sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Debates e embates no julgamento do "mensalão" (Ação Penal 470)

Alguns momentos de embates, debates, dissensos e bate-bocas o julgamento do mensalão (Ação Penal 470).







Filhos e felicidade: por que a discussão realista sobre a paternidade causa tanto desconforto


O relacionamento (Foto: Camila Fontana/ÉPOCA)
  É 1 hora da madrugada. Um choro estridente desperta a ex-judoca olímpica Danielle Zangrando, de 33 anos. Desde que levou Lara do hospital para casa, as mamadas a cada três horas impedem o sono de antes. Ela pula da cama e oferece à filha o peito. Depois, troca a décima fralda daquele dia, embala a bebê no colo, caminha com ela em busca de uma posição que a faça parar de chorar. O choro prossegue. Daniele tenta bolsa de água quente e gotinhas de remédio. Nada de o berreiro cessar. Duas horas depois, mãe e filha formam um coro: Danielle também cai em prantos, desesperada. É a primeira cólica de Lara, com 20 dias de vida. O pai, Maurício Sanches, funcionário público de 48 anos, se sente impotente. Está frustrado e desconta a frustração na mulher: “Você comeu algo que fez mal a ela?”. A partir de então, Danielle se privará também do chocolate. Já desistira do sono, da liberdade, do trabalho como comentarista de esporte. Na manhã seguinte, ainda exausta da maratona noturna, retomará a mesma rotina, logo cedo: amamentar, dar banho, trocar fralda, botar para dormir. “Ninguém sabe de verdade como é esse universo até entrar nele”, diz Danielle. Hoje, Lara está com 2 anos. As noites não são tão duras quanto costumavam ser. Mas Danielle e Sanches ainda dizem que ter filhos é uma missão muito mais difícil do que eles haviam imaginado.

Capa da edição 753 de ÉPOCA – Filhos e felicidade (Foto: ÉPOCA)
Eis um problema: a paternidade, que deveria ser o momento mais feliz da vida dos casais – de acordo com tudo o que aprendemos –, na verdade nem sempre é assim. Ou, melhor dizendo, não é nada disso. Para boa parte dos pais e (sobretudo) das mães, filhos pequenos são sinônimo de cansaço, estresse, isolamento social e – não tenhamos medo das palavras – um certo grau de infelicidade. Ninguém fala disso abertamente. É feio. As pessoas têm medo de se queixar e parecer desnaturadas. O máximo que se ouve são referências ambíguas e cheias de altruísmo aos percalços da maternidade, como no chavão: “Ser mãe é padecer no Paraíso”. Muitas que passaram pelo padecimento não se lembram de ter visto o Paraíso e, mesmo assim, realimentam a mística. Costumam falar apenas do amor incondicional que nasce com os filhos e das alegrias únicas que se podem extrair do convívio com eles. A depressão, as rachaduras na intimidade do casal, as dificuldades com a carreira e o dinheiro curto – disso não se fala fora do círculo mais íntimo e, mesmo nele, se fala com cuidado. É tabu expor a própria tristeza numa situação que deveria ser idílica.


A boa notícia para os pais espremidos entre a insatisfação e a impossibilidade de discuti-la é que começa a surgir um movimento que defende uma visão mais realista sobre os impacto dos filhos na vida dos casais. Seus adeptos ainda não marcham nas ruas com cartazes contra a hipocrisia da maternidade como um conto de fadas. Mas exigem, ao menos, o direito de falar publicamente e com franqueza sobre as dificuldades da situação, sem ser julgados como maus pais ou más mães por se atrever a desabafar. Por meio de livros e, sobretudo, com a ajuda da internet, eles começam a falar claramente sobre os momentos de angústia, tédio e frustração que costumam acompanhar a criação dos filhos. Nas palavras da americana Selena Giampa, uma bibliotecária de 35 anos, dona do blog Because Motherhood Sucks (A maternidade enche...), “a maternidade está cheia de momentos de pura felicidade e amor. Mas tudo o que acontece entre esses momentos é horrível. Amo ser mãe, de verdade. Mas tenho de dizer a vocês que, assim como qualquer outro emprego, muitas vezes eu tenho vontade de pedir as contas”. Com uma notável diferença: ninguém pode se demitir do emprego de mãe ou de pai. Ele é vitalício.

O melhor exemplo dessa nova maternidade é o livro Why have kids (Por que ter filhos), sem previsão de lançamento no Brasil, escrito pela jornalista americana Jessica Valenti, de 34 anos. Durante a gravidez de sua primeira e única filha, Jessica teve um aumento perigoso de pressão arterial. Layla nasceu prematura, pesando menos de 1 quilo. Passou oito semanas na incubadora do hospital. Ao longo dos 56 dias em que viu a filha sofrer dezenas de procedimentos invasivos, Jessica refletiu sobre como idealizara a experiência de ser mãe. Seu livro parte daí para criticar a cobrança pela maternidade perfeita, uma espécie de pano de fundo imaginário contra o qual as mães de verdade comparam suas imensas dificuldades e seus inconfessáveis sentimentos negativos. “Não falar sobre a parte ruim da maternidade só aumenta o drama dos pais e as expectativas irrealistas de quem ainda não é”, disse Jessica a ÉPOCA.

Fonte: Revista Época

Viver para contar. E combater.

Graciliano Ramos (1892-1953) era um homem de poucas intimidades. Fechado, sisudo e desconfiado, o autor de Vidas Secas concedeu poucas, raras entrevistas sobre sua vida e sua obra. Dizia não ter nada de interessante a dizer. E reservava suas impressões quase sempre amargas sobre o mundo em artigos e livros como Infância e Memórias do Cárcere, obras de referência na prosa brasileira.
Graciliano e o filho Ricardo Ramos. Foto:Acervo Graciliano Ramos/ Reprodução do livro “O velho Graça”

“Homem de poucas palavras, Graciliano é um problema para o repórter que se propõe a biografá-lo. O autor de São Bernardo nada tem de expansivo. Ainda que amabilíssimo, escolhe-se todo diante do jornalista. Tem medo, penso eu, de parecer herói a fornecer dados para a posteridade”, escreveu o jornalista Francisco de Assis Barbosa em seu livro Achados ao Vento. Barbosa foi um dos poucos repórteres a quebrar a resistência de Graciliano, numa entrevista arrancada em 1942 em que o autor, então com 50 anos, aceitou falar sobre o processo de criação literária.
Essa resistência seria quebrada outras (raras) vezes graças na base da teimosia e da insistência por nomes como Joel Silveira, Newton Rodrigues e Homero Senna. Analisadas hoje, as reportagens se transformaram em documentos históricos que jogam luz sobre a personalidade de uma das mais refratárias figuras da literatura nacional. A importância desses encontros levou o jornalista e escritor Dênis de Moraes a introduzir essas raras entrevistas na nova edição de O Velho Graça (Boitempo Editorial), a principal biografia sobre o autor que é relançada na esteira das comemorações pelos 120 anos do nascimento de Graciliano Ramos.


Nessas entrevistas Graciliano analisa os chamados romances sociais, o papel do escritor na sociedade, a relação entre arte e ideologia, fala sobre sua vida no Nordeste e sobre a sua vida política. E se queixava da repercussão de seus livros, como fez a Newton Rodrigues em 1944: “Acho que as massas, as camadas populares, não foram atingidas e que nossos escritores só alcançaram o pequeno-burguês. Por quê? Porque a massa é muito nebulosa, é difícil interpretá-la, saber do que ela gosta. Os escritores, se não são classe, estão em uma classe que não é, evidentemente, a operária”.
Mal sabia o autor que, 120 anos após seu nascimento, se tornaria leitura obrigatória em qualquer escola de qualquer cidade do País.

Para o biógrafo, a introdução dessas entrevistas no texto original, publicado pela primeira vez em 1992, ajudou a clarear ainda um lado pouco conhecido do escritor, menos sisudo e mais amigável, como é descrito por familiares e amigos que conviveram com ele até o fim da vida, quando trabalhava em três turnos para sobreviver: de manhã, escrevendo livros e artigos, à tarde, como inspetor federal de ensino no Rio de Janeiro, e, à noite, como redator do jornal Correio da Manhã.
“No fim da vida, Graciliano havia se tornado uma referência importante para os jovens jornalistas. Ele conversava muito com os jovens, deixava suas impressões sobre os textos, e isso produzia um encantamento naquela geração. Esse lado do Graciliano aparecia ainda de forma tímida na descrição de um homem quase sempre avesso e desconfiado”.
Quebrar esta imagem de sertanejo retraído e avançar nas memórias legadas pelo autor, afirma Dênis de Moraes, foi um duplo desafio. Parte desse resgate aconteceu graças às entrevistas feita à época com amigos, filhos e a viúva, dona Heloísa, a quem a quarta edição é dedicada. Hoje a maioria das fontes está morta. E o relançamento da obra, diz o autor, ajuda a tirar o livro do confinamento, já que estava esgotado havia anos (a última edição é de 2003) e era encontrado praticamente apenas em bibliotecas.
O escitor e jornalista Dênis de Moraes, autor de “O Velho Graça”, a biografia de Graciliano Ramos. Foto: Divulgação

É a chance de os novos e futuros leitores conhecerem mais de perto uma história tão grandiosa quanto a própria obra. Graciliano, hoje tema de celebrações pelo País – inclusive da próxima Flip, a Feira Literária de Paraty, quando são lembrados os 60 anos de sua morte – deixou não apenas livros de referência, mas um histórico de conduta e coerência admirável para os padrões atuais. No livro, por exemplo, sabe-se que, enquanto os escritores da primeira geração modernista colhiam os louros da Semana de 1922, Graciliano ajudava os moradores de sua cidade, Palmeira dos Índios, a combater o temido bando de Lampião. Como figura pública, Graciliano legaria também lições que não cabiam nos livros, como quando foi eleito prefeito (após o assassinato do antecessor), enquadrou os coronéis locais, deu fim a regalias e promoveu um mutirão para limpar as ruas das cidades, tomadas por animais criados ao ar livre. As medidas atingiram até mesmo seu pai, Sebastião, o temido negociante descrito em Infância que o açoitara num dia em que não encontrara um cinturão – e que, ao pedir clemência, ouviu: “O senhor me desculpe, mas prefeito não tem pai”.
Os relatórios sobre sua gestão na prefeitura, sempre escritos em linguagem coloquial e tomados por ironias, eram objeto de admiração por Alagoas, ressoaram no Rio de Janeiro e chegaram às mãos de um certo Augusto Frederico Schmidt, famoso poeta e editor, que se apresentara em carta ao então prefeito perguntando se o autor daqueles relatórios não teria na gaveta algum romance que valesse ser publicado. Graciliano tinha: Caetés, livro que seria renegado pelo autor até o fim de sua vida. “Esta desgraça das Alagoas”, era como se referia, nas dedicatórias, ao romance de estreia.
Para Dênis de Moraes, este lado do escritor, que gostava de causar choque no interlocutor, era apenas “tipo”. Um tipo capaz de dizer que Machado de Assis era apenas um autor menor “metido a inglês” e, na frase seguinte, se render ao autor de Dom Casmurro. Ou de dizer em carta a um amigo, sem meias palavras, que os filhos andavam bem, o mais velho até já lia manchetes de jornais, mas que o mais novo era de uma “ignorância assustadora”. Ou quando, já consagrado, repreendia o filho Ricardo simplesmente por pinçar num texto a palavra “algo”, “um crime confesso de imprecisão”, nos termos do autor.
Este humor amargo acompanharia Graciliano até o fim da vida, inclusive nas passagens mais dolorosas, quando nos anos 1930 é vítima de uma verdadeira caça aos comunistas promovida por Getúlio Vergas – isso antes mesmo do Estado Novo e muito antes de o autor entrar, oficialmente, para o Partido Comunista Brasileiro. Os motivos da traumática prisão, com passagem pela desumana Ilha Grande, no Rio de Janeiro, são até hoje um dos mistérios a envolver a biografia do autor. Na nova edição, Dênis de Moraes introduziu duas referências a Getúlio Vargas que ajudam a entender o período histórico ainda mal digerido. Uma delas é uma carta ao ditador escrita em 1938 por Graciliano e jamais entregue ao seu algoz. Nela, ele faz uma espécie de acerto de contas: “Ignoro as razões por que me tornei indesejável na minha terra. Acho, porém, que lá cometi um erro: encontrei 20 mil crianças nas escolas e em três anos coloquei nelas 50 mil, o que produziu celeuma. Os professores ficaram descontentes, creio eu. E o pior é que se matricularam nos grupos da capital muitos negrinhos. Não sei bem se pratiquei outras iniquidades. É possível.”
Era uma referência ao curto período em que atuou como Diretor de Instrução Pública em Alagoas, espécie de Secretaria da Educação na época. O Graciliano homem público descrito por Moraes é um sujeito combativo, inconformado com a situação encontrada em seu estado, como quando visita uma escola em Maceió e descobre que lá não havia alunos. Os motivos: não era possível frequentar as aulas com fome, sem uniforme nem sapatos. “Ele manda comprar a merenda, vai na loja de tecido, sem dinheiro e sem orçamento, compra os metros do tecido, corta (porque ele trabalhava com comércio e sabia como cortar), e manda as costureiras fazer o uniforme para os alunos. E depois vai para a sapataria e encomenda os pares de sapato, manda entregar ao colégio e o colégio reabre”, relembra Moraes.
O outro acerto de contas é o encontro entre Graciliano e Getúlio Vargas descrito ao biógrafo pelo jornalista e escritor Antonio Carlos Vilaça, introduzido agora na nova edição. Segundo o relato, Graciliano se encontrou com o ditador durante um passeio noturno pela praia do Flamengo. Diferentemente de Fabiano, o sertanejo de Vidas Secas que reencontra o Soldado Amarelo e perde a chance de se vingar por ter sido, pouco antes, trapaceado no jogo, o escritor é cumprimentado pelo presidente e dá, ao seu jeito, a sua resposta. Graciliano se nega a devolver o cumprimento. Para Dênis de Moraes, a passagem ajuda a quebra uma certa animosidade sobre o autor que, ao fim da vida, era criticado por ter trabalhado como inspetor federal do governo Vargas – cargo para o qual foi indicado pelo amigo Carlos Drummond de Andrade e que exerceu com dignidade até o fim da vida, segundo o autor – e por ter colaborado com a revista Cultura Política, produzida pelo Estado Novo, mesmo após a sua prisão. “Se ele fosse um homem de certezas fúteis, ele teria se aproveitado do encontro pra se aproximar de Getúlio. Mas passa direto.  Esse episódio, como atesta Villaça, é prova da dignidade e coerência dele”, diz Moraes.
Coerência que seria observada também em outra faceta de Graciliano, quando ele passa a militar no Partido Comunista. O livro descreve Graciliano como um admirador contido, obediente mas crítico da experiência soviética (ele morreria antes de conhecer o relatório Kruschev, quando são descritos os crimes da ditadura Stálin). No partido, Graciliano sofreria pressões para fazer da literatura um panfleto, algo que sempre recusou. E causou constrangimento durante uma viagem com correligionários à União Soviética, quando não mediu palavras para contestar a ausência de Tolstói na galeria dos grandes escritores russos.
Observada hoje, essa coerência, somada à postura combativa, serve como guia a quem quiser atravessar um período histórico sem abrir mão das convicções, seja como homem público, como militante, como intelectual engajado ou pretenso literato. Nada disso seria necessário para que o Graciliano autor fosse alçado à prateleira dos grandes nomes nacionais. Sua obra bastaria. Mas não para ele. Porque, para escrever era preciso fazer como as lavadeiras de Alagoas, “que começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcer o pano, molham-no novamente, voltam a torcer, colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes”. “Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até pingar não pingar do pano uma só gota. (…) Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar. A palavra foi feita para dizer”. Para Graciliano, “dizer” ou viver não eram escolhas, mas partes de uma mesma ação: a ação transformadora de seu tempo. Num país em que pensar é quase uma provocação, nada poderia ser mais subversivo.

Serviço:
O velho Graça - uma biografia de Graciliano Ramos
Autor: Dênis de Moraes
Orelha: Alfredo Bosi
Quarta capa: Wander Melo Miranda
Páginas: 360
ISBN: 978-85-7559-292-2
Preço: R$ 52,00

Fonte: Carta Capital

Bruce Dickinson é tema de estudo na UERJ

A socióloga Marília Márcia, doutoranda em Sociologia do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - IESP/UERJ, apresentou recentemente no Encontro Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais, um artigo sobre o engrandecimento do vocalista Bruce Dickinson tendo como referência o mundo artístico.

O artigo intitulado "Testando a 'Donzela de Ferro' ou como engrandecer um rock star no mundo inspirado", explora o referencial teórico desenvolvido por Boltanski e Thévenot que observa as situações nas quais os atores buscam acessar diversos princípios superiores comuns que justificam as ações e a ordem “natural” entre os seres humanos e não-humanos. Por meio dos conceitos elaborados por estes dois autores, observaram-se as  provas  levantadas para justificar a honraria concedida ao cantor Bruce Dickinson, vocalista da banda de heavy metal Iron Maiden, com o título de Doutor Honoris Causa. Observou-se como o artista teve sua magnitude elevada após as evidências de sua grandeza serem consideradas legítimas por meio de certos objetos, discursos e lógicas reunidos num mundo comum. Através da análise de entrevistas, gêneros musicais e acontecimentos na cena rock and roll pôde-se observar a multiplicidade de princípios de justiça pelos quais as pessoas se justificam e como estas se engrandecem, saindo de seus estados particulares e representando valores que abarcam amplos coletivos.

O artigo está disponível no site da ANPOCS – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. Clique no link abaixo e leia o trabalho na íntegra:

TESTANDO A “DONZELA DE FERRO”  OU COMO ENGRANDECER UM ROCK STAR NO MUNDO INSPIRADO
Marília Márcia Cunha da Silva 
Instituto de Estudos Sociais e Políticos - IESP
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Fonte: Blog Flight 666

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A 16 horas do fim, leilão por virgem brasileira chega a R$ 911 mil


  • VIRGINS WANTED
  •   |  ISTOÉ Online
  •   |  23.Out.12 - 19:02
  •   
A 16 horas do fim, leilão por virgem brasileira chega a R$ 911 mil

Do Portal Terra








A 17 horas do final do leilão da virgindade da brasileira Catarina, o maior lance chega a R$ 911 mil no site do projeto de documentário Virgins Wanted. Só nesta terça-feira, (23), penúltimo dia dos lances (as apostas terminam às 21h do dia 24 em Sydney - 9h no Brasil), três interessados ofereceram valores superiores a R$ 800 mil. O dono do maior lance é indiano, de acordo com o site.
A brasileira chegou à Austrália no final de semana do dia 14, depois de duas tentativas frustradas de conseguir um visto. "Estou muito feliz de estar aqui, porque é tudo novidade. Agora, ainda estou muito envolvida com o filme, mas quero percorrer o país e conhecer outras cidades assim que tiver mais tempo", informou a brasileira.
O leilão da virgindade de Catarina faz parte de um projeto de documentário, idealizado pelo australiano Justin Sisely. Segundo o diretor, a ideia é mostrar o desenvolvimento emocional de dois jovens, antes e depois da primeira experiência sexual. 

O jogo do bilhão


Impulsionados pelas doações aos comitês políticos, Barack Obama e Mitt Romney protagonizam a campanha política mais cara da história. Juntos, eles vão gastar mais de US$ 2 bilhões

Mariana Queiroz Barboza
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DUELO
Ainda não se sabe como o debate da terça-feira 16 impactou nas doações
No anseio de não ser ultrapassado pelo adversário na corrida presidencial americana, o democrata Barack Obama deve alcançar nas próximas semanas o número mágico de US$ 1 bilhão em arrecadação de fundos para sua campanha. Assim, sua empreitada para a reeleição será a mais cara da história recente. Já o republicano Mitt Romney, que de abril a julho dominou a corrida por doações, estima gastar US$ 800 milhões. Nessa toada, até o dia do voto, em 6 de novembro, democratas e republicanos devem desembolsar no total mais de US$ 2 bilhões. “Os candidatos temem que, se não gastarem tanto dinheiro, seu opositor o fará e se comunicará melhor com os eleitores”, diz Danny Hayes, professor de ciência política da Universidade de George Washington. “Um tem que fazer frente ao investimento do outro e, dessa forma, são levados a bater recorde atrás de recorde”, diz Filipe Campante, professor de políticas públicas da Universidade de Harvard. “O resultado são valores que soam absurdos.”
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Levando-se em conta um contexto em que os partidários do atual presidente comemoram um recuo de 0,3 ponto percentual na taxa de desemprego (de 8,1% para 7,8% em setembro), a campanha bilionária parece fora de tom. Para John Hudak, especialista em estudos de governança do Instituto Broo­kings, de Washington, embora muitos cidadãos reclamem da arrecadação e dos gastos bilionários, a crítica não deve utilizar a crise econômica como pano de fundo. “O dinheiro vem de doadores individuais, que escolheram fazer isso por vontade própria”, afirma. “Mas essa é uma parcela pequena da população, já que muitos não doam para políticos porque simplesmente não podem gastar dinheiro com isso.” A base de contribuintes do atual presidente ultrapassou os quatro milhões de indivíduos, o que é um número impressionante, mas pequeno se considerado que o vencedor precisará de ao menos 65 milhões de votos nessas eleições, segundo estimativas.
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Ao dispensar o financiamento público, em 2008, Obama inaugurou a era das campanhas presidenciais bilionárias e abriu caminho para a regularização dos comitês políticos independentes, conhecidos como Super PACs. O resultado foi amplamente favorável ao democrata. Enquanto o senador republicano John McCain gastou US$ 239 milhões para concorrer à Presidência, sendo US$ 85 milhões de financiamento público, Obama gastou mais que o triplo: US$ 770 milhões. Apoiada por doações pequenas, mas contínuas, e impulsionadas pela internet, a campanha de Obama há quatro anos descobriu um caminho vantajoso para recusar o financiamento público ao se ver livre do engessamento a um teto. Esse é, afinal, o maior benefício que os inéditos Super PACs trazem aos candidatos neste ano. Em janeiro de 2010, uma decisão da Suprema Corte americana baseou-se no direito à liberdade de expressão para derrubar os limites de doação para esses comitês, que são livres para apoiar quem quiserem. “Os Super PACs geralmente são fundados por doadores ricos que contribuem com quantias de US$ 250 mil, US$ 500 mil ou até maiores que US$ 1 milhão”, diz Liz Bartolomeo, diretora de comunicação da ONG Sunlight Foundation. “As portas para despesas políticas estão abertas e há pouca regulação para impedir isso.”
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Os comitês independentes tiveram papel fundamental nas primárias republicanas no início do ano. Candidatos como Newt Gingrich e Rick Santorum só foram capazes de permanecer mais tempo na disputa por causa do apoio que receberam dos Super PACs. Mas sua real influência só poderá ser conhecida após o resultado das eleições majoritárias. John Hudak, do Instituto Brookings, vê o fenômeno com ceticismo. “Campanhas caras são boas para a democracia pelo fato de indivíduos estarem doando seu dinheiro e tomando um papel mais participativo no processo eleitoral, mas os Super PACs não têm demonstrado o mesmo poder dos eleitores engajados.” Os comitês que apoiam Romney gastaram muito mais do que os que apoiam Obama (leia quadro) e a maior parte disso foi para propagandas negativas veiculadas na tevê. Ainda assim, as pesquisas mostram os dois tecnicamente empatados. “No fim do dia, apesar de todo o dinheiro, o efeito não é o esperado”, diz Hudak.
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Diretor de comunicação do American Crossroads, comitê que apoia o candidato republicano, Jonathan Collegio diz que trabalha por Romney por acreditar em valores liberais, como o livre mercado e governos limitados, e não vê exagero no papel dos Super PACs. “Nossas atividades atuam como fonte de equilíbrio diante do impacto que os sindicatos tiveram nas eleições nos últimos 80 anos”, afirma. “Só em 2008, eles gastaram mais de US$ 400 milhões para ajudar a eleger Obama.” Enquanto alguns críticos defendem que a nova legislação aumenta a influência das corporações e afasta os EUA do foco nas contribuições individuais, dados da Sunlight Foundation mostram que a maioria das doações vem de pessoas físicas. Segundo a organização, dos US$ 459,7 milhões já levantados pelos comitês, apenas US$ 99 milhões vieram de empresas. “Os comitês políticos estão interessados em eleger seus candidatos e nem um pouco preocupados com a saúde da democracia”, diz Danny Hayes, da Universidade de George Washington.
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Tanto empenho para a arrecadação de recursos para seus candidatos, entre outras ações, que incluem, por exemplo, ligações de telefone para potenciais eleitores, retrata um cenário que não era previsto pelos analistas no início do ano. A fraca recuperação da economia, de um lado, e a falta de carisma do adversário de Obama, do outro, resultaram numa disputa apertada, palmo a palmo, mas não impediram que o engajamento dos militantes se desse em números tão superlativos. Os momentos-chave da campanha estiveram diretamente relacionados a avanços na arrecadação. Após o primeiro debate entre os presidenciáveis em 4 de outubro, quando a performance de Mitt Romney surpreendeu positivamente os eleitores, sua campanha levantou US$ 12 milhões nas 24 horas seguintes ao evento. Antes disso, a campanha de Barack Obama chegara a um pico de 700 mil contribuintes na semana da Convenção do Partido Democrata, de 4 a 6 de setembro. O impacto do debate da terça-feira 16, em que as pesquisas sagraram Obama como o vencedor por uma pequena margem, não foi divulgado pelas campanhas.

A chegada ao marco bilionário para reeleger um presidente é relativizada pelos cientistas políticos. “Um bilhão de dólares é muito dinheiro de forma absoluta, mas nem tanto perto da nossa economia”, afirma Hayes. “Se considerarmos o tamanho do orçamento americano ou mesmo de seu déficit anual, que é da ordem de US$ 1 trilhão, isso é uma gota no oceano”, diz Filipe Campante, da Universidade de Harvard. “Dada a importância das decisões do governo sobre os agentes econômicos globais, esse valor não é surpreendente, o que não quer dizer que seja desejável do ponto de vista social.” 

Foto: Brian Snyder/Reuters
Fonte: Federal Election Commission
Fotos: Joe Burbank/Photoshot/Other Images e Jason Reed/Reuters
Fonte: IstoÉ N° Edição:  2241 |  19.Out.12 -

Uma cidade filosófica


Com filósofa que atende o público, seminários e cadeiras próprias para a reflexão, pequeno município italiano atrai turistas

Michel Alecrim
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Para Platão, a cidade ideal seria governada por um filósofo, como consta em seu livro “A República”. Depois de mais de 2,3 mil anos da morte do pai da Academia grega, uma pequena cidade do sul da Itália, Corigliano d’Otranto, resolveu seguir o conselho. Desde que assumiu a prefeitura, em 2006, Ada Fiore, transformou a filosofia num elemento cotidiano da pequena vila de menos de seis mil habitantes. Frases de mestres, como Santo Agostinho, podem ser lidas nas paredes. Cadeiras em formato de livros foram instaladas nas calçadas como um convite à reflexão. Ou seja, um parque temático foi criado, incluindo recursos interativos, o que já atrai milhares de turistas. No cardápio de um dos bares, pode-se ler a pergunta “Por que nasci?”, por exemplo. O tema é levado tão a sério, que até o cargo oficial de filósofo municipal foi criado. Entre as atribuições da ocupante desse posto, Graziella Lupo, está o de prestar consultas à população.
“No início, muitos moradores acharam estranho e ficaram contra. Mas com o tempo, aceitaram”, contou Ada à ISTOÉ. Estima-se que 10% dos moradores já tenham sido atendidos nas consultas, sempre concedidas nas tardes de sexta-feira, ou participado de seminários filosóficos. “A maioria das pessoas que me procura quer tratar da dinâmica de seus relacionamentos, entre pais e filhos, casais, etc.”, diz Graziella. Na alta estação o “parque filosófico” recebeu dois mil visitantes, entre os quais, brasileiros que, segundo Ada, resolveram contar suas histórias de vida para outros visitantes. “Foi muito emocionante”, recorda. 

Enquanto refletem sobre a existência, os moradores de Corigliano não deixam, entretanto, de ter de enfrentar os problemas reais, como os danos ambientais do aterro sanitário que atende a região. Como a filosofia até hoje vem oferecendo mais perguntas do que respostas, a indagação adequada para esse e outros problemas está num dos cardápios de um café da cidade no qual se lê: “Por que os erros se repetem?”.


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Fonte: IstoÉ  N° Edição:  2241 |  19.Out.12 

domingo, 21 de outubro de 2012

OS HORRORES DO TELEMARKETING


Por Renan Hamann em 19 de Outubro de 2012
Infográfico - Erro 404: os horrores do telemarketing [ilustração]

“Obrigado por entrar em contato conosco! Não se esqueça, a sua ligação é muito importante para nós! Você já conhece os novos planos de vantagens do nosso Cartão Fidelidade? Acesse nosso site e confira tudo com detalhes! A sua ligação é muito importante para nós! Ao ser atendido, tenha em mãos o seu CPF, RG, IP, ID do ICQ, MSN, CTPS e número de registro da sua casa no cartório da cidade! Sua ligação é realmente importante para nós!”
Você já deve ter ouvido frases parecidas com as que foram mostradas no parágrafo anterior, todas acompanhadas de uma agradável música de fundo – daquelas tão agradáveis que dão vontade de dar um tapa na cara de que a compôs. Você também já deve ter percebido qual é o tema do Erro 404 desta semana, né? Sim, vamos falar sobre o drama de quem precisa falar com centrais de atendimento.

“O senhor poderia estar verificando o seu código, por favor?”

Você precisa resolver um problema em sua conta telefônica e só possui alguns minutos para isso? Esqueça! Você precisa reservar algumas horas de sua agenda para poder solucionar o erro na soma da fatura. E há pesquisas que indicam que o principal motivo para a demora nesses atendimentos é o uso do gerúndio – isso mesmo, o tempo verbal que parece deixar tudo mais demorado.
Erro 404: os horrores do telemarketing [ilustração]"Senhor, aguarde um minuto enquanto eu vou estar conferindo a sua ficha, senhor!" (Fonte da imagem: iStock)
Por exemplo, se um atendente utilizasse a frase “Confirme seu RG, por favor!” em vez de “O senhor poderia estar confirmando o seu RG, por favor?”, teríamos uma economia de meia frase. Agora imagine isso repetidas vezes, durante todo o contato. É claro que isso representa um aumento de 43% no tempo gasto. Sem falar que isso pode deixar muitas pessoas bastante incomodadas – o gerúndio é uma poluição sonora, admitamos. Confira:
– Bom dia, senhor! Em que posso estar ajudando?
– Oi, minha conta veio com erros.
– O senhor poderia estar dizendo qual o problema, senhor?
– Tem uma ligação pra Bósnia, no valor de 200 reais, mas eu não fiz.
– O senhor poderia estar me dizendo qual a data da ligação, senhor?
– 24 de setembro!
– O senhor pode estar aguardando enquanto eu vou estar verificando.
(...)
– Obrigado por aguardar, senhor. No nosso sistema consta que o senhor efetuou a ligação, senhor.
– Mas eu não efetuei.
–Vou estar conferindo mais uma vez, senhor!
– Ahhhhhhh!

    “Eu poderia falar com o seu supervisor?”

    Um dos maiores dramas dos atendentes de telemarketing é a frase “Me passe para seu supervisor!”. Isso acontece porque – mesmo que aquele funcionário esteja realmente se esforçando para resolver os problemas dos clientes – os supervisores de call center odeiam ser incomodados e descontam toda a raiva que sentem do mundo em cima dos atendentes.
    E é por esse motivo que você não conseguirá falar com o supervisor quando quiser. É preciso de muito esforço para conseguir convencer algum dos atendentes a fazer com que a ligação seja transferida (mas só nessas horas, né!?). As estatísticas de um dos institutos de pesquisas mais respeitados da face oeste do Bairro do Abacate (em Santana do Centro-Sul) afirmam que 85% das pessoas desistem da ligação antes de serem transferidas.
    Já as outras pessoas, que resistem bravamente à espera e chegam até a tão desejada ligação, levam entre 5 e 7 minutos para perceber que estão falando com o mesmo atendente (que acabou de engrossar a voz para tentar enganar os clientes).

    Transferências e quedas

    Depois de quase um ano, você percebe que utiliza um plano de internet que não possui muitas finalidades. O problema é que, para cancelar, você precisa ligar para a central de atendimento em horário comercial, de segunda a sexta. Você trabalha nesses mesmos horários. Para ajudar, a empresa não disponibiliza um telefone 0800 e você precisa ligar de seu próprio celular.
    Chegam as suas férias e, finalmente, você pode realizar a ligação tão desejada. Depois de um revigorante café da manhã, o telefone é acionado e começa a saga que faria até mesmo Hércules desistir – sem brincadeiras, se um dos 12 trabalhos dele fosse cancelar uma linha telefônica, a lenda jamais existiria.
    Erro 404: os horrores do telemarketing [ilustração]"Não me transfere! Ahhh! Sua mãe tem caspa no sovaco!" (Fonte da imagem: iStock)
    Mas tudo bem! Você é forte! Você está de férias e você PRECISA cancelar aquele plano. É nesse momento que você percebe o quanto as empresas de telemarketing são cruéis com seus funcionários. Todos possuem metas a serem cumpridas e cancelamento e reajustes de planos raramente contam pontos no final do mês. É por isso que eles agem como namorados ciumentos no melhor estilo “Não posso viver sem você!”.
    E é assim que sua ligação é transferida por cerca de cinco ou seis dezenas de atendentes, até que a chamada caia ou você desista de realizar aquele cancelamento. “E daí que eu vou deixar de comer durante alguns dias do mês! Eu não tenho mais forças para lutar contra isso!”. E no final de sua vida você poderia ter comprado um iate com o dinheiro gasto desnecessariamente.

    Os mesmos procedimentos de sempre

    Todo mundo que teve que entrar em contato com centrais de atendimento deve ter ouvido as mesmas instruções. Isso acontece porque os atendentes são obrigados a seguir um protocolo antes que seja possível realizar testes adicionais – acredite, boa parte dos problemas é resolvido com isso.
    Mas sempre que o cliente é um pouco mais experiente, o “procedimento-padrão” já foi realizado antes da ligação. E é por isso que tantas pessoas se revoltam nos contatos. É fácil entender... Imagine que você está vendo o pneu do seu carro furado, mas a seguradora insiste em dizer que o seu motor acabou de derreter. Você sabe a verdade, mas tem que fazer os testes-padrão.
    Com os computadores, telefones e qualquer outro equipamento eletrônico, funciona da mesma maneira. Você sabe que precisa de uma solução de verdade, mas vai passar pelos testes de sempre. O pior é que em alguns casos, aquela dica “reinicie o modem” realmente funciona! E é nesse momento que você vai parar neste outro Erro 404.
    .....
    Atenção: este artigo faz parte do quadro "Erro 404", publicado semanalmente no Baixaki e Tecmundo com o objetivo de trazer um texto divertido aos leitores do site. Algumas das informações publicadas aqui são fictícias, ou seja, não correspondem à realidade.
    Ilustração por: Aline Sentone
    Fonte: Site TecMundo

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