terça-feira, 10 de julho de 2012

Plágio: quando a cópia vira crime




Copiar de um autor é plágio; copiar de vários é pesquisa, criticou uma vez o cronista e dramaturgo estadunidense Wilson Mizner. Roubar uma ideia é como roubar um bem e o novo Código Penal (CP), em discussão no Congresso Nacional, deve endurecer as punições contra ofensas ao direito autoral, inclusive criando um tipo penal para o plágio.

O ministro Gilson Dipp, presidente da comissão que elaborou a proposta do novo código, afirmou que o objetivo é evitar a utilização indevida de obra intelectual de outro para induzir terceiros a erro e gerar danos. “O direito autoral estará melhor protegido com esses novos tipos penais e com a nova redação do que está hoje na lei vigente”, avaliou. O novo tipo define o delito como “apresentar, utilizar ou reivindicar publicamente, como própria, obra ou trabalho intelectual de outrem, no todo ou em parte”.

Atualmente, a legislação não oferece critérios específicos para definir juridicamente o plágio, e sua caracterização varia conforme a obra – músicas, literatura, trabalhos científicos etc. O tema é tratado principalmente na esfera civil ou enquadrado como crime contra o direito autoral, como descrito no artigo 184 do Código Penal, alterado pela Lei 10.695/03. O professor Paulo Sérgio Lacerda Beirão, diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde e presidente da Comissão de Integridade e Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), destaca que a própria definição do plágio tem mudado ao longo da história, confundindo-se com a inspiração.

“Por exemplo, o dramaturgo inglês Willian Shakespeare foi acusado de ter plagiado Romeu e Julieta de outro autor. Na verdade, na época, haveria cinco versões diferentes do drama, com pequenas alterações e novos personagens, sendo uma prática comum na época”, contou. Outro escritor clássico, o espanhol Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote de La Mancha, chegou a escrever ao rei da Espanha contra as cópias e versões que sua obra sofria.

Segundo o professor, se o caso de Shakespeare ocorresse nos dias de hoje, provavelmente acabaria nos tribunais.

Música
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem tratado dessa temática em alguns julgamentos que envolvem personalidades artísticas conhecidas. É o caso do Agravo de Instrumento (Ag) 503.774, no qual foi mantida a condenação de Roberto Carlos e Erasmo Carlos por plágio de obra do compositor Sebastião Braga. A Justiça fluminense considerou que a música O Careta, supostamente composta pela dupla da Jovem Guarda, repetiria os dez primeiros compassos da canção Loucura de Amor, de Braga, evidenciando a cópia. A decisão foi mantida, em 2003, pelo ministro Ruy Rosado, então integrante da Quarta Turma do STJ.

Já o Recurso Especial (REsp) 732.482 dizia respeito a processo em que o cantor cearense Fagner foi condenado a indenizar os filhos do compositor Hekel Tavares, criador da música Você. Fagner adaptou a obra, denominando-a Penas do Tié, porém não citou a autoria. No recurso ao STJ, julgado em 2006, a defesa do cantor afirmou que não havia mais possibilidade de processá-lo, pois o prazo para ajuizamento da ação já estaria prescrito, e alegou que o plágio da música não foi comprovado.

Porém, a Quarta Turma entendeu, em decisão unânime, que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que examinou as provas do processo, tratou exaustivamente da questão da autoria, constatando a semelhança da letra e musicalidade, devendo Fagner indenizar os herdeiros do autor. A Turma determinou apenas que o TJRJ definisse os parâmetros da indenização.

Televisão
Empresas também disputam a exclusividade de produções televisivas, como na querela entre a TV Globo, detentora dos direitos do Big Brother Brasil, e o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), responsável pelo programa Casa dos Artistas. A Globo acusou o SBT de plágio, alegando que tinha a exclusividade no Brasil do formato do programa criado pelo grupo Edemol Entertainment International.

Em primeira instância, conseguiu antecipação de tutela para suspender a transmissão da segunda temporada de Casa dos Artistas, mas o SBT apelou e a decisão foi cassada. Em 2002, a Globo recorreu ao STJ com uma medida cautelar (MC 4.592) para tentar evitar a apresentação.

Porém, a ministra Nancy Andrighi, relatora do processo, considerou que a verificação de ocorrência de plágio e de quebra de contrato de exclusividade esbarram nas Súmulas 5 e 7 do STJ, que impedem a interpretação de cláusula de contrato e a reanálise de prova já tratadas pela primeira e segunda instâncias. Não haveria, ainda, fatos novos que justificassem a interrupção do programa, que já estava no ar havia dois meses.

Coincidência criativa
No mundo da publicidade há vários casos em que a semelhança entre anúncios é grande, especialmente se o produto é o mesmo. Todavia, no caso do REsp 655.035, a Justiça considerou que houve uma clara apropriação de ideia pela cervejaria Kaiser e sua agência de publicidade. No caso, em 1999, a empresa lançou a campanha “Kaiser, A Cerveja Nota 10”, com o número formado pela garrafa e pela tampinha.

Porém, ideia muito semelhante foi elaborada e registrada no INPI, três anos antes, por um publicitário paranaense, que nada recebeu da agência ou da Kaiser por sua criação. Em primeira instância, as empresas foram condenadas a indenizar pelo plágio da obra inédita, mas o Tribunal de Justiça do Paraná reformou a sentença por entender que não haveria prova do conhecimento da existência da obra anterior e, portanto, do plágio.

O publicitário paranaense recorreu ao STJ. O caso foi julgado em 2007. O ministro Humberto Gomes de Barros (falecido recentemente), relator do processo, entendeu que, mesmo que fosse mera coincidência criativa, a empresa, após ser informada da existência de campanha registrada anteriormente, deveria ter entrado em contato com o publicitário para obter sua autorização. Para o relator, a empresa assumiu o risco de criar uma campanha idêntica se já sabia da existência de uma campanha com o mesmo tema. A indenização foi fixada em R$ 38 mil.

Texto técnico 
O diretor da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Ceará (OAB-CE) e presidente da Comissão de Direitos Culturais da entidade, Ricardo Bacelar Paiva, destaca que ainda há muitos temas relacionados ao plágio não tratados judicialmente. Ele avalia que o STJ tem tido um papel importante na fixação de jurisprudência sobre a matéria. E cita o caso do REsp 351.358, julgado em 2002, em que se discutiu se havia plágio na cópia de uma petição inicial.

A questão foi analisada sob a vigência da Lei 5.988/73. Essa lei definia como obra intelectual, além de livros etc., também "outros escritos”. O relator do processo, ministro Ruy Rosado, agora aposentado, considerou que o plágio ocorreria em textos literários, artísticos ou científicos, com caráter nitidamente inovador. A petição judicial seria um texto técnico e utilitário, restringindo a possibilidade de reconhecer a criação literária.

O ministro destacou que a regra da lei antiga apenas protegia os pareceres judiciais (e neles incluindo a petição inicial e outros arrazoados), "desde que, pelos critérios de seleção e organização, constituam criação intelectual". Para o ministro, havia, portanto, uma condicionante. “Não basta a existência do texto, é indispensável que se constitua em obra literária”, afirmou.

Ricardo Bacelar, recentemente, enviou uma proposta de combate ao plágio à OAB nacional, com diretrizes que já foram adotadas por várias instituições, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ele afirma que há um “comércio subterrâneo na internet”, que negocia trabalhos escolares e universitários. O advogado também elogiou as propostas de reforma do CP sobre o assunto, afirmando que, se aprovadas, transformarão a legislação brasileira em uma das mais duras contra o plágio.

Outro entendimento do STJ sobre o plágio foi fixado no REsp 1.168.336. A ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso, entendeu que o prazo de prescrição em ação por plágio conta da data em que se deu a violação, não a do conhecimento da infração. No caso, foi considerado prescrito o direito de um autor acionar uma editora que reproduziu diversos trechos de seus livros em apostilas publicadas pela empresa. Alegando divergência com julgados da Quarta Turma, o autor levou a questão à Segunda Seção do STJ, mas o caso ainda está pendente de julgamento (EREsp 1.168.336).

Academia 
No meio acadêmico, o plágio tem se tornado um problema cada vez maior. O professor Paulo Sérgio Beirão diz que, quando o CNPq detecta ou recebe alguma denúncia de fraude, há uma imediata investigação que pode levar ao corte de bolsas e patrocínios. Também há um reflexo muito negativo para a carreira do pesquisador.

“Deve haver muito cuidado para diferenciar a cópia e o plágio do senso comum. Por exemplo num trabalho sobre malária é senso comum dizer que ela é uma doença tropical grave com tais e tais sintomas”, destacou. Outro problema que ele vê ocorrer na academia é o uso indevido de material didático alheio.

Isso ocorreu no caso do REsp 1.201.340. Um professor teve seu material didático indevidamente publicado na internet. Ele havia emprestado sua apostila para um colega de outra instituição de ensino e o material foi divulgado na página dessa instituição, sem mencionar a autoria. O professor afirmou que tinha a intenção de publicar o material posteriormente e lucrar com as vendas. Pediu indenização por danos materiais e morais.

A magistrada responsável pelo recurso, ministra Isabel Gallotti, entendeu que, mesmo se a escola tivesse agido de boa-fé e não soubesse da autoria, ela teve benefício com a publicação do material didático. A responsabilidade da empresa nasceria da conduta lesiva de seu empregado, sendo o suficiente para justificar a indenização.

Em outro exemplo de plágio acadêmico, o ministro Arnaldo Esteves Lima, no Conflito de Competência (CC) 101.592, decidiu qual esfera da Justiça – estadual ou federal – tem competência para tratar do delito cometido em universidade federal. Um estudante da Universidade Federal de Pelotas apresentou como seu trabalho de conclusão de curso um texto de outro autor, apenas alterando o título. O ministro Esteves Lima concluiu que, como não houve prejuízo à União ou uma de suas entidades ou empresas públicas, e sim interesse de pessoa privada, ou seja, o autor do texto, a competência para julgar a ação era estadual.

Além dos simples prejuízos financeiros, muitos veem consequências ainda mais sérias no plágio. Para Ricardo Bacelar, a prática do plágio pode ser prejudicial até para a estruturação da personalidade e conduta ética e moral. “Diante de uma tarefa de pesquisa, não leem sobre o assunto, não raciocinam, não exercitam a formação de uma ideia. Não sabem escrever, pensar e desenvolver o senso crítico. Absorvem o comportamento deplorável de pegar para si o que não lhes pertence”, destacou.

O advogado admitiu a importância da inspiração e até o uso de trechos de outros trabalhos para a produção de conhecimento novo, mas isso não justifica o roubo de ideias. Como disse outro americano, o cientista e político Benjamin Franklin, há muita diferença entre imitar um bom homem e falsificá-lo. 


Fonte: http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=106317

domingo, 8 de julho de 2012

Morre Ernest Borgnine (1917-2012)


Ernest Borgnine (1917-2012)

Borgnine em 1955
Ator de cinema que estrelou as séries A Marinha de McHale, Águia de Fogo e The Single GuyErnest Borgnine faleceu esta tarde, dia 8 de julho, aos 95 anos de idade, vítima de insuficiência renal, segundo informou Harry Flynn, um representante do ator, à Associated Press. Borgnine estava internado no Cedars-Sinai Medical Center.
Além das séries, o ator era conhecido por seus trabalhos nos filmes Marty, que lhe rendeu um Oscar, A Um Passo da Eternidade, Os Doze Condenados, Meu Ódio Será Sua HerançaO Destino do Poseidon,  Os Vikings, O Vôo da Fênix, O Imperador do Pólo Norte, Fuga de Nova IorqueGattaca, Estação Polar Zebra, Red – Aposentados e Perigosos, entre outros.
Ermes Efron Borgnino nasceu no dia 24 de janeiro de 1917, em Hamden, Connecticut. Filho de imigrantes italianos, Ernest passou parte de sua infância em Milão, onde sua mãe foi morar quando seus pais se separaram. Mais tarde, ela decidiu voltar a viver com o marido e retornou aos EUA com o filho.
Depois de servir na Marinha durante a 2ª Guerra Mundial, Ernest pensou em trabalhar com uma companhia que fabricava ar condicionado, mas sua mãe acabou convencendo o filho a se matricular na Randall School of Dramatic Arts de Hartford. Após quatro meses, ele largou os estudos e foi tentar a sorte como ator. Estreou no teatro comunitário antes de chegar na TV no início de década de 1950. Fazendo participações em programas infantis, como Capitão Video, e teleteatros.
Recebendo o Oscar da Academia de Cinema de Hollywood
Em paralelo à TV, ele também atuou em filmes para o cinema, entre eles A Um Passo da Eternidade, Johnny Guitar, Demetrius, o Gladiador e A Conspiração do Silêncio.
Mas foi com Marty, produção de 1955, que Ernest conquistou a fama. Escrito por Paddy Chayefsky, o filme é uma adaptação de seu próprio texto originalmente apresentado no teleteatro The Philco-Goodyear Television Playhouse, exibido pela rede NBC em 1953.
A versão original foi estrelada por Rod Steiger, mas quando a Hecht-Lancaster Productions, produtora de Burt Lancaster, decidiu produzir o filme, escolheu Borgnine, então com 34 anos, como protagonista. O ator ganhou um Oscar por seu trabalho, bem como prêmios do Cannes Film Festival, New York Critics e National Board of Review.
Com o reconhecimento da Academia, Borgnine conseguiu se estabelecer na carreira, mas a fama não o afastou completamente da televisão, onde foi visto em participações especiais em diversas séries de TV ao longo dos anos.
'A Marinha de McHale'
Entre elas, Make Room For Daddy, Laramie, A Caravana, Alma de Aço, Agente 86, O Barco do Amor, Magnum, Caixa Alta, Missão Secreta/Masquerade, O Homem que Veio do Céu, Gente Pra Frente/Home Improvement, O Comissário, JAG – Ases Invencíveis, Edição de Amanhã, Walker – Texas Ranger, O Toque de um Ajo, Sétimo Céu, Family Law, The District ePlantão Médico/ER. O ator também esteve em Os Pioneiros, no episódio mais lembrado pelos fãs da série: O Senhor é Meu Pastor. Além das séries, Borgnine também esteve no elenco das minisséries Jesus de Nazaré e Os Últimos Dias de Pompéia.
Em 1962, ele estrelou o teleteatro Seven Against the Sea, exibido pelo Alcoa Premiere, apresentado por Fred Astaire. Na história, ele interpreta o Tenente Comandante Quinton McHale, membro da tripulação de um navio da Marinha durante a 2ª Guerra Mundial, o qual está estacionado próximo a uma ilha do Pacífico. Quando o navio é atacado por japoneses, os sobreviventes se refugiam na ilha onde, com o tempo, acabam adotando os hábitos dos nativos. A boa receptividade de público levou a ABC a encomendar a produção de uma série. No entanto, ao contrário de Seven Against the Sea, que era um drama, a série foi produzida como sitcom.
Com Melissa Gilbert em participação na série 'Os Pioneiros', na década de 1970
Inicialmente em preto e branco, a série apresentava McHale e seus homens tentando sobreviver à austeridade e burocracia imposta pela Marinha, enquanto idealizam diversos planos para tirar proveito das situações em que se envolvem, entre elas, ganhar dinheiro fácil, se safar das responsabilidades ou conquistar uma garota.
A série foi produzida pela Universal até 1966, quando a audiência começou a cair, levando A Marinha de McHalea ser cancelada. Ao longo de sua produção, a série ganhou duas versões cinematográficas. A primeira em 1964 com A Marinha de McHale/McHale Navy, e a segunda em 1965 com McHale’s Navy Joins Air Force. Borgnine apareceu apenas no primeiro filme.
Segundo divulgado na época, quando o segundo foi produzido, ele estava envolvido com outro trabalho, também para o cinema. Mas, anos mais tarde, em entrevista, o ator revelou que sua ausência no segundo filme ocorreu porque os produtores desejavam baratear o custo de produção.
Após o cancelamento da série, Borgnine voltou a se dedicar à sua carreira no cinema. Ele tentaria estrelar uma nova série em 1976, com Future Cop, na qual interpretou um policial veterano que tem como parceiro um andróide. A série foi cancelada com apenas seis episódios produzidos.
Elenco de 'Águia de Fogo', década de 1980
O ator voltaria a estrelar uma série de sucesso na década de 1980, com Águia de Fogo, produção de Don Bellisario, na qual Borgnine interpretou Dominic Santini, um piloto de helicóptero que tem como sócio, amigo e pupilo Stringfellow Hawke (Jan-Michael Vincent), um jovem que recebe uma missão do governo: ir até a Líbia e resgatar o águia de fogo, um super-helicóptero.
Depois que realiza sua missão, Hawke decide manter o helicóptero até que o governo descubra o paradeiro de seu irmão, desaparecido durante a guerra do Vietnã. Enquanto isso, Hawke e Santini se comprometem a realizar missões para o governo, nas quais eles utilizam o helicóptero.
A série foi cancelada em 1986 em função dos diversos problemas que a produção teve com o ator Jan-Michael Vincent. Em 1987, o canal a cabo USA resgatou Águia de Fogo, produzindo mais 24 episódios, mas substituindo Vincent por Barry Van Dyke, que interpretou o irmão de Hawke, localizado no Vietnã.
Elenco de 'The Single Guy', década de 1990
Borgnine decidiu não retornar e também foi substituído, por Michelle Scarabeli, que interpretou a sobrinha de Dominic, jovem que herda seus bens quando tio morre. No total, a série teve 79 episódios produzidos.
A última série na qual Borgnine integrou o elenco foi a sitcom The Single Guy, produzida entre 1995 e 1997, na qual interpretou Manny, o porteiro do prédio onde o escritor Jonathan Eliot (Jonathan Silverman) vivia. Nos últimos anos, o ator dublou o personagem Mermaidman, da série animada Bob Esponja.
Borgnine foi casado cinco vezes. A primeira esposa foi Rhoda Kenins, entre 1949 e 1958. Os dois se conheceram quando Rhoda trabalhava como assistente de farmacêutico na Marinha. O casal teve uma filha, Nancee (1952). Segundo o ator, o casamento terminou quando  ele começou a fazer sucesso com o filme Marty.
Em 1959, ele se casou com a atriz mexicana Katy Jurado, de quem se divorciou em 1964. Em 1963, ele iniciou um relacionamento com a atriz e cantora Ethel Merman, com quem se casou em 1964. Mas a relação terminou em divórcio um mês depois. Segundo o ator, Ethel teria ficado furiosa com o fato de que, durante a lua de mel no exterior, ele foi reconhecido pelo público estrangeiro e ela não. Quando seu divórcio com Ethel foi finalizado em maio de 1965, Borgnine se casou com a atriz Donna Rancourt, com quem teve três filhos, Sharon (1965), Christopher (1969) e Diana (1970). Borgnine se divorciou de Donna em 1972.
Desde 1973 o ator estava casado com Tova Traesnaes, empresária norueguesa, proprietária da Beauty By Tova, empresa de cosméticos.
Ernest Borgnine em 2012
Em 2008, o ator lançou sua autobiografia, que recebeu o título de Ernie, na qual relembra vários momentos de sua carreira em Hollywood. Até os 88 anos, Borgnine tinha o hábito dirigir um ônibus em suas viagens pelo interior dos EUA, onde costumava parar de cidade em cidade para conversar com as pessoas que encontrava pelo caminho.
O ator se manteve ativo até o fim da vida, embora os trabalhos tivessem começado a ficar escassos, em função de sua idade avançada. Seu último trabalho é o filme The Man Who Shook the Hand of Vicente Fernandez, na qual interpreta um velho que lamenta nunca ter se tornado famoso ou feito algo de valor em sua vida. Quando sofre um derrame, ele é internado em um hospital onde a maioria dos funcionários é latina. Inicialmente maltratado por eles, o velho se torna um ídolo local quando descobrem que ele um dia apertou a mão de Vicente Fernandez, um cantor, produtor e ator mexicano idolatrado pelos funcionários. O filme ainda não foi lançado.
No vídeo abaixo, montagem da carreira de Ernest quando o ator foi homenageado pelo SAG com o prêmio Lifetime Achievement em 2011.


Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/falecimentos/ernest-borgnine-1915-2012/

Calçada da memória: o rosto da decência (Gregory Peck)


Na primavera de 1939, Gregory Peck (1916-2003) cabulou a cerimônia de formatura em Inglês, em Berkeley, e foi de trem para Nova York com 160 dólares e uma carta de apresentação para tentar a carreira de ator. Teve êxito mais cedo do que esperava. Estreou na Broadway em 1942, na peçaThe Morning Star, e no ano seguinte em Hollywood, em Quando a Neve Tornar a Cair, de Jacques Tourneur.
Gregory Peck, o homem correto para quem era mais desafiador tornar um bom sujeito interessante nas telas do que um vilão
O papel de um padre em seu segundo filme, As Chaves do Reino (John M. Stahl, 1944), rendeu-lhe a primeira de suas cinco indicações ao Oscar, que acabaria vindo em 1962, por O Sol É para Todos, de Robert Mulligan.
De figura imponente (1,91 m) e austera, com uma voz grave que quase nunca subia de tom, Peck encarnou em geral o homem reto, de bons princípios, defensor da justiça e da verdade. Mas seu estilo econômico de atuação lhe permitiu representar também homens atormentados pela luxúria (Duelo ao Sol, de King Vidor), pela culpa (Quando Fala o Coração, de Hitchcock) ou pela obsessão (Moby Dick, de John Huston). Encarnou até o monstro nazista Josef Mengele, em Meninos do Brasil, de Franklin Schaffner.
Por conta de sua imagem séria, fez poucas comédias. Uma exceção notável foi A Princesa e o Plebeu(William Wyler, 1953), a deliciosa estreia de Audrey Hepburn.
Católico e progressista, Peck participou de passeatas contra a guerra e pelos direitos civis, e achava que a Igreja devia se abrir em questões como o aborto e a contracepção.
“Dizem que encarnar vilões é mais interessante, mas representar os bons sujeitos é desafiador justamente porque é mais difícil torná-los interessantes”, costumava dizer.
DVDs
Quando Fala o Coração (1945)
O novo diretor de uma clínica para doentes mentais (Peck) começa a ter um comportamento estranho, aos olhos de uma psiquiatra (Ingrid Bergman). Ele pode ser impostor,  assassino ou vítima de amnésia. Curiosa incursão de Hitchcock pela psicanálise, com sequência de sonhos desenhada por Salvador Dalí.

Círculo do Medo (1962)
Depois de passar oito anos na cadeia, Max Cady (Robert Mitchum) passa a atormentar a família do advogado Sam Bowden (Peck), que testemunhou contra ele no tribunal. O clima de crescente terror do filme de J. Lee Thompson é exacerbado no remake de Scorsese (Cabo do Medo, 1991), em que Peck vive o advogado de Cady.

O Sol É para Todos (1962)
Na época da Depressão, no Sul dos EUA, o advogado Atticus Finch (Peck) defende um negro acusado injustamente de estupro. Célebre libelo contra o racismo. Em eleição realizada pelo American Film Institute, Atticus foi escolhido “o maior herói do cinema em todos os tempos”, deixando para trás Indiana Jones e James Bond.

Fonte: www.cartacapital.com.br/cultura/0-rosto-da-decencia

Vinho brasileiro nas arenas de Londres


por Mauro Graeff Júnior 

Será brasileiro o vinho tinto vendido nos locais de competição durante a Olimpíada de Londres. O Shiraz/Tempranillo, da Vinícola Miolo, do Rio Grandedo Sul, foi escolhido juntamente com duas marcas da África do Sul (rosé e branco).
Como não pode ter garrafa nos locais de competição, por questão de segurança, o vinho será vendido em garrafas de plástico de 750 ml e 187,5 ml (um quarto de garrafa comum). A menor embalagem deve custar 4,80 libras (cerca de R$ 15).
Vinho brasileiro (direita) será vendido nos locais de competição (Foto: Divulgação)
Fonte: blogs.lancenet.com.br

"Marrento", Anderson Silva recusa Jon Jones e volta a desafiar clone


Anderson Silva nocauteou Chael Sonnen no 2º round. Foto: AP
Anderson Silva nocauteou Chael Sonnen no 2º roundFoto: AP
Já havia se passado aproximadamente 20 minutos de entrevista com os principais destaques do UFC 148 neste sábado quando o filho e o sobrinho de Anderson Silva, vestindo terno e gravata, entraram na sala de imprensa do MGM Grand Garden Arena carregando o cinturão dos médios. Logo atrás veio o lutador brasileiro, que se sentou à mesa, estendeu uma bandeira nacionale foi mais do que conciso em suas declarações - muitas vezes, se limitava a dar um largo sorriso e o utilizava como resposta.FELIPE HELD
Direto de Las Vegas (EUA)
Anderson fez apenas uma declaração mais contundente, quando se recusou a escolher um novo adversário. Ele repetiu um discurso já conhecido ao ser questionado sobre quem gostaria de enfrentar na próxima luta. "Tem certeza de que querem que eu responda isso?", rebateu o brasileiro, para logo em seguida emendar: "meu clone".
Um possível adversário para Anderson Silva levantado por jornalistas estrangeiros durante a entrevista foi o fenômeno dos meio-pesados, o americano Jon Jones. Esta não é a primeira vez que tal sugestão é feita ao brasileiro, e a resposta do Aranha tampouco é novidade. "Não", disse ele.
Horas depois, o próprio Jones se manifestou a respeito da resposta de Silva. Via Twitter, o americano concordou com o brasileiro. "Imagino que o Anderson tenha ditto que não tem interesse em lutar comigo. Eu penso da mesma maneira que ele. Não há nada entre nós além de respeito", publicou o meio-pesado.
Ouvir sugestões para enfrentar adversários de outras categorias não é coisa nova para Anderson Silva, que já teve seu nome especulado para lutar contra Jones e também contra o canadense Georges St. Pierre, ex-campeão dos médios e atual dono do cinturão dos meio-médios. Essas insinuações apenas mostram a soberania do brasileiro na sua categoria de peso, mas ainda assim o Aranha se recusa a enfrentar outros adversários. E também nega que essa "zona de conforto" o deixe desmotivado.
"Tenho muita motivação. Estou aqui fazendo o que gosto, e o maior ânimo que tenho é poder estar aqui com caras como esses", afirmou Anderson, referindo-se à mesa com os destaques da noite. "Como o Tito Ortiz, que sempre fez história e já estava aqui antes mesmo de eu decidir se lutaria. Faço o que gosto, o que amo".
Os nomes mais prováveis para figurarem em um combate próximo com Anderson Silva, porém, são os de Hector Lombard, campeão dos médios do Bellator e que recentemente firmou contrato com o UFC, Mark Muñoz e Michael Bisping. No entanto, nem mesmo uma futura revanche com Vitor Belfort seria loucura de imaginar - embora o brasileiro ainda tenha pela frente um combate com Wanderlei Silva, programado inicialmente para o UFC 147, não fosse a contusão que Belfort sofreu durante os treinamentos.
Próximo adversário e Jon Jones eram assuntos mais ou menos previsíveis para a entrevista de Anderson. O que o brasileiro não deveria esperar era um jornalista mexicano tentando se infiltrar no churrasco para o qual Chael Sonnen foi convidado. O repórter perguntou se todos os profissionais de imprensa seriam convidados para o evento, e a resposta de Silva não poderia ser outra. "Não".
Fonte: www.esportes.terra.com.br

Em atrito, Ganso fica perto de adeus; Inter ou Itália são destinos

Ganso recusou nova proposta de renovação contratual e ainda desdenhou do acordo oferecido. Foto: Adriano Lima/Terra

Ganso recusou nova proposta de renovação contratual e ainda desdenhou do acordo oferecido
Foto: Adriano Lima/Terra


DIEGO GARCIA
Direto de São Paulo
O meio-campista Paulo Henrique Ganso não deve mais defender o Santos. O camisa 10 entrou em novo atrito com a diretoria nos últimos dias, ao recusar nova proposta de renovação contratual e ainda desdenhar do acordo oferecido, e afirmou a pessoas próximas que não joga mais pelo clube. O Internacional e um clube da Itália já entraram em contato com o atleta.
Ganso não entrará em campo neste domingo, contra o Grêmio, pois está liberado para cuidar do condicionamento físico para se juntar à Seleção Brasileira nesta segunda, visando os Jogos Olímpicos de Londres. Mas, mesmo que estivesse apto, o Terra apurou que ele disse a pessoas próximas que não entraria em campo com a camisa alvinegra contra a equipe gaúcha.
O camisa 10 está insatisfeito há algum tempo. Sem aumento há um ano, Ganso rejeitou todas as investidas de renovação com o Santos, incluindo a última proposta há alguns dias. Além disso, conforme verificou a reportagem, o atleta disse a amigos que não defenderá mais a equipe da Vila Belmiro.
O jogador está em negociações, atualmente, com dois times: Inter e um clube italiano, que ainda segue em sigilo. Mas Ganso, segundo fontes próximas, deseja atuar no futebol europeu, apesar de ter aprovado a quantia oferecida pela equipe de Porto Alegre - ele chegaria para compensar a iminente saída de Oscar. Os direitos de Paulo Henrique estão divididos entre Grupo Sonda (55%) e Santos (45%).
O Santos ainda desconversa, mas o clima nos bastidores da Vila Belmiro é de incerteza. O próprio Ganso já teria avisado que não quer mais jogar pelo clube, e gerou sentimentos de lamentação e alívio - há diretores que desejam o adeus do meia, que desde o ano passado forçaria tal saída.
Em contato com a reportagem, o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro não quis falar sobre o tema. "Estou em recesso, por isso não falo sobre transferências para não alimentar as especulações", afirmou o presidente, que, ao ser questionado se ficaria surpreso com o adeus de Ganso ao voltar do recesso, respondeu: "se eu responder isso estaria alimentando algo".
Vale lembrar que, em 2011, o meia foi especulado em diversos times grandes do Brasil. O atleta chegou a, inclusive, aceitar proposta do Corinthians, mas acabou desistindo depois de ver a repercussão negativa que uma ida ao arquirrival poderia gerar. O Inter também tentou a contratação, mas Luis Alvaro conversou com os clubes e pediu ética no caso, o que ajudou a aliviar os ânimos e manteve o meia na Vila.
Fonte: esportes.terra.com.br

Federer conquista hepta em Wimbledon e volta a ser nº1 do mundo


Leon Neal
O tenista suíço Roger Federer sagrou-se aos 30 anos campeão do Grand Slam de Wimbledon pela sétima vez da sua carreira, igualando o recorde do americano Pete Sampras, ao derrotar neste domingo o escocês Andy Murray de virada em quatro sets, com parciais de 4-6, 7-5, 6-3 e 6-4.
Com o triunfo, Federer, terceiro cabeça de chave do torneio londrino, volta à liderar o ranking da ATP, desbancando o sérvio Novak Djokovic, que derrotou nas semifinais.
Assim, ele alcançou outra marca histórica de Sampras, ao passar 286 semanas na posição de número um do mundo. "Estou igualando meu ídolo, este é um momento mágico para mim", comemorou Federer.
Este foi o 17º título do suíço em Grand Slams, sendo que ele não vencia um torneio desta categoria desde a edição de 2010 do Aberto da Austrália. Foi naquele ano que ele perdeu a liderança para o espanhol Rafael Nadal, que foi ultrapassado por Djokovic há um ano, após o sérvio conquistar o título em Wimbledon.
"Joguei perto do meu melhor nível na semifinal e na final. Não poderia ser mais feliz. Eu sentia falta de disputar a final aqui", comentou o suíço.
Já Murray frustrou a expectativa da torcida britânica, que não vê um tenista da casa ser campeão em Wimbledon há 76 anos, com o título de Fred Perry em 1936.
O escocês disputava sua quarta final de Grand Slam, sendo que já havia perdido as duas primeiras para Federer (em 2008 no US Open e em 2010 no Aberto da Austrália) e a outra para Djokovic (em 2011 no Aberto da Austrália).
"Estou ficando mais perto", declarou Murray, de 25 anos, que estava muito emocionado depois da partida. "Antes do jogo, me perguntaram se eu achava que essa seria minha melhor chance pelo fato de Federer já ter 30 anos, mas o problema é que ele não está nada mal para um cara de 30", brincou.
Mesmo com a derrota, o escocês disputou uma final de alto nível e mostrou-se mais agressivo no início da partida. Mais consistente do fundo da quadra, ele levou o primeiro set em 6-4.
No segundo, Murray também começou melhor, teve quatro chances de quebrar o serviço do adversário, mas Federer mostrou a frieza necessária para vencer os pontos importantes e fechou em 7 a 5, logo antes da chuva interromper a partida, que tinha começado com sol.
A final foi retomada 35 minutos depois, tempo necessário para instalar o teto da quadra central.
O momento crucial da partida aconteceu no meio terceiro set, quando Federer conseguiu a quebra após vinte minutos de uma luta acirrada pelo sexto game.
A experiência do suíço, que disputava sua 24ª final de Grand Slam, fez a diferença. O suíço foi muito eficiente no voleio, vencendo 53 dos 68 pontos que disputou quando subiu para a rede.
Após fechar a terceira parcial em 6 a 3 ele salvou um 'break point' no início da quarta e quebrou o saque do britânico no quinto game, com uma linda passada de esquerda.
Federer acabou fechando em 6 a 4, antes de se ajoelhar na grama para comemorar o título, após 3h24 minutos de jogo.
Muitas personalidades prestigiaram a final, entre elas o primeiro-ministro David Cameron, a duquesa de Cambridge, Catherine Middleton, esposa do príncipe William, e o astro do futebol inglês David Beckham, junto com sua esposa, a ex-Spice Girl Victoria.
Fonte: veja.abril.com.br

Facebook e Yahoo encerram disputa nos tribunais e anunciam parceria


(Fonte da imagem: Reprodução/Slashgear)
O Facebook e o Yahoo finalmente entraram em um acordo. Depois de as duas empresas passarem um bom tempo brigando por patentes nos tribunais, elas decidiram ampliar a sua parceria, incluindo publicidadevendas conjuntas e licenciamento de produtos.
Apesar de a negociação não envolver dinheiro no início, a aliança entre os dois gigantes da internet deve render muito no futuro, caso as campanhas conjuntas obtenham sucesso. O acordo também prevê que, a partir de agora, o Yahoo vai disponibilizar os botões “curtir” nos anúncios publicitários.
A batalha nos tribunais começou de forma agressiva, com o antigo CEO da empresa, Scott Thompson, alegando que o Yahoo tinha um forte apoio legal para arrematar alguns bilhões de dólares da rede social. Apesar disso, a disputa foi vista com desconfiança pelo mercado, principalmente depois que o Facebook anunciou que estava preparado para arrastar a briga nos tribunais por muito tempo, encarecendo e complicando o processo. Por isso, um acordo amigável entre as duas empresas é bem visto pelos investidores.
Fonte: AllThingsD


Leia mais em: http://www.tecmundo.com.br/facebook/26336-facebook-e-yahoo-encerram-disputa-nos-tribunais-e-anunciam-parceria.htm#ixzz203cI1qa2

EUA: Um recorde raro e cruel – Por Jimmy Carter, ex-presidente americano







Revelações de que altos funcionários do governo dos EUA decidem quem será assassinado em países distantes, inclusive cidadãos norte-americanos, são a prova apenas mais recente, e muito perturbadora, de como se ampliou a lista das violações de direitos humanos cometidas pelos EUA. Esse desenvolvimento começou depois dos ataques terroristas de 11/9/2001; e tem sido autorizado, em escala crescente, por atos do executivo e do legislativo norte-americanos, dos dois partidos, sem que se ouça protesto popular. Resultado disso, os EUA já não podem falar, com autoridade moral, sobre esses temas cruciais.

Por mais que os EUA tenham cometido erros no passado, o crescente abuso contra direitos humanos na última década é dramaticamente diferente de tudo que algum dia se viu nos EUA. Sob liderança dos EUA, a Declaração Universal dos Direitos do Homem foi adotada em 1948, como “fundamento da liberdade, justiça e paz no mundo”. Foi compromisso claro e firme, com a ideia de que o poder não mais serviria para acobertar a opressão ou a agressão a seres humanos. Aquele compromisso fixava direitos iguais para todos, à vida, à liberdade, à segurança pessoal, igual proteção legal e liberdade para todos, com o fim da tortura, da detenção arbitrária e do exílio forçado.
Aquela Declaração tem sido invocada por ativistas dos direitos humanos e da comunidade internacional, para trocar, em todo o mundo, ditaduras por governos democráticos, e para promover o império da lei nos assuntos domésticos e globais. É gravemente preocupante que, em vez de fortalecer esses princípios, as políticas de contraterrorismo dos EUA vivam hoje de claramente violar, pelo menos, 10 dos 30 artigos daquela Declaração, inclusive a proibição de qualquer prática de “castigo cruel, desumano ou tratamento degradante.”
Legislação recente legalizou o direito do presidente dos EUA, para manter pessoas sob detenção sem fim, no caso de haver suspeita de ligação com organizações terroristas ou “forças associadas” fora do território dos EUA – um poder mal delimitado que pode facilmente ser usado para finalidades autoritárias, sem qualquer possibilidade de fiscalização pelas cortes de justiça ou pelo Congresso (a aplicação da lei está hoje bloqueada, suspensa por sentença de um(a) juiz(a) federal). Essa lei agride o direito à livre manifestação e o direito à presunção de inocência, sempre que não houver crime e criminoso determinados por sentença judicial – mais dois direitos protegidos pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, aí pisoteados pelos EUA.
Cenas de abusos em Guantánamo em Cuba

Além de cidadãos dos EUA assassinados em terra estrangeira ou tornados alvos de detenção sem prazo e sem acusação clara, leis mais recentes suspenderam as restrições da Foreign Intelligence Surveillance Act, de 1978, para admitir violação sem precedentes de direitos de privacidade, legalizando a prática de gravações clandestinas e de invasão das comunicações eletrônicas dos cidadãos, sem mandato. Outras leis autorizam a prender indivíduos pela aparência, modo de trajar, locais de culto e grupos de convivência social.
Além da regra arbitrária e criminosa, segundo a qual qualquer pessoa assassinada por aviões-robôs comandados à distância (drones) por pilotos do exército dos EUA é automaticamente declarada inimigo terrorista, os EUA já consideram normais e inevitáveis também as mortes que ocorram ‘em torno’ do ‘alvo’, mulheres e crianças inocentes, em muitos casos. Depois de mais de 30 ataques aéreos contra residências de civis, esse ano, no Afeganistão, o presidente Hamid Karzai exigiu o fim desse tipo de ataque. Mas os ataques prosseguem em áreas do Paquistão, da Somália e do Iêmen, que sequer são zonas oficiais de guerra. Os EUA nem sabem dizer quantas centenas de civis inocentes foram assassinados nesses ataques – todos eles aprovados e autorizados pelas mais altas autoridades do governo federal em Washington. Todos esses crimes seriam impensáveis há apenas alguns anos.
Essas políticas têm efeito evidente e grave sobre a política exterior dos EUA. Altos funcionários da inteligência e oficiais militares, além de defensores dos direitos das vítimas nas áreas alvos, afirmam que a violenta escalada no uso dos drones como armas de guerra está empurrando famílias inteiras na direção das organizações terroristas; enfurece a população civil contra os EUA e os norte-americanos; e autoriza governos antidemocráticos, em todo o mundo, a usar os EUA como exemplo de nação violenta e agressora.
Simultaneamente, vivem hoje 169 prisioneiros na prisão norte-americana de Guantánamo, em Cuba. Metade desses prisioneiros já foram considerados livres de qualquer suspeita e poderiam deixar a prisão. Mas nada autoriza a esperar que consigam sair vivos de lá. Autoridades do governo dos EUA revelaram que, para arrancar confissões de suspeitos, vários prisioneiros foram torturados por torturadores a serviço do governo dos EUA, submetidos a simulação de afogamento mais de 100 vezes; ou intimidados sob a mira de armas semiautomáticas, furadeiras elétricas e ameaças (quando não muito mais do que apenas ameaças) de violação sexual de esposas, mães e filhas. Espantosamente, nenhuma dessas violências podem ser usadas pela defesa dos acusados, porque o governo dos EUA alega que são práticas autorizadas por alguma espécie de ‘lei secreta’ indispensável para preservar alguma “segurança nacional”.
Muitos desses prisioneiros – mantidos em Guantánamo como, noutros tempos, outros inocentes também foram mantidos em campos de concentração de prisioneiros na Europa – não têm qualquer esperança de algum dia receberem julgamento justo nem, sequer, de virem a saber de que crimes são acusados.
Em tempos nos quais o mundo é varrido por revoluções e levantes populares, os EUA deveriam estar lutando para fortalecer, não para enfraquecer cada dia mais, os direitos que a lei existe para garantir a homens e mulheres e todos os princípios da justiça listados na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Em vez de garantir um mundo mais seguro, a repetida violação de direitos humanos, pelo governo dos EUA e seus agentes em todo o mundo, só faz afastar dos EUA seus aliados tradicionais; e une, contra os EUA, inimigos históricos.
Como cidadãos norte-americanos preocupados, temos de convencer Washington a mudar de curso, para recuperar a liderança moral que nos orgulhamos de ter, no campo dos direitos humanos. Os EUA não foram o que foram por terem ajudado a apagar as leis que preservam direitos humanos essenciais. Fomos o que fomos, porque, então, andávamos na direção exatamente oposta à que hoje trilhamos.
Tradução: Vila Vudu
Artigo de Jimmy Carter, Prêmio Nobel, 39º presidente dos EUA
Fonte: navalbrasil.com

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