Por Rogério Henrique
Castro Rocha
Tenho uma ideia! Proponho
reinventar São Luís!
Reinventemos, a partir
desta data, a ilha em que vivemos!
Vamos todos refundá-la!
Seu renascimento deverá, contudo, seguir determinados princípios,
pautar-se por certos critérios!
Comecemos por riscar das
páginas dos livros os falsos herois, os líderes de fachada, os
usurpadores. Deixemos a eles apenas a memória daquilo que devamos
saber para, assim, termos em mente o que não mais deverá ser
repetido.
Tiremos do diário
recluso do esquecimento as histórias e estórias dos perseguidos,
dos banidos, dos mortos, dos massacrados. Ergamos monumentos àqueles
que, solidária e solitariamente, contribuíram para a construção
de nossa história.
Redesenhemos o nosso
espaço, traçando novos caminhos, novas rotas, outras vias, mais
simples e singulares, para que saibamos de fato de onde partimos e
onde queremos chegar.
Vamos, todos, reconstruir
os corroídos monumentos, levantar dos destroços as nossas velhas
casas, tingir de novas cores as imagens de desgastados retratos.
Tenhamos coragem, gana e garra, para destruir alguns inúteis
ornamentos, trazer abaixo os palacetes fantasmagóricos, que nos
contam coisas que não queremos mais ouvir. Somente assim, sem medo,
sem peias, teremos a chance de moldar o novo.
Enriqueçamos, com
multicultural felicidade, o nosso código genético, forjando os
neoludovicenses, somando os sangues e as peles, recompondo fenótipos,
para forjarmos o povo de amanhã.
Celebremos com aqueles
que, vindos de todos os cantos do país, de vários recantos do
mundo, escolheram morar nessas plagas, começar uma nova vida,
empreender projetos de crescimento pessoal e social.
Tenhamos claro, de hoje
em diante, que não é preciso apenas, como alguém já disse,
“amar a cidade”. É necessário, é urgente,
inadiável, agir pela cidade, intervir pela
cidade, fazer acontecer aquilo que queremos que seja a
cidade.
Convoco, portanto, a
todos os irmãos e irmãs desta ilha, aos que a ela estão
inexoravelmente ligados, a refundá-la. A recontar seus mitos
originários, interpretando-os sob uma nova perspectiva. Para que,
então, sucumba, de uma vez por todas, a serpente imaginária.
E para que a ilha sobreviva. Para que a ilha permaneça. Para que a
ilha enfim seja o doce lugar do nosso futuro.
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