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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Paris ganha 'templo dos filmes mudos' com pianista tocando ao vivo


Por Daniela Fernandes, de Paris

Templo do cinema mudo tem acervo com milhares de filmes e documentos
Paris acaba de ganhar uma fundação dedicada aos primórdios do cinema, que está sendo chamada na capital francesa de "templo dos filmes mudos".
A Fundação Jerôme Seydoux-Pathé reúne um dos mais importantes acervos mundiais de filmes, câmeras, fotografias e dezenas de milhares de documentos que traçam a história da indústria cinematográfica nos últimos 120 anos.

No local, há uma uma sala de cinema, onde são exibidos diariamente sobretudo filmes mudos, com acompanhamento ao vivo de um pianista, como ocorria há mais de um século (a sessão custa 6 euros, cerca de R$ 18).
Na última década, a Pathé restaurou e digitalizou cerca de 1,5 mil filmes mudos.
Fachada do prédio também é um tesouro: uma obra original de Rodin
A Pathé e a Gaumont, fundadas no final do século 19 e compradas pela família Seydoux, são as mais antigas produtoras e distribuidoras de filmes do mundo ainda em atividade.

10 mil filmes

Antes da Primeira Guerra mundial, a Pathé, criada pelos irmãos Charles e Émile Pathé, era considerada a mais importante empresa cinematográfica do mundo.
De 1896 aos dias de hoje, a Pathé produziu mais de 10 mil filmes. Grandes clássicos do cinema, como os filmes La Dolce Vita, de Federico Fellini, e o Guepardo, de Luchino Visconti, estrelado por Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, foram co-produzidos pela companhia francesa.
Os irmãos Pathé, que criaram um império cinematográfico com estúdios e salas de cinema, também desenvolveram inúmeros equipamentos para projeção de filmes e câmeras, além de formatos de películas.
Entre os cerca de 200 aparelhos exibidos permanentemente na fundação, criados entre o final do século 19 e os anos 1980, há o "Pathé Baby", um pequeno projetor com manivela, lançado em 1922, "ancestral" do home theater para ver filmes em casa.
Um ano depois, o "Pathé Baby" ganhou uma versão filmadora para amadores. O aparelho foi lançado na mesma época na Inglaterra com o nome de "Pathex".
Acervo tem equipamentos - de projetores a câmeras antigas de cinema
Na galeria de equipamentos, o visitante também pode ver, em tabletes, filmes que mostram as diferentes técnicas cinematográficas.
A coleção reúne ainda 500 mil fotografias tiradas em sets de filmagens a partir de 1897, além de milhares de documentos, desenhos, livros sobre cinema e centenas de roupas e outros objetos usados em filmes.

Ilustrador sergipano

Atualmente, uma exposição em cartaz até 4 de novembro apresenta uma coleção de pôsteres de pequenos filmes produzidos entre 1906 e 1907, na época em que as projeções eram apresentadas em circos.
Parte dessas ilustrações – litografias realizadas sobre pedra – foram criadas pelo sergipano Candido Aragonez de Faria, nascido em 1849. Ele se instalou na França em 1882 e foi o principal ilustrador da Pathé entre 1902 e 1911, ano de sua morte.
"Para cada filme, mesmo os mais curtos, era criada uma ilustração", afirma Sophie Seydoux, presidente da fundação que conta em seu acervo 4,5 mil pôsteres, desenhos e maquetes.

Rodin

Não é só o acervo da Fundação Pathé que vale ser visitado. A descoberta cultural já começa na rua: a fachada do prédio, um antigo teatro próximo à Place d’Italie, no 13° distrito de Paris, foi realizada pelo escultor Auguste Rodin em 1869 e é tombada pelo patrimônio histórico francês.
O teatro não existe mais e o prédio (com exceção da fachada) foi totalmente reconstruído pelo renomado arquiteto italiano Renzo Piano, co-autor do Centro Georges Pompidou, em Paris.
Atrás da fachada de Rodin, Piano construiu uma gigantesca estrutura em forma de "bolha" de vidro, recoberta com 5 mil pequenos painéis de alumínio, que lembra a "carapaça de um tatu", ou o "casco da Arca de Noé", como prefere dizer o arquiteto.
No total, são 2,2 mil m2 em cinco andares. A fundação possui ainda um centro de pesquisas e de documentação na área de cinema.
Para ter acesso a esse espaço, situado no último andar do prédio, onde é possível consultar a integralidade do acervo, é preciso marcar hora.

Fonte: Site da BBC Brasil

sábado, 8 de setembro de 2012

VAMOS REINVENTAR SÃO LUÍS!



Por Rogério Henrique Castro Rocha



Tenho uma ideia! Proponho reinventar São Luís!

Reinventemos, a partir desta data, a ilha em que vivemos!

Vamos todos refundá-la! Seu renascimento deverá, contudo, seguir determinados princípios, pautar-se por certos critérios!

Comecemos por riscar das páginas dos livros os falsos herois, os líderes de fachada, os usurpadores. Deixemos a eles apenas a memória daquilo que devamos saber para, assim, termos em mente o que não mais deverá ser repetido.

Tiremos do diário recluso do esquecimento as histórias e estórias dos perseguidos, dos banidos, dos mortos, dos massacrados. Ergamos monumentos àqueles que, solidária e solitariamente, contribuíram para a construção de nossa história.

Redesenhemos o nosso espaço, traçando novos caminhos, novas rotas, outras vias, mais simples e singulares, para que saibamos de fato de onde partimos e onde queremos chegar.

Vamos, todos, reconstruir os corroídos monumentos, levantar dos destroços as nossas velhas casas, tingir de novas cores as imagens de desgastados retratos. Tenhamos coragem, gana e garra, para destruir alguns inúteis ornamentos, trazer abaixo os palacetes fantasmagóricos, que nos contam coisas que não queremos mais ouvir. Somente assim, sem medo, sem peias, teremos a chance de moldar o novo.

Enriqueçamos, com multicultural felicidade, o nosso código genético, forjando os neoludovicenses, somando os sangues e as peles, recompondo fenótipos, para forjarmos o povo de amanhã.

Celebremos com aqueles que, vindos de todos os cantos do país, de vários recantos do mundo, escolheram morar nessas plagas, começar uma nova vida, empreender projetos de crescimento pessoal e social.

Tenhamos claro, de hoje em diante, que não é preciso apenas, como alguém já disse, “amar a cidade”. É necessário, é urgente, inadiável, agir pela cidade, intervir pela cidade, fazer acontecer aquilo que queremos que seja a cidade.

Convoco, portanto, a todos os irmãos e irmãs desta ilha, aos que a ela estão inexoravelmente ligados, a refundá-la. A recontar seus mitos originários, interpretando-os sob uma nova perspectiva. Para que, então, sucumba, de uma vez por todas, a serpente imaginária. E para que a ilha sobreviva. Para que a ilha permaneça. Para que a ilha enfim seja o doce lugar do nosso futuro.

SÃO LUÍS: ENTRE FRANCESES E PORTUGUESES


Por Rogério Henrique Castro Rocha


Na visão do historiador Boris Fausto (História do Brasil, São Paulo: EDUSP, 1996, p.24): “a maior ameaça à posse do Brasil por Portugal não veio dos espanhóis e sim dos franceses. A França não reconhecia os tratados de partilha do mundo, sustentando o princípio de que era possuidor de uma área quem efetivamente a ocupasse. Os franceses entraram no comércio do pau-brasil e praticaram a pirataria, ao longo de uma costa demasiado extensa para que pudesse ser guarnecida pelas patrulhas portuguesas. Em momentos diversos, iriam mais tarde estabelecer-se no Rio de Janeiro (1555-1560) e no Maranhão (1612-1615).”

O processo de colonização do Norte do Brasil, é importante frisar, ocorreu de forma bem mais lenta e diferente do que se dera no Nordeste e no Centro da colônia. 

Tivemos uma integração econômica com o mercado, sobretudo o europeu, de forma mais precarizada e tardia. Algo que estendeu-se até mais ou menos os fins do século XVIII. Em nosso região também houve, como traço característico, a presença do trabalho compulsório do elemento indígena, durante um bom tempo com maior preponderância até que em relação ao negro.

Ainda em virtude da presença de índios, e de sua influência tanto numérica quanto cultural, houve um intenso processo de mestiçagem em nossa população, sendo raras por aqui, naquele período, mulheres brancas (mesmo com a chegada de emigrantes açorianos nesta região).

Boris Fausto (Idem, Ibidem, p. 55) afirma ainda que:


Até 1612, quando os franceses se estabeleceram no Maranhão, fundando São Luís, os portugueses não tinham demonstrado maior interesse por se instalar na região. Os riscos de perda territorial levaram à luta contra os franceses que ali se tinham instalado e, em 1616, à fundação de Belém. Essa foi a base de uma gradual penetração pelo Rio Amazonas, percorrido na viagem de Pedro Teixeira (1637) até o Peru. Em 1690, os portugueses instalaram um pequeno posto avançado, perto de onde hoje se localiza Manaus, na boca do Rio Negro. A Coroa, nas mãos da Espanha, estabeleceu uma administração à parte do Norte do país, criando o Estado do Maranhão e Grão-Pará, com governador e administração separados do Estado do Brasil. O Estado do Maranhão teve existência pelo menos formal e intermitente até 1774.


Como se pode perceber, foi graças aos franceses - à sua chegada e estabelecimento em nossa ilha - que os portugueses, sentindo-se ameaçados em seus planos expansionistas, voltaram finalmente seus olhos para o Maranhão, mais especificamente para a ilha de São Luís, então projeto de uma França Equinocial.


Referência Bibliográfica:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1996.

BREVIÁRIO DOS 400 ANOS


Por Manoel Barros Rabelo Neto*



Ando sem rumo pela cidade antiga, passos inexatos, pelas ruas tortuosas e estreitas. A noção de tempo e espaço deixados para trás, caminho com passos vacilantes, incertos, desconexos... lembranças de um tempo que já passou, dos sobrados que murmuram lamentos, das pedras de cantaria que sentiram os pés dos negros sofridos com os açoites inclementes, os mirantes que observavam os contrabandos, os pontais de pombos açorianos que queriam voltar para a terra-mãe, as sacadas que tanto presenciaram os namoros de gargarejo, os frades de pedra que representavam a virilidade dos patrícios, ouço um tropel que de longe se anuncia, de cavalos pretos que soltavam fogo pelas ventas, um séquito de esqueletos, a carruagem de Nha Jansa. Os tambores ecoam no ar da ilha, afinados a fogo, tocados a murro, dançados a coice e chão. Envelheço na cidade que minha vida contém. Somos um, somos o todo, de todos os rostos que nela vagam, dos luminares do sol poente na Beira-mar, dos pregoeiros a gritar suas rimas de vendedores, dos amores havidos e desfeitos no largo do Carmo, da voz poderosa dos amos dos bois que enaltecem tua história em suas toadas. Terra das encantarias, ilha da magia, dos amores, dos azulejos, dos poetas e bardos que se encontravam em tuas vielas e se perdiam na boemia de tuas noites estreladas... vivo e sofro contigo, das dores que tu padeces de gente que não te ama e te engana, que deixa teus sobrados desabarem, tuas ruas sangrarem e tua beleza macular. 400 anos e muitos dos teus filhos ainda não aprenderam a te amar. Te acho sempre bela. Tua beleza se impõe ao escárnio e ao malfeito, meu coração sempre a ti pertenceu, meus sonhos se realizam ante tuas vistas, a tua história embalou versos de romances, de alegrias, de tristezas, de despedidas. Na medida exata tu me encantas, me abraças, me faz sorrir. Quero sempre voltar a ti, minha querida São Luís, te exaltar em cantos e versos e quando não mais aqui eu estiver, que minha posteridade renove esse amor, finque raízes profundas, receba tuas dádivas e ofereça uma prece de agradecimento a Deus pelo teu acolhimento sempre gentil. Ouvi guerreiros Timbiras, meu canto de vida, meu canto de vida, guerreiros ouvi, corram livres as lágrimas que choro, estas lágrimas, sim, que não desonram, são lágrimas de felicidade de alguém que sempre te ama, que clama por bênçãos que caiam sobre ti.


* Bacharel em Geografia (UFMA), servidor público, sindicalista.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

História do Maranhão e a fundação da cidade de São Luís

Brasão de São Luís                                            
       Brasão da cidade                                                                              Bandeira da cidade de São Luís
 
Com a assinatura do Tratado de Tordesilhas entre os portugueses e espanhóis por volta de 1494, a região onde hoje se encontra o estado do Maranhão ainda não fazia parte do território brasileiro.

Entretanto, em 1534, o rei de Portugal D. João III dividiu o Brasil-colônia em Capitanias Hereditárias a fim de fazer um cerco no país e impedir a invasão de estrangeiros. Nesta divisão, o território do Maranhão foi fragmentado, mas logo seria invadido pelos franceses por ter uma localização estratégica na região Nordeste do país.

 Consta que desde 1594 Jacques Riffault estabelecera em Upaon-açu (ilha de São Luís) uma feitoria, deixando-a a cargo do também francês Charles dês Vaux, que havia estreitado laços de amizade com os silvícolas e dominava, de certa forma, os meandros da língua nativa. 
                                                           
Dês Vaux, indo à França, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem de reconhecimento territorial. Não obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e entusiasmado La Touche com a terra, conseguiu concessão para estabelecer uma colônia ao sul do Equador, 50 léguas para cada lado do forte a ser construído. 

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/invasoes-francesas-no-brasil/imagens/invasoes-francesas-6.jpg
Em 26 de julho de 1612, chega ao Maranhão a expedição comandada por Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundeando suas embarcações (La Régente; comandada por La Ravardière auxiliado por Rasilly, Charlotte; com o Barão de Sancy e a nau Sante-Anne; com o irmão de Rasilly) em Upaon-mirim. Em 12 de agosto daquele ano a missão francesa chega até a ilha de Upaon-Açu (a Grande Ilha), onde celebram a primeira missa e erguem uma cruz. 

No dia 8 de setembro de 1612 é fundado solenemente o povoado da, assim chamada, França Equinocial, com a construção do Fourt de Saint-Louis, nome dado em reverência ao rei de seu país. Neste momento, com a participação dos índios que habitavam a ilha (segundo afirmam alguns historiadores), nascia a futura capital do Maranhão: a cidade de São Luís. 

São Luís Rei da França, pintura de El Greco.

Fizeram parte da expedição fundadora, dentre outros, os padres franciscanos Yves d’Evreux, Claude d'Abbeville ( a quem se deve o registro de todos os acontecimentos da França Equinocial), Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens, dando início ao culto católico e à catequese indígena, muito embora professasse La Ravardiére a fé protestante.

                                              

Em 1º de novembro, ao lado da cruz, colocaram as armas da França e, franceses e índios, especialmente convocados de todas as aldeias, juraram fidelidade à Sua Majestade Cristianíssima, o Rei, dando-se à colônia recém-fundada uma constituição, a segunda do Brasil e a primeira do Maranhão.

Alguns anos após, viriam até nós os portugueses, sob o comando de Jerônimo de Albuquerque. Em busca de terras, empreenderiam expedições com armas e tropas, a fim de expulsar os fundadores franceses e ocuparem de uma vez por todas as nossas terras. Mas daí em diante instaura-se um novo momento ... e uma outra história tem início...

Localização de São Luís no Maranhão
São Luís (Maranhão) está localizado em: Brasil
Localização de São Luís no Brasil
02° 31' 48" S 44° 18' 10" O

Fontes: http://www.infoescola.com/historia/historia-do-maranhao/
             http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_%28Maranh%C3%A3o%29
             http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Maranh%C3%A3o#Ano_de_1616_.E2.80.93_9_de_janeiro_.E2.80.93_Primeiro_capit.C3.A3o-mor_do_Maranh.C3.A3o
(com adaptações)


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