sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A nostalgia e o fim da videolocadora

O fechamento da Blockbuster marca o fim de uma era
Os que viveram a adolescência ou mesmo infância nos anos 90 sabem bem a importância e a representatividade da videolocadora. No final de 2013, a mais famosa rede de videolocadoras dos EUA, a Blockbuster, anunciou que fechará suas 300 ainda restantes lojas até o começo de 2014. Essa notícia, embora previsível, marcou o fim de uma era.
Captura-de-Tela-2013-11-13-às-21.31.18O  fechamento da Blockbuster já serviu até de piada no seriado South Park. Nesse episódio o pai de Stan compra por US$ 10 mil dólares uma loja inteira da empresa. Contudo, o local se transformou em quase uma casa mal assombrada com direito a fantasmas dos anos 90.
Naquele tempo longínquo sem internet, o acesso aos filmes que saíam do cinema vinha das videolocadoras. Em um mundo sem you tube ou mesmo filmes on line, a vida era mais dura para esperar aquele lançamento que você não teve como ver no cinema.
A videolocadora representava um lazer comum entre as pessoas. Muitos iam sexta a noite ou mesmo sábado para entrar na disputa por filmes. Os mais antigos ainda lembrarão que as fitas VHS tinham que ser entregues rebobinadas, caso não fossem havia até multa. Havia também uma busca grande pelos lançamentos e para consegui-los, muitas vezes, era preciso reservar.
Videolocadoras eram muitas nos anos 90 e começo dos anos 2000. Em todos os bairros sempre havia uma perto da sua casa, muitas vezes várias. Era um negócio rentável e aparentemente fácil de montar e administrar, o que levava famílias a apostarem nessa ideia tão popular nesse tempo.
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Contudo, os novos tempos de domínio da internet vieram e o poder das videolocadoras foi diminuindo. Somado a influência da internet, elas sofreram também o golpe pesado dos maiores vilões do cinema: a pirataria. Com filmes piratas sendo vendidos a preços baixíssimos a cada esquina, tornou-se complicado ter paciência de esperar conseguir locar. A qualidade dos filmes piratas, com cópias feitas diretamente do DVD, criaram uma concorrência desleal. Como competir com o velho “três DVD por 10 real”?
Mesmo que no Brasil a internet ainda não seja tão veloz quanto em outros países, o ato de assistir filmes on line vem crescendo.A internet está cada vez mais enraizada a tudo: celulares, tablets, video games e também nas novas televisões.
Nos últimos anos ocorreu também a popularização das TVs por assinatura, que tinham um caráter mais elitizado nos anos 90. Sua programação era mais alternativa, com menos comercial e conteúdo legendado. Atualmente, os canais apostaram na ampliação do conteúdo chegando ao grande público.
As operadoras de TV por assinatura ficaram atentas a essas mudanças no conceito de internet. De forma inteligente, elas apostaram em formatos de filmes com alta definição vistos em redes internas, que garantiram uma opção fácil e segura a pirataria. Essas redes internas são verdadeiras videolocadoras que os assinantes podem alugar filmes com acesso instantâneo ou mesmo assistir a títulos gratuitos. Esses serviços funcionam bem, tem um preço modesto e qualidade garantida de imagem e som.
Seguindo o mesmo esquema, a Netflix entrou no Brasil apostando no conceito de banco de dados de filmes e séries através de assinaturas pela internet. A Netflix inclusive está apostando em produções próprias de séries. O serviço, embora ainda limitado em acervo, vem crescendo principalmente pelos preços reduzidos de assinatura. O canal Telecine também apostou em sua rede interna chamada de Telecine Play. Essa rede permite que o assinante possa assistir osSouth Park Blockprincipais filmes do canal a hora que quiser, sem custo adicional. Os filmes carregam quase que instantaneamente e estão todos em HD nas opções dublado e legendado.
O fato é que muitos fatores “conspiram” a favor do fim do formato de videolocadora como conhecemos. É possível que algumas maiores ainda durem por algum tempo, como está ocorrendo. Porém, não se pode esperar que esse formato exista por muito mais tempo. Os tempos são outros e a evolução da tecnologia logo irá deixar as videolocadoras apenas na nostalgia. O final desse formato não pode ser avaliado necessariamente como algo ruim, já que as mudanças trazem uma série de comodidades. Como o LP ou mesmo a fita VHS, talvez seja que a hora do adeus do DVD ou mesmo Bluray não esteja tão distante.

Fonte: Revista Fantástica 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

CINCO MODOS DE USAR (PSICANÁLISE E RELIGIÃO)

Polarizadas ou convergentes e capazes de dialogar, a análise freudiana e a síntese religiosa aproximam-se ou distanciam-se a gosto dos fregueses
Ricardo Torri de Araújo
Tome as palavras “psicanálise” e “religião”. Escreva uma frase. Uma frase que faça sentido, é claro! Uma frase pertinente, defensável. O que você escreveria? Que verbo colocaria entre os substantivos “psicanálise”, “religião”? Que termo usaria primeiro? Que palavra depois? A mim, ocorrem cinco possibilidades. Melhor dizendo: tenho conhecimento de que, pelo menos, cinco frases já foram consistentemente escritas com essas duas palavras.
Vou começar pela mais inesperada delas. Esta: “A religião influenciou a psicanálise”. Esta frase não me teria ocorrido se outra pessoa não a tivesse formulado. Na verdade, não apenas um, mas dois autores, por razões distintas, subscreveram essa frase. Os dois são judeus: David Bakan e Gérard Haddad. Em Sigmund Freud e a tradição mística judaica (1958), Bakan defende a tese de que, ao criar a psicanálise, Freud foi grandemente influenciado pelo pensamento místico judaico, em particular, pela cabala. Em O filho ilegítimo (1981), por sua vez, Haddad sustenta o parecer de que, na invenção da psicanálise, Freud esteve sob a influência do Talmud e do Midrásh judaicos. Segundo Bakan, a psicanálise herdou principalmente conteúdos do judaísmo; de acordo com Haddad, a afinidade entre a psicanálise e o judaísmo diz respeito, sobretudo, a aspectos formais.
Certamente, a psicanálise deve muito à judeidade de Freud. Mas parece pouco provável que deva algo ao judaísmo como religião. A condição judaica de Freud foi importante para a criação da psicanálise na medida em que, como judeu, ele estava preparado para assumir uma posição minoritária. Independência de julgamento e tenacidade: eis o que Freud aprendeu com o fato de ser judeu. Nesse sentido, não foi por acaso que o descobridor da sexualidade infantil, o desbravador do “sexto continente” e o autor da teoria da etiologia sexual das neuroses tenha sido um homem acostumado a estar na oposição.
Segunda frase: “A psicanálise e a religião concordam entre si”. O maior representante desse ponto de vista foi um amigo pessoal de Freud: o pastor luterano OskarPfister, o “pai” do diálogo entre a psicanálise e a religião. No dia 9 de outubro de 1918, provocativo, Freud perguntou a Pfister por que a psicanálise precisou esperar por um judeu completamente ateu para ser criada. Passadas três semanas, surpreendentemente, o pastor respondeu que, de saída, Freud não era judeu e, em segundo lugar, que tampouco era ateu. Um homem que busca a verdade e combate pelo amor só pode estar muito próximo de Deus, argumentou Pfister. O pastor acrescentou: “Jamais houve cristão melhor”.
Embora não seja nem de longe o único, Pfister é, sem dúvida, o campeão do concordismo. Ele não apenas defendeu a compatibilidade entre a psicanálise e a fé cristã, mas fez do inventor da psicanálise uma espécie de cristão anônimo, “batizou” Freud. Não falta, porém, quem considere que a harmonização entre a psicanálise e a religião é uma operação que faz violência tanto a uma como à outra. A conciliação só é possível ao preço de uma adulteração de, pelo menos, uma das duas grandezas em jogo – ou ainda: de ambas!
Terceira possibilidade: “A psicanálise apenas purifica a religião”. Esta afirmação é, na verdade, uma tese auxiliar daquela que acabamos de considerar. A tensão entre a psicanálise e a religião – argumenta-se – é aparente; a psicanálise concorre apenas para a depuração da religião, não para a sua aniquilação, vindo, assim, em última análise, prestar-lhe um serviço involuntário. De novo, Pfister é o melhor porta-voz desse parecer. Em 1928, em A ilusão de um futuro – a sua réplica a O futuro de uma ilusão (1927), de Freud –, Pfister descreveu o método psicanalítico como “um instrumento maravilhoso para purificar e fazer avançar a religião”. Pretende-se que esse raciocínio valha seja para a experiência da análise, seja para o embate teórico com a psicanálise, isto é, tanto o crente que se deita no divã de um analista, quanto o teólogo que enfrenta o desafio que o pensamento de Freud representa sairiam ganhando com a psicanálise, não abandonariam a religião, mas, pelo contrário, teriam a sua fé depurada, amadurecida, tornada adulta, menos infantil.
De novo, seria muito conveniente – para a religião, entenda-se – se fosse assim. Mas não parece que as coisas se deem sempre desse jeito. Mais razoável é admitir que tudo pode acontecer com a fé de quem entra em contato com a psicanálise – seja com o divã do analista, seja com os livros de Freud. Tudo! Pode-se perder a fé; pode-se purificá-la; pode-se, nesse sentido, fortalecê-la; pode-se até adquirir a fé – ou recuperá-la – com a psicanálise. Em O dia em que Lacan me adotou (2002), Haddad, por exemplo, conta que recuperou a fé fazendo análise com o grande mestre parisiense. Mas não é todo dia que isso acontece.
Penúltima frase: “A psicanálise e a religião são incompatíveis entre si”. Psicanálise e religião são como “óleo e água”: não se misturam. Quando Hélio Pellegrino morreu – Pellegrino era psicanalista, marxista e cristão! –, um grupo de amigos decidiu homenageá-lo com um livro de artigos sobre psicanálise e religião. Deram-lhe o nome Hélio Pellegrino. A-Deus (1988). O artigo de Joel Birman teve por título: “Desejo e promessa, encontro impossível”. Segundo Birman, há uma polaridade insofismável entre a psicanálise e a religião; as duas coisas são essencialmente divergentes. E essa incompatibilidade reside fundamentalmente em que a religião é orientada, em suas práticas sociais, pela dimensão da promessa, ao passo que a psicanálise pretende apenas levar o sujeito ao encontro da verdade singular do próprio desejo.
Psicanálise e religião – desejo e promessa. Esse binômio pode ser multiplicado. A psicanálise e a religião não se dão. Porque a psicanálise (psico + análise) faz análise; a religião, síntese. A psicanálise desliga; a religião (do latim religare) liga. A psicanálise está do lado do inconsciente; a religião, do eu. A psicanálise está interessada no descentramento do sujeito; a religião, no seu centramento. Na psicanálise, trata-se do sujeito barrado; na religião, do indivíduo (in + dividuus = indivisível). Para a psicanálise, o sujeito é clivado; para a religião, ele é uno. A psicanálise tem a ver com o que é parcial; a religião, com o total. A psicanálise é “sexofílica”; a religião, não raro, “sexofóbica”. A psicanálise é arqueológica; a religião, teleológica. A psicanálise leva o sujeito a confrontar-se com o desamparo; a religião, pelo contrário, lhe oferece proteção. Mais! O que a religião e a psicanálise fazem com o real da castração é diferente. A religião vela, mascara, encobre, tampona a castração; a religião tapa o furo, obtura a falta, preenche o vazio, sutura a divisão, responde ao enigma, dá sentido ao sem-sentido, nomeia o inominável. A psicanálise… tudo ao contrário!
Admitir que há um problema – e um problema sério – entre a psicanálise e a religião não significa, porém, descartar o contato, o diálogo, a relação entre uma coisa e outra. Nas décadas de 1960 e 1970, por exemplo, chegou a haver 12 jesuítas – como o papa Francisco – na Escola Freudiana de Paris, o grupo de Lacan. E não me parece que esses senhores ignorassem as antinomias acima enumeradas. Mais recentemente, o também padre jesuíta Carlos DomínguezMorano publicou um livro intitulado: Psicanálise e religião (2000). O subtítulo da obra é Diálogo interminável. Sim, diálogo. Mas, interminável. Entre a psicanálise e a religião, não há possibilidade de síntese. Resta, pois, a manutenção de um questionamento mútuo. A relação entre a psicanálise e a religião está destinada a permanecer como questão sempre aberta. Ou seja, como um diálogo sem fim.
Por fim, a quinta e última frase: “A psicanálise é, ela mesma, uma religião”. Certa vez, o próprio Freud observou que o marxismo acabou ficando muito parecido com aquilo que combatia – ele pensava na religião. Não se poderia dizer o mesmo da psicanálise?  Há, de fato, semelhanças não desprezíveis entre a psicanálise e a religião.
Embora possa parecer estranho, no movimento psicanalítico há “deuses”. Numa carta que escreveu a Pfister, em 26 de fevereiro de 1911, Freud fez referência à “deusa Libido”; em O futuro de uma ilusão (1927), por sua vez, ele falou em “nosso Deus Logos”. Há uma “Sagrada Escritura”: as obras completas de Freud ou os Escritos (1966) de Lacan, por exemplo. Há “dogmas”. Em Memórias, sonhos, reflexões (1961), Jung escreveu: “Tenho ainda uma viva lembrança de Freud me dizendo: ‘Meu caro Jung, prometa-me nunca abandonar a teoria sexual. É o que importa, essencialmente! Olhe, devemos fazer dela um dogma, um baluarte inabalável’. Ele me dizia isso cheio de ardor, como um pai que diz ao filho: ‘Prometa-me uma coisa, meu caro filho: vá todos os domingos à igreja!’”. Há “papas”. Certa vez, Binswanger perguntou a Freud por que Jung e Adler, os seus alunos mais antigos e, talvez, mais bem dotados intelectualmente, o deixaram. Freud respondeu que eles quiseram se tornar papas. Há “cardeais”. Em 1912, por iniciativa de Jones, após as dissidências de Adler e Stekel e durante a crise que terminaria com a defecção de Jung, foi instituído um comitê secreto com seis membros, verdadeiro “colégio de cardeais”, em torno de Freud. Há “profetas”. No Hospital Psiquiátrico de Burghölzli, onde Jung trabalhava, diziam que Freud era Alá, e Jung, o seu profeta. Também se comparou Jung a Jesus, e Freud a João Batista. Há “missionários”. Freud esperava que Jung promovesse a difusão da psicanálise para além dos meios judaicos em que ela se encontrava inicialmente confinada. Na expressão de Fromm, Jung seria uma espécie de “Paulo da nova religião”. Há “heresias”. Numa carta a Pfister, datada de 24 de janeiro de 1919, Freud descreveu como “heréticas” as opiniões do pastor sobre a constituição e o significado da pulsão sexual; em Um estudo autobiográfico (1925), Freud se referiu a Adler e a Jung como os dois “hereges”. Há “excomunhões”. A segunda cisão do movimento psicanalítico francês, aquela que excluiu Lacan, ocorrida em 1964, ficou conhecida como a “excomunhão”. Há “católicos” e “protestantes”. Pode-se comparar a Associação Internacional de Psicanálise à igreja católica e os lacanianos aos protestantes. De fato, a primeira, fundada pelo próprio Freud, tem um caráter oficial; o cisma lacaniano, por sua vez, resultou numa verdadeira pulverização do movimento psicanalítico. Há Weltanschauung (cosmovisão). Apesar do que Freud escreveu, a teoria psicanalítica pode perfeitamente funcionar como uma visão globalizante. Segundo François Roustang – que foi psicanalista e padre jesuíta –, há psicanalistas que só entendem de psicanálise; para eles, a psicanálise é tudo, um discurso totalizante, análogo ao discurso religioso.
Essa lista poderia ser aumentada: no movimento psicanalítico, há também “oráculos”, “anátemas”, “conversões”, “noviços”, “liturgia”, “moral”, “hierarquia”, “intolerância” etc. Mas o que acima está elencado já basta. Não parece haver nenhuma impropriedade em afirmar que a psicanálise, muitas vezes, tem funcionado como uma religião. Talvez isso explique, ademais, o ateísmo de muitos seguidores de Freud. São ateus porque professam outra espécie de “religião”.
Como se vê, as relações entre a psicanálise e a religião dão o que pensar. O que pensar, o que falar, o que escrever. São seis, portanto, e não apenas cinco, as minhas frases sobre a matéria. Mais uma: “Psicanálise e religião dá o que pensar”.
Ricardo Torri de Araújo
é padre jesuíta, professor do Departamento de Psicologia da PUC-Rio e autor de Deus analisado: os católicos e Freud (Loyola).
Fonte: Revista Cult - Ed. 190

Nova máquina de escrever mistura nostalgia e tecnologia moderna


Existem pessoas que sentem falta da boa e velha máquina de escrever, normalmente quem precisa criar textos e não consegue ou não pode lidar com as distrações de um computador com internet, como escritores ou jornalistas. Ao mesmo tempo, as facilidades da tecnologia fazem muita falta. Para este público existe a Hemingwrite, uma máquina de escrever que mistura a nostalgia com alta tecnologia.

A máquina de escrever possui uma telinha de e-ink (mesmo material usado nas telas dos Kindles e outros e-readers) que consome pouquíssima energia. O pequeno display, de 6 polegadas, mostra tudo que é digitado no preciso e confortável teclado mecânico do aparelho e permite comodidades como as teclas “delete” e “backspace”.
Reprodução
A Hemingwrite possui uma bateria que dura 6 semanas, graças ao baixo consumo. Além disso, ela possui conectividade Wi-Fi que permite que seus textos fiquem salvos automaticamente na nuvem. Tudo isso dentro de uma carcaça de alumínio elegante e resistente.
O problema é que, como seus antepassados, a Hemingwrite é bastante pesada, totalizando quase 2 kg, tornando incômodo o seu transporte por aí. Mas, para quem está em casa e precisa escrever um texto e não pode se distrair, poucas opções parecem melhores.
O produto ainda está em fase de protótipo e, portanto, ainda não existe previsão de início das vendas e preço.

Fonte: Olhar Digital

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

8 das famílias mais influentes da História

No decorrer dos séculos, algumas famílias ganharam destaque na História mundial pelo seu grande poder e renome. Elas mudaram o destino de suas nações ou mesmo da economia internacional. As famílias foram listadas pelo fundador do site List Verse, que esclareceu que ela dá uma visão ampla de algumas das mais poderosas famílias históricas, não excluindo as casas reais. Confira abaixo.

8 – Família Rothschild


A família Rothschild — muitas vezes referida como Os Rothschilds — é uma dinastia de origem judaica alemã que comanda o sistema bancário e financeiro internacional, estabelecendo operações em toda a Europa e sendo enobrecida pelos governos da Áustria e do Reino Unido.
A ascensão da família à proeminência internacional começou com Mayer Amschel Rothschild (1744-1812 — foto acima), cuja estratégia para o sucesso era manter o controle de seus negócios nas mãos da família, permitindo-lhes manter total discrição sobre o tamanho de sua riqueza e realizações de negócios.
Mayer Rothschild manteve com sucesso a fortuna com casamentos arranjados com cuidado entre os membros estreitamente relacionados à família. O quarto filho dele, Nathan Mayer Rothschild, começou seu negócio em Londres em 1811, onde o império ainda perdura até hoje. Seus negócios foram tão importantes que até evitaram grandes crises financeiras na Inglaterra.
Atualmente, temos até alguns membros da família Rothschild radicados no Brasil, como o Barão Philippe de Nicolay Rothschild, banqueiro francês e proprietário de uma exclusivíssima vinícola de champanhe, na região francesa de mesmo nome (Champagne).

7 – Plantageneta


A Casa de Plantageneta foi uma casa real fundada por Henrique II da Inglaterra, filho de Godofredo V de Anjou e de Matilde (filha de Henrique I). Os reis de Plantageneta foram os primeiros a governar o Reino da Inglaterra no século 12.
No total, 15 monarcas da família governaram a Inglaterra de 1154 até 1485. Uma cultura inglesa distinta e um impulso nas artes surgiram durante a era Plantageneta, incentivados por alguns dos monarcas que eram patronos do "pai da poesia inglesa", Geoffrey Chaucer. A arquitetura também ganhou características específicas, como a apresentada na Abadia de Westminster.
Houve também progressos duradouros no setor social, quando João I da Inglaterra assinou a Magna Carta (foto acima), que influenciou no desenvolvimento do direito comum e direito constitucional. As instituições políticas, como o Parlamento da Inglaterra, tiveram origem na era Plantageneta assim como instituições de ensino renomadas mundialmente, incluindo a Universidade de Cambridge e de Oxford.

6 – Família Nehru-Gandhi


A Nehru-Gandhi é uma família política indiana, que dominou o Congresso Nacional Indiano na maior parte do início da história da Índia independente. Três membros da família (Pandit Jawaharlal Nehru, sua filha Indira Gandhi e seu filho Rajiv Gandhi) foram primeiros-ministros da Índia, sendo que Indira e Rajiv Gandhi foram assassinados.
Um quarto membro da família, Sonia Gandhi (viúva de Rajiv), é atualmente a presidente do Congresso, enquanto seu filho, Rahul Gandhi, é o mais novo membro da família a entrar na política ativa quando concorreu e ganhou um cargo na câmara do Parlamento da Índia em 2004.
Vale destacar que a família Nehru-Gandhi não está relacionada ao líder da independência indiana Mahatma Gandhi.

5 – Família Khan  


Genghis Khan foi o fundador, governante e imperador do Império Mongol, o maior império em área contígua da História, que se estendia a partir da Ásia Central, Europa Central até o Mar do Japão, Sibéria, Índia,  Indochina e o planalto iraniano e, por fim, ao oeste até o Levante e Arábia.
Ele chegou ao poder unindo muitas das tribos nômades do nordeste da Ásia. Depois de fundar o Império Mongol e ser proclamado "Genghis Khan" (Khan = governante), começou as invasões e ataques de Kara-Khitan Canato, Cáucaso, Império Khwarezmid, Xia Ocidental e dinastias Jin.
Durante sua existência, o Império Mongol eventualmente ocupou uma porção substancial da Ásia Central. Antes de Genghis Khan morrer, ele nomeou Ogedei Khan como seu sucessor e dividiu seu império entre seus filhos e netos. Ele morreu em 1227 depois de derrotar os Tangutes.
A figura foi enterrada em uma cova anônima em algum lugar na Mongólia, em um local desconhecido. Seus descendentes passaram a dominar outras regiões para o Império Mongol nas áreas citadas acima.

4 – Dinastia Júlio-Claudiana  


A dinastia Júlio-Claudiana normalmente refere-se aos primeiros cinco importantes imperadores romanos: Augusto, Tibério, Calígula (também conhecido como Caio), Cláudio e Nero, ou à família a que pertenciam. A dinastia governou o Império Romano a partir de sua formação, de 27 a.C. a 68 d.C., quando o último da linha, Nero, cometeu suicídio.
O nome Júlio-Claudiano deriva do apelido de Augusto, pertencente à família Julia, e de Tibério, um Claudius de nascimento subsequentemente adotado. Os sucessores de Augusto são conhecidos por esse nome devido aos casamentos idealizados por ele entre a sua família, os Julii, e os patrícios Claudii.
Os reinados dos imperadores Júlio-Claudianos suportaram algumas características semelhantes: todos chegaram ao poder através de relações indiretas ou adotadas. Cada um expandiu o território do Império Romano e iniciou grandes projetos de construção.
Segundo as fontes, eles eram geralmente amados pelas pessoas comuns, mas os historiadores antigos descrevem os imperadores Júlio-Claudianos como cruéis, loucos, sexualmente perversos e tirânicos.

3 – Família Zhu


"Zhu" era o nome de família dos imperadores da dinastia Ming. Foi Hongwu (Zhu Yuanzhang — imagem acima) que optou por usar o Ming (que significa “brilhante”) para o nome dinástico. A dinastia Ming foi a governante da China de 1368 a 1644, após o colapso da Dinastia Yuan Mongol.
A Ming foi a última dinastia na China governada por Hans étnicos. Ela foi uma das mais estáveis e duradouras da história chinesa. Após Hongwu e Yongle, alguns dos imperadores Ming se destacaram como grandes governantes.
O curto reinado do imperador Xuande (1426-1435), no entanto, foi considerado por estudiosos posteriores como uma idade de ouro do bom governo e patrocínio das artes. Xuande foi ele próprio um artista talentoso e poeta, reunindo um grupo de artistas na corte.
Embora a primeiro capital Pequim tenha entrado em queda em 1644, devido a uma rebelião liderada por Li Zicheng (que estabeleceu a dinastia Shun, logo substituída pela dinastia Qing), os regimes leais ao trono Ming sobreviveram até 1662.

2 – Família Ptolomeu


A dinastia ptolomaica era uma família real macedônia helenística que governou o império no Egito por cerca de 300 anos, de 305 a 30 a.C. Ptolomeu, um dos sete guarda-costas que serviram como generais e deputados de Alexandre, o Grande, foi nomeado sátrapa (governante de província) do Egito após a morte de Alexandre em 323 a.C.
Em 305 a.C, ele declarou-se rei Ptolomeu I, sendo mais tarde conhecido como "Soter" (salvador). Os egípcios logo aceitaram os Ptolomeus como os sucessores dos faraós do Egito independente e a família governou a região até a conquista romana de 30 a.C.
O membro mais famoso da linha foi a última rainha, Cleópatra VII, conhecida por seu papel nos combates políticos romanos entre Júlio César e Pompeu, e mais tarde entre Otaviano e Marco Antônio. Seu suicídio na conquista por Roma marcou o fim do domínio Ptolomeu no Egito.

1 – Dinastia Capetiana

Não, essa não é a dinastia do capeta. Na verdade, a dinastia capetiana se refere a qualquer um dos descendentes diretos de Hugo Capeto da França. O Rei Juan Carlos da Espanha e Grão-Duque Henri de Luxemburgo são membros desta família, ambos pela ramificação Bourbon da dinastia. Essa é a maior casa real europeia.
Ao longo dos séculos anteriores, os capetianos se espalharam pela Europa, governando toda forma de unidade provincial de reinos até feudos. Além de ser da família real mais numerosa na Europa, é também uma das mais incestuosas, especialmente na monarquia espanhola.
Muitos anos se passaram desde que os monarcas capetianos governaram grande parte da Europa, no entanto, eles ainda permanecem como reis, bem como outros títulos. Atualmente dois monarcas ainda dominam a Espanha e Luxemburgo.
O membro da família legítimo atual é Louis Alfonso (foto acima), o duque de Anjou, que também detém a alegação legitimista ao trono francês. No geral, dezenas de ramos da dinastia Capeto ainda existem em toda a Europa.
Fonte(s): List Verse, Forbes Brasil, Megacurioso.

Os mutantes somos nós

Os mutantes somos nós
O biólogo francês Jean-François Bouvet está chamando a atenção internacional com um livro recém-lançado na França, pela editora Flammarion: Mutants: à quoi ressembleronsnous demain? (Mutantes: como seremos amanhã?, em tradução livre). Nele, o professor da Universidade Claude Bernard, em Lyon, após dez anos de pesquisa em neurobiologia, retoma a tese de que as modificações ambientais produzidas pelo homem, desde a Revolução Industrial, estão causando uma transformação inédita na espécie. “O homem provocou um Big Bang químico que agora age sobre ele. Está mudando numa velocidade que não tem mais nada a ver com a evolução darwiniana”, afirma. 

Além da tendência demograficamente comprovada de as novas gerações viverem mais tempo e serem mais altas, Bouvet soma outras características menos desejáveis. Segundo ele, estamos ficando mais velhos, altos, obesos, inférteis e doentes. De acordo com a pesquisa, a altura dos franceses aumentou quase cinco centímetros nos últimos 30 anos, mas, em compensação, mais de 15% da população adulta se tornou obesa. Ao mesmo tempo, atualmente uma entre quatro meninas afroamericanas entra na puberdade por volta dos 7 anos. E, em meio século, a concentração de espermatozoides diminuiu 40% nos homens de todo o planeta, sendo acompanhada por uma diminuição das taxas de testosterona – o hormônio da sexualidade masculina.

Tem mais. A prática global de trabalhar horas diante de telas de computadores escalou a proporção de míopes na população de uma maneira nunca vista. A fl ora intestinal também vem se modificando devido à ingestão de novos alimentos, nos tornando inaptos a assimilar os antigos, o que gera inúmeras alergias. Outra estatística alarmante é o número de casos de Alzheimer. Só na França a previsão é de que haverá 2 milhões de doentes até 2020.

Todas essas transformações somadas, segundo Bouvet, tornam impossível sustentar a ideia de que o homem moderno permanece sem mudança evolutiva desde o período neolítico. Para o pesquisador, a seleção natural está sendo colonizada pela seleção social gerada pela cultura e pela tecnologia, cujos impactos retornam e alteram o ambiente e o homem. Seu estudo converge para a investigação paralela conduzida por geólogos da Sociedade Geológica de Londres, como o inglês Jan Zalasiewicz, que propuseram à Comissão Internacional de Estratigrafia o reconhecimento de um novo período geológico, o antropoceno: a era das mudanças climáticas e dos impactos humanos no planeta.
Pouco otimista, Bouvet acredita que estamos diante de uma nova situação no plano evolutivo. O Homo sapiens (Homem sábio) estaria virando Homo perturbatus (Homem perturbado). “Estamos assistindo a um processo de novo tipo: o homem, agora, está sob a infl uência de coisas que ele mesmo causou. Nesse sentido, não me parece ilegítimo falar de “retroevolução”, porque se trata de uma evolução para trás, um tipo de feedback. Esse fenômeno não tem feito outra coisa a não ser se amplificar.” 

Mutação química
Para chegar à conclusão controversa (leia na página ao lado), o cientista francês identificou como vetores da retroevolução biológica uma série de substâncias desenvolvidas pela indústria química utilizada na fabricação de objetos do dia a dia moderno. São os casos, por exemplo, do herbicida Atrazin, do pesticida DDT, do fungicida Vinclozolin, do componente de policarbonato bisfenol A, dos compostos ftalatos e dos conservantes parabenos. Segundo Bouvet, conservantes, estabilizantes, pesticidas e antibióticos ingeridos na alimentação industrial urbana ou absorvidos pelo contato com objetos de consumo geram a poluição responsável por mudanças cumulativas que alteram o sistema endócrino e hormonal humano. 

Há tempo ainda para evitar o Big Bang químico? Ou ele é inexorável? De saída, o biólogo adverte: “Não estou propondo viver sem antibióticos, mas, simplesmente, utilizá-los com sabedoria”. Preferir alimentos frescos a enlatados, evitar bebidas em embalagens que tenham o símbolo “PC” (de policarbonato), reduzir o contato com recipientes e brinquedos plásticos são providências que podem ser adotadas. O exercício do consumo consciente também ajudaria.

Ao mesmo tempo que questiona o futuro imprevisível da espécie, Bouvet também ironiza a medicina contemporânea que, atenta a todos os males, oferece a possibilidade de fabricar espermatozoides em laboratório a partir de células-tronco (já bem-sucedidas com ratos) e, em breve, engendrar úteros artificiais. “Dessa maneira teremos uma dissociação total entre sexualidade e reprodução”, ressalta.
Segundo o neurobiologista, mesmo interconectada virtualmente a humanidade continua a ser um grande corpo sem cabeça – “de certa forma desprovida de inteligência coletiva”. Só uma tomada de consciência global, que leve a medidas drásticas de âmbito planetário, poderia limitar a intensidade da modificação química que afeta o ambiente, diz o cientista. Mas mesmo que muitos indivíduos tenham consciência dos perigos que engendramos, a chance de tudo continuar como está é grande. Como já fez antes, o homem tentará se adaptar às adversidades do jeito que conseguir, já que não há manual para a evolução. “Que pressões climáticas, econômicas, sanitárias, demográficas, alimentares ou energéticas teremos que encarar? A verdade é que não sabemos.” 

  Jean-François Bouvet, biólogo francês, afirma que a poluição química afeta a todos.

Jean-François Bouvet afirma que a poluição química afeta a todos

Populações não industrializadas que mantêm hábitos alimentares tradicionais vivem as mudanças indicadas na sua pesquisa?

Bouvet: Mesmo que existam regiões menos poluídas do que outras, ninguém está totalmente ao abrigo, porque respiramos a mesma atmosfera e os oceanos se comunicam. É por intermédio da alimentação que se estabelece uma diferença: aqueles que podem consumir bioalimentos orgânicos, que contêm pouco ou nenhum pesticida, estarão menos submetidos aos efeitos dos produtos químicos dos quais a agricultura intensiva abusa.

Como a comunidade científica reagiu ao seu livro? O que pensaremos de suas ideias daqui a meio século?
Bouvet: Minha obra ainda é muito recente. Em todo o caso, até o momento, não recebi nenhuma objeção grave. Seja como for, os fatos estão aí. Quanto a saber o que pensarão de minhas ideias daqui a meio século, repito o que sublinhava Mark Twain: “A arte da profecia é extremamente difícil, sobretudo no que diz respeito ao futuro”. 

Há conexão entre o seu trabalho e o dos geólogos que estudam o período antropoceno? 
Bouvet: Totalmente. Trata-se do mesmo tipo de aproximação. O fato marcante é que o planeta nunca carregou tantas marcas da ação humana, para o bem e para o mal. 

Fonte: Site da Revista Planeta

Paris ganha 'templo dos filmes mudos' com pianista tocando ao vivo


Por Daniela Fernandes, de Paris

Templo do cinema mudo tem acervo com milhares de filmes e documentos
Paris acaba de ganhar uma fundação dedicada aos primórdios do cinema, que está sendo chamada na capital francesa de "templo dos filmes mudos".
A Fundação Jerôme Seydoux-Pathé reúne um dos mais importantes acervos mundiais de filmes, câmeras, fotografias e dezenas de milhares de documentos que traçam a história da indústria cinematográfica nos últimos 120 anos.

No local, há uma uma sala de cinema, onde são exibidos diariamente sobretudo filmes mudos, com acompanhamento ao vivo de um pianista, como ocorria há mais de um século (a sessão custa 6 euros, cerca de R$ 18).
Na última década, a Pathé restaurou e digitalizou cerca de 1,5 mil filmes mudos.
Fachada do prédio também é um tesouro: uma obra original de Rodin
A Pathé e a Gaumont, fundadas no final do século 19 e compradas pela família Seydoux, são as mais antigas produtoras e distribuidoras de filmes do mundo ainda em atividade.

10 mil filmes

Antes da Primeira Guerra mundial, a Pathé, criada pelos irmãos Charles e Émile Pathé, era considerada a mais importante empresa cinematográfica do mundo.
De 1896 aos dias de hoje, a Pathé produziu mais de 10 mil filmes. Grandes clássicos do cinema, como os filmes La Dolce Vita, de Federico Fellini, e o Guepardo, de Luchino Visconti, estrelado por Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, foram co-produzidos pela companhia francesa.
Os irmãos Pathé, que criaram um império cinematográfico com estúdios e salas de cinema, também desenvolveram inúmeros equipamentos para projeção de filmes e câmeras, além de formatos de películas.
Entre os cerca de 200 aparelhos exibidos permanentemente na fundação, criados entre o final do século 19 e os anos 1980, há o "Pathé Baby", um pequeno projetor com manivela, lançado em 1922, "ancestral" do home theater para ver filmes em casa.
Um ano depois, o "Pathé Baby" ganhou uma versão filmadora para amadores. O aparelho foi lançado na mesma época na Inglaterra com o nome de "Pathex".
Acervo tem equipamentos - de projetores a câmeras antigas de cinema
Na galeria de equipamentos, o visitante também pode ver, em tabletes, filmes que mostram as diferentes técnicas cinematográficas.
A coleção reúne ainda 500 mil fotografias tiradas em sets de filmagens a partir de 1897, além de milhares de documentos, desenhos, livros sobre cinema e centenas de roupas e outros objetos usados em filmes.

Ilustrador sergipano

Atualmente, uma exposição em cartaz até 4 de novembro apresenta uma coleção de pôsteres de pequenos filmes produzidos entre 1906 e 1907, na época em que as projeções eram apresentadas em circos.
Parte dessas ilustrações – litografias realizadas sobre pedra – foram criadas pelo sergipano Candido Aragonez de Faria, nascido em 1849. Ele se instalou na França em 1882 e foi o principal ilustrador da Pathé entre 1902 e 1911, ano de sua morte.
"Para cada filme, mesmo os mais curtos, era criada uma ilustração", afirma Sophie Seydoux, presidente da fundação que conta em seu acervo 4,5 mil pôsteres, desenhos e maquetes.

Rodin

Não é só o acervo da Fundação Pathé que vale ser visitado. A descoberta cultural já começa na rua: a fachada do prédio, um antigo teatro próximo à Place d’Italie, no 13° distrito de Paris, foi realizada pelo escultor Auguste Rodin em 1869 e é tombada pelo patrimônio histórico francês.
O teatro não existe mais e o prédio (com exceção da fachada) foi totalmente reconstruído pelo renomado arquiteto italiano Renzo Piano, co-autor do Centro Georges Pompidou, em Paris.
Atrás da fachada de Rodin, Piano construiu uma gigantesca estrutura em forma de "bolha" de vidro, recoberta com 5 mil pequenos painéis de alumínio, que lembra a "carapaça de um tatu", ou o "casco da Arca de Noé", como prefere dizer o arquiteto.
No total, são 2,2 mil m2 em cinco andares. A fundação possui ainda um centro de pesquisas e de documentação na área de cinema.
Para ter acesso a esse espaço, situado no último andar do prédio, onde é possível consultar a integralidade do acervo, é preciso marcar hora.

Fonte: Site da BBC Brasil

domingo, 21 de setembro de 2014

Quanto tempo de vida útil possui um pendrive?

Guardar e proteger as nossas informações digitais é algo extremamente importante hoje em dia. Os backups são muito necessários se quisermos garantir que os nossos preciosos arquivos fiquem intactos (e quem já não passou pelo pânico de achar que perdeu dados importantes no computador?).
Ao saber disso, muitas pessoas salvam seus documentos em serviços na nuvem, enquanto outras preferem guardá-los em dispositivos físicos que não exijam qualquer tipo de acesso online – como os pendrives, SD cards e HDs externos. Contudo, é necessário ter alguns cuidados com esses itens se você quer que eles realmente protejam os seus arquivos.

Logo você verá que isso é bastante relativo e que depende de vários fatores que não são exclusivos do produto – porém, algo é certo: eles não armazenarão os seus arquivos eternamente, já que em algum momento eles serão inutilizados. Entre esses fatores, estão os próprios componentes do produto (se são ou não são de qualidade), o cuidado com ele, o manuseio do indivíduo e, principalmente, o número de vezes que ele foi gravado, apagado e reescrito.

Por quanto tempo ele é capaz de armazenar os meus dados?

O prazo de validade de um pendrive é incerto e pode ser medido de acordo com a quantidade de vezes que ele foi utilizado. Por exemplo, muitos modelos informam que podem durar até cinco anos, porém, se você usá-lo menos vezes e manuseá-lo com cuidado, ele pode durar muito mais.

Dependendo das especificações dos fabricantes, os pendrives podem ter um ciclo aproximado de 10 mil a 100 mil de sequências de gravação antes que mensagens com erros de gravação comecem a ser exibidas – partes do dispositivo ficam corrompidas devido ao uso contínuo. Ele não irá queimar, como ocorre quando é inserido em entradas USB de modo incorreto ou ejetado abruptamente, porém ficará desgastado graças às constantes gravações.

Partindo do pressuposto de que você terá bons cuidados com o dispositivo, de que ele ficará guardado em um ambiente fresco em boas condições e de que você sempre o removerá seguindo os procedimentos de segurança, pendrives de marcas renomadas (como SanDisk, Transcend, Kingston, HP, Sony, Lexar, Verbatim, Corsair) podem durar mais tempo do que o prazo estipulado. Contudo, se mensagens de erro começarem a aparecer, já é o momento de trocar de dispositivo.

Como as especificações de marcas variam bastante, é naturalmente esperado que aquelas que possuem um maior ciclo de gravações durem mais tempo. Cuidado com as marcas desconhecidas ou piratas, pois é muito provável que o ciclo de gravações seja bem menor e que o pendrive queime devido à má qualidade dos componentes, e não pelo uso contínuo. Se você quer se certificar de que o pendrive em questão é de qualidade, procure pelo certificado ISSO-9001:2008 e o selo A nesses produtos.

Concluindo, os pendrives são ótimos dispositivos para você transportar dados temporários de um lugar para outro, mas é aconselhado que eles não sejam utilizados permanentemente como backup. Se você quer salvar dados valiosos, talvez seja mais interessante optar por HDs externos que não sejam gravados e regravados constantemente (e que fiquem bem guardados em boas condições de preservação) ou serviços na nuvem, se você não se importar de deixar tudo online. E lembre-se: sempre grave os arquivos em mais de um lugar – melhor prevenir, não é?

Fonte: Tec Mundo (com adaptações).

domingo, 14 de setembro de 2014

O Brasil não vive recessão, mas uma estagnação

Flickr / Programa de Aceleração do Crescimento
Refinaria Petrobras Cubatão
Refinaria da Petrobras em Cubatão. Uma parcela significativa do saldo positivo da balança comercial deveu-se à exportação de plataformas de petróleo para empresas estrangeiras
Contaminada pela polarização eleitoral, a discussão sobre as quedas sucessivas do PIB, de 0,2% no primeiro trimestre e de 0,6% no segundo, proporciona uma oportunidade para desfazer o equívoco de considerar o desaquecimento da economia brasileira uma exceção em um mundo em franca retomada. Não é bem assim, como mostrou o diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, em exposição na Federação das Indústrias de São Paulo, em 22 de agosto.
Na comparação das projeções de crescimento do PIB apuradas em abril e em julho deste ano, a variação mundial esperada caiu de 3,6% para 3,4%. Nos países avançados, o recuo foi de 2,2% para 1,8%. Nos Estados Unidos, a estimativa oscilou de 2,8% para 1,7% e na área do Euro, recuou de 1,2% para 1,1%. Apenas a expectativa para o Japão aumentou ligeiramente, de 1,4% para 1,6%.
O avanço esperado do PIB dos países emergentes diminuiu de 4,9% em abril para 4,6% em julho. Houve redução discreta das projeções para a China, de 7,5% para 7,4%, e estabilidade das estimativas para a Índia, em 5,4% . Caíram as previsões para Rússia (1,3% para 0,2%), África do Sul (2,3% para 1,7%), Brasil (1,8% para 1,3%) e México (3% para 2,4%).
“Não houve a ‘tempestade perfeita’ nos emergentes”, disse Awazu. E o Brasil “tem fundamentos macrofinanceiros sólidos e instituições capazes de assegurar estabilidade macroeconômica e financeira, capacidade de resposta a choques e desafios e demonstrada resiliência à crise, com um modelo de desenvolvimento sustentável visando o aumento da inclusão social e financeira”. As expectativas de crescimento em 2015 são também declinantes, praticamente sem exceção.



As quedas seguidas do PIB lideraram a onda de notícias negativas sobre o desempenho recente da economia. O déficit primário do setor público de 4,7 bilhões de reais em julho, a redução da produção de veículos em 22,4% em agosto, uma nova queda na confiança dos empresários da indústria e do setor de serviços e as taxas de juros mais altas desde 2011 integraram o quadro de informações ruins. Houve fatos positivos, insuficientes para reverter o pessimismo. O principal deles foi o aumento de 0,7% na produção industrial de julho sobre o mês anterior, segundo o IBGE, depois de cinco quedas sucessivas.
A variação negativa do PIB do Brasil nos dois últimos trimestres é indiscutível. Concluir a partir deste fato que há uma recessão no País, nem tanto. Manuais de finanças definem “recessão técnica” como dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. O economista conservador Geoffrey H. Moore, um dos maiores especialistas em ciclos econômicos, identificou “sérios problemas” nessa visão. Um deles é não considerar datas mensais de início e fim das recessões. “Por esse motivo, o National Bureau of Economic Research dos Estados Unidos utiliza medidas mensais de produção, emprego, vendas e renda, todas expressas em termos reais”, escreveu no ensaio Recessões. Moore coordenou a instituição por 30 anos e foi diretor emérito do Center for International Business Cycle Research, da Universidade de Columbia. “Outro problema é a possibilidade de sérios declínios na atividade econômica mesmo sem dois trimestres consecutivos de oscilação negativa”, alertou Moore.

As observações do especialista não reduzem a relevância dos problemas, mas levantam dúvidas sobre o diagnóstico de recessão. “As quedas do PIB brasileiro durante dois trimestres seguidos não foram acompanhadas de desemprego e redução da massa salarial e isso não permite caracterizar uma recessão. O termo correto para definir a situação atual é estagnação”, diz o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo. “Estamos em recessão técnica, embora atípica porque o nível de desemprego está baixo. Houve fatores conjunturais, como a Copa do Mundo, mas a economia dava sinais de estagnação, relacionada a várias causas, entre elas a forte desaceleração do setor manufatureiro”, afirma o economista Luiz Fernando de Paula, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Para avaliar corretamente o desempenho da economia, além de considerar as diferenças entre recessão e estagnação e contextualizar mundialmente a dinâmica brasileira, é preciso expurgar interpretações facilitadas pelo predomínio de informações fragmentadas e de curto prazo. Os superávits comerciais de agosto, de 1,2 bilhão de dólares (as projeções indicavam 400 milhões) e dos últimos oito meses, de 249 bilhões de dólares (houve déficit de 3,8 bilhões no mesmo período em 2013), não receberam destaque no noticiário. A ênfase recaiu no fato de o saldo positivo de agosto ser “o pior para o mês desde 2001”. Uma parcela significativa do saldo positivo da balança comercial deveu-se à exportação de plataformas de petróleo para empresas estrangeiras de prospecção atuantes no Brasil. Segundo algumas interpretações, teria ocorrido uma “exportação contábil de plataformas”. A expressão utilizada denota atribuição de pouca importância ao fato econômico relevante de obtenção de receita em moeda conversível mediante a venda de um produto feito internamente, com uso de mão de obra e de insumos locais, em um processo gerador de efeitos positivos encadeados e de uma arrecadação tributária relevante. Sob essa ótica, talvez fosse necessário levar as plataformas aos países das importadoras e transportá-las de volta ao Brasil para considerar legítimas as exportações.
A necessidade de retomar o crescimento econômico é consenso no debate eleitoral, mas há mais de uma estratégia para atingir o objetivo. No debate promovido na quarta-feira 27 pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, o economista José Roberto Mendonça de Barros, representante de Aécio Neves, enfatizou a necessidade de um “ajuste macroeconômico”, expressão elástica capaz de abrigar de um tarifaço ao corte de salários. Para o economista Rodrigo Sabbatini, da campanha de Dilma, o ajuste econômico necessário é diferente daquele defendido pelo PSDB. "Não dá para fazer a inflação baixar para o centro da meta no curto prazo sem provocar um processo recessivo. Nisso nosso ajuste macroeconômico é diferente". A candidata Marina Silva não enviou representante à Abimaq.

Velhas soluções agravariam a situação, alerta Fernando de Paula. “Estou pessimista com esta ideia de que o simples canto da sereia, a volta do livre mercado, vai resolver tudo no Brasil. Isso já foi tentado no governo FHC e não deu certo, a economia ficou muito vulnerável, se desindustrializou, desnacionalizou, houve apagão. A visão predominante é que a intervenção do Estado impede o Brasil de crescer. Tenho críticas ao governo Dilma, pois fez um intervencionismo a meu juízo atrapalhado e mal coordenado, mas não acho que a alternativa “Deus Mercado” vá ser a panaceia.”
O economista Delfim Netto identifica um sinal animador. “Caiu a ficha. É agora geral o reconhecimento de que a causa fundamental da taxa de crescimento do PIB foi a pouca atenção dada à cuidadosa destruição da capacidade competitiva da indústria manufatureira nacional, consequência do uso da taxa de câmbio como instrumento de controle da inflação em substituição às políticas fiscal e monetária.” Em discurso na quarta-feira 3, Dilma Rousseff admitiu problemas na política industrial e no avanço da economia e prometeu mudanças. É um começo.

Fonte: Carta Capital - Economia - Edição Online - Set./2014

Drones para Delivery

Corporações como Google e Amazon e até uma empresa brasileira aceleram o desenvolvimento de aeronaves não tripuladas capazes de realizar uma atividade ao mesmo tempo trivial e bilionária: a entrega de encomendas

Luisa Purchio (luisapurchio@istoe.com.br)
Algumas das grandes invenções que mudaram o mundo – computadores, internet, forno de microondas, GPS, laser e câmeras digitais, para ficar apenas nos exemplos mais marcantes – surgiram nas fileiras militares. A próxima revolução tecnológica criada pela turma de farda ainda não transformou a vida das pessoas, mas isso é apenas uma questão de tempo. Desenvolvidos pelo Exército americano, os drones, aqueles aviões não tripulados comandados por sistemas de comunicação mantidos em terra firme, ganharam fama de máquinas assassinas graças aos ataques dos Estados Unidos em países como Iraque e Afeganistão, mas agora começam a encontrar sua verdadeira vocação: servir ao cidadão comum e gerar oportunidades de negócios para grandes empresas. Duas das corporações mais impetuosas do planeta, Google e Amazon aceleram o desenvolvimento de drones capazes de realizar uma atividade ao mesmo tempo trivial e bilionária: a entrega de encomendas, o famoso delivery. A ideia é que os pequenos aviões transportem produtos de todo tipo (pizzas, livros, roupas, aparelhos eletrônicos, celulares) e os deixem na porta da casa dos consumidores. Parece irrealizável. Não é.
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FUTURO
Jeff Bezos, presidente da Amazon, com o drone testado pela
empresa (acima); a padaria Pão to Go também experimentou
seu veículo (abaixo), assim como a pizzaria Domino's, com o
DomiCopter (abaixo, à dir.) e o Project Wing, do Google
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Em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o Google desenvolve há dois anos robôs voadores capazes de entregar mercadorias em áreas urbanas. Recentemente, o gigante da internet testou na Austrália, cuja legislação não coíbe experimentos desse tipo, um protótipo de asa única, com 1,5 metros de extensão e 76 centímetros de altura, impulsionado por quatro propulsores que permitem que se movimente em todas as direções. O aparelho transportou e entregou com sucesso vacinas para gado, água, rádios e doces. Na Amazon, o homem por trás de projeto parecido é o próprio Jeff Bezos, que fundou a empresa e a transformou numa das maiores corporações de comércio virtual do mundo. A ideia de Bezos é que os drones transportem pacotes de no máximo 2,3 kg, peso que representa 86% dos pedidos atuais da Amazon.
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Apesar dos avanços recentes, há uma série de obstáculos antes da utilização comercial dos drones. A questão de segurança é a que mais preocupa. “Precisamos desenvolver um modelo que detecte casas, árvores e postes, mas ainda existem limitações de sensores”, diz Anderson Harayashiki Moreira, professor do Instituto Mauá de Tecnologia. Para os drones funcionarem por mais tempo, seria necessário também aumentar o tamanho das baterias, o que deixaria o veículo mais pesado e diminuiria a sua capacidade de carga. Outro entrave diz respeito aos possíveis desvios de mercadorias e roubos dos equipamentos.
Na maioria dos países as aeronaves remotamente pilotadas ainda não são permitidas. Nos Estados Unidos, o Google contratou um dos mais respeitados escritórios de advocacia do país para fazer lobby junto às autoridades pela liberação dos drones. No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirma que a proposta de regulamentação deve ser submetida à audiência pública até o final de 2014. Enquanto isso não acontece, algumas aeronaves são certificadas para voos experimentais sem fins lucrativos e fora de áreas urbanas. 
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Recentemente, uma experiência inusitada foi realizada em São Carlos, no interior de São Paulo. A rede de padarias Pão to Go, que possui mais de cem endereços no País e no exterior, entregou, com um drone, pães, manteiga e biscoitos em um condomínio residencial a cerca de 1 km da unidade. Todos os testes foram bem-sucedidos e a empresa aguarda a autorização da Anac para levar o projeto adiante. Os principais benefícios seriam a diminuição dos gastos com entregas, que seriam feitas sem a necessidade de um motoboy, e a agilidade que só um objeto aéreo é capaz de proporcionar. “Assim que conseguirmos a licença, vamos comprar drones para todas as franquias”, diz Tom Ricetti, fundador e dono da rede. O equipamento que ele testou custou R$ 6 mil e a bateria suporta de quatro a cinco entregas de curtas distâncias. Não vai demorar para você receber pão quentinho – e muitos outros produtos – vindo dos céus.
Fotos: Patrick Fallon/Getty Images; Divulgação
Fonte: ISTOÉ ONLINE

Por que ser gentil vale a pena

por Verônica Mambrini



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Quem tem tempo hoje em dia para segurar uma porta aberta para alguém, dar passagem a outros carros num trânsito cada vez mais maluco, ou cumprimentar as dezenas de pessoas que se chega a encontrar num dia? É difícil ser gentil, mas mais difícil ainda é conviver com a falta de gentileza dos outros. Principalmente ao dar com uma porta fechada na cara, ter a lataria do carro amassada por um apressadinho ou passar pela sensação de ser invisível. A ideia de que ser gentil vale a pena e traz benefícios tem sido comprovada por diversos estudos.
Além disso, vários projetos têm se dedicado a multiplicar essa virtude.
Esses pequenos atos fazem parte da rotina do empresário Ricardo Christe, 36 anos. Quando chega a um restaurante ou precisa ser atendido em um balcão, a primeira coisa que faz é procurar o nome do atendente num crachá, para cumprimentá-lo. "Eu acredito em melhorar como ser humano", diz. "A forma mais difícil de se transformar é no cotidiano." Para ele, que olha com desconfiança a sociedade cada vez mais ensimesmada, ouvir mais e se interessar por quem está ao seu redor é o componente básico da gentileza. "As pessoas estão tão ilhadas nos próprios problemas que não conseguem olhar em volta. Todo o resto fica irrelevante", afirma Christe.
O professor de psicologia da Universidade do Estado da Califórnia Robert Levine fez uma experiência que comprovou que o cotidiano das grangrandes cidades não faz nada bem à cortesia. Levine observou a relação entre pressa e gentileza em 36 cidades americanas, avaliando a frequência de gestos como devolver uma caneta que caiu "acidentalmente", ajudar uma pessoa cega a atravessar a rua ou colocar na caixa de correio uma carta "perdida". Nova York, terceira cidade mais rápida no estudo, foi considerada a menos gentil. RoRochester, no mesmo Estado, com um ritmo de vida bem mais lento, foi a mais prestativa. A experiência está relatada no livro "A Geografia do Tempo", de Levine.
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Mas, afinal, vale a pena ser gentil? Para a ciência, a resposta é sim. Em um estudo da Universidade da Califórnia, a psicóloga Sonja Lyubomirsky pediu aos participantes que praticassem ações gentis durante dez semanas. Todos registraram aumento na felicidade durante o estudo. Os que praticaram ações variadas, como se oferecer para ajudar a lavar a louça, fazer elogios ou segurar a porta aberta para um estranho passar, registraram níveis mais altos e prolongados de felicidade, em comparação com quem repetiu sempre a mesma atitude com diferentes pessoas. "Gentileza e boa vontade estão relacionadas à felicidade e as pessoas que tentam ser mais gentis no dia a dia tendem a experimentar mais emoções positivas e se tornaram mais alegres", afirma Sonja. O mecanismo que explica essa relação foi mais esclarecido por um estudo da Universidade Hebraica, em Israel, de 2005. A gentileza está ligada ao gene que libera a dopamina, neurotransmissor que proporciona bem-estar.
Para algumas pessoas, ser gentil não é uma escolha, mas um ofício. É o caso de Carlos de Sá Barbosa, 35 anos, funcionário da Pel Consultoria, responsável pela segurança do Hospital Copa d'Or, no Rio de Janeiro. "Trabalhamos com um público estressado. Ninguém vai a um hospital a passeio", diz. Na rotina do supervisor de segurança, sorrisos e ouvidos dispostos a escutar são fundamentais. "Você está aqui para resolver o conflito, e não aumentá-lo", diz. Existem técnicas para não estressar mais a pessoa, como nunca abordar um cliente nervoso pedindo calma, sempre olhar nos olhos do interlocutor e dar uma atenção especial a quem está mais exaltado. "Eu trabalho na área da supervisão - lido com 55 funcionários sob minha responsabilidade, além do público externo. Se não gostar de pessoas, não dá certo", afirma Barbosa. Marcos Simões, da RH Fácil, empresa que treinou a equipe do Copa d'Or, dá esse tipo de treinamento há 20 anos. "As técnicas existem, mas é importante ter um interesse real no cliente e saber ouvir com atenção", afirma. A gentileza profissional pode ter um roteiro, mas sem envolvimento sincero não convence.
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O professor de filosofia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jorge Luiz Rodriguez Gutierrez prefere pensar na gentileza não como um comportamento, mas como uma virtude. "Não só a gentileza parece menos cultivada, mas em geral hoje não se fala muito das virtudes. Parecem esquecidas", diz Gutierrez. Ele ressalta que ela só tem valor positivo quando associada a conceitos como generosidade ou misericórdia. "Em filmes, geralmente os nazistas que dirigem campos de concentração são gentis. Por si só, a gentileza é neutra", diz.
Para que essa virtude faça diferença, na escola Projeto Vida, em São Paulo, ela é ensinada junto com valores éticos e faz parte das atividades do dia a dia.
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Cecília Fonseca, 5 anos, está aprendendo a compartilhar e a ser gentil.
"Quero que a Cecília saiba ouvir, que possa falar, que saiba respeitar e conviver com os amigos", diz Edilene Fonseca, 41 anos, mãe da menina. Todo dia, os pequenos podem levar frutas de casa para oferecer aos colegas, em uma bandeja comunitária.
"As crianças pequenas são muito egocentradas, é uma característica da faixa etária. O grande desafio é fazê-las enxergar o outro", explica Mônica Padroni, coordenadora da escola. "Damos um sentido maior à gentileza. A polidez é ligada à convenção social, não ao respeito, à generosidade e à justiça, virtudes que valorizamos."
Pesquisas sobre o valor da gentileza, das boas maneiras e da educação na sociedade contemporânea e a promoção desses valores é o principal objetivo da Iniciativa pela Gentileza, da Universidade Johns Hopkins. "Podemos escolher a gentileza porque temos livre-arbítrio. O problema é que você pode ter sido educado em condições que não conduzem a isso", diz Pier Massimo Forni, coordenador do projeto. "Por isso, a orientação e o exemplo dos pais são tão importantes." O segundo livro do autor sobre o assunto, "The Civility Solution: What to Do When People Are Rude" (A solução da gentileza: o que fazer quando as pessoas são rudes, em tradução livre), está em processo de tradução para o português. Para Forni, a gentileza é lançar um olhar benevolente aos outros.
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Nos anos 80, José Datrino, de túnica branca e longa barba e conhecido como Profeta Gentileza, espalhava pelo Rio de Janeiro inscrições como "Não usem problemas, não usem pobreza. Usem amorrr e gentileza" (sic).
O pesquisador em filosofia e arte Leonardo Guelman é autor de "Univvverrsso Gentileza", no qual analisa as inscrições e conta a história de Gentileza. "Ele foi alguém que apontou uma crise atual nas relações humanas, e propôs como alternativa a gentileza", afirma Guelman. A mensagem está virando um projeto voltado para jovens, em escolas públicas. "Criamos um material pedagógico para ser trabalhado nos colégios, para gerar uma cultura da gentileza, sobre a obra dele. A cidade tem que se humanizar", afirma Guelman. Como dizia o Profeta, em sua frase mais famosa, "gentileza gera gentileza".

Fonte: ISTOÉ N° Edição:  2082 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O voto deveria ser facultativo no Brasil?

Alex Rodrigues / Agência Brasil
Eleição em Paraíso das Águas
Eleitor participa de votação em Paraíso das Águas (MS), em outubro de 2012
Nas eleições do próximo dia 5 de outubro, 142,8 milhões de brasileiros deverão comparecer às urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pesquisas de opinião, no entanto, mostram um elevado índice de rejeição ao voto obrigatório. Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado em maio deste ano aponta que 61% dos eleitores são contra a imposição.
Para analistas, permitir que o eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral brasileiro. A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário crítico de compra e venda de votos e à formação política deficiente de boa parte da população.
"Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado", diz Danilo Barboza, membro do Movimento Voto Consciente.
O voto compulsório é previsto na Constituição Federal – a participação é facultativa para analfabetos, idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos.
O sociólogo Eurico Cursino, da UnB, avalia que o dever de participar das eleições é uma prática pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país.
"A democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola", afirma. "Não é estranho que sejam tomadas decisões erradas e que o voto seja ruim. Mas se as pessoas não sabem votar, elas têm de aprender."
Já para os defensores do voto não obrigatório, participar das eleições é um direito e não um dever. O voto facultativo, dizem, melhora a qualidade do pleito, que passa a contar majoritariamente com eleitores conscientes. E incentiva os partidos a promover programas eleitorais educativos sobre a importância do voto.
O sistema voluntário é adotado em quase todo mundo. O voto é compulsório em apenas 31 países, incluindo o Brasil. O levantamento é do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (Idea), que tem sede na Suécia.
De acordo com o órgão, a quantidade de votos brancos e nulos em países que obrigam o eleitor a ir às urnas é muito maior. Em Quênia, Dinamarca e Tunísia, onde o voto é facultativo, os índices de abstenção são inferiores a 1%, enquanto que no Peru e no Equador, onde os cidadãos são obrigados a votar, a taxa de abstenção é de cerca de 20%. No Brasil, o índice foi de 8% nas últimas eleições.
"Isso indica que as pessoas só vão às urnas porque são obrigadas. Muitas não gostariam de expressar um voto. O cenário com altos índices de abstenção é comum aos sistemas eleitorais que adotam o voto compulsório", diz à DW Abdurashid Solijonov, do setor de processos eleitorais do Idea.
Na América do Sul, apenas Colômbia, Paraguai, Suriname e Guiana adotam o voto facultativo. Ao contrário dos países da América Central, a tradição sul-americana é a do voto obrigatório. Um estudo da Consultoria Legislativa do Senado Federal mostra que países que obrigam o eleitor a votar, sob pena de sanções, têm um histórico de intervenções militares e golpes de Estado, com exceção da Costa Rica.
"Há outras medidas mais eficazes para incentivar a participação dos cidadãos, como aumentar a satisfação dos eleitores com os governos, adotar um sistema eleitoral proporcional e promover debates públicos", argumenta o especialista.
Apesar de estar entre uma minoria no cenário mundial, o Brasil deve manter a política de obrigatoriedade do voto, segundo o presidente da Comissão Eleitoral da OAB do Rio Grande do Sul, Augusto Mayer. Para o advogado, os elevados índices de corrupção e cassação de mandatos evidenciam que o país ainda não está preparado para adotar o voto facultativo.
"Isso exige em contrapartida uma extraordinária valorização do aspecto cidadão. Os eleitores brasileiros não têm um conhecimento mais profundo sobre os partidos políticos. A cidadania é relacionada apenas com o direito ao voto", avalia.
Para Mayer, os países que adotam o sistema voluntário de participação eleitoral cultivam uma pedagogia intensa em torno da valorização do voto, o que não acontece no Brasil. A votação facultativa em países democráticos se deve ao alto grau de politização da sociedade e a uma presença mais forte da cultura de cidadania. Ele considera Alemanha, Canadá, Espanha, Israel, Itália, Portugal, Japão e Polônia como bons exemplos.
"Esses países usufruem da cláusula de barreira, norma que restringe o ingresso parlamentar de partidos que não alcançam um percentual mínimo de votos", explica.
Na Alemanha, o alistamento eleitoral é obrigatório, mas o voto é facultativo. Nas últimas eleições, em setembro de 2013, cerca de 61,8 milhões de alemães estavam aptos a votar, e o comparecimento às urnas foi maior do que 70%.
Emendas constitucionais que tratam do tema no Congresso Nacional são inspiradas no modelo alemão. Uma das principais propostas sobre a reforma política, a PEC 352/2013, do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), prevê o fim do voto obrigatório. O texto está parado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.
Para o professor Aldo Fornazieri, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a ingerência regulatória do Congresso e do Tribunal Superior Eleitoral nas eleições se converte em medidas que tentam afastar cada vez mais o eleitor da participação política.
"Ele é transformado em um cidadão de sofá, um cidadão passivo. Votar se torna um ato meramente formal", diz.
Embora faça críticas ao voto obrigatório, o especialista pondera que, com o voto facultativo, o índice de participação nas urnas seria muito baixo. "As instituições carecem de legitimidade, porque, depois de eleitos, os políticos se isolam da sociedade. Eu gostaria que houvesse essa correspondência entre deveres e direitos, mas hoje ela é falsa", afirma Fornazieri.
  • Autoria Karina Gomes
  • Fonte: Carta Capital

Estudo mostra porque a música nos deixa nostálgicos

AFP
kohlmann.sascha / Flickr
fones
música ativa diferentes funções cerebrais, o que explica porque a música gera prazer ou desprazer e nossa canção favorita nos faz mergulhar em lembranças, revela um estudo publicado nos EUA.
Neurologistas americanos recorreram a um escâner com imagens de ressonância magnética (fMRI) para fazer um mapeamento da atividade cerebral com 21 voluntários que ouviram diferentes tipos de música, incluindo rock, rap e clássica.
Eles escutaram seis temas com cinco minutos cada um, inclusive cinco considerados "icônicos" de cada gênero, uma canção que não era familiar e, misturado na seleção, um tema favorito da pessoa examinada.
Os cientistas detectaram padrões de atividade cerebral, que evidenciaram o agrado ou o desagrado com determinada canção. Também advertiram para a ocorrência de uma atividade específica quando se escuta a canção favorita.
Escutar a música que a gente gosta, sem ser a favorita, abre um circuito neuronal nos dois hemisférios cerebrais, denominado rede em modo padrão, que acredita-se, atua nos pensamentos "concentrados no interior".
Mas ouvir a canção favorita também desencadeou atividade no hipocampo, a região do cérebro adjacente, que desempenha um papel fundamental na memória e nas emoções vinculadas para a socialização.
A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, foi encabeçada por Robin Wilkins da Universidade da Carolina do Norte em Greensboro.
Os autores ficaram surpresos ao constatar que os padrões de fMRI eram muito similares, apesar de a preferência musical ser uma questão muito individual.
"Essas conclusões podem explicar porque estados emocionais e mentais comparáveis podem ser experimentados por gente que ouve música tão diferente como Beethoven e Eminem", acrescentam.
Jean-Julien Aucouturier, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) destacou que o estudo completa a teoria sobre como a música afeta o cérebro.
"Até agora, tínhamos a hipótese de que as canções favoritas eram uma espécie de estímulo superlativo que o mesmo padrão de atividade cerebral desencadeia, embora mais intenso, comparado com outras canções", explicou o especialista à AFP.
"Este estudo mostra que não é uma atividade mais intensa em certas partes do cérebro o que se produz, mas uma conectividade entre partes diferentes".
Os resultados sugerem que ouvir a canção favorita pode ajudar a tratar a perda de memória, explica Aucouturier. Será preciso fazer novos estudos para avançar nesta direção, advertiu.
Fonte: Info Exame

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