Mostrando postagens com marcador filosofia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador filosofia. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A FILOSOFIA NA OBRA MUSICAL DE BELCHIOR

 

 

Por Rogério Rocha


O modo como a crítica tentava classificar Antônio Carlos Belchior tendia a situá-lo basicamente no interior de dois grupos do cenário musical brasileiro. “O primeiro deles conhecido como “pessoal do Ceará” e que reunia os artistas que, a partir da década de 1970, chegaram ao mercado nacional, sobretudo quando migraram para o Rio de Janeiro e São Paulo. Dentre eles, figuras singulares como Fagner, Ednardo e Amelinha, tidos como seus principais expoentes. O outro grupo dizia respeito à tão propalada MPB, que agrupa artistas dos mais diversos gêneros musicais, todos ligados a uma apreciação valorativa positiva e elitizada da nossa música. Neste grupo encontram-se nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina e outros tantos.

 O compositor Belchior, em sua trajetória dentro da música brasileira, a bem da verdade, não estava (nem queria estar) ligado especificamente a nenhum grupo artístico. Dono de uma inteligência aguda, de um olhar crítico, sensível e profundo, criou um estilo próprio e marcante. Para isso, investiu em alguns interessantes procedimentos discursivos e estilísticos em suas composições, fazendo uso, inclusive, de certos recursos linguísticos que criaram interessantes contrapontos em diálogos polêmicos com músicas de outros compositores e cantores, como Raul Seixas e Caetano Veloso, por exemplo.

 Sua semelhança com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche ia muito além do vasto bigode, que os dois cultivaram a vida toda. Em que pese não a manifestar explicitamente, Belchior certamente sofreu muita influência de alguns dos principais conceitos nietzschianos, dentre os quais as noções de vontade de poder, moral de rebanho, eterno retorno do mesmo e, principalmente, de sua crítica ao mundo idealizado. A relação fica bem mais evidenciada quando analisamos detidamente as letras do cearense.

 Para o filósofo alemão, o juízo moral tem em comum com o juízo religioso o fato de crer em realidades que não existem. Ou seja, no entendimento dele, criamos, com isso, um mundo demasiadamente idealizado que, por outro lado, acaba por negar o mundo real.

 Essencialmente realista e vitalista, o cearense Belchior, na mesma linha das ideias defendidas por Friedrich Nietzsche, via a experiência com a realidade como o verdadeiro espaço da emancipação do ser humano. Vemos isso em “A palo seco”, por exemplo, quando diz: Se você vier me perguntar por onde andei no tempo em que você sonhava, de olhos abertos, lhe direi: amigo, eu me desesperava. ” Um pé no chão que reaparece também em “Alucinação”, à base de afirmações como: “Eu não estou interessado em nenhuma teoria, nem nessas coisas do Oriente, romances astrais... A minha alucinação é suportar o dia-a-dia e meu delírio é experiência com coisas reais. ”

 Em sua obra, portanto, temos a arte como uma das vias de emancipação humana, ou seja, um instrumento para a libertação dos sentidos que possibilitaria a vivência de coisas novas, cravadas no cotidiano, cantado e contado em suas belas músicas. Na mesma perspectiva, Nietzsche pensava a beleza da arte como um estímulo à fruição da vida. Afirmava que ela só era possível com a manifestação da vontade de potência dos sentidos fisiológicos. O filósofo, portanto, comparava a verdadeira arte a Dionísio, divindade grega da festa, do sexo, da alegria, da liberdade, enfim, dos sentidos do corpo e dos afetos inebriados.

 Para se afirmar como um dos grandes compositores da nossa música (e um dos mais geniais, ao meu sentir), Antônio Carlos Belchior atravessou terrenos divisórios entre o corpo e a alma, forjando sua discografia sem a sede da fama fácil e da popularidade passageira. Buscou mostrar, para tanto, na crueza da realidade, na sinceridade das coisas, a dor que nos ensina a melhor sorver os momentos de alegria. Afinal, como ele cantava, “a felicidade é uma arma quente.”

 Ademais, o tom das críticas presentes em suas letras mexia com nossas frustrações ideológicas, filosóficas e políticas. Sua música, feita para esse mundo onde nem tudo são flores, despertava em nós uma lucidez luminosa, difícil de encontrar em outros artistas.

 No livro intitulado “Humano, demasiado humano”, Nietzsche aponta para aquele que seria o destino do espírito verdadeiramente livre, afirmando que: “Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe. Mas ele observará e terá olhos abertos para tudo quanto realmente sucede no mundo; por isso não pode atrelar o coração com muita firmeza a nada em particular; nele deve existir algo errante, que tenha alegria na mudança e na passagem. ”




Esta sentença define muito bem quem foi para mim Belchior: além de um grande compositor, um espírito livre. Um ser errante, poeta-músico e filósofo do constante devir, que andou caminho errado “pela simples alegria de ser”. Ser do algum lugar e do lugar nenhum. Afinal, “o mundo inteiro está naquela estrada ali na frente”.

domingo, 12 de julho de 2020

A ALEGRIA DO SILÊNCIO (ROGÉRIO ROCHA)

Rogério Rocha (filósofo e poeta)


Num mundo povoado de estímulos audiovisuais, distrações e barulhos, é cada vez mais raro encontrar quem se volte a uma prática de imensa simplicidade, quase esquecida pelas pessoas de nosso tempo: a experiência do silêncio.
Se nos perguntássemos agora o quanto do tempo de nossas vidas dedicamos à nossa interioridade, às reflexões mais íntimas, à meditação feita na paz de um cuidado, a maioria certamente responderia que muito pouco ou quase nada. Mas, afinal, o que há de tão importante na cultura do silêncio? Que benefícios pode nos trazer o mergulho nas profundezas dessa disposição vivencial?
Em tempos de furiosa confusão de imagens, sons e ideias desconexas, numa civilização pautada no que é “novo”, efêmero e fugidio, o ritmo acelerado de nossas existências é preenchido com toda espécie de coisas (menos as fundamentais). Algumas necessárias e quase obrigatórias, outras totalmente dispensáveis e até mesmo sem sentido.
Na sociedade da informação massificada, polarizada em discussões odiosas em torno da política e suas ideologias, fundada na objetividade hipermoderna, na velocidade e no cansaço, no pragmatismo e no padrão universal de comportamentos guiados por necessidades artificiais, forjadas na base de um mundo de fazeres e afazeres, distrações e construtos direcionados ao consumo rápido e rasteiro, a vida silenciosa da interioridade é um tema excluído do rol de interesses de nossa mais exacerbada mundanidade.
Pelo contrário, é o destaque frenético do(s) barulho(s) que verdadeiramente impera. Do som dos artefatos externos aos nossos corpos e do pensamento (acelerado) que transborda no verborrágico.
Os muitos sons que nos cercam dão prova disso. As vociferações radiofônico-televisivas, o palavrório sem fim das futilidades midiáticas, das redes (anti)sociais, de quem só fala e não ouve, dos que só escrevem e não leem, a massiva urgência de novos e mais estrondosos meios de chamar atenção (e para isso os megafones, as poderosas estruturas sonoras, etc.), os paredões das radiolas, das pick-ups dos playboys sertanejos e a música feita e consumida por gente com déficit de sensibilidade estética povoam nossos ouvidos fragilizados.
Decibéis de ruídos citadinos são produzidos no desassossego dos ambientes privados ou públicos, nas ruas, praças e centros de circulação de pessoas. Com isso, paulatinamente, vamos sendo dragados para dentro de um caos de sonidos no envoltório do cotidiano. Pouco a pouco, somos vencidos, entregamos nossas almas. Pouco a pouco, também, nos esquecemos de cultivar os instantes de solidão positiva, de paz amena. Instantes nos quais deveríamos nos devotar ao exercício pleno de um silêncio necessário.
Pois é na serenidade do silêncio que buscamos o reencontro com nossa essência, nossa verdade última. É no íntimo de uma prece sem palavras, de um canto sem frases, de uma música sem melodia, de uma reflexão sem arroubos de tagarelices, que podemos fazer brotar os segredos perdidos, blindar a mente da loucura e da angústia das relações extenuantes.
As culturas ancestrais, as escolas de mistérios, as seitas iniciáticas, as grandes filosofias do Oriente, as religiões primitivas e os mestres sapienciais, há muito nos ensinam a importância do saber calar-se, do não dizer, do mover-se para dentro, com ouvidos plenos ao que está para além do plano dos meros fenômenos.
Os monastérios, como lugares de profundo burilar da interioridade, calcados sobretudo no silêncio dos que oram e laboram. A calma imensa dos claustros, a paz intensa dos vastos campos, dos desertos, dos cemitérios, dos templos vazios, a nos conduzir a uma viagem interior, reflexiva, de um intenso desvendar de saberes, de um descortinar de véus, ideias, visões.
Só a prática silenciosa de uma escuta atenta pode nos conectar com o universo que existe dentro e fora de nós.
A meditação silente nos treina para a profundidade dos sentidos não lidos e não expressos na linguagem ensurdecedora dos ruídos do dia a dia, que destroem os raros momentos de contemplação. A distração contemporânea de uma vida voltada aos barulhos nos tolhe de experimentar o gosto de uma paz constantemente negligenciada.
Até mesmo os que oram, nestes tempos de estridência, preferem os brados ecoantes das igrejas abarrotadas ao sossego de uma prece muda, porém sincera, intensa, introspectiva, feita no recesso de um quarto, em consonância com as mais puras vibrações divinas.
Enfim, o ato do silêncio (sua procura, seu existir) está na gênese de toda questão, no âmago de todo espanto, no brotar de cada acontecimento.
Grandes ideias surgiram do pensamento que escutava apenas seus próprios sussurros. Os iluminados atingiram a perfeição que buscavam justo nas longas jornadas ao centro de seus íntimos temores, de suas dúvidas, seus anseios e aspirações.
O silêncio tem sempre algo a nos dizer. Traz em si muitos ensinamentos. Equilibra, harmoniza e potencializa nossas capacidades. Energiza nosso ser. Vincula-nos a algo maior e sagrado.
Não custa nada experimentar alguns momentos dessa paz. Reservar instantes para calar as palavras em nossos pensamentos. Desfrutar, sem pressa, da viagem que nenhuma agência pode ofertar.
Por isso, faço um apelo aos que ainda podem ouvir. Em meio ao triste caos contemporâneo, mergulhemos na alegria do silêncio.

Rogério Rocha escreve às sextas-feiras para o Textual, coluna do blog de literatura Os Integrantes da Noite.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

A CHAMA PLURAL (por Eduardo Lourenço)






Resultado de imagem para eduardo lourenço filosofo

 
'Não se pode dizer de língua alguma que ela é uma invenção do povo que a fala. O contrário seria mais exacto. É ela que nos inventa. A língua portuguesa é menos a língua que os portugueses falam, que a voz que fala os portugueses. Enquanto realidade presente ela é ao mesmo tempo histórica, contingente, herdada, em permanente transformação e trans-histórica, praticamente intemporal. Se a escutássemos bem ouviríamos nela os rumores originais da longínqua fonte sânscrita, os mais próximos da Grécia e os familiares de Roma. Juntemos-lhe algumas vozes bárbaras das muitas que assolaram a antiga Lusitânia romanizada, uns pós de arábica língua, que espanta não tenham sido mais densos, e teremos o que chamámos, com apaixonada expressão, o “tesouro do Luso”.

Na nossa Idade Média o estatuto da língua era, como o das outras falas cristãs, um “falar” sem transcendência particular. Com o Renascimento, abertura sobre o universal segundo o modelo greco-latino, paradoxalmente, os “falares” europeus tornam-se “língua”, e a língua, signo privilegiado de identidade. Nascem os discursos hagiográficos da língua nacional, da bela língua italiana para Bembo, da altiva fala castelhana para Nebrija, da polida língua francesa para Du Bellay, da nossa nobre e suave língua portuguesa para Fernão de Oliveira, Barros, António Ferreira que a converte em objecto de culto e de orgulho. Diz-me que língua falas, dir-te-ei o estatuto que tens. Nenhum destes endeusamentos ou apologias da dignidade das línguas nacionais é inocente. Fazem parte do processo histórico em que culmina o sentimento nacional.

Descobre-se que a língua não é um instrumento neutro, um contingente meio de comunicação entre os homens, mas a expressão da sua diferença. Mais do que um património, a língua é uma realidade onde o sentimento e a consciência nacional se fazem “pátria”.

Ainda vem longe o tempo em que para cada uma das línguas dominantes da cultura europeia se torne também claro que uma língua não é um dom do céu, destinado à vida eterna, mas um tesouro que deve ser defendido da usura do tempo e das pretensões das outras a ocupar os espaços sem defesa.

A língua é uma manifestação da vida e como ela em perpétua metamorfose. Não há expressão mais melancólica que a tão comum e tão pouco meditada de “língua morta”, nem maravilha maior que a da sua ocasional ressurreição. Como o universo, uma língua viva deve estar em perpétua expansão, ao menos no seu espaço interior, sob pena de se tornar ainda em vida “língua morta”. Essa vitalidade não releva apenas da mera ordem voluntarista ou do ritualismo conservador de academias ou profissionais das nobres ciências da gramática, ou da filologia. É, sobretudo, obra dos que a trabalham ou a sonham como exploradores de um continente desconhecido: romancistas, dramaturgos, poetas, sobretudo, que não apenas os que assim se chamam mas todos os que na quotidiana vida inventam sem cessar as expressões de que precisam para não se perder tempo que passa, do mundo que se renova e transfigura.

É de supor que os homens se tenham inventado como seres falantes por um acto mágico, por um “fiat” ainda hoje misterioso que cada palavra recomeça como se o fogo de hoje se ligasse ao fogo original por uma cadeia de chamas que se ateassem umas às outras. Essa magia original é ao mesmo tempo um desafio e um exorcismo. O destino de cada cultura está intimamente ligado a esses dois papéis que toda a língua encarna. As culturas que o esquecem são as que têm já, dentro de si, as primícias do seu esgotamento. Por graças da História, a língua portuguesa encontrou-se, em dado momento, em condições de elevar esse desafio, esse exorcismo conaturais a toda a fala, a exercício, quase se podia dizer, a missão vital, amalgamando como poucas o destino da sua cultura ao destino da sua língua. Essa aventura podia ter sido, como outras europeias, apenas um exemplo mais da violência colonizadora clássica. Foi também isso, mas foi algo mais e mais importante.

A celebrada alma portuguesa pelo mundo repartida, de camoniana evocação, foi, sobretudo, língua deixada pelo Mundo. Por benfazejo acaso, os portugueses, mesmo na sua hora imperial, eram demasiado fracos para “impor”, em sentido próprio, a sua língua. Que ela seja hoje a fala de um país-continente como o Brasil ou língua oficial de futuras grandes nações como Angola e Moçambique, que em insólitas paragens onde comerciantes e missionários da grande época puseram os pés, de Goa a Malaca ou a Timor, que a língua portuguesa tenha deixado ecos da sua existência, foi mais benevolência dos deuses e obra do tempo que resultado de concertada política cultural. Sob esta forma, um tal projecto seria mesmo anacrónico. Nenhum autor português, nem estrangeiro, escreveu acerca da nossa acção uma obra como “a conquista espiritual do México”, pois não tivemos nenhum México para conquistar e lusitanizar.

O derramamento, a expansão, a crioulização da nossa língua foram como a das nossas “conquistas”, obra intermitente de obreiros de acaso e ganância (da terra e do céu) mais do que premeditada “lusitanização” como nós imaginamos – porventura enganados – que terá sido a romanização do mundo antigo ou a francisação e anglicisação dos impérios francês e britânico.

Quiseram também as circunstâncias – na sua origem pouco recomendáveis – que a nossa língua europeia, em contacto com a africana escrava, se adoçasse, mais do que já é na sua versão caseira, para tomar esse ritmo aberto, sensual, indolente, do português do Brasil ou o tom nostálgico da de Cabo Verde.

A miragem imperial dissolveu-se há muito. Da nossa presença no mundo só a língua do velho recanto galaico-português ficou como elo essencial entre nós, como povo e como cultura, e as novas nações que do Brasil a Moçambique se falam e mutuamente se compreendem entre as demais... Uma língua não tem outro sujeito que aqueles que a falam, nela se falando. Ninguém é seu “proprietário”, pois ela não é objecto, mas cada falante é seu guardião, podia dizer-se a sua vestal, tão frágil coisa é, na perspectiva do tempo, a misteriosa chama de uma língua.

Mas como duvidar que a longa cadeia dos mais exemplares e ardentes dos seus guardiães, aqueles que tornaram sensível o que nela há de imponderável, de Fernão Lopes a Gil Vicente, de Camões a Vieira, de Castro Alves a Pessoa, de Machado de Assis a Guimarães Rosa, ou de Baltazar Lopes a José Craveirinha, se apague ou se estiole? Houve épocas de depressiva configuração em que não era possível pensar no futuro da nossa plural e una fala portuguesa, sem alguma melancolia.

Hoje, não temos motivos para imaginar que, em prazo humanamente concebível, o seu destino seja o dos famosos versos da Tabacaria de que o tempo apagará o traço e a memória. A pluralizada língua portuguesa tem o seu lugar entre as mais faladas no Mundo. Isso não basta para que retiremos dessa constatação empírica um contentamento, no fundo, sem substância. Se contentamento é permitido, só pode ser o que resulta de imaginar que esse amplo manto de uma língua comum, referente de culturas afins ou diversas, é, apesar ou por causa da sua variedade, aquele espaço ideal onde todos quantos os acasos da História aproximou, se comunicam e se reconhecem na sua particularidade partilhada. Não seria pequeno milagre num Mundo que sonha com a unidade sem alcançar outra coisa que o seu doloroso simulacro.'


'Eduardo Lourenço (São Pedro de Rio Seco, 1923) é um professor e filósofo português. Entre 1953 e 1965, foi leitor de Cultura Portuguesa na Alemanha e em França. Começou como maître assistant na Universidade de Nice, até que se tornou jubilado pela mesma, em 1988. Em 1989, assumiu funções como conselheiro cultural junto da Embaixada Portuguesa em Roma e, desde 1999, ocupa o cargo de administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Ganhou o Prémio Pessoa em 2011 e, da sua obra, destacam-se: Heterodoxia (1949); Nós e a Europa ou as Duas Razões (1988) e Os Militares e o Poder (2013).'


In Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/outros/antologia/a-chama-plural-/678 [consultado em 17-02-2020]

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

TEXTO LIDO PELO POETA ARTHUR PRAZERES NO LANÇAMENTO DO LIVRO PEDRA DOS OLHOS DE ROGÉRIO ROCHA





A primeira coisa que precisa ser dita sobre Rogério é que ele está fazendo da poesia um desafio e um risco, como bem apontava o grande poeta Ivan Junqueira no célebre poema “O Grito”.

Rogério faz da poesia um desafio porque escreve numa terra de grandiosos poetas. Poetas como Sousândrade, Nauro Machado, Maranhão Sobrinho e ainda Gonçalves Dias, o grande primeiro poeta nacional e o mais “paraversificado” de todos. E faz da poesia um risco pois a vocação do poeta é a um só tempo divina e maldita. 

É divina porque a poesia tem o dom de salvar vidas e maldita porque a poesia meio que absorve toda a vida do poeta. A poesia demanda muito, consome muito.

Eu acho importante falar ainda que Rogério Rocha reuniu em Pedra dos Olhos poemas de todo o fazer de uma vida até agora; mas é uma poesia muito expurgada e de grande viés reflexivo.

 Acredito eu que raros poetas tiveram a coragem de reunir seus poemas da mocidade. Podemos contar nos dedos: Olavo Bilac foi um deles e João Cabral de Melo Neto rasgou e jogou no lixo toda a sua produção da mocidade.

Ademais, meus queridos, para não nos estendermos muito, digo-lhes que a Poesia de Rogério Rocha é uma poesia pensamentada, e como não poderia deixar de ser, uma poesia filosófica que lembra muito outro grande pensador da Poesia brasileira: Ivan Junqueira de “Três Meditações na Corda Lírica”. Obrigado!

(Texto de autoria do poeta Arthur Prazeres)

terça-feira, 9 de outubro de 2018

A MONTANHA MÁGICA”, THOMAS MANN: UMA ESCALADA PARA PERNAS (E ESPÍRITOS) FORTES

POR  em Obvious Mag

montanha_magica.jpg
Terminei esses dias de ler “A Montanha Mágica”, do Thomas Mann.
Quem me vê falando uma frase solta assim, “terminei esses dias de ler o livro tal”, pode concluir superficialmente que se trata apenas de mais um livro, apenas de mais um dia comum em que se chega a uma última página qualquer. Quem me vê falando uma frase solta assim, “terminei esses dias de ler o livro tal”, nem imagina que levei mais de um ano, mais do que uma volta completa da Terra em torno no Sol, para chegar à última página desse livro. E nem imagina o quanto escalar essa Montanha foi uma experiência intensa, dolorida, e ao mesmo tempo Mágica - para fazer justiça ao título do livro. É pela intensidade, pela dor e pela magia da escalada que me sinto compelida a escrever um pouco sobre a experiência. Porque leituras se perdem ao longo do tempo, mas algumas sensações merecem ser eternizadas de alguma maneira.
A coisa toda começa pelo lado concreto mesmo. O livro em si já é uma montanha. São quase 900 páginas, e não páginas vis. Páginas grandes, com letras pequenas, imponentes; páginas que desafiam qualquer bom alpinista logo de cara. Nosso encontro foi na Livraria Cultura, num domingo de sol. Com milhares de exemplares disponíveis, pra quem eu fui olhar? Sim, pra Montanha. Era um dos títulos da minha lista de livros pra vida. Segurei com as duas mãos, abri, cheirei (existe cheiro melhor que cheiro de livro novo?), senti o peso – material, artístico e simbólico – daquele volume e pensei: “não é o momento!” Mas aí apareceu uma poltrona vazia na minha frente (e quem frequenta a Livraria Cultura do Conjunto Nacional de domingo sabe que poltrona vazia é basicamente um convite irrecusável da sorte!) e eu não titubeei: corri pra lá num só embalo. Levei a Montanha comigo. Resolvi ler só o prólogo, só por curiosidade, só pra uma bisbilhotada rápida. Foi então que a curiosidade se transformou em horas e quando dei por mim já estava chegando na página 60. O sol já tinha ido embora lá fora. E eu resolvi ir embora também, levando a Montanha comigo, ao melhor estilo Maomé-possessivo, a-Montanha-é-minha-e-ninguém-tasca.
Todo livro novo traz consigo uma excitação interna latente. As primeiras páginas são feitas de substâncias alucinógenas, cada vez tenho mais certeza disso. Porque cheguei em casa e pensei: se eu ler umas 100 páginas por semana, o que não é muito apesar do tamanho delas, em pouco mais de 2 meses eu termino essa joça. Foi quando ouvi o ecoar de uma sonora gargalhada vinda da Montanha, mas achei que também isso fazia parte dos tais efeitos alucinógenos e não dei credibilidade.
Lembro bem que, de casa, mandei a foto do livro pra um amigo. Ele respondeu algo como: “uau, o livro da tuberculose! Ainda não tive coragem!” Hoje o “ainda não tive coragem” dele me soa como um grande e sóbrio gesto de maturidade.
Pra mim a experiência primordial dessa leitura foi o fato de eu me sentir, enquanto leitora, completamente impotente e à mercê de um narrador brilhante, poderoso, mas também provocativo e até perverso. A proposta dele me chegou intimamente clara desde o início do texto. Algo como “olha aqui, pequena gafanhota: você só poderá escalar a Montanha se eu te conduzir. Não há outro caminho, não há outro guia, é pegar ou largar. Sua única responsabilidade é não desistir no percurso, ou você ficará para sempre perdida na vastidão desses alpes...”
De fato, o narrador me conduziu num ritmo que foi particularmente sofrido. Tive várias imersões e deserções ao longo da escalada, como quem faz o reconhecimento de uma parte e retorna ao ponto anterior para ir se acostumando com o ar mais rarefeito, gradativa e penosamente.
O narrador faz questão de se legitimar narrador. Deixa claro que não tem pressa, que vai meeeeeesmo narrar tudo em detalhes se assim julgar pertinente, que localizar eventos no tempo não é o mais importante, e por aí vamos. Ele brinca com a atribuição que lhe é sagradamente outorgada e em diversos momentos provoca o leitor – inclusive antecipando ou ocultando fatos. Eu, controladora e organizada que sou (ou tento ser) em minhas próprias narrativas, entrei em muitas crises misturadas a encantamento com a figura incrível desse narrador – a quem eu tinha de dar a mão e confiar se quisesse continuar de fato a escalada (e não, eu não queria ficar perdida pra sempre nos alpes suíços).
Não entrarei no mérito da avalanche filosófica, artística, religiosa e humanística que acomete os corajosos leitores Montanha acima. Eu nem saberia compilar minimamente essa experiência depois de apenas uma leitura (o próprio autor recomenda no mínimo duas leituras de sua obra, pai consciente que é do filho multifacetado que colocou no mundo). São páginas, páginas e mais (infindáveis) páginas de uma intensidade gritante exposta em debates e diálogos nos quais só com muito exercício de resignação consegui encontrar algum ajuste e conforto. Mais chagas no corpo espiritual de uma leitora impelida a sair de sua zona de conforto e a encarar quase que submissamente os caminhos assinalados por um narrador obstinado a, justamente, escolher as trilhas mais difíceis.
O ritmo da narrativa é admiravelmente lento. Arrastadamente lento. Desafiadoramente lento. Foi difícil me adaptar a ele. Foi difícil conciliar o meu ritmo – de vida, de sentimento, de agitação – ao ritmo do texto. E pra mim era justamente aí que jazia a maior provocação do narrador, este mago do tempo. A proposta do livro não é delinear uma fábula, não é “contar uma historinha”. O buraco é mais embaixo (ou seria mais em cima, nesse caso?). O livro nos obriga a uma aclimatação de fato; não de temperatura, mas de concepção de tempo. O livro nos obriga – e pra mim essa obrigação abalou a tendência linear da minha alma – a desapegar de relógios e calendários; tanto é verdade que só nas últimas páginas é que sabemos com clareza quanto tempo Castorp passou na montanha. O tempo é “medido” tão somente por datas comemorativas ao longo do ano e pelas alterações observáveis na vegetação e no clima através das janelas e dos jardins do sanatório. De alguma forma, o homem é convidado a voltar às suas origens, à sua integração primordial com a natureza.
O tempo que importa é o de dentro. É o tempo desacelerado do mundo interior, que nada tem a ver com os relógios alucinados e com as agendas cheias da gente da planície. O tempo que importa é o tempo que transforma; em vários momentos, aliás, nos deparamos com o “mantra” do narrador: “o tempo presentifica transformações!” O tempo que importa é o tempo que silencia. Porque só o silêncio das questões “automáticas” da vida comum é capaz de deixar falar a ESSÊNCIA, que via de regra se encontra espremida entre obrigações, pressões sociais, profissionais e familiares. No contexto do livro, o tempo que importa é o tempo que só se descobre pela via da doença. Só a doença, impondo a limitação ao corpo físico, é capaz de transformar o espírito do homem.
Aceitar essa dimensão de tempo é aceitar deixar a planície e, finalmente, se entregar à montanha. A Mágica só acontece quando estamos abertos à Montanha, à sua vulnerabilidade despreocupada, às questões fundamentais da existência - que podem parecer pequenas e tolas se analisadas “desde lá de baixo”. Quando finalmente consegui me aclimatar, quando finalmente consegui superar tamanho desconforto (e isso me tomou meia escalada inteira!), a Mágica da Montanha aconteceu. Não sei dizer nem quando e nem como – mesmo porque essas são referências secundárias no contexto da obra -, mas de repente o tempo da Montanha fazia muito mais sentido que o tempo da [minha] planície. E, afortunadamente, eu nem precisei da tuberculose pra isso.
E aí a outra metade da escalada, que pra mim teve realmente sensação de descida depois que a leitura deslanchou, tomou ares de um novo desafio: o de viver na planície ajustando tempo de relógio e tempo de Montanha. Então assim: Fernando Pessoa que me desculpe, mas esse foi meu verdadeiro “Livro do Desassossego”.
Depois de tanto esforço, tanto desconforto, tanto perrengue, tantas descobertas, tantos encantamentos e tantos questionamentos, sintetizo minha primeira aventura na Montanha de Mann como estar dentro de uma ampulheta maluca, experenciando na pele um verdadeiro tratado sobre o tempo.
Foi uma inspiração pra vida. Foi um descortinar de questões latentes que até então não estavam classificadas dentro de mim – reforçando minha teoria de que a arte, e só a arte, é capaz de nomear nossos sentimentos indigentes ou distraídos.
Ainda estou tentando equilibrar tempo de planície e tempo de Montanha, o que está sendo uma experiência altamente enriquecedora para os meus dias perpassados por relógios, agendas e calendários. Mas acho que ainda levarei um bom tempo (de planície e de Montanha) pra angariar fôlego e coragem pra uma nova escalada. Conhecendo a base dos obstáculos do terreno, espera-se que uma segunda investida montanha acima seja menos sofrida e mais proveitosa. Entretanto, resolvi seguir a tradição do Berghof: uma nova subida aos alpes só acontecerá quando a vida na planície exigir, outra vez, distância e recolhimento em nome da cura.


© obvious: http://obviousmag.org/mas_que_seja_indefinido_enquanto_dure/2018/a-montanha-magica-thomas-mann-uma-escalada-para-pernas-e-espiritos-fortes.html#ixzz5TTnN7ugU 
Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

REFLEXÕES FILOSÓFICAS SOBRE A TOLERÂNCIA: UM CONCEITO, SEUS LIMITES E CONTRADIÇÕES

Rogério Henrique Castro Rocha

 Resumo

 

O artigo ora apresentado tem por objetivo, por meio de uma reflexão em bases filosóficas, abordar e problematizar a questão da tolerância, a partir da visão exposta pelo pensamento de John Rawls e de outros pensadores e jusfilósofos contemporâneos, sobretudo das contribuições de Thomas Scanlon e Colin Bird, enfatizando sobretudo os dilemas surgidos em torno do tema e seu caráter paradoxal, indagando-se ainda pelos seus limites e até onde indivíduos e grupos sociais podem ou devem tolerar atos de intolerância.
 

domingo, 7 de abril de 2013

Pensamento do dia: Osho




“Quero que as pessoas conheçam a si mesmas,
  que não sigam as expectativas dos outros.
  E a maneira é indo para dentro.” (Osho)


FILOSOFIA HINDU: O QUE REPRESENTA?


Sila Tarot: O Hinduismo


O Hinduísmo é uma das religiões mais antigas, senão a mais antiga do mundo – alguns dos seus manuscritos sagrados são de 1400 a 1500 A.C. Também é uma das religiões mais diversas e complexas, possuindo milhões de deuses (monoteísta). Os hindus possuem uma grande variedade de crenças básicas e contêm muitas seitas diferentes. Apesar de ser a terceira maior religião do mundo, o Hinduísmo existe primeiramente na Índia, Nepal e em menor escala em alguns países ao redor.

Os textos principais do Hinduísmo são: Veda (considerado o mais importante),
O conteúdo dos Vedas é composta em quatro volumes. Os primeiros registos em papel surgiram por volta do século 2 a. C, mas antes disso eram transmitidos oralmente.

Existem também os textos: Upanishadas, Mahabharata e o Ramayana. Todas essas escrituras contêm hinos, encantamentos, filosofias, rituais, poemas, e histórias nas quais os hindus baseiam suas crenças. Outros textos usados pelo Hinduísmo são os Brahmanas, Sutras e os Aranyakas. Os Upanishads são partes das escrituras sagradas hindus que tratam de filosofia e meditação, além de debates de cunho religioso.Os cultos às divindades são separados e distintos, como se fossem cultos monoteístas.


Sila Tarot: O Hinduismo



Apesar de o Hinduísmo ser conhecido como uma religião politeísta, com cerca de 330 milhões de deuses, também tem um "deus" que é supremo: Brahma. Acredita-se que Brahma seja uma entidade que habita em toda área da realidade e existência, por todo o universo. Acredita-se que Brahma seja um Deus impessoal que não pode ser conhecido e que ele existe em três formas separadas: Brahma—Criador; Vishnu—Preservador e Shiva –Destruidor.

Essas "facetas" do Brahma são também conhecidas através de muitas encarnações de cada uma. É extremamente difícil descrever a teologia hindu exactamente, já que praticamente todo sistema de teologia é influenciado de uma forma ou outra pelo Hinduísmo. Existem também como Deuses principais, além de Brahma, Vishnu (deus do sol) e Shiva (deus das tempestades). Os deuses com mais culto são Brahma, Vishnu, Shiva, Kali, Durga, Shakti, Ganesh (o deus-elefante), Rama, Parvati, Garuda, Sita, Uma, Nandi, Durga, Matsia e outros.


O hinduísmo é chamado de Sanātana Dharma por seus praticantes, expressão que quer dizer “a eterna dharma” – algo como “a eternal lei”.

Apesar de não possuir uma formulação teológica unificadora, o hinduísmo possui diversos elementos que dão unidade à seus dogmas e suas crenças. Um deles é justamente o respeito aos Vedas.


Os hindus não tem uma formula para suas orações. Em outras palavras, não existe uma“forma hindu de orar”. Mas todos fecham os olhos durante as orações, para que os sentidos fiquem voltados apenas para o seu mundo interior.


O símbolo do hinduísmo (equivalente à Estrela de Davi para os judeus e a cruz para os cristãos é o Om – forma escrita do principal mantra hindu. (O Om é a imagem no início do texto). Um dos princípios da religião hindu é a crença no carma (o princípio moral de causa e efeito), no atman (a natureza da alma), no dharma (deveres da pessoa perante a sociedade) e no samsara (reencarnação).






O Hinduísmo também tem uma visão diferente da humanidade. Porque Brahma é tudo, o Hinduísmo acredita que todos são divinos. Atman, ou cada ser, é um com Brahma. Toda realidade fora do Brahma é considerada uma simples ilusão. O objectivo espiritual de um hindu é tornar-se um com o Brahma, deixando então de existir em sua forma ilusória de "ser individual". Essa liberdade é conhecida como “moksha”.


Sila Tarot: O Hinduismo



Até o estado “moksha” ser alcançado, o hindu acredita que essa pessoa vai continuar reencarnando para que possa trabalhar em se tornar a auto-realização da verdade (a verdade de que apenas Brahma existe, nada mais). A forma em que cada pessoa reencarna é determinada pelo Carma, o qual é um princípio de causa e efeito governado pelo equilíbrio da natureza. O que uma pessoa fez no passado afecta e corresponde com o que acontece no futuro, incluindo o passado e o futuro de diferentes vidas.


Curiosidades:
Casamento Hindu:

Dependendo da região, os rituais do casamento na Índia, podem variar de acordo com cada lugar de um país. Mas, de uma maneira geral, inicia-se com um ritual chamado vagdanam, que significa entrega da palavra. Depois passa-se à invocação da felicidade, ou seja vivaha. Este é o mais importante dos rituais hindus. 

A religião hindu dá grande importância ao casamento, pois considera-se que a vida em família é o estado natural dos seres humanos, e onde temos mais chance de sermos felizes e realizar as nossas mais altas aspirações. Isso acontece porque, assim como os seres vivos dependem do ar para respirar, da mesma forma a sociedade depende das famílias para existir.

O ritual aqui descrito corresponde à forma como os casamentos são feitos dentro do hinduísmo. No entanto, há muitos rituais de casamento na Índia, que variam de acordo com a região, a cultura e os costumes de cada uma das etnias. 

O casamento hindu consiste numa série de rituais altamente simbólicos e profundos. Um desses grupos visa consagrar a união entre os noivos. Fazem parte deste grupo unir as mãos, colocar a grinalda de flores no amado, tocar o coração, entre outros. Outros rituais têm como objectivo invocar felicidade, paz, prosperidade e fertilidade para o matrimónio. Finalmente, como o casamento é um dos mais importantes rituais de passagem da nossa vida, fazem-se alguns rituais simbólicos para afastar influências negativas que possam assombrar a felicidade e a paz do casal. À noiva é reservado um tratamento muito especial, já que ela ocupa o lugar central na estrutura familiar.



Sila Tarot: O Hinduismo

 

O vivaha não é um contrato, mas a sacralização de uma união baseada no amor, no carinho, na confiança e no respeito. O casamento não é visto como a simples união de dois elementos. Existe uma força que está presente no casamento, que é o terceiro elemento da união. Essa força chama-se dharma, que significa em sânscrito "aquilo que mantém unido". O dharma é a força que sustenta a ordem natural das coisas, aquilo ao que nos mantemos essencialmente fiéis.

Sila Tarot: O HinduismoSila Tarot: O Hinduismo


 
Outro princípio básico do hinduísmo (embora não-obrigatório) é a peregrinação aos locais sagrados da religião, como a cidade de Varanasi e o rio Ganges. O rio Ganges (ou Ganga, para os hindus) nasce no Himalaia e possui 2.510 Km de extensão. É considerado sagrado para o hinduísmo e representa a deusa Ganga. Existem diversas cidades sagradas no hinduísmo, mas a principal é Varanasi (também conhecida como Benares), no Estado de Uttar Pradesh. Os hindus acreditam que Varanasi foi fundada por Shiva há mais de 5.000 anos.





Uma das características do hinduísmo é o culto à vacas. Acredita-se que ele seja tão antigo quanto os Vedas (algo em torno de 1.500 a. C.). As vacas são consideradas superiores aos brâmanes, a casta mais elevada do sistema indiano. Elas podem circular sem ser incomodadas pelas cidades, apesar de nem todos os indianos concordarem.
 
 



 
O nascimento, o casamento e a morte são eventos carregados de rituais. Os mortos são normalmente cremados em cerimônias públicas e suas cinzas lançadas no rio Ganges. O fogo tem um significado ritual muito forte. Os hindus acreditam que, durante a cremação, o deus do fogo purificará o cadáver e libertará sua alma.




 Rituais:

Nascimento

Quando nasce um bebê hindu, ele é ritualmente lavado e a palavra sagrada "OM" é escrita com mel em sua língua. Outro importante ritual é o de dar o nome ao bebê, ou namkaran.

Casamento

A cerimônia de casamento hindu pode durar até 12 dias, com festas, danças e rituais religiosos. O principal ritual acontece à noite. O casal anda em volta de um fogo sagrado e dá sete passos, cada um simbolizando um aspecto de sua vida a dois.

Morte

Os hindus tradicionalmente são cremados em uma pira aberta, acesa pelo filho mais velho do falecido. Os ossos são jogados na água, para purificá-los e libertar o espírito da pessoa.

Fonte: www.silatarot.com

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas