Mostrando postagens com marcador refundação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador refundação. Mostrar todas as postagens

sábado, 8 de setembro de 2012

VAMOS REINVENTAR SÃO LUÍS!



Por Rogério Henrique Castro Rocha



Tenho uma ideia! Proponho reinventar São Luís!

Reinventemos, a partir desta data, a ilha em que vivemos!

Vamos todos refundá-la! Seu renascimento deverá, contudo, seguir determinados princípios, pautar-se por certos critérios!

Comecemos por riscar das páginas dos livros os falsos herois, os líderes de fachada, os usurpadores. Deixemos a eles apenas a memória daquilo que devamos saber para, assim, termos em mente o que não mais deverá ser repetido.

Tiremos do diário recluso do esquecimento as histórias e estórias dos perseguidos, dos banidos, dos mortos, dos massacrados. Ergamos monumentos àqueles que, solidária e solitariamente, contribuíram para a construção de nossa história.

Redesenhemos o nosso espaço, traçando novos caminhos, novas rotas, outras vias, mais simples e singulares, para que saibamos de fato de onde partimos e onde queremos chegar.

Vamos, todos, reconstruir os corroídos monumentos, levantar dos destroços as nossas velhas casas, tingir de novas cores as imagens de desgastados retratos. Tenhamos coragem, gana e garra, para destruir alguns inúteis ornamentos, trazer abaixo os palacetes fantasmagóricos, que nos contam coisas que não queremos mais ouvir. Somente assim, sem medo, sem peias, teremos a chance de moldar o novo.

Enriqueçamos, com multicultural felicidade, o nosso código genético, forjando os neoludovicenses, somando os sangues e as peles, recompondo fenótipos, para forjarmos o povo de amanhã.

Celebremos com aqueles que, vindos de todos os cantos do país, de vários recantos do mundo, escolheram morar nessas plagas, começar uma nova vida, empreender projetos de crescimento pessoal e social.

Tenhamos claro, de hoje em diante, que não é preciso apenas, como alguém já disse, “amar a cidade”. É necessário, é urgente, inadiável, agir pela cidade, intervir pela cidade, fazer acontecer aquilo que queremos que seja a cidade.

Convoco, portanto, a todos os irmãos e irmãs desta ilha, aos que a ela estão inexoravelmente ligados, a refundá-la. A recontar seus mitos originários, interpretando-os sob uma nova perspectiva. Para que, então, sucumba, de uma vez por todas, a serpente imaginária. E para que a ilha sobreviva. Para que a ilha permaneça. Para que a ilha enfim seja o doce lugar do nosso futuro.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Refundação da Física


por Mario Novello
©Martina Vaculikova/ Shutterstock
No século 17 os astrônomos (Ticho Brahe, Kepler, Galileu) realizaram uma mudança profunda na arte de representar racionalmente a Natureza, dando origem a um modo novo de produzir conhecimento científico e fundando a física moderna. Quando observamos o céu, para mais uma vez produzir uma história científica do Universo, estamos seguindo os mesmos caminhos e a mesma tarefa. O papel da cosmologia, hoje, como há quatro séculos, é elaborar a refundação da física, como veremos.

O Universo está em um processo acelerado?

A observação do comportamento irregular de estrelas supernovas levou à hipótese de que o Universo estaria dotado de expansão acelerada. Isso significa que a taxa de crescimento do volume global do espaço estaria aumentando com o tempo (contrariamente ao que se poderia esperar devido ao caráter atrativo da gravitação). Segundo a teoria da relatividade geral isso implicaria a existência de uma fonte de expansão com propriedades pouco convencionais e exigiria a presença de incompreensível pressão altamente negativa. Se essa fosse a interpretação correta dos dados astronômicos, teríamos de aceitar a existência em alguma região cósmica de novas formas de matéria com propriedades inusitadas. Ou então, a simetria que levou os cosmólogos a eleger o modelo geométrico de Friedmann deveria ser alterada. Isso eliminaria a necessidade de examinar inúmeras tentativas recentes e de postular a presença de formas de matéria desconhecidas com características esdrúxulas. 

Qual a origem do Universo?

Desde 1979 conhecemos soluções exatas das equações da relatividade geral que descrevem a geometria do Universo sem singularidade, isto é, como um processo oscilante, que anteriormente à atual fase de expansão passou por uma fase de contração gravitacional. Há até pouco tempo a opção entre uma teoria do universo singular (tipo Big Bang) ou um universo eterno se sustentava apenas por argumentos formais. Mas, ao compararem observações envolvendo a formação de estruturas como galáxias e aglomerados galácticos, os cosmólogos estão no limiar de poder decidir sobre a característica mais fundamental do Universo, correspondendo ao seu tempo de existência, para finalmente responder à questão: o Universo teve começo há uns poucos bilhões de anos ou ele é muito mais antigo, possivelmente eterno? 

As leis da física são universais?

Desde o início da ciência moderna o pensamento científico foi dominado por uma visão rígida, com o pressuposto de que as leis físicas descobertas a partir de experiências realizadas em laboratórios terrestres ou em nossa vizinhança no Sistema Solar eram verdades eternas, sem evolução e válidas em todo o Universo. Embora no primeiro momento essa extrapolação exagerada servisse como uma prática de trabalho adequada, nos últimos anos ela tem sido criticada e dado lugar a um intenso trabalho relacionando os mecanismos de formação das leis físicas com a evolução do Universo (inibindo a visão idealista de que são precisamente essas leis físicas absolutas, acima de qualquer compreensão ulterior, que determinam a evolução cósmica).

As leis da microfísica são universais?

Um bom exemplo de alterações de leis físicas terrestres está relacionado a duas interações fundamentais: o eletro magnetismo e a desintegração da matéria pela interação fraca. O físico inglês P. A. M. Dirac e o brasileiro C. Lattes, entre outros, se perguntaram, talvez de maneira ingênua, se o valor numérico da carga elétrica seria uma constante universal ou variaria com o espaço e o tempo. Esse modo de apresentar uma possível dependência da interação eletromagnética é certamente simplista e está longe de conter toda possibilidade de variação compatível com as demais leis e princípios fundamentais da física. Mas devemos reconhecer que esse foi um primeiro passo capaz de permitir retirar do Olimpo as leis físicas terrestres e a inexorabilidade de serem aplicadas de modo irrestrito em qualquer estágio de evolução do Universo.

 Um modo um pouco menos simplista ocorreu com a questão: os processos de desintegração da matéria seriamuniversais? Ou, dito de outro modo, a força que controla o decaimento da matéria (interação fraca) e que, segundo as observações realizadas em laboratórios terrestres, tem a característica de violar maximalmente a paridade, exibiria essa propriedade em qualquer circunstância em nosso Universo? Seria isso verdade mesmo em situações em que o campo gravitacional (que em princípio não parece desempenhar papel relevante nesse mecanismo de desintegração) exibe curvaturas do espaço- tempo extraordinariamente grandes, de várias ordens de grandeza superiores àquelas onde esses processos de desintegração foram testados?

A grandiosidade da fase atual por que passa a ciência, graças ao olhar moderno para o céu, e em analogia profunda com o que aconteceu na astronomia há 400 anos, estão levando a Cosmologia a produzir uma verdadeira refundação da física.
2 »
Mario Novello doutor em física pela Universidade de Genebra, Suíça, publicou mais de uma centena de artigos científicos sobre cosmologia e gravitação em revistas internacionais. Colaborador frequente de SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL fundou e dirige o Grupo de Cosmologia do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF/CNPq e a Escola de Cosmologia e Gravitação do CBPF. É autor de vários livros de divulgação científica.


Fonte: Scientific American Brasil

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas