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quarta-feira, 16 de março de 2022

Sobre a Predestinação dos santos, de Santo Agostinho (por Leandro Bachega)

 

Resumo

O presente artigo pretende expor o contexto em que foram escritas as obras De praedestinatione sanctorum e De dono prerseverantiae (429), de autoria de Agostinho, bispo de Hipona (354-430), bem como analisar brevemente seu conteúdo. Os monges franceses Próspero e Hilário, preocupados com o avanço do semipelagianismo oriundo do mosteiro de João Cassiano, em Marselha, pedem ao bispo de Hipona um esclarecimento acerca da doutrina da salvação, do papel de Deus e do homem no processo em direção à fé, e explicações a respeito das capacidades humanas, após a Queda, sobre o conhecimento de Deus. A origem da questão, no entanto, era ainda consequência dos embates entre Pelágio e Agostinho, e continuava a desafiar o trabalho do bispo africano.

Palavras-chave: Pelagianismo; liberdade; graça; pecado original; semipelagianismo; predestinação.

Contexto histórico

Pelágio (360-418) foi um cristão leigo britânico, conhecido por seu zelo em relação à vida e conduta cristãs. Mudou-se para Roma no mesmo período em que Agostinho também se dirigia para a Itália, mas, ao contrário deste, permaneceu por cerca de 30 anos na capital do Império, até que o saque de Alarico à Roma e as constantes invasões subsequentes forçaram Pelágio e outros a fugirem da região. O religioso britânico primeiro desembarcou na África, passando por Cartago e pela Hipona de Agostinho, tendo finalmente se fixado em Jerusalém, junto com seu discípulo Celéstio.

A teologia de Pelágio afirmava que os homens eram capazes, por si mesmos, de resistir às tentações e levar uma vida santa. Era radicalmente oposta ao conceito da Queda[1] como condição que teria alastrado o pecado original por toda a humanidade, e que impedia a vontade humana acerca do início da fé (a esse respeito, não estava sozinho: a ideia do pecado original também não era aceita pela maior parte da igreja oriental[2]). Segundo sua doutrina, Adão havia sido criado mortal, e, portanto, este não morreu por conta de sua desobediência. Além disso, se as almas tinham origem no próprio Deus, no momento do nascimento de um ser humano, não seria correto afirmar que esta nova alma já viesse do seio divino contaminada pelo mal.

Da negação do pecado original, as demais doutrinas de Pelágio eram uma consequência lógica: enfatizavam firmemente o livre-arbítrio humano e que a “graça dependia, em parte, de um atributo natural da pessoa, em parte, da revelação da vontade de Deus através da lei”[3]. Graça, para Pelágio, era a liberdade humana e a lei divina: a possibilidade de decisão, diante da verdade cristã, dependia completamente do homem, não sendo necessária nenhuma intervenção divina anterior, e, se o homem cometia pecado, era por influência da sociedade corrompida, e não resultado de sua própria vontade degenerada.

Durante sua estada em Roma, Pelágio – “levado à ira por uma cristandade inerte, que se desculpava alegando fragilidade da carne e a impossibilidade do cumprimento dos mandamentos opressivos de Deus”[4] –, ficou incomodado com a indiferença dos cristãos em relação à pureza de suas vidas e, intrigado, passou a pesquisar o motivo da situação de descaso com a santidade da igreja. Quando leu a seguinte oração de Agostinho, nas Confissões (escritas a partir de 397), entendeu ter encontrado o motivo de tanto desdém por parte dos cristãos:

Mas toda a minha esperança está em tua misericórdia, sobremaneira grande. Concede o que ordenas, e ordenas o que queres. Prescreveste-nos a continência. E, quando percebi, disse alguém, que ninguém pode ser continente, se Deus não lho der, isso mesmo também era sabedoria, saber de quem vinha esse dom.[5]

Pelágio questiona a petição de Agostinho, pois não considerava que fosse necessária uma graça especial para que Deus capacitasse o homem a obedecer aos mandamentos. E, se Agostinho dizia que o pecado é inevitável, por que haveria o homem de ser responsabilizado por cometê-lo? Esse tipo de raciocínio estaria levando os cristãos a viverem uma vida devassa, uma vez que, se (entendiam que) não haviam sido tocados por Deus para a vida santa, por que se preocupariam em vivê-la, uma vez que isso lhes seria impossível? Pelágio não pensava da mesma forma: segundo o monge britânico, uma vez que as Escrituras requerem das pessoas que creiam, se arrependam e sigam os mandamentos, seria consequentemente lógico que essas mesmas pessoas tivessem a capacidade, por si mesmas, de responder aos preceitos do evangelho. Como vimos, Pelágio entendia por graça os dons já dados por Deus ao homem no momento de sua criação, ou seja, o livre-arbítrio, a razão, as Escrituras, dons que são oferecidos a todos os homens. Portanto, de acordo com Pelágio,

Se Deus ordena que as pessoas creiam em Cristo, então elas devem ter o poder de crer em Cristo sem a ajuda da graça. Se Deus ordena que os pecadores se arrependam, eles devem ter a habilidade de se inclinarem para obedecerem ao comando. A obediência não precisa, de forma alguma, ser “concedida”.[6]

Pelágio defendia três aspectos que eram inerentes à natureza humana: o poder (posse), oriundo de Deus; o querer (velle); e o realizar (esse) – sendo os dois últimos próprios do homem. Não aceitando a concepção do pecado original, Pelágio acreditava que a liberdade da vontade humana era o seu principal e supremo bem, a partir do qual o homem poderia prestar um culto voluntário a Deus. Essa mesma vontade poderia pender, a qualquer momento e igualmente, para o bem ou para o mal, sem que houvesse uma inclinação anterior e inerente para um dos lados: quando pecam, os homens são levados por influência de terceiros ou de demônios, mas o pecado, segundo Pelágio, era inclusive evitável.

Em Roma, a doutrina pelagiana pouco chamou atenção como heresia; na verdade, seu autor era um mestre reconhecido, e mesmo Agostinho havia tecido elogios a alguns de seus escritos[7]. A crise teve início quando Celéstio, discípulo de Pelágio, questionou o valor do batismo infantil em meio aos debates correntes em Cartago: calcado na doutrina de seu mestre, Celéstio negou que as águas batismais tivessem a função de perdoar ou transmitir a graça divina às crianças, uma vez que, acreditava, o homem nascia sem qualquer tipo de culpa intrínseca ou herdada de Adão. Teve frustrada sua tentativa de tornar-se sacerdote, sendo denunciado como propagador de heresia pelo sínodo realizado em Cartago entre 411 e 412. Juntamente com outros cinco bispos, Agostinho enviou um relatório a respeito da doutrina pelagiana ao papa Inocêncio I, que, apoiado pela decisão do Concílio de Cartago (417), condena Pelágio e Celéstio por heresia[8]. Pouco mais tarde, em sua obra De gratia Christi et de peccato originali (Sobre a graça de Cristo e o pecado original) (418)[9], Agostinho expôs os ensinos e contradições de Pelágio e Celéstio.

A resposta de Agostinho se fez, primeiramente, pela defesa do pecado original e pela incapacidade (por consequência da Queda) da vontade humana de dirigir-se voluntariamente em direção a Deus. Essa abordagem pode ser vista tanto na leitura que Agostinho faz dos textos bíblicos – principalmente dos escritos paulinos – quanto em sua própria experiencia de conversão (“[…] via a lei sem poder cumpri-la. E não apenas viu a lei, mas viu a lei cumprida sob seus olhos por outros, enquanto, com toda sua alma desejando imitá-los, foi necessário confessar-se incapaz”)[10], na qual Agostinho aparece relutante, descrente, até ser convencido pelos sermões de Anselmo e pela profunda angústia que sentia, aplacada somente no momento em que se entrega ao chamado divino.

Se a vontade humana está condenada e é incapaz de, por meios próprios, buscar o auxílio divino, deduz Agostinho, o livre-arbítrio[11] é irreal: o otimismo pelagiano é aqui substituído por um pessimismo[12] em relação às capacidades e intenções do homem. Com isso, Agostinho concebe a graça como a intervenção de Deus na vontade humana, que é regenerada e passa a desejar, crer e obedecer aos mandamentos divinos. Por conseguinte, a vontade restaurada, a razão dirigida e a capacidade para observar os mandamentos divinos são todos frutos diretos da graça de Deus. Em uma de suas cartas, o bispo de Hipona deixa clara a sua opinião a respeito da intervenção divina como único acesso a Cristo:

Qual homem, refletindo sobre sua fraqueza, ousaria atribuir sua castidade e inocência às suas próprias forças, amando-te menos, como se não lhe fosse tão necessária sua misericórdia, pela qual redimes os pecados a quem se converte a ti? Não me despreze, pois, quem, chamado por ti, seguiu tua voz e evitou os pecados que lê em minhas lembranças e confissões (…)[13]

Outra questão trazida por Agostinho – implícita no trecho acima – é a predestinação dos santos. Se é Deus quem regenera a vontade dos homens e os chama para si, mas nem todos apresentam a inclinação para a beata vita, a conclusão é a de que Deus escolhe aqueles a quem concederá graça, sem nenhuma condição prévia senão a misteriosa vontade divina. Se todos os homens nascem em condição de pecado, e isso os separa da santidade de Deus, a condenação eterna é a aplicação da justiça divina; contudo, àqueles que foram escolhidos, Deus concede misericórdia:

Esta é a predestinação dos santos e não outra coisa, ou seja, a presciência de Deus e a preparação dos seus favores, com os quais alcançam a libertação todos os que são libertados. Os demais, porém, por um justo juízo divino, são abandonados na massa da perdição, onde foram abandonados os tírios e os sidônios, os quais também poderiam crer, se tivessem presenciado os maravilhosos sinais de Cristo. Mas como não lhes foi dado crer, foi-lhes negada a motivação da fé.[14]

Agostinho explicitou sua polêmica posição em diversas obras e cartas, principalmente após a controvérsia com Pelágio e a avaliação da igreja. Contudo, suas doutrinas não haviam sido totalmente aceitas pelo clero cristão, mesmo depois da condenação do pelagianismo pelo poder central. No norte da África, foi necessário que Agostinho escrevesse cartas ao mosteiro de Hadrumeto, próximo a Cartago, para esclarecer seu posicionamento, pois o conceito de predestinação trouxe dúvidas a muitos cristãos. O conjunto de cartas é hoje conhecido como a obra De gratia et libero arbítrio (A graça e a liberdade), de 427, e os questionamentos se referiam à liberdade humana, à eleição divina, ao papel da graça, e como tudo isso se relacionava na salvação dos homens.

No entanto, de todos os seus escritos a respeito da eleição divina, De praedestinatione sanctorum (Sobre a predestinação dos santos) e De dono prerseverantiae (Sobre o dom da perseverança), ambos de 429, são os que mais oferecem explicações a respeito do assunto – e também as últimas publicações do bispo de Hipona. Os livros foram escritos a pedido de dois monges franceses, Próspero e Hilário, em reação à disseminação do pelagianismo em um monastério em Marselha, onde o monge João Cassiano (considerado o precursor do monasticismo ocidental) procurava equilibrar as doutrinas de Agostinho com a pregação de Pelágio, defendendo que, embora os homens fossem carentes da graça divina, caberia ao indivíduo o passo em direção a Deus, em direção à conversão – a graça seria útil na evolução da vida cristã, mas não caberia a ela a iniciativa da fé. Essa posição ficou conhecida como semipelagianismo, dada a sua proximidade com o pensamento de Pelágio.

A disputatio entre semipelagianos e agostinianos não acabou com os escritos de Agostinho. O bispo italiano Juliano de Eclano deu continuidade à polêmica, posicionando-se, desde o início, a favor de Pelágio e debatendo com um Agostinho idoso e preocupado com a invasão de Hipona pelos vândalos; ele morreria em 430, com uma resposta inacabada a Juliano. A discussão teológica, porém, continuou viva no seio da igreja até o Concílio de Orange, em 529, quando o semipelagianismo foi finalmente condenado como heresia, embora a Igreja Católica nunca tenha aderido à totalidade das doutrinas defendidas por Agostinho.

Análise das obras

A predestinação dos santos conserva teor pastoral e teológico. Nela, Agostinho procura esclarecer importantes doutrinas da fé cristã, que àquela altura da vida da igreja, ainda estavam em formação. O bispo começa dizendo que havia tratado muitas daquelas questões em escritos anteriores, mas atende aos irmãos de fé franceses, detalhando a forma como entendia a ação divina na salvação humana. Essas explicações são ricamente baseadas em suas interpretações de passagens da Bíblia – principalmente das epístolas paulinas –, e do pensamento de grandes vultos do passado recente da igreja (como Santo Ambrósio e São Cipriano de Cartago).

Durante a obra, Agostinho esclarece pontos de interesse teológico – tais como a diferença entre predestinação e graça, a natureza da fé, o destino das crianças que morrem sem o batismo[15]–, interpreta passagens das Escrituras a partir de sua exegese e reafirma como tudo o que há de bom na vida do cristão é oriundo da graça divina – e não de méritos, ou de boas ações que, por presciência, Deus saiba que o crente fará. Agostinho faz ainda um mea culpa por, no passado, ter pensado e escrito de forma semelhante a seus adversários, como já havia registrado em suas Retratações.

A primeira preocupação de Agostinho é esclarecer como se dá o princípio da fé. O bispo de Hipona reafirma a incapacidade da vontade humana para que se dirigisse a Deus (ou ao bem), e que Deus escolhe incondicionalmente homens e mulheres, a quem concede a graça. Os escolhidos têm, então, suas vontades regeneradas, tornando-se capazes de escolher a verdade e agir de acordo com ela, ou seja, a vida convertida a Cristo e a consequente salvação após a morte. A fé, portanto, é um dom de Deus, dada sem nenhum merecimento prévio por parte do indivíduo[16], contrariamente à crença pelagiana de que “a graça de Deus é-nos concedida de acordo com nossos méritos”[17].

É importante salientar aqui como a epistemologia agostiniana tem impacto sobre sua teologia. A razão tem um papel fundamental na busca pela verdade (isto é, Deus); no entanto, Agostinho estabelecerá seu alcance. Ela pode e deve investigar e deduzir a verdade, mas aí repousa seu limite. Mesmo os filósofos pagãos, desprovidos de fé, intuíram, e todos os homens podem, por meio da investigação racional, chegar à conclusão da existência de Deus, sem que com isso creiam: a verdade é um dado revelado (por meio da fé), e sua posse resulta não somente em um conhecimento, mera especulação filosófica, mas em uma vivência e conversão.

Quem não vê que primeiro é pensar e depois crer? Ninguém acredita em algo, se antes não pensa no que há de crer. Embora certos pensamentos precedam de um modo instantâneo e rápido a vontade de crer, e esta vem em seguida e é quase simultânea ao pensamento, é mister que os objetos da fé recebam acolhida depois de terem sido pensados. Assim acontece, embora o ato de crer nada mais seja que pensar com assentimento. Pois, nem todo o que pensa, crê, havendo muitos que pensam, mas não creem; mas todo aquele que crê, pensa, e pensando crê e crê pensando.[18]

A filosofia agostiniana está intimamente ligada à sua vida, descrita em detalhes por ele mesmo, na primeira autobiografia da história, o livro Confissões. Sua intenção era alcançar a sabedoria, e, nesse intento, enveredou-se por algumas doutrinas populares em sua época. No cristianismo, Agostinho descobre que a verdade está atrelada à beata vita, à beatitude e vida feliz, e que é alcançada mediante uma graça divina especial que restaura o querer humano, corrompido pelo pecado e inclinado somente ao mal. A vontade de crer, da qual Agostinho fala, é o caminho que leva do limite da razão e intelecção (o pensar) à verdade propriamente dita.

Quanto ao conceito de graça, embora Agostinho não nos dê uma definição exaustiva, parece querer explicar toda boa dádiva que Deus dá aos homens, “a presença e o poder divino atuante e, consequentemente, presente no mundo”[19]. Estabelece uma diferenciação entre a “graça que distingue os bons dos maus, não a que é comum aos bons e aos maus”, reconhecendo que mesmo eleitos recebem dádivas divinas, como os bens da terra, a saúde, e são beneficiados por uma ordem moral que ainda habita os homens, a despeito de sua condição corrompida: “deixado a si mesmo, o homem possuiria propriamente apenas o poder de fazer o mal, a mentira e o pecado”.[20] Contudo, devido à graça de Deus,

Permanece no homem (…) um pensamento que, embora entrevado, continua capaz de conhecer o verdadeiro e de amar o bem, ao adquirir progressivamente, por um exercício lento, as artes, as ciências e as virtudes; porque há virtudes naturais mesmo no homem decaído. Alguns romanos, por exemplo, fizeram prova de força, de temperança, de justiça ou de prudência[21]. É necessário ver nisso igualmente vestígios de uma ordem destruída, ruínas cuja subsistência torna possível uma restauração e que Deus conserva com esse fim; em todo caso, quer se trate de um resto de disposição habitual à virtude ou de uma força excepcional para executar um ato heroico, elas são um dom de Deus no homem que as realiza ou que as testemunha.[22]

O tema que perpassa a discussão e as obras, além da graça, é a liberdade, e a base de cada uma das posições está em sua antropologia. Agostinho propõe uma humanidade cujas capacidades intelectivas e volitivas foram comprometidas. Se, em seu estado de natureza, o homem podia não pecar (pois possuía um livre-arbítrio íntegro, conforme Deus o criara), após a Queda, sua natureza corrompida o forçava a não poder não pecar; uma vez agraciado com a fé, o homem não pode pecar, pois Deus o esclarece a respeito do bem e do mal, e o ajuda a guardar-se do último[23].

É disso que trata o livro Sobre o dom da perseverança, obra que complementa Sobre a predestinação dos santos, ainda respondendo àqueles que defendiam ser o homem capaz tanto de iniciar a sua fé, quanto de manter-se nela. Segundo Agostinho, quando um indivíduo é eleito, Deus garante, também por meio de sua graça, que o crente permaneça em uma vida pia e santa, ou seja, que persevere no cumprimento da vontade de Deus, revelada nas Escrituras. A seus opositores, o bispo de Hipona demonstra, por meio da oração de Cristo, como a perseverança é um dom que os cristãos pedem a Deus (“e não nos exponhas à tentação, mas livra-nos do Maligno”), afirma que a pregação do evangelho não é invalidada por causa da predestinação, nem leva o cristão a um estado de estagnação espiritual.

Conclusão

A ideia de graça, de predestinação e de incapacidade humana para dirigir-se a Deus, tal qual Agostinho escreveu, não é plenamente aceita pela Igreja Católica[24]. Os herdeiros mais diretos das doutrinas agostinianas foram Lutero e Calvino[25], e, posteriormente, o movimento jansenista. No entanto, em recentes publicações, os dois últimos papas citam os perigos do pelagianismo para a vida cristã. O Papa emérito Bento XVI fala do “pelagianismo dos piedosos” em sua obra Guardare Cristo: esempi di fede, speranza e carità, de 2009, e critica religiosos que buscam justificação por meio de suas obras de caridade. Já o Papa Francisco alertou recentemente para os perigos do neopelagianismo:

“Prolifera em nossos tempos um neopelagianismo em que o homem, radicalmente autônomo, pretende salvar-se a si mesmo sem reconhecer que ele depende, no mais profundo do seu ser, de Deus e dos outros. A salvação é então confiada às forças do indivíduo ou a estruturas meramente humanas, incapazes de acolher a novidade do Espírito de Deus”.[26]

O homem contemporâneo acredita em sua autossuficiência, ao mesmo tempo em que se sente sozinho, cegado por um otimismo pelagiano. O historiador Michael Oakeshott fala de um estilo de política “pelagiano”, que procura a salvação na terra por meio de uma possível e progressiva perfeição da humanidade, através de seu próprio esforço[27]. Agostinho, por outro lado, apadrinha aqueles que nutrem reservas em relação ao homem, às suas capacidades. Diz o verso bíblico que é “maldito o homem que confia no homem”[28]; o bispo de Hipona acreditava tanto nisso que começou as suspeitas a partir de seu próprio eu.

Bibliografia

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GILSON, Etienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. Tradução de Cristiane Negreiros Ayoub. São Paulo: Paulus, 2006.

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LIMA VAZ, Henrique Cláudio de. Antropologia Filosófica I. São Paulo: Loyola, 2011.

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OLSON, Roger. E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reforma. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 2001.

SPANNEUT, Michel. Os padres da igreja: séculos IV-VIII. Tradução de João Paixão Netto. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

SPROUL. R. C. Sola Gratia: o debate sobre o livre-arbítrio na história. Tradução de Mauro Meister. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001.


[1] Segundo a doutrina do pecado original, após o pecado de Adão, todos os seus descendentes tiveram a vontade corrompida. Adão tinha liberdade na vontade para pecar ou evitar o pecado, mas, após sua Queda em pecado, ele e seus descendentes passaram a ser escravos de uma vontade sempre enviesada para o mal e, principalmente, incapaz de dirigir-se (querer) a Deus.

[2] “(…) toda a igreja oriental mantinha um conceito essencialmente sinergístico do relacionamento entre Deus e os seres humanos na salvação, no qual a graça exercia o papel de destaque, mas a decisão e esforço humanos deviam cooperar com a graça para resultar na salvação”. OLSON, Roger. E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reforma. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 2001, pg. 286.

[3] Idem, pg. 272.

[4] HARNACK, Adolph. History of dogma. New York: Dover, 1961, pg. 174.

[5] AGOSTINHO. Confissões. Tradução de Lorenzo Mammì. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2017, pg. 278.

[6] SPROUL. R. C. Sola Gratia: o debate sobre o livre-arbítrio na história. Tradução de Mauro Meister. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, pg. 30.

[7] “Agostinho sempre rendeu belos tributos às exortações de Pelágio: elas se destacavam por ser ‘bem redigidas e diretas’, por sua ‘facundia’ (eloquência) e sua ‘acrimonia’ (acidez)”. BROWN, Peter. Santo Agostinho: uma biografia. Rio de Janeiro: Record, 2017, p. 426.

[8] Mais tarde, o papa Zósimo, que substitui Inocêncio, revoga a condenação de Pelágio e Celéstio; contudo, tempos depois, Zósimo cede à pressão dos bispos africanos (que apelaram ao imperador Honório) e volta atrás em sua decisão. Agostinho insistiu que Zósimo enviasse às igrejas do ocidente e do oriente um documento (chamado Epistula tractoria) que condenasse os pelagianos. BETTERSON, H. Documentos da igreja cristã. São Paulo: ASTE, 2001.; MCBRIEN, Richard P. Os papas: os pontífices de São Pedro a João Paulo II. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

[9] Outras obras de Agostinho que tratam da questão pelagiana são Do Espírito e da letra (412), Da natureza e da graça (415) e Da graça e do livre-arbítrio (427).

[10] GILSON, Etienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. Trad. Ayoub, C. N. A. São Paulo: Paulus, 2006, p. 300.

[11] No entanto, nem sempre Agostinho pensou assim. Em sua obra O livre-arbítrio (388), Agostinho admitiu que o homem possui livre-arbítrio e capacidade para buscar a Deus de forma voluntária (sinergismo); posteriormente, reconhece o equívoco e passa a abordar toda a conversão como fato iniciado e consumado por Deus (monergismo).

[12] Lima Vaz reforça o impacto da obra epistolar paulina e demais Escrituras como fundamentais para a compreensão de Agostinho acerca do pecado original, recusando as acusações de influência maniqueísta em seu pensamento: “Alguns críticos quiseram ver nos traços pessimistas da visão agostiniana do homem uma influência persistente do maniqueísmo ao qual Agostinho aderiu em sua juventude. Essa interpretação, no entanto, é dificilmente aceitável, em primeiro lugar pelo caráter radical da crítica a que Agostinho submeteu a doutrina maniqueísta e, em segundo lugar, pelo fato de que o pessimismo em Agostinho não tem nenhum resquício dualista, pois envolve o homem todo, sendo igualmente o homem todo objeto do desígnio e da ação salvífica de Deus”. LIMA VAZ, Henrique Cláudio de. Antropologia Filosófica I. São Paulo: Loyola, 2011, p. 67.

[13] AGOSTINHO. Confissões. Tradução de Lorenzo Mammì. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2017, pg. 69.

[14] AGOSTINHO. De praedestinatione sanctorum. XIV, 35.

[15] Segundo Agostinho, toda a descendência de Adão foi contaminada pelo pecado, e isso naturalmente não exclui as crianças, que já nascem propensas ao pecado (Confissões, I, 7; A natureza e a graça, VIII, 9). O batismo, contudo, é um meio de graça para perdão de pecados. Agostinho entendia que o batismo, ministrado pela igreja, era a ação que removia os pecados do convertido, assim como das crianças. Portanto, entendia, as crianças batizadas antes da morte eram salvas.

[16] Aqui, Agostinho ecoa fortemente a passagem da epístola de São Paulo aos Efésios 2.8,9: “Pela graça fostes salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus: não vem das obras, para que ninguém se encha de orgulho”, entre outras, que permeiam toda a obra.

[17] AGOSTINHO. De praedestinatione sanctorum. II, 3.

[18] Idem, p. 153.

[19] FITZGERALD, Allan (Org.). Agostinho através dos tempos. Tradução de Cristiane Negreiros Ayoub, Heres Drian de O. Freitas. São Paulo: Paulus, 2018, p. 463.

[20] GILSON, Etienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. Tradução de Cristiane Negreiros Ayoub. São Paulo: Paulus, 2006, p. 288.

[21] Etienne Gilson se refere aqui às “quatro virtudes cardeais gregas”, as quais Agostinho converteu em virtudes morais cristãs. Ver COSTA, M. R. N. Introdução ao pensamento ético-político de santo Agostinho. São Paulo: Loyola, 2009, p. 67.

[22] GILSON, Etienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. Tradução de Cristiane Negreiros Ayoub. São Paulo: Paulus, 2006, p. 287, 288.

[23] Conforme Agostinho em sua obra A correção e a graça, cap. 33. AGOSTINHO. A Graça II. São Paulo: Paulus, 2002, p. 119.

[24] “Tanto Lutero quanto Jansênio hauriram honestamente de sua obra a maioria de suas teses, e a Igreja Católica jamais fez seu cada pormenor de cada obra de Agostinho. Mas continua sendo verdade que esse doutor deu à graça um lugar central no cristianismo ocidental e que é o maior especialista nesse assunto em toda a história da teologia antiga”. SPANNEUT, Michel. Os padres da igreja: séculos IV-VIII. Tradução de João Paixão Netto. São Paulo: Edições Loyola, 2002, pg. 219, 220.

[25] Martinho Lutero era um monge agostiniano, e Agostinho foi o autor mais citado pelo teólogo João Calvino em seus escritos.

[26] Disponível em: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20180222_placuit-deo_po.html#_ftn5. Consulta em 10/04/2020.

[27] OAKESHOTT, Michael. A política da fé e a política do ceticismo. Tradução de Daniel Lena Marchiori Neto. São Paulo: É Realizações, 2018.

[28] Jeremias 17.5.

 

Artigo publicado originalmente em: https://offlattes.com/archives/6078

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Riquelme revela telefonema do Santos e já fala em parceria com Neymar

Riquelme afirmou que esteve próximo de jogar no Brasil após perder a Libertadores
Riquelme afirmou que esteve próximo de jogar no Brasil após perder a Libertadores


Do Uol Esportes


O meia argentino Juan Román Riquelme participou na noite de terça-feira da gravação do Troféu Mesa Redonda, premiação promovida pela TV Gazeta, e falou sobre as sondagens que tem recebido do Brasil. Atualmente sem clube, o ex-camisa 10 do Boca Juniors revelou que o último telefonema foi do Santos.
“Agora na Argentina se fala muito no Santos. Até o momento, foram apenas sondagens por telefone e nada mais, agora precisamos ver se isso vai se concretizar”, declarou Riquelme ao programa Panorama Esportivo, da Rádio Globo.
O argentino já falou até em uma possível parceria com o grande astro do Santos e do futebol brasileiro: “Neymar é o grande jogador do momento, junto com Messi, Iniesta, Cristiano Ronaldo, são os melhores. Jogar com jogadores desta categoria é sempre um prazer, se tiver a sorte de conseguir trabalhar com eles vou aproveitar muito”.
Riquelme lembrou que também recebeu sondagens de outros clubes brasileiros, como Grêmio, Flamengo e Cruzeiro. “Estive muito próximo de ir ao futebol brasileiro depois da final contra o Corinthians [pela Libertadores] e jogar no Cruzeiro, pelos contatos com Sorín. Também tenho que agradecer ao pessoal do Flamengo, que sempre tenta me convencer a jogar no Brasil, mas preciso ver”.
“O presidente do Boca Juniors não queria que eu fosse, agora vamos ver se tem propostas de clubes brasileiros para ver se eu jogo no Brasil algum dia. O futebol brasileiro tem crescido muito, todas as muitas equipes com grandes jogadores, agora que o Mundial está chegando está ficando tudo mais lindo, e veremos”, encerrou Riquelme. 
Nas redes sociais, o irmão do meia, Cristian Riquelme, alimentou outra especulação, desta vez envolvendo o Atlético-MG. Ele postou em seu Twitter uma foto do jogador argentino ao lado de Ronaldinho Gaúcho, e expressou seu desejo de vê-los jogar juntos.

domingo, 8 de julho de 2012

Em atrito, Ganso fica perto de adeus; Inter ou Itália são destinos

Ganso recusou nova proposta de renovação contratual e ainda desdenhou do acordo oferecido. Foto: Adriano Lima/Terra

Ganso recusou nova proposta de renovação contratual e ainda desdenhou do acordo oferecido
Foto: Adriano Lima/Terra


DIEGO GARCIA
Direto de São Paulo
O meio-campista Paulo Henrique Ganso não deve mais defender o Santos. O camisa 10 entrou em novo atrito com a diretoria nos últimos dias, ao recusar nova proposta de renovação contratual e ainda desdenhar do acordo oferecido, e afirmou a pessoas próximas que não joga mais pelo clube. O Internacional e um clube da Itália já entraram em contato com o atleta.
Ganso não entrará em campo neste domingo, contra o Grêmio, pois está liberado para cuidar do condicionamento físico para se juntar à Seleção Brasileira nesta segunda, visando os Jogos Olímpicos de Londres. Mas, mesmo que estivesse apto, o Terra apurou que ele disse a pessoas próximas que não entraria em campo com a camisa alvinegra contra a equipe gaúcha.
O camisa 10 está insatisfeito há algum tempo. Sem aumento há um ano, Ganso rejeitou todas as investidas de renovação com o Santos, incluindo a última proposta há alguns dias. Além disso, conforme verificou a reportagem, o atleta disse a amigos que não defenderá mais a equipe da Vila Belmiro.
O jogador está em negociações, atualmente, com dois times: Inter e um clube italiano, que ainda segue em sigilo. Mas Ganso, segundo fontes próximas, deseja atuar no futebol europeu, apesar de ter aprovado a quantia oferecida pela equipe de Porto Alegre - ele chegaria para compensar a iminente saída de Oscar. Os direitos de Paulo Henrique estão divididos entre Grupo Sonda (55%) e Santos (45%).
O Santos ainda desconversa, mas o clima nos bastidores da Vila Belmiro é de incerteza. O próprio Ganso já teria avisado que não quer mais jogar pelo clube, e gerou sentimentos de lamentação e alívio - há diretores que desejam o adeus do meia, que desde o ano passado forçaria tal saída.
Em contato com a reportagem, o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro não quis falar sobre o tema. "Estou em recesso, por isso não falo sobre transferências para não alimentar as especulações", afirmou o presidente, que, ao ser questionado se ficaria surpreso com o adeus de Ganso ao voltar do recesso, respondeu: "se eu responder isso estaria alimentando algo".
Vale lembrar que, em 2011, o meia foi especulado em diversos times grandes do Brasil. O atleta chegou a, inclusive, aceitar proposta do Corinthians, mas acabou desistindo depois de ver a repercussão negativa que uma ida ao arquirrival poderia gerar. O Inter também tentou a contratação, mas Luis Alvaro conversou com os clubes e pediu ética no caso, o que ajudou a aliviar os ânimos e manteve o meia na Vila.
Fonte: esportes.terra.com.br

domingo, 13 de maio de 2012

Santos vence, chega ao 20º título e é tricampeão paulista após 43 anos


Depois de 43 anos, o Santos volta a ser tricampeão paulista, consolidando a geração de Neymar com a sequência de títulos que nenhum outro clube do Estado conseguiu fazer desde então. Depois de superar Santo André em 2010 e Corinthians em 2011, o rival da vez foi o Guarani, que depois de perder o jogo de ida caiu também na volta: 4 a 2 para o Santos num Morumbi lotado.

O último tri remete ao time que fez história sob comando de Pelé, em série de conquistas em 1967-68-69. Depois, o Santos ainda conseguiu um bi em 2005-06, e agora volta a levantar três taças em série.

O título, o 20º da história, veio com dois gols de Alan Kardec e dois de Neymar. O centroavante abriu o placar no início do jogo, e Fabinho empatou logo na sequência. Neymar colocou o Santos na frente novamente, e Bruno Mendes deixou tudo igual. Na segunda etapa, mais um de Neymar, o 20º dele no Paulista, e outro de Kardec, para confirmar o tri.


Clique no player para assistir aos gols da partida!
O jogo

O Santos ignorou a vantagem que obteve pela vitória no primeiro jogo da decisão e começou em ritmo intenso a partida deste domingo. Assim, logo no primeiro minuto, Neymar dominou na intermediária e rolou na direita para Elano chegar em velocidade na área e tocar rasteiro para o outro lado. O atacante Alan Kardec apareceu no lugar certo para estufar as redes.

Ciente de que não poderia se limitar a defender, o Guarani partiu para o ataque e conseguiu igualar o placar. Aos quatro, Bruno Recife avançou pela esquerda até a linha de fundo e chutou para o meio. Ao ver que Rafael não conseguiu afastar o perigo, Fabinho chutou para empatar o jogo. Imediatamente, o atacante pegou a bola e voltou ao meio-campo, gritando para o time: “Vamos, vamos”.

No entanto, o time de Campinas não teve tempo de respirar, pois, em seguida, o árbitro Paulo César de Oliveira assinalou pênalti, quando Fábio Bahia tocou a mão na bola em chute de Neymar. Desta forma, aos oito, o camisa 11 do Peixe cobrou no ângulo para recolocar o clube na frente.

Empurrado pelo apoio das arquibancadas, já que a ampla maioria dos torcedores era santista, o time de Muricy Ramalho seguiu apostando na qualidade de seu principal jogador. Neymar fez jogada individual e fez a assistência na direita para Alan Kardec, que chutou, mas a bola desviou na defesa e se perdeu pela linha de fundo.

Para equilibrar a partida, o Guarani adiantou sua marcação e respondeu com jogadas em velocidade. Aos 16, Fabinho correu com a bola pela esquerda e cruzou rasteiro. Durval furou feio, deixando a bola passar por entre suas pernas, e o atacante Bruno Mendes dominou tranquilo para chutar para as redes.

A torcida do interior quase não pôde comemorar o empate, já que, na hora do gol, vários bugrinos brigavam com policiais no setor de arquibancada destinado ao Guarani. Em campo, o Santos perdeu espaço na frente, pois Neymar foi pouco acionado por cerca de dez minutos. O time do litoral só voltou a ameaçar quando a Joia recebeu na área e chutou forte, exigindo defesa de Emerson.

No entanto, o Guarani deu sua resposta, pois Medina dominou na entrada da área e bateu forte, obrigando Rafael a espalmar para o meio da área. Bruno Mendes surgiu livre para cabecear no rebote, mas nas mãos do goleiro santista. Com Ganso apagado, coube a Neymar sozinho a iniciativa na frente, pela esquerda, batendo na rede pelo lado de fora.

Depois do intervalo, o Santos exibiu outra postura. Ganso recebeu na intermediária e chutou muito perto da trave. Com mais disposição de trocar passes na frente, o Peixe freou o desejo do Guarani de atacar.

Convicta de que o título estava assegurado, a torcida alvinegra começou a cantar “vamos ser tri, Santos”, antes mesmo dos 15 minutos da etapa. Ao constatar a queda de rendimento de sua equipe, Vadão tirou o meia Medina para a entrada de Max Pardalzinho.

Mesmo assim, o Peixe continuou mais perigoso e, depois de cobrança de escanteio, Neymar pegou o rebote na entrada da área, dominou no peito e chutou rasteiro, fraco, facilitando para o goleiro. Aos 23, Elano recebeu na marca do pênalti e concluiu no canto, mas o goleiro saltou para segurar.

Do outro lado, o Guarani avisou ao Santos que ainda poderia vencer o jogo, em cobrança de falta perigosa de Danilo Sacramento, defendida por Rafael, sem que ninguém aproveitasse o rebote.

Porém, o lance não assustou o Santos
, que marcou o terceiro gol, aos 26 minutos. Juan recebeu a bola pela esquerda, fez boa jogada individual na linha de fundo e rolou para trás. Neymar teve a tranquilidade necessária para chutar fora do alcance do goleiro.

A torcida santista emendou a comemoração do gol ao grito de “é campeão”. Os fogos de artifício ainda deixaram o gramado sob fumaça, mas nada que ofuscasse o brilho de Neymar, que comandou o Peixe em mais uma conquista. Nos acréscimos, ainda teve tempo para Alan Kardec driblar o goleiro e chutar para as redes.

FICHA TÉCNICA
SANTOS 4 X 2 GUARANI

Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP) 
Data: 13 de maio de 2012, domingo
Horário: 16 horas (de Brasília) 
Árbitro: Paulo César de Oliveira
Assistentes: Marcelo Carvalho Van Gasse e Vicente Romano Neto
Cartões amarelos: Neymar, Juan, Alan Kardec (Santos). Bruno Recife (Guarani) 
Público: 53.749
Renda: R$ 2.667.232,00
GOLS: SANTOS: Alan Kardec, a 1 minuto do primeiro tempo e aos 46 do segundo. Neymar, aos 8 minutos do primeiro tempo e aos 26 minutos do segundo tempo
GUARANI: Fabinho, aos 4, e Bruno Mendes, aos 16 minutos do primeiro tempo

SANTOS: Rafael; Henrique, Edu Dracena, Durval e Juan (Léo); Arouca, Ibson, Elano (Felipe Anderson) e Paulo Henrique Ganso; Neymar e Alan Kardec
Técnico: Muricy Ramalho

GUARANI: Emerson; Bruno Peres, Domingos, André Leone e Bruno Recife; Ewerton Páscoa (Thiaguinho), Fábio Bahia, Danilo Sacramento e Medina (Max Pardalzinho); Bruno Mendes (Ronaldo) e Fabinho
Técnico: Oswaldo Alvarez

sábado, 12 de maio de 2012

Neymar vê Barcelona cogitar contratação no meio do ano



Outro show do Santos e de Neymar e os jornais espanhóis já ficaram eufóricos com o jogador santista. Contudo, além dos elogios às jogadas do craque, desta vez também há uma informação: o jornal Mundo Deportivo informou que está crescendo a corrente no Barcelona dos que não querem esperar até 2014 pelo atleta.
De acordo com a publicação, a mudança de técnico do Barcelona, de Pep Guardiola para Tito Vilanova, e a ausência do título da Liga dos Campeões e do Campeonato Espanhol nesta temporada acenderam um sinal de alerta no clube.
Há três datas em jogo. O Peixe diz que Neymar fica pelo menos até a Copa do Mundo de 2014, quando acaba o seu contrato com o Santos. O Barça planejava contratá-lo no meio de 2013, mas agora já cogita uma transferência após a Olimpíada de Londres, em agosto.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Com precisão e talento, Santos elimina Kashiwa Reysol e vai à decisão

Kazuhiro Nogi/AFP Photo
O Santos não conseguiu envolver o aguerrido Kashiwa Reysol com dribles ou troca de passes, mas a precisão de Neymar, Borges e Danilo garantiu a vitória por 3 a 1 sobre os japoneses, nesta quarta-feira, em Toyota, e a vaga na decisão do Mundial de Clubes.

Apesar de dominar a posse de bola por mais tempo e marcar Neymar sempre de perto, o time asiático foi para o intervalo perdendo por 2 a 0. O próprio Neymar abriu o marcador com um chute colocado de fora da área que entrou no ângulo direito do goleiro Sugeno, aos 18. Cinco minutos depois, foi a vez de Borges marcar um golaço, em outro chute que entrou na gaveta. No segundo tempo, Sakai diminuiu de cabeça após um manjado, mas eficiente cruzamento de Jorge Wagner, mas Danilo, em cobrança de falta perfeita, definiu o resultado aos 17.

O Santos assistirá de camarote ao duelo desta quinta-feira, entre o espanhol Barcelona e o catariano Al Sadd, às 8h30 (de Brasília). Quem vencer disputará a final com os brasileiros, no domingo, no Estádio Internacional de Yokohama, também às 8h30. O derrotado jogará contra o Reysol, no mesmo dia, mas às 5h30, para resolver quem fica com o terceiro lugar.

O jogo
Guiado pelos brasileiros Jorge Wagner e Leandro Domingues e apostando quase sempre nas subidas do lateral-direito Sakai (que recusou proposta do Santos), o Kashiwa Reysol não se acovardou diante de um dos favoritos ao título do Mundial de Clubes. A equipe comandada por Nelsinho Baptista dominou a posse de bola, mas pecou ao não conseguir conter o talento do Peixe.

Neymar, sempre marcado de perto por dois ou mais adversários, foi quem teve a primeira chance. O lançamento de Arouca não foi tão preciso, mas Kondo se atrapalhou com a aproximação do camisa 11 alvinegro e deu um presente a ele, que acertou a trave direita de Sugeno, aos quatro minutos. Essa foi a tônica do primeiro tempo: o Kashiwa trocava passes improdutivos - muito porque Henrique e Arouca grudaram em Jorge Wagner e Leandro Domingues - e o Santos, em poucas chegadas, levava perigo.

Aos 18 minutos, Neymar justificou a fama que já tem no Japão. O craque do Santos foi preciso tanto no corte que deixou Otani no chão pela meia esquerda, quanto no chute de fora da área, com a canhota, que entrou no ângulo direito do goleiro. Gol que abalou o Reysol e abriu caminho para Borges, cinco minutos depois, receber passe de Durval, proteger de três marcadores de costas para o gol e girar para disparar um tiro forte da entrada da área, novamente no ângulo de Sugeno, dessa vez no esquerdo.

Após o baque, o time japonês voltou a controlar o ritmo do jogo. O Santos soube recuar para evitar que a pressão se tornasse insuportável e só tomou um susto até o fim da etapa inicial, em um chute forte de Leandro Domingues que Rafael defendeu com dificuldade. A etapa final começou diferente. Com Kitajima na vaga de Kudo, a equipe de Nelsinho reforçou o meio-campo, mas recuou. Aos cinco minutos, Neymar deu ótima enfiada para Danilo, que invadiu a área sem marcação e perdeu o gol ao chutar em cima do arqueiro rival.

O terceiro gol brasileiro parecia iminente, mas a bola parada de Jorge Wagner, tão comentada pelos santistas antes da partida, fez diferença. Foi após um escanteio cobrado pelo ex-são-paulino que Sakai subiu mais que Henrique para testar firme, diminuir a desvantagem de sua equipe e provocar reação de Muricy Ramalho, que logo trocou o apagado Elano por Alan Kardec.

A apreensão da torcida do Peixe durou pouco. Aos 17 minutos, Danilo cobrou falta que ele mesmo sofreu com muita perfeição e balançou as redes no canto esquerdo baixo de Sugeno, que nem se mexeu. A dancinha com Neymar na comemoração evidenciava o alívio que o tento deu ao time.

Logo depois do gol, Nelsinho Baptista colocou o rápido Sawa na vaga de Tanaka, que acertou a trave de Rafael em sua primeira finalização, aos 29. Os japoneses não desistiam e a última cartada foi a entrada de Hyodo no lugar de Hashimoto, aos 34. Simultaneamente, Muricy preenchia o meio-campo tirando Borges e colocando Ibson.

O Kashiwa ainda teve uma chance incrível, mas a precisão que sobrou ao Peixe faltou a Sawa, que chutou por cima mesmo com a meta escancarada à sua frente, aos 36. Três minutos depois, Ibson chutou de fora da área, mas o travessão impediu o golaço que transformaria a vitória alvinegra em goleada.

Ficha técnica
Santos 3 x 1 Kashiwa Reysol

Local:
 Toyota Stadium, em Toyota (Japão)
Data: 14 de dexembro de 2011, quarta-feira
Horário: 8h30 (de Brasília)
Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)
Assistentes: Renato Faverani e Andrea Stefani (ambos da Itália)
Cartões Amarelos: Leandro Domingues e Kurisawa (Kashiwa Reysol); Henrique (Santos)

Gols:
SANTOS: Neymar, aos 18, e Borges, aos 23 minutos do primeiro tempo; Danilo, aos 17 do segundo tempo.
KASHIWA REYSOL: Sakai, aos oito minutos do segundo tempo.

KASHIWA REYSOL: Sugeno; Kondo, Masushima, Hashimoto (Hyodo) e Sakai; Otani, Leandro Domingues, Jorge Wagner e Kurisawa; Tanaka (Sawa) e Kudo (Kitajima)
Técnico: Nelsinho Baptista

SANTOS: Rafael; Danilo (Bruno Aguiar), Edu Dracena, Bruno Rodrigo e Durval; Henrique, Arouca, Elano (Alan Kardec) e Ganso; Neymar e Borges (Ibson)
Técnico: Muricy Ramalho



Fonte: Superesportes

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