Ainda há um senso comum de que homens pensam mais em sexo, querem mais sexo, são mais experientes em sexo. E, por mais que, de vez em quando, faça bem para o homem se sentir dessa forma, a expectativa de que ele deve ser o dominante na vida sexual do casal pode atrapalhar o relacionamento.
É isso que revela uma pesquisa da Universidade de Yale, que analisou 357 mulheres e 126 homens. O estudo buscava entender como andava a confiança sexual de jovens sexualmente ativos. Para isso, eles respondiam a perguntas sobre sua vida ‘entre quatro paredes’ em um computador. Ao lado da máquina, havia uma bacia de preservativos femininos (com uma placa instruindo as pessoas a levarem quantos quisessem e mostrando como usá-los). Além das respostas, os pesquisadores analisaram também quantos preservativos os voluntários levavam para casa.
O resultado mostrou que, quanto mais o voluntário (tanto homens quanto mulheres) acreditava que a vida sexual do casal era responsabilidade do homem, menos confiantes eles se sentiam em situações íntimas – e menos preservativos femininos levavam para casa. Segundo os cientistas, os homens que acreditam serem dominantes acabam se sentindo menos confortáveis para discutir o relacionamento e a dinâmica sexual, prejudicando seus relacionamentos.
Mulheres que acreditavam na mesma coisa também discutiam menos suas preferências – embora os cientistas notem que é a minoria das moças que acredita que o homem deva se sentir responsável pela vida sexual do casal.
É 1 hora da madrugada. Um choro estridente desperta a ex-judoca
olímpica Danielle Zangrando, de 33 anos. Desde que levou Lara do
hospital para casa, as mamadas a cada três horas impedem o sono de
antes. Ela pula da cama e oferece à filha o peito. Depois, troca a
décima fralda daquele dia, embala a bebê no colo, caminha com ela em
busca de uma posição que a faça parar de chorar. O choro prossegue.
Daniele tenta bolsa de água quente e gotinhas de remédio. Nada de o
berreiro cessar. Duas horas depois, mãe e filha formam um coro: Danielle
também cai em prantos, desesperada. É a primeira cólica de Lara, com 20
dias de vida. O pai, Maurício Sanches, funcionário público de 48 anos,
se sente impotente. Está frustrado e desconta a frustração na mulher:
“Você comeu algo que fez mal a ela?”. A partir de então, Danielle se
privará também do chocolate. Já desistira do sono, da liberdade, do
trabalho como comentarista de esporte. Na manhã seguinte, ainda exausta
da maratona
noturna, retomará a mesma rotina, logo cedo: amamentar, dar banho,
trocar fralda, botar para dormir. “Ninguém sabe de verdade como é esse
universo até entrar nele”, diz Danielle. Hoje, Lara está com 2 anos. As
noites não são tão duras quanto costumavam ser. Mas Danielle e Sanches
ainda dizem que ter filhos é uma missão muito mais difícil do que eles
haviam imaginado.
Eis um problema: a paternidade, que deveria ser o momento mais feliz da
vida dos casais – de acordo com tudo o que aprendemos –, na verdade nem
sempre é assim. Ou, melhor dizendo, não é nada disso. Para boa parte
dos pais e (sobretudo) das mães, filhos pequenos são sinônimo de
cansaço, estresse, isolamento social e – não tenhamos medo das palavras –
um certo grau de infelicidade. Ninguém fala disso abertamente. É feio.
As pessoas têm medo de se queixar e parecer desnaturadas. O máximo que
se ouve são referências ambíguas e cheias de altruísmo aos percalços da
maternidade, como no chavão: “Ser mãe é padecer no Paraíso”. Muitas que
passaram pelo padecimento não se lembram de ter visto o Paraíso e, mesmo
assim, realimentam a mística. Costumam falar apenas do amor
incondicional que nasce com os filhos e das alegrias únicas que se podem
extrair do convívio com eles. A depressão, as rachaduras na intimidade
do casal, as dificuldades com a carreira e o dinheiro
curto – disso não se fala fora do círculo mais íntimo e, mesmo nele, se
fala com cuidado. É tabu expor a própria tristeza numa situação que
deveria ser idílica.
A boa notícia para os pais espremidos entre a insatisfação e a
impossibilidade de discuti-la é que começa a surgir um movimento que
defende uma visão mais realista sobre os impacto dos filhos na vida dos
casais. Seus adeptos ainda não marcham nas ruas com cartazes contra a
hipocrisia da maternidade como um conto de fadas. Mas exigem, ao menos, o
direito de falar publicamente e com franqueza sobre as dificuldades da
situação, sem ser julgados como maus pais ou más mães por se atrever a
desabafar. Por meio de livros e, sobretudo, com a ajuda da internet,
eles começam a falar claramente sobre os momentos de angústia, tédio e
frustração que costumam acompanhar a criação dos filhos. Nas palavras da
americana Selena Giampa, uma bibliotecária de 35 anos, dona do blog Because Motherhood Sucks (A maternidade enche...),
“a maternidade está cheia de momentos de pura felicidade e amor. Mas
tudo o que acontece entre esses momentos é horrível. Amo ser mãe, de
verdade. Mas tenho de dizer a vocês que, assim como qualquer outro
emprego, muitas vezes eu tenho vontade de pedir as contas”. Com uma
notável diferença: ninguém pode se demitir do emprego de mãe ou de pai.
Ele é vitalício.
O melhor exemplo dessa nova maternidade é o livro Why have kids
(Por que ter filhos), sem previsão de lançamento no Brasil, escrito
pela jornalista americana Jessica Valenti, de 34 anos. Durante a
gravidez de sua primeira e única filha, Jessica teve um aumento perigoso
de pressão arterial. Layla nasceu prematura, pesando menos de 1 quilo.
Passou oito semanas na incubadora do hospital. Ao longo dos 56 dias em
que viu a filha sofrer dezenas de procedimentos invasivos, Jessica
refletiu sobre como idealizara a experiência de ser mãe. Seu livro parte
daí para criticar a cobrança pela maternidade perfeita, uma espécie de
pano de fundo imaginário contra o qual as mães de verdade comparam suas
imensas dificuldades e seus inconfessáveis sentimentos negativos. “Não
falar sobre a parte ruim da maternidade só aumenta o drama dos pais e as
expectativas irrealistas de quem ainda não é”, disse Jessica a ÉPOCA.