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domingo, 7 de maio de 2017

Como a evolução transformou os gatos em animais solitários

GatoDireito de imagemPIXABAY
Image captionPara os gatos, os benefícios da vida em grupo não compensam ter que dividir comida
Quão difícil pode ser domar um gato?
Pergunte a Daniel Mills, professor de Veterinária comportamental na Universidade de Lincoln (Reino Unido). Em um estudo recente, Mills e sua colega Alice Potter comprovaram de modo científico o que já se sabia na prática: gatos são mais autônomos e solitários do que os cachorros.
Apesar de envolver a já famosa reputação dos gatos, executar essa pesquisa foi mais difícil do que poderia parecer.
"Eles são complicados se você quer que façam algo de uma certa maneira", diz Mills. "Eles tendem a fazer o que querem."
Donos de gatos do mundo inteiro irão concordar. Mas por que exatamente os gatos são tão relutantes em cooperar, seja entre si ou com humanos? Ou, perguntando de outra forma, por que tantos outros animais - domésticos ou selvagens - têm espírito de equipe?
A vida em grupo é comum na natureza. Pássaros formam bandos e peixes, cardumes. Predadores frequentemente caçam juntos. Até mesmo o leão, parente do gato doméstico, vive em grupo.
Para as espécies que são caçadas por outras, obviamente há uma estratégia de maior segurança em um bando. "Chama-se efeito de diluição", diz o biólogo Craig Packer, da Universidade de Minnesota (EUA).
"Um predador só consegue matar um, e se há cem da mesma espécie isso reduz as chances de cada um deles ser pego para 1%. Mas se você estiver sozinho você será escolhido 100% das vezes."
ZebrasDireito de imagemALAMY
Image captionZebras atravessam rio em grupo na África
Animais em bando também se beneficiam do efeito "muitos olhos atentos": quanto maior o grupo, é mais provável que alguém perceba um predador se aproximando. "E quanto mais cedo você detectar o predador, mais tempo tem para iniciar a fuga", diz Jens Krause, da Universidade de Humboldt em Berlim, Alemanha.
Essa vigilância coletiva traz outras vantagens. Cada um pode gastar mais tempo e energia procurando por comida. E não se trata apenas de evitar predadores. Animais que socializam em grupos não precisam perambular em busca de companheiros, o que é um problema para espécies solitárias que vivem em territórios amplos.
Uma vez que se reproduzem, muitos animais que vivem em grupo adotam a máxima "é necessária uma aldeia inteira para criar uma criança", com os adultos trabalhando em equipe para proteger ou alimentar os mais novos.
Em várias espécies de pássaros, como a zaragateiro-árabe de Israel, os pequenos permanecem em grupos de familiares até que eles estejam prontos para procriar. Eles dançam em grupo, tomam banho juntos e até trocam presentes entre si.

Princípio 'Volta da França'

Viver em grupo também poupa energia. Os pássaros que migram juntos ou os peixes que vivem em cardumes se movimentam com mais eficiência do que os mais solitários.
É o mesmo princípio que os ciclistas da Volta da França utilizam quando formam um pelotão. "Os que estão mais atrás não precisam investir tanta energia para atingir a mesma velocidade de locomoção", diz Krause.
Como pinguins e morcegos podem atestar, a vida pode ser mais calorosa quando se vive cercado de amigos.
Pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri)Direito de imagemALAMY
Image captionOs pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) se agrupam para suportar o frio
Com tantos benefícios, pode parecer surpreendente que qualquer animal rejeite seus companheiros. Mas, como os gatos domésticos demonstram, a vida em grupo não é para todos. Para alguns animais, os benefícios da coletividade não compensam ter que dividir comida.
"Chega a um ponto em que se alimentar com outros indivíduos com grande proximidade reduz a sua quantidade de alimento", diz John Fryxell, biólogo da Universidade de Guelph, no Canadá.
Um fator-chave para essa decisão é ter alimentação suficiente, o que depende de quanta comida cada animal precisa. E os gatos têm um gosto caro. Por exemplo, um leopardo come cerca de 23 kg de carne em poucos dias. Para gatos selvagens, a competição por alimentos é cruel, e por isso leopardos vivem e caçam sozinhos.
Há uma exceção à regra de felinos solitários: leões. Para eles, é uma questão territorial, diz Packer, que passou 50 anos de sua vida estudando os leões africanos. Alguns locais da savana têm emboscadas perfeitas para a caça, então controlar esse lugar resulta em uma vantagem significativa em termos de sobrevivência.
"Isso impõe sociabilidade porque você precisa de equipes para dominar seu bairro local e excluir outros times. Assim, o maior time vence", diz Packer.
O que torna essa vida em grupo possível é que a presa de um único leão - um gnu ou uma zebra - é grande o bastante para alimentar várias fêmeas de uma vez só. "O tamanho da caça permite que eles vivam em grupos mas é a geografia o que realmente os leva a viver em grupos", diz Packer.
Não é a mesma situação dos gatos domésticos, já que eles caçam animais pequenos. "Eles vão comê-lo inteiro", diz Packer. "Não há comida o suficiente para dividir."
Gatos e ratoDireito de imagemLIFE ON WHITE/ALAMY
Image captionGatos comem um rato inteiro por vez, sem possibilidade de dividir

Domesticação

Essa lógica econômica está tão integrada ao comportamento dos gatos que parece improvável que até mesmo a domesticação tenha alterado essa preferência fundamental por solidão.
Isso é duplamente verdade quando você leva em consideração o fato de que os humanos não domesticaram os gatos. Em vez disso, em seu próprio estilo, os gatos domesticaram a si mesmos.
Todos os gatos domésticos são descendentes dos gatos selvagens do Oriente Médio (Felis silvestris), o "gato-do-mato". Os humanos não coagiram esses gatos a deixar as florestas: eles mesmos se convidaram a entrar nos alojamentos de humanos, onde havia uma quantidade ilimitada de ratos ao seu dispor.
A invasão a essa festa de ratos foi o início de uma relação simbiótica. Os gatos adoraram a abundância de ratos nos alojamentos e depósitos e os humanos gostaram do controle grátis da infestação de ratos.
Os gatos domésticos não são completamente antissociais. Mas sua sociabilidade - em relação a outro humano ou entre eles - é determinada inteiramente por eles, em seus próprios termos.
"Eles mantêm um nível alto de independência e se aproximam de nós apenas quando querem", diz Dennis Turner, especialista em comportamento animal no Instituto de Etologia Aplicada e Psicologia Animal em Horgen, Suíça.
"Os gatos desenvolveram muitos mecanismos para se manter à parte, o que não os conduz para a vida em bando", diz Mills. Os gatos marcam seu território para evitar encontros constrangedores entre si. Se eles acidentalmente se toparem, os pêlos são levantados e as garras saltam para fora.
Gatos brigamDireito de imagemBLICKWINKEL/ALAMY
Image captionGatos domésticos têm uma tendência a brigar
Em determinadas circunstâncias pode parecer que os gatos domésticos adotaram a vida coletiva, como quando um grupo vive junto em um galpão. Mas não se engane. "Eles têm laços muito frouxos e não têm uma identidade real como grupo", diz Fryxell. "Eles só gostam de ter um lugar comum para deixar seus filhotes."
Aliás, mesmo diante de um grande perigo, quando eles se unem para se defender, é pouco provável que os gatos colaborem entre si. "Não é que algo que eles tipicamente façam quando se sentem ameaçados", diz Monique Udell, bióloga da Universidade de Oregon (EUA).
Os gatos simplesmente não acreditam na força de um grupo. Tudo isso ajuda a explicar por que os gatos têm a reputação de dominação impossível. Ainda assim, há evidências de que o desprezo dos gatos pela vida em grupo possa ser uma fraqueza.

Caixa-preta da menta felina

Um estudo publicado em 2014 no periódico científico Journal of Comparative Psychology investigou os traços de personalidade dos gatos domésticos. A conclusão foi que manter-se solitário e desinteressado torna os gatos neuróticos, impulsivos e resistentes a ordens.
Curiosamente, no entanto, os gatos domésticos parecem capazes de cooperar um pouco mais que seus parentes selvagens. Quando os pesquisadores compararam o gato doméstico a quatro selvagens - o gato selvagem escocês, o leopardo-nebuloso, o leopardo-da-neve e os leões africanos -, os gatos domésticos foram os que mais se aproximaram dos leões em termos de personalidade.
LeoasDireito de imagemAFRICA PHOTOBANK/ALAMY
Image captionLeoas vivem em grupo, diferentemente de outras espécie de felinos
É preciso dizer que os gatos domésticos trilharam um longo caminho a partir de seus ancestrais até aqui em termos de tolerar a companhia um do outro. Mesmo que gatos morando em galpões formem laços frouxos, eles ainda demonstram um nível impressionante de aceitação da presença do outro nesses espaços confinados.
Em Roma, cerca de 200 gatos vivem lado a lado no Coliseu, enquanto na ilha de Aoshima, no Japão, o número de gatos supera o de pessoas em uma proporção de seis para um. Essas colônias podem não ter tanta cooperação, mas estão bem avançadas em relação ao passado solitário dos gatos domésticos.
Enquanto isso, pode ser mais fácil para pesquisadores encontrar os gatos "no meio do caminho" ao realizar seus experimentos, fazendo certas concessões.
Quando Udell fez suas primeiras experiências com gatos, enfrentou uma série de dificuldades ao tentar motivar suas cobaias a participar de certa atividade. Ela já havia trabalhado com cachorros, que estariam dispostos a fazer qualquer coisa em troca de um petisco.
Os gatos, contudo, eram mais exigentes. Com o passar do tempo, Udell percebeu que teria mais sucesso se desse aos gatos a opção de escolher sua recompensa.
"Acho que parte do desafio é o quanto sabemos sobre os gatos", diz. Se os cientistas começarem a entrar na caixa-preta que é a mente felina, a domesticação à força pode ser substituída por uma coerção mais astuta.
"Muito do comportamento animal - incluindo uma afinidade ou resistência à domesticação - é profundamente ligado ao circuito neural. Portanto, parece pouco possível deixar para trás anos de seleção natural", diz Fryxell.
"Mas quem sabe? Obviamente, leões conseguiram essa proeza, então deve ser possível que mutações ocorram", diz ele. "E se eles conseguiram fazer isso, talvez domesticar gatos não seja uma ideia tão maluca, afinal de contas."
Fonte: Site da BBC Brasil

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Os mutantes somos nós

Os mutantes somos nós
O biólogo francês Jean-François Bouvet está chamando a atenção internacional com um livro recém-lançado na França, pela editora Flammarion: Mutants: à quoi ressembleronsnous demain? (Mutantes: como seremos amanhã?, em tradução livre). Nele, o professor da Universidade Claude Bernard, em Lyon, após dez anos de pesquisa em neurobiologia, retoma a tese de que as modificações ambientais produzidas pelo homem, desde a Revolução Industrial, estão causando uma transformação inédita na espécie. “O homem provocou um Big Bang químico que agora age sobre ele. Está mudando numa velocidade que não tem mais nada a ver com a evolução darwiniana”, afirma. 

Além da tendência demograficamente comprovada de as novas gerações viverem mais tempo e serem mais altas, Bouvet soma outras características menos desejáveis. Segundo ele, estamos ficando mais velhos, altos, obesos, inférteis e doentes. De acordo com a pesquisa, a altura dos franceses aumentou quase cinco centímetros nos últimos 30 anos, mas, em compensação, mais de 15% da população adulta se tornou obesa. Ao mesmo tempo, atualmente uma entre quatro meninas afroamericanas entra na puberdade por volta dos 7 anos. E, em meio século, a concentração de espermatozoides diminuiu 40% nos homens de todo o planeta, sendo acompanhada por uma diminuição das taxas de testosterona – o hormônio da sexualidade masculina.

Tem mais. A prática global de trabalhar horas diante de telas de computadores escalou a proporção de míopes na população de uma maneira nunca vista. A fl ora intestinal também vem se modificando devido à ingestão de novos alimentos, nos tornando inaptos a assimilar os antigos, o que gera inúmeras alergias. Outra estatística alarmante é o número de casos de Alzheimer. Só na França a previsão é de que haverá 2 milhões de doentes até 2020.

Todas essas transformações somadas, segundo Bouvet, tornam impossível sustentar a ideia de que o homem moderno permanece sem mudança evolutiva desde o período neolítico. Para o pesquisador, a seleção natural está sendo colonizada pela seleção social gerada pela cultura e pela tecnologia, cujos impactos retornam e alteram o ambiente e o homem. Seu estudo converge para a investigação paralela conduzida por geólogos da Sociedade Geológica de Londres, como o inglês Jan Zalasiewicz, que propuseram à Comissão Internacional de Estratigrafia o reconhecimento de um novo período geológico, o antropoceno: a era das mudanças climáticas e dos impactos humanos no planeta.
Pouco otimista, Bouvet acredita que estamos diante de uma nova situação no plano evolutivo. O Homo sapiens (Homem sábio) estaria virando Homo perturbatus (Homem perturbado). “Estamos assistindo a um processo de novo tipo: o homem, agora, está sob a infl uência de coisas que ele mesmo causou. Nesse sentido, não me parece ilegítimo falar de “retroevolução”, porque se trata de uma evolução para trás, um tipo de feedback. Esse fenômeno não tem feito outra coisa a não ser se amplificar.” 

Mutação química
Para chegar à conclusão controversa (leia na página ao lado), o cientista francês identificou como vetores da retroevolução biológica uma série de substâncias desenvolvidas pela indústria química utilizada na fabricação de objetos do dia a dia moderno. São os casos, por exemplo, do herbicida Atrazin, do pesticida DDT, do fungicida Vinclozolin, do componente de policarbonato bisfenol A, dos compostos ftalatos e dos conservantes parabenos. Segundo Bouvet, conservantes, estabilizantes, pesticidas e antibióticos ingeridos na alimentação industrial urbana ou absorvidos pelo contato com objetos de consumo geram a poluição responsável por mudanças cumulativas que alteram o sistema endócrino e hormonal humano. 

Há tempo ainda para evitar o Big Bang químico? Ou ele é inexorável? De saída, o biólogo adverte: “Não estou propondo viver sem antibióticos, mas, simplesmente, utilizá-los com sabedoria”. Preferir alimentos frescos a enlatados, evitar bebidas em embalagens que tenham o símbolo “PC” (de policarbonato), reduzir o contato com recipientes e brinquedos plásticos são providências que podem ser adotadas. O exercício do consumo consciente também ajudaria.

Ao mesmo tempo que questiona o futuro imprevisível da espécie, Bouvet também ironiza a medicina contemporânea que, atenta a todos os males, oferece a possibilidade de fabricar espermatozoides em laboratório a partir de células-tronco (já bem-sucedidas com ratos) e, em breve, engendrar úteros artificiais. “Dessa maneira teremos uma dissociação total entre sexualidade e reprodução”, ressalta.
Segundo o neurobiologista, mesmo interconectada virtualmente a humanidade continua a ser um grande corpo sem cabeça – “de certa forma desprovida de inteligência coletiva”. Só uma tomada de consciência global, que leve a medidas drásticas de âmbito planetário, poderia limitar a intensidade da modificação química que afeta o ambiente, diz o cientista. Mas mesmo que muitos indivíduos tenham consciência dos perigos que engendramos, a chance de tudo continuar como está é grande. Como já fez antes, o homem tentará se adaptar às adversidades do jeito que conseguir, já que não há manual para a evolução. “Que pressões climáticas, econômicas, sanitárias, demográficas, alimentares ou energéticas teremos que encarar? A verdade é que não sabemos.” 

  Jean-François Bouvet, biólogo francês, afirma que a poluição química afeta a todos.

Jean-François Bouvet afirma que a poluição química afeta a todos

Populações não industrializadas que mantêm hábitos alimentares tradicionais vivem as mudanças indicadas na sua pesquisa?

Bouvet: Mesmo que existam regiões menos poluídas do que outras, ninguém está totalmente ao abrigo, porque respiramos a mesma atmosfera e os oceanos se comunicam. É por intermédio da alimentação que se estabelece uma diferença: aqueles que podem consumir bioalimentos orgânicos, que contêm pouco ou nenhum pesticida, estarão menos submetidos aos efeitos dos produtos químicos dos quais a agricultura intensiva abusa.

Como a comunidade científica reagiu ao seu livro? O que pensaremos de suas ideias daqui a meio século?
Bouvet: Minha obra ainda é muito recente. Em todo o caso, até o momento, não recebi nenhuma objeção grave. Seja como for, os fatos estão aí. Quanto a saber o que pensarão de minhas ideias daqui a meio século, repito o que sublinhava Mark Twain: “A arte da profecia é extremamente difícil, sobretudo no que diz respeito ao futuro”. 

Há conexão entre o seu trabalho e o dos geólogos que estudam o período antropoceno? 
Bouvet: Totalmente. Trata-se do mesmo tipo de aproximação. O fato marcante é que o planeta nunca carregou tantas marcas da ação humana, para o bem e para o mal. 

Fonte: Site da Revista Planeta

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A evolução do armazenamento de músicas [infográfico]


Não é de hoje que a música é uma das formas de arte mais inspiradoras. As diferentes combinações de melodias e letras têm o poder de despertar em nós as mais variadas emoções, como alegria, tristeza, saudade, nostalgia, paixão, entre outras.
Embora o ato de fazer música seja milenar, o homem só conseguiu desenvolver tecnologias para armazená-las e reproduzi-las há “pouco tempo”. No infográfico acima, você confere uma linha temporal com o surgimento das mídias que serviram para guardar e executar canções. Agora, vamos explicar cada uma delas com mais detalhes.

Cilindro fonográfico – 1877

O cilindro fonográfico foi a primeira mídia que obteve sucesso na gravação e reprodução sonora. A tecnologia era usada no fonógrafo, sendo ambos os dispositivos inventados por Thomas Edison em 1877.
O maior problema dos cilindros fonográficos era a sua durabilidade. As primeiras amostras eram feitas de folha de estanho e podiam ser reproduzidos apenas 3 ou 4 vezes. Apesar de serem praticamente descartáveis, na época essa mídia abriu novas perspectivas para a indústria fonográfica.
A evolução do armazenamento de músicas [infográfico]Foto de um fonógrafo. (Fonte da imagem: Wikimedia Commons/Norman Bruderhofer)
De acordo com algumas lendas, a primeira gravação feita por Edison no protótipo do seu aparelho de gravação foi a mensagem: “Mary tinha um cordeirinho”. Algum tempo depois, as folhas de estanho foram substituídas por metal ou cera na confecção dos cilindros – aumentando a durabilidade de reprodução da mídia. Embora tenha sido pensado para o registro apenas de fala, não demorou para que essa invenção fosse adotada para guardar músicas.

Disco plano (Gramofone) – 1887

Dez anos mais tarde, o alemão Emile Berliner criou o gramofone – equipamento considerado o sucessor direto do fonógrafo. A principal diferença entre essas tecnologias é que o gramofone passou a usar discos planos constituídos de cera, vinil, cobre e goma laca em vez dos cilindros de Thomas Edison.
Tendo maior resistência e uma capacidade maior para as gravações, o sucesso dos discos planos e do gramofone foi quase imediato e eles logo foram adotados pelos músicos para gravar e reproduzir as suas composições.

Disco de vinil – 1948

A indústria fonográfica viu outra revolução em suas tecnologias somente em 1948 com o surgimento dos discos de vinil, que ainda eram chamados de “Long Play”. No auge dos seus 64 anos de existência, muitas pessoas ainda preferem o som analógico dos LPs.
Produzida com um material plástico leve e flexível, essa mídia tem ranhuras espiraladas que conduzem a agulha do toca-discos – também conhecido como vitrola ou radiola. Tais sulcos microscópicos causam vibrações na agulha, as quais são transformadas em sinais elétricos que, quando amplificados, geram sons audíveis.
A evolução do armazenamento de músicas [infográfico](Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock)

Cartucho 8-track – 1958

Popular nos EUA nas décadas de 60 e 70, essa mídia foi a pioneira em gravar conteúdos sonoros em fitas magnéticas – técnica que mais tarde originou outros mecanismos que servem para o armazenamento de dados, como os discos rígidos.
O primeiro cartucho 8-track desenvolvido para o uso comercial foi lançado em 1958 e essa mídia foi a precursora no desenvolvimento de equipamentos sonoros portáteis – embora o aparelho que a tocava não fosse tão fácil de ser transportado como os dispositivos que temos hoje.

Fita cassete – 1963

As fitas cassete (ou K7 para os mais “chegados”) são a evolução dos cartuchos 8-track, com a vantagem de serem menores. No início, devido à baixa qualidade sonora, essa mídia era usada apenas para gravação de conversas, entrevistas e palestras.
Com os reparos das falhas mecânicas e de gravação existentes nas primeiras versões da tecnologia, as fitas cassete ganharam uma enorme popularidade em todo o planeta. O auge dessa mídia foi dos anos 70 até meados da década de 90 – quando foi desbancada pelo CD.

CD – 1982

O CD, ao menos até as atuais gerações, dispensa apresentação. Essa mídia óptica foi desenvolvida especificamente para armazenar e reproduzir arquivos de áudio. A tecnologia foi criada em 1979, mas os compact discs só começaram a ser comercializados a partir de 1982. Esses discos compactos dominaram as prateleiras ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000.
Além de quebrar paradigmas na época de seu lançamento, essa mídia foi inspiração para o desenvolvimento de outros meios de guardar conteúdos digitais, como os DVDs e os discos de Blu-ray. É fato que os CDs estão perdendo espaço com o passar dos anos e a popularização de outras mídias, mas você ainda pode encontrá-los com facilidade no mercado.
A evolução do armazenamento de músicas [infográfico](Fonte da imagem: Reprodução/iStock)

Miniaturização

MiniCD – 1990

Os miniCDs são basicamente CDs menores e com sua capacidade de armazenamento reduzida. Embora tenha sido pensada para substituir o CD com foco na portabilidade, essa mídia não vingou e pouco foi usada para a reprodução de músicas.
Atualmente, eles ainda são usados, em baixa escala, para fornecer informações ou conteúdos de suporte para equipamentos eletrônicos, como drivers de MP3 players e webcams. O primeiro player específico para esse tipo de disco foi lançado em 1990.

MiniDisc – 1992

Criado pela Sony, o MiniDisc visava transformar conteúdos analógicos em digitais a partir de equipamentos de gravação. Em suma, ele é um miniCD regravável com a intenção de guardar e reproduzir músicas.
De acordo com a empresa que a criou, essa mídia é capaz de ser regravada até 1 milhão de vezes. O MD foi anunciado pela multinacional japonesa em 1991, mas só começou a ser vendido no ano seguinte. Apesar da capacidade, a tecnologia teve grande sucesso apenas no Japão.

MP3 Player – 1998

O MP3 player chegou para revolucionar a forma como as músicas eram armazenadas e ouvidas no ano de 1998 com créditos para a empresa coreana Saehan. Ele praticamente liquidou com todas as tecnologias antecessoras por ser facilmente transportado em qualquer bolso ou mochila e pela sua longa vida útil se comparado às outras mídias existentes até então.
A evolução do armazenamento de músicas [infográfico](Fonte da imagem: Reprodução/iStock)
O primeiro aparelho lançado tinha meros 32 MB de memória (espaço irrisório para os padrões atuais). Um ano depois, a Samsung lançava o primeiro celular com suporte para esse tipo de funcionalidade.

Memória flash

Pendrive – 2000

Embora não tenha sido criado com o intuito de ser um repositório de canções, a popularização de eletrônicos com portas USB, como PCs, TVs notebooks e aparelhos de som – inclusive automotivos –, deu aos pendrives mais uma utilidade: ser um dispositivo para o armazenamento de músicas.
As memórias flash USB começaram a ser vendidas em 2000 (tendo suas patentes registradas em 1999 pela empresa israelense M-Systems) e ofereciam míseros 8 MB de espaço para guardar dados – mesmo assim esse espaço era cinco vezes maior do que o dos disquetes.
Essa limitação inicial foi um dos principais motivos por essa mídia demorar muitos anos para ser adotado como equipamento para salvar canções. Atualmente, presenciamos a terceira geração dessa tecnologia, que disponibiliza modelos muito mais velozes e “espaçosos”.
A evolução do armazenamento de músicas [infográfico](Fonte da imagem: Reprodução/iStock)

Cartão de memória microSD – 2005

Variação desses primórdios da memória flash, o padrão microSD de cartões de memória foi usado inicialmente em celulares. Mas as suas medidas reduzidas e enorme espaço de armazenamento logo foram adotadas por outros tipos de aparelhos eletrônicos – incluindo GPS, som automotivo e câmeras digitais. Quando anunciados em 2005, os cartões dessa categoria tinham no máximo 128 MB.

Streaming

O streaming no formato que o conhecemos tomou forma no final da década de 80 e começou a se desenvolver nos anos 90, sendo que a primeira rádio online surgiu em 1994. Contudo, a infraestrutura precária e a baixa disseminação da internet nesse período fizeram que esse tipo de mídia demorasse para se popularizar.
Há aproximadamente três ou quatro anos é que o streaming ganhou força. Atualmente, existem inúmeros serviços em que você pode escutar música sem baixar nada, quando e onde estiver. Mais do que isso, você já pode assistir a filmes completos em alta definição diretamente do seu PC sem fazer o download de nenhum arquivo.



Leia mais em: http://www.tecmundo.com.br/infografico/30658-a-evolucao-do-armazenamento-de-musicas-infografico-.htm#ixzz28AvcVKKd

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cavalos do tamanho de pequenos cachorros eram comuns há 50 milhões de anos


Ilustração compara o 'Sifrhippus' (à direita) com o cavalo moderno. (Foto: Museu de História Natural da Flórida
Há mais de 50 milhões de anos, fazia muito mais calor na Terra e os cavalos, para se adaptarem a essas temperaturas, eram quase que do tamanho de pequenos cachorros, vagando pelas florestas da América do Norte, segundo estudo publicado nesta quinta-feira pela revista Science.

Esses primeiros cavalos conhecidos, chamados Sifrhippus, na realidade, tornaram-se menores ao longo de dezenas de milhares de anos, numa época na qual as emissões de metano dispararam, possivelmente devido às grandes erupções vulcânicas. E a pesquisa poderá contribuir com o conhecimento sobre como os animais modernos do planeta poderão se adaptar ao aquecimento da Terra.

Para chegar a esse resultado, os cientistas analisaram fósseis de dentes de cavalos descobertos no estado de Wyoming (noroeste).
Muitos animais se extinguiram nesse período de 175.000 anos de duração, conhecido como o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno, ocorrido há 56 milhões de anos. Outros diminuíram de tamanho para sobreviver com recursos limitados.
Segundo um dos autores do estudo, Jonathan Bloch, do Museu de História Natural da Flórida (sudeste), as temperaturas médias mundiais aumentaram 10 graus Fahrenheit durante esse período devido ao aumento significativo de dióxido de carbono emitido no ar e nos oceanos.
A temperatura superficial do mar no Ártico era, então, de 23 grados centígrados, como a das águas subtropicais contemporâneas.
A pesquisa demonstrou que o Sifrhippus se reduziu em quase um terço, até chegar ao tamanho de um pequeno cão (de quatro quilos) nos primeiros 130.000 anos do período. Depois, voltou a crescer até chegar aos sete quilos, nos últimos 45.000 anos do período. Aproximadamente um terço dos mamíferos conhecidos também se tornaram menores durante esse tempo.

Segundo os pesquisadores, a observação da reação do Sifrhippus às mudanças climáticas de seu tempo traz grandes dúvidas sobre como os mamíferos modernos responderão ao aquecimento global de hoje, que está ocorrendo muito mais rapidamente. Pelas previsões atuais, a temperatura média da Terra pode aumentar em até quatro graus Celsius em apenas um século, contra os milhares de anos que levou para atingir patamar semelhante no Paleoceno-Eoceno.

"Estimamos que cerca de um terço dos mamíferos diminuirão de tamanho e alguns ficarão muito pequenos, com até a metade de sua massa corporal original", diz Ross Secord, da Universidade de Nebraska e principal autor do artigo na "Science". "Como o aquecimento aconteceu muito mais lentamente durante o PETM, os mamíferos tiveram mais tempo para ajustar o tamanho de seus corpos. Assim, não está claro se veremos a mesma coisa acontecer no futuro próximo, mas é bem possível. Há uma enorme diferença de escala entre os dois aquecimentos que levanta questões como 'conseguirão os animais acompanhar o ritmo das mudanças climáticas e reajustar o tamanho de seus corpos ao longo dos próximos dois séculos?'"

Fonte: Yahoo/AFB

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