Por Rogério Henrique Castro Rocha
Na
visão do historiador Boris Fausto (História do Brasil, São Paulo:
EDUSP, 1996, p.24): “a maior ameaça à posse do Brasil por
Portugal não veio dos espanhóis e sim dos franceses.
A França não reconhecia os tratados de partilha do mundo,
sustentando o princípio de que era possuidor de uma área quem
efetivamente a ocupasse. Os franceses entraram no comércio do
pau-brasil e praticaram a pirataria, ao longo de uma costa demasiado
extensa para que pudesse ser guarnecida pelas patrulhas portuguesas.
Em momentos diversos, iriam mais tarde estabelecer-se
no Rio de Janeiro (1555-1560) e no Maranhão (1612-1615).”
O
processo de colonização do Norte do Brasil, é importante frisar, ocorreu de forma bem
mais lenta e diferente do que se dera no Nordeste e no Centro da
colônia.
Tivemos uma integração econômica com o mercado,
sobretudo o europeu, de forma mais precarizada e tardia. Algo que estendeu-se
até mais ou menos os fins do século XVIII. Em nosso região também
houve, como traço característico, a presença do trabalho
compulsório do elemento indígena, durante um bom tempo com maior
preponderância até que em relação ao negro.
Ainda
em virtude da presença de índios, e de sua influência tanto
numérica quanto cultural, houve um intenso processo de mestiçagem
em nossa população, sendo raras por aqui, naquele período, mulheres brancas (mesmo com a chegada de emigrantes açorianos nesta região).
Boris
Fausto (Idem, Ibidem, p. 55) afirma ainda que:
Até
1612, quando os franceses se estabeleceram no Maranhão, fundando São
Luís, os portugueses não tinham demonstrado maior interesse por se
instalar na região. Os riscos de perda territorial levaram à
luta contra os franceses que ali se tinham instalado e, em 1616, à
fundação de Belém. Essa foi a base de uma gradual penetração
pelo Rio Amazonas, percorrido na viagem de Pedro Teixeira (1637) até
o Peru. Em 1690, os portugueses instalaram um pequeno posto avançado,
perto de onde hoje se localiza Manaus, na boca do Rio Negro. A Coroa,
nas mãos da Espanha, estabeleceu uma administração à parte do
Norte do país, criando o Estado do Maranhão e Grão-Pará,
com governador e administração separados do Estado do Brasil. O
Estado do Maranhão teve existência pelo menos formal e intermitente
até 1774.
Como
se pode perceber, foi graças aos franceses - à sua chegada e
estabelecimento em nossa ilha - que os portugueses, sentindo-se
ameaçados em seus planos expansionistas, voltaram finalmente seus
olhos para o Maranhão, mais especificamente para a ilha de São
Luís, então projeto de uma França Equinocial.
Referência
Bibliográfica:
FAUSTO,
Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1996.
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