandonados pela metade, ordens são ignoradas. A impulsividade pode custar o emprego ou o relacionamento. Por que isso é tão comum? A resposta é semelhante à da ansiedade e da depressão - essa característica já foi uma vantagem adaptativa, até que a cultura e o ambiente mudaram. Em sociedades nômades, quem tem foco de atenção disperso é capaz de cuidar melhor de seu gado, explorar áreas desconhecidas e ficar alerta para ameaças. Dan Eisenberg, da Northwestern University, EUA, observou em tribos africanas nômades e sedentárias. Entre os nômades, os que tinham o alelo 7R (ligado ao TDAH) eram mais bem nutridos do que os sem. Já nas sedentárias, acontecia o contrário. Em outras palavras, conforme o homem se estabeleceu num só lugar e começou a viver de atividades que exigem mais foco, a atenção dispersa virou desvantagem. Mas não tanto. Os mesmos genes que hoje estão associados ao risco são responsáveis por revoluções nas artes, ciência e exploração, acredita o psiquiatra Michael Fitzgerald, do Trinity College. Michael, que já tinha procurado traços de autismo na biografia de personalidades, não demorou para fazer o mesmo com o TDAH. Segundo ele, sintomas de déficit de atenção estão presentes em Thomas Edison, Oscar Wilde, Kurt Cobain (que foi diagnosticado quando criança) e até em Che Guevara. Quem tem a cabeça na Lua pode encontrar lá em cima coisas que pessoas com o pé no chão não veem.
Fonte: Superinteressante
Fonte: Superinteressante
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Rogério Rocha
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EUA criam sistema de controle no MP para evitar condenações erradas
A
mentalidade dos promotores americanos está mudando, progressivamente. O
esforço sistemático para condenar a qualquer custo todos os réus que
caiam na malha da Promotoria e obter a pena mais alta possível para eles
vem sendo substituído, aos poucos, por um esforço coordenado para
buscar a verdade e promover a justiça, apenas. A coordenação desse
esforço é feita por um órgão de controle interno e externo, criado em
diversas unidades do Ministério Público do país. Em algumas jurisdições
são chamados de Programa de Integridade da Condenação. Em outras, de
Unidade de Integridade da Condenação.
Há
razões nobres e, de certa forma, vergonhosas, para isso. As vergonhosas
dispararam o alarme. Por exemplo, um estudo recente do Centro para
Integridade Pública, chamado “Erro Nocivo: Investigando Promotores
Locais nos EUA”, examinou processos criminais em 2.341 jurisdições e
encontrou inúmeros casos de má conduta de promotores, que quebraram ou
manipularam as regras para obter condenações.
O
estudo relatou mais de 2 mil casos em que juízes de 1º Grau ou de
tribunais de recursos extinguiram a ação, anularam condenações ou
reduziram sentenças, citando como causa a má conduta de promotores.
A
Promotoria do Distrito de Manhattan, em Nova York, que lidera o
movimento pelo porte de seu Programa de Integridade da Condenação,
declara em seu website que o objetivo é “buscar justiça em todos os
casos que chegam à Promotoria e rever erros passados”. E explica a
razão: “Através dos anos e em todo o país, homens e mulheres inocentes
têm sido condenados por crimes que não cometeram. Isso não apenas rouba a
liberdade da pessoa inocente, como deixa nas ruas um criminoso, livre
para cometer mais crimes”.
O
website da Unidade de Integridade da Condenação do Condado de Cuyahoga,
em Ohio, declara na abertura do texto: “Todos os promotores querem
condenar os culpados, não os inocentes. Porém, embora os processos de
julgamento e de recursos contenham salvaguardas para todos os acusados
de crime, reconhecemos que o sistema de Justiça criminal é uma
instituição humana e, como tal, não pode ser perfeito”. Por isso, a
Promotoria local criou seu próprio sistema de controle interno e
externo.
O
programa de Manhattan é liderado pelo promotor Cyrus Vance, um
ex-advogado criminalista — um caso raro de advogado criminalista que se
converte para a Promotoria, porque o inverso é bastante comum. Alguns
promotores que não gostam do programa, dizem que Vince é um advogado
criminalista que se travestiu de promotor para criar despesas
desnecessárias para o Ministério Público.
Porém,
a ex-promotora, ex-juíza e professora da Escola de Direito da
Universidade de Washington, em Seattle, Maureen Howard, saiu em sua
defesa. Ela declarou ao Huffington Post que “se foi necessário um
advogado criminalista se tornar promotor para resgatar os ideais do
Ministério Público, ele é muito bem-vindo — e já chegou tarde”.
Para
a ex-promotora, Vince e a Promotoria de Manhattan entendem que a função
dos membros do Ministério Público é a de promotor de Justiça, não
promotor de condenações. Em outras palavras, ela disse, eles estão
recuperando o que as diretrizes éticas da classe professam: um membro do
Ministério Público é um “ministro da Justiça” — uma espécie de
sacerdócio.
Segundo
Maureen Howard, os papéis do promotor e do advogado de defesa não são
simétricos. A obrigação do advogado de defesa é o de defender seu
cliente contra possíveis abusos do Estado, durante o curso do processo. A
do promotor é bem diferente.
As
proteções constitucionais garantidas aos réus, tais como privilégio
contra a autoincriminação, a presunção de inocência, o rigoroso padrão
da culpabilidade além da dúvida razoável, a exigência de veredicto
unânime do júri (no sistema dos EUA, obviamente), existem para
contrabalançar o poder muito maior do Estado sobre o indivíduo, ela diz.
O
promotor também tem o dever de buscar provas que podem, potencialmente,
prejudicar o seu caso, bem como o de exibir provas exculpatórias para a
defesa, voluntariamente e sem pedido, enquanto isso não é um dever da
defesa, diz a ex-promotora.
A
revelação de prova exculpatória pela acusação à defesa é uma
decorrência do sistema americano de “discovery”, um processo em que as
duas partes “trocam figurinhas” — isto é, revelam os fatos, as provas,
os testemunhos e qualquer outro elemento que possa esclarecer o caso,
antes do julgamento. O resultado, muitas vezes, é que não há julgamento,
porque a acusação e a defesa fazem um acordo.
A
descoberta, a qualquer momento, de que a Promotoria escondeu provas
exculpatórias que mudariam o rumo do julgamento enfurece os juízes,
muitas vezes, que reprimem duramente o promotor e o fazem cair em desgraça
até entre os colegas.
Condenações indevidas
Criminal District Court Judge, Lynda Van Davis |
Na
última semana, a juíza Lynda Van Davis, de Nova Orleans, anulou a
condenação à pena de morte de Michael Anderson, de 23 anos, pelo
assassinato de cinco pessoas, depois da descoberta de que o promotor
escondeu duas peças essenciais de prova.
Essa
anulação de julgamento eleva as preocupações da comunidade jurídica do
país com o sistema judicial de Nova Orleans, diz Maureen Howard. Ela
conta que um estudo recente do advogado Bidish Sarma, da Universidade
Southern de Louisiana, revelou que mais condenados à morte na cidade
foram libertados do que de executados, devido a comprovações posteriores
de condenações erradas.
Mas
os promotores não são os únicos responsáveis por “condenações erradas”. O
Projeto Inocência, que libertou recentemente 317 presos inocentes,
alguns deles no corredor da morte, atribui as condenações erradas a,
principalmente, seis causas: identificação errada do réu por
testemunhas, provas forenses ruins ou mal elaboradas, confissões falsas
conseguidas pela Polícia, má conduta de promotores, má-fé de informantes
ou denunciantes e serviços ineptos de alguns advogados.
Estudos
realizados indicam que as formas mais comuns de má conduta de policiais
são os seguintes: sugerir os fatos do crime a um inocente durante
longos interrogatórios para que façam uma confissão coerente, coagir
confissões falsas, mentir ou iludir os jurados sobre suas observações,
deixar de apresentar aos promotores provas exculpatórias, oferecer
incentivos para garantir provas não confiáveis de informantes.
As
formas mais comuns de má conduta de promotores, segundo esses estudos,
são: esconder provas exculpatórias da defesa, manipular, manejar ou
destruir provas deliberadamente, permitir a participação de testemunhas
sabidamente não confiáveis no julgamento, pressionar testemunhas da
defesa a não testemunhar, usar provas forenses fraudulentas, apresentar
argumentos enganosos que elevam o valor probatório de testemunhas.
Isso
tudo é uma coisa que deve ficar no passado, como declaram as
jurisdições da Promotoria americana que criaram as unidades em defesa da
integridade da condenação, que estão surgindo uma após a outra em todo o
país. Essas unidades têm duas frentes de trabalho principais: uma,
impedir que esses problemas voltem a ocorrer daqui para a frente,
criando mecanismos de controle para assegurar a correção; outra, aceitar
requerimentos de inocentes presos, de seus familiares e advogados, para
que voltem a investigar o caso e possam corrigir erros em condenações
passadas.
Se
a unidade comprovar uma condenação errada, a própria Promotoria tomará a
iniciativa de pedir ao juiz a anulação da sentença condenatória.
Após reexame de caso, a Corte de Dallas oficialmente declarou Cornelius Dupree Jr. inocente, depois de 30 anos na prisão |
Os
prerrequisitos para uma unidade reexaminar o caso variam um pouco de
uma jurisdição para outra, mas incluem, em geral: 1) a condenação deve
ter ocorrido dentro da jurisdição; 2) o condenado deve estar vivo; 3) o
pedido deve se referir a um caso verdadeiro de inocência – pedidos
frívolos e casos de erro processual apenas são descartados; 4) devem
existir provas novas e verossímeis da inocência e a promotoria deve ser
informada sobre como pode acessar essas provas; 5) o condenado deve
renunciar a suas salvaguardas e privilégios processuais, concordar em
cooperar com a unidade e em fornecer informações completas à unidade em
todas as inquirições – essa última leva alguns advogados a torcer o
nariz.
O
modelo criado pela Promotoria de Manhattan, seguido pela maioria dos
demais programas de outras jurisdições, tem um Comitê da Integridade da
Condenação, o chefe do Comitê e um Painel Consultor de Política de
Integridade da Condenação.
O
comitê é um órgão interno, formado por dez membros graduados da
Promotoria, com a atribuição de rever as práticas e políticas relativas
ao treinamento dos promotores (novos e veteranos), avaliação de casos,
investigação e obrigações de divulgação [de provas e fatos], com foco em
possíveis erros, tais como identificações falsas por testemunhas e
confissões falsas. O chefe coordena o trabalho do comitê e lidera todas
as investigações de casos que apresentam uma reclamação significativa de
condenação errada.
O
painel consultor é um órgão externo, formado por especialistas
respeitados em justiça criminal, incluindo juristas e ex-promotores, com
a atribuição de assessorar o comitê e orientá-lo sobre melhores
práticas e questões em desenvolvimento na área de condenações erradas.
Para
encontrar sites desses programas na Internet, basta pesquisar nos
mecanismos de busca as palavras “Conviction Integrity Program” ou
“Conviction Integrity Unit”.
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Rogério Rocha
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quinta-feira, 10 de julho de 2014
O legado das coberturas esportivas (por Nelson Hoineff)
Nelson Hoinnef |
Segundo seu biógrafo Bob Stam, foi Jean-Luc Godard quem disse que o
único avanço havido em televisão foram as coberturas
esportivas. Principal articulador da Nouvelle Vague e ainda hoje um dos
mais instigantes cineastas do mundo, Godard, se disse mesmo isso, não
tinha ideia do quanto estaria certo nos anos seguintes. O avanço das
coberturas esportivas sobre tudo o que se faz em televisão é visível há
muito tempo para qualquer um que observe o meio, em cada uma de suas
telas, e tornou-se mais claro ainda durante a Copa do Mundo deste ano.
Ele ajuda a entender também uma boa parte do fracasso da televisão
contemporânea em se comunicar com os novos públicos e, de uma maneira
muito especial, da sua insistência de olhar de maneira estúpida para as
suas plateias. Outra vez, a tecnologia se antecipa às mudanças
narrativas no veículo e estimula o público a desejar vivenciar
experiências que o meio quase nunca está apto a acompanhar.
Embora ainda não existam pesquisas publicadas sobre o comportamento do
telespectador brasileiro nesta Copa do Mundo, basta ter percorrido
alguns lugares públicos, como bares e afins, durante os jogos, para
perceber a hegemonia da televisão fechada nos monitores colocados à
disposição do público nesses locais. Duas redes abertas – Globo e Band –
transmitiram as partidas ao lado de várias redes fechadas – os canais
SporTV, Fox Sports, ESPN etc. O sinal dos jogos era o mesmo, gerado pela
FIFA. Como se explica, então, a presença mais expressiva de uma rede
fechada – especialmente da SporTV – sobre a TV aberta de tão maior
tradição, nos receptores colocados em espaços públicos?
A resposta mais provável é que os gestores desses espaços – os gerentes
de bares e restaurantes – estão percebendo mais rapidamente do que as
redes os novos patamares de exigência no conteúdo do que é oferecido
pela televisão, em particular na relação que ela procura definir com sua
plateia. A SporTV, ela mesma, inaugurou uma era – logo seguida por
outras redes esportivas – de respeito ao seu público, com menos
artificialismo e, em consequência, menos tolice. O público, que só agora
gera padrões de crescimento expressivos na TV por assinatura, começa a
entender que é possível ser tratado com respeito – até porque respeito,
como se sabe, é bom e todo mundo gosta.
A possibilidade de se ter as mesmas imagens transmitidas ao mesmo tempo
em televisão aberta e fechada – melhor dizendo, a generalização dessa
possibilidade – é uma experiência bastante nova para muitos brasileiros.
A classe C acaba de desembarcar na TV por assinatura, chegou lá em
2013, quando essas plataformas já eram oferecidas no país havia 21 anos.
A TV por assinatura é coisa novíssima, portanto, para 13 milhões de
domicílios brasileiros que hoje compõem a base que lhe dá sustentação
(falo em base de sustentação mas, como diria Moreira da Silva, é sem má
intenção). Para esse público, até então, a TV aberta e a TV por
assinatura eram repositórios de espaços diferentes: sofisticação vs. banalidade; chatice vs. excitação; carência de recursos vs.
riqueza. Não é bem assim, não é nada assim, mas a transmissão
simultânea de uma Copa do Mundo realizada dentro de casa pode forçar
decisões de consumo que têm que se amparar em alguns parâmetros.
Ao vivo
Sabemos que na eventualidade de uma ausência temporária de sinal ou em
eventos como a propaganda eleitoral gratuita, a Globo permanece líder de
audiência, porque ela é de fato o default. Mas quando o
conteúdo que acompanha o mesmo sinal é diferente, o que o público pode
esperar de sua televisão é também diferente. No frigir dos ovos, existe
algo maior ainda do que isso: esse público pode opinar, e sua urna é o
controle remoto.
O que estamos testemunhando, em grande escala, é o espectador
brasileiro dizendo que não gostaria mais de ser sistematicamente tratado
como idiota – porque ele não é tão idiota quanto pensa a televisão
aberta. É ele, por exemplo, manifestando sua rejeição pela maneira pouco
natural e inspiradora de um estilo de Galvão Bueno – coisa que o
público vem fazendo em sites de relacionamento, mas que não pode fazer
no seu próprio televisor, porque abandonar o conteúdo que deseja seria
dar um tiro no pé. Dizendo, da mesma forma, que não se identifica mais
com uma transmissão tão popular e antiga quanto o que a Band está lhe
propondo.
E aí está a primeira chave para a compreensão do que está acontecendo:
esses modelos de transmissão esportiva são do tempo em que a captação e
processamento das imagens estavam num patamar muito, mas muito inferior
ao que estão hoje. As imagens evoluíram, enquanto as transmissões
ficaram estagnadas. E ficaram estagnadas por quê? Porque os
apresentadores que seguem este modelo não deram pulinhos pro ar, não se
tornaram onipresentes como as câmeras e velozes como o processamento de
suas imagens? Não – porque isso é atributo de câmeras e chips, não de
narradores.
As transmissões ficaram estagnadas porque continuaram tratando seu
público como um bando de seres inferiores, incapazes de alcançar o
Olimpo dos que dominam porque detêm o conhecimento. Bem pior do que
isso, detêm os simples instrumentos de transmissão, coisa que, como
sabemos, na era da internet tem importância cada vez mais discutível.
A relativização da importância da massificação tem um papel relevante
nisso. É muito recente a percepção de que não é necessário ser gado para
se sentir parte integrante da sociedade. Essa percepção, como se sabe,
aumenta na medida inversa da faixa etária do espectador. A internet lhe
oferece um conhecimento – inclusive sobre o jogo que está vendo –
impensável há cinco ou dez anos, enquanto a qualidade da captação das
imagens – hoje são cerca de 40 câmeras ativas em cada estádio – e em
especial o seu processamento – replays e ângulos alternativos para o
mesmo evento não dependem mais do olho humano – isso sim, é coisa nova.
As transmissões esportivas estão antecipando os próximos anos da
televisão aberta – anos em que o meio voltará a ser totalmente ao vivo,
como nos seus anos dourados, e, no caso brasileiro, possibilitando ao
espectador escolher a maneira como ele gostaria de ser tratado – como um
débil mental ou um indivíduo capaz de pensar. O espectador está
respondendo a essa questão.
Igual para igual
No Madison Square Garden e em outras arenas americanas, o ataque de uma
equipe é acompanhado por uma parafernália de sons, que indicam ao
espectador nas arquibancadas o momento de torcer, vibrar e se emocionar.
A origem disso está na música incidental do cinema, que indica ao
espectador todos os estágios desejáveis de sua emoção, do suspense à
indignação, do choro à euforia. A televisão fez a mais tenebrosa
adaptação que se poderia imaginar do som incidental, criando no seu
extremo as claps eletrônicas que simplesmente dizem ao espectador quando ele deve rir. O público de sitcoms
sabe que o momento de rir é determinado por seres eletrônicos que riem
naquele momento, ao nível em que a ausência eventual de uma clap
em face do mesmo estímulo (isto é, da mesma piada ou da mesma situação)
inibe, dificulta e literalmente impede o riso do espectador – porque
não é isso o que a televisão espera dele naquele momento.
É difícil dizer aos mais jovens a hora em que eles devem rir de uma
piada, assim como é insano esperar isso de plateias esportivas em
eventos que, como o futebol, foram espetacularizados em outra direção.
Não há instrumentos eletrônicos que façam um flamenguista típico torcer
ou deixar de fazê-lo durante um ataque do Flamengo no Maracanã, assim
como num esporte iconizado pela cultura local, como o futebol, não se
deve esperar um controle das emoções do espectador pela televisão.
Houve uma pouco inteligente tentativa neste sentido, há alguns anos,
quando a Globo passou a apresentar os jogos de futebol de uma maneira
bem análoga a que a televisão norte-americana apresentava as lutas do
UFC. Mas lutador de MMA é uma coisa, jogador de futebol é outra, como o
espectador brasileiro se encarregou de responder à malfadada tentativa.
As tecnologias que vêm transformando as transmissões esportivas – e que
ganharam notável visibilidade durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil –
exigem novos modelos de transmissão, e isso começa na maneira de se
olhar o espectador. Ele tem toda a informação que se possa imaginar
sobre o espetáculo, está conectado na segunda tela e não é mais
subserviente à arrogância dos apresentadores como eram seus avós. Quer
ser tratado com respeito e está mostrando isso. A forma de se dirigir a
ele não tem origem nos velhos tempos, mas nos tempos que vêm pela
frente. Serenidade, educação e, sobretudo, horizontalidade. Esses
elementos foram propostos justamente pelas redes esportivas e estão
começando a dar frutos agora. Quem está lá em cima é a câmera. O
conteúdo está aqui em baixo, sendo apresentado de igual para igual para a
audiência – ou a audiência simplesmente diz que não quer nada com ele, e
vai procurar quem lhe trata com dignidade.
***
Nelson Hoineff é jornalista, produtor e diretor de televisão
Fonte: Observatório da Imprensa
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Rogério Rocha
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