terça-feira, 30 de setembro de 2014
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
8 das famílias mais influentes da História
No
decorrer dos séculos, algumas famílias ganharam destaque na História
mundial pelo seu grande poder e renome. Elas mudaram o destino de suas
nações ou mesmo da economia internacional. As famílias foram listadas
pelo fundador do site List Verse,
que esclareceu que ela dá uma visão ampla de algumas das mais poderosas
famílias históricas, não excluindo as casas reais. Confira abaixo.
8 – Família Rothschild
A família Rothschild — muitas vezes referida como Os Rothschilds — é
uma dinastia de origem judaica alemã que comanda o sistema bancário e
financeiro internacional, estabelecendo operações em toda a Europa e
sendo enobrecida pelos governos da Áustria e do Reino Unido.
A ascensão da família à proeminência internacional começou com Mayer
Amschel Rothschild (1744-1812 — foto acima), cuja estratégia para o
sucesso era manter o controle de seus negócios nas mãos da família,
permitindo-lhes manter total discrição sobre o tamanho de sua riqueza e
realizações de negócios.
Mayer Rothschild manteve com sucesso a fortuna com casamentos
arranjados com cuidado entre os membros estreitamente relacionados à
família. O quarto filho dele, Nathan Mayer Rothschild, começou seu
negócio em Londres em 1811, onde o império ainda perdura até hoje. Seus
negócios foram tão importantes que até evitaram grandes crises
financeiras na Inglaterra.
Atualmente, temos até alguns membros da família Rothschild radicados
no Brasil, como o Barão Philippe de Nicolay Rothschild, banqueiro
francês e proprietário de uma exclusivíssima vinícola de champanhe, na
região francesa de mesmo nome (Champagne).
7 – Plantageneta
A Casa de Plantageneta foi uma casa real fundada por Henrique II da
Inglaterra, filho de Godofredo V de Anjou e de Matilde (filha de
Henrique I). Os reis de Plantageneta foram os primeiros a governar o
Reino da Inglaterra no século 12.
No total, 15 monarcas da família governaram a Inglaterra de 1154 até
1485. Uma cultura inglesa distinta e um impulso nas artes surgiram
durante a era Plantageneta, incentivados por alguns dos monarcas que
eram patronos do "pai da poesia inglesa", Geoffrey Chaucer. A
arquitetura também ganhou características específicas, como a
apresentada na Abadia de Westminster.
Houve também progressos duradouros no setor social, quando João I da
Inglaterra assinou a Magna Carta (foto acima), que influenciou no
desenvolvimento do direito comum e direito constitucional. As
instituições políticas, como o Parlamento da Inglaterra, tiveram origem
na era Plantageneta assim como instituições de ensino renomadas
mundialmente, incluindo a Universidade de Cambridge e de Oxford.
6 – Família Nehru-Gandhi
A Nehru-Gandhi é uma família política indiana, que dominou o
Congresso Nacional Indiano na maior parte do início da história da Índia
independente. Três membros da família (Pandit Jawaharlal Nehru, sua
filha Indira Gandhi e seu filho Rajiv Gandhi) foram primeiros-ministros
da Índia, sendo que Indira e Rajiv Gandhi foram assassinados.
Um quarto membro da família, Sonia Gandhi (viúva de Rajiv), é
atualmente a presidente do Congresso, enquanto seu filho, Rahul Gandhi, é
o mais novo membro da família a entrar na política ativa quando
concorreu e ganhou um cargo na câmara do Parlamento da Índia em 2004.
Vale destacar que a família Nehru-Gandhi não está relacionada ao líder da independência indiana Mahatma Gandhi.
5 – Família Khan
Genghis Khan foi o fundador, governante e imperador do Império
Mongol, o maior império em área contígua da História, que se estendia a
partir da Ásia Central, Europa Central até o Mar do Japão, Sibéria,
Índia, Indochina e o planalto iraniano e, por fim, ao oeste até o
Levante e Arábia.
Ele chegou ao poder unindo muitas das tribos nômades do nordeste da
Ásia. Depois de fundar o Império Mongol e ser proclamado "Genghis Khan"
(Khan = governante), começou as invasões e ataques de Kara-Khitan
Canato, Cáucaso, Império Khwarezmid, Xia Ocidental e dinastias Jin.
Durante sua existência, o Império Mongol eventualmente ocupou uma
porção substancial da Ásia Central. Antes de Genghis Khan morrer, ele
nomeou Ogedei Khan como seu sucessor e dividiu seu império entre seus
filhos e netos. Ele morreu em 1227 depois de derrotar os Tangutes.
A figura foi enterrada em uma cova anônima em algum lugar na
Mongólia, em um local desconhecido. Seus descendentes passaram a dominar
outras regiões para o Império Mongol nas áreas citadas acima.
4 – Dinastia Júlio-Claudiana
A dinastia Júlio-Claudiana normalmente refere-se aos primeiros cinco
importantes imperadores romanos: Augusto, Tibério, Calígula (também
conhecido como Caio), Cláudio e Nero, ou à família a que pertenciam. A
dinastia governou o Império Romano a partir de sua formação, de 27 a.C. a
68 d.C., quando o último da linha, Nero, cometeu suicídio.
O nome Júlio-Claudiano deriva do apelido de Augusto, pertencente à
família Julia, e de Tibério, um Claudius de nascimento subsequentemente
adotado. Os sucessores de Augusto são conhecidos por esse nome devido
aos casamentos idealizados por ele entre a sua família, os Julii, e os patrícios Claudii.
Os reinados dos imperadores Júlio-Claudianos suportaram algumas
características semelhantes: todos chegaram ao poder através de relações
indiretas ou adotadas. Cada um expandiu o território do Império Romano e
iniciou grandes projetos de construção.
Segundo as fontes, eles eram geralmente amados pelas pessoas comuns,
mas os historiadores antigos descrevem os imperadores Júlio-Claudianos
como cruéis, loucos, sexualmente perversos e tirânicos.
3 – Família Zhu
"Zhu" era o nome de família dos imperadores da dinastia Ming. Foi
Hongwu (Zhu Yuanzhang — imagem acima) que optou por usar o Ming (que
significa “brilhante”) para o nome dinástico. A dinastia Ming foi a
governante da China de 1368 a 1644, após o colapso da Dinastia Yuan
Mongol.
A Ming foi a última dinastia na China governada por Hans étnicos. Ela
foi uma das mais estáveis e duradouras da história chinesa. Após Hongwu
e Yongle, alguns dos imperadores Ming se destacaram como grandes
governantes.
O curto reinado do imperador Xuande (1426-1435), no entanto, foi
considerado por estudiosos posteriores como uma idade de ouro do bom
governo e patrocínio das artes. Xuande foi ele próprio um artista
talentoso e poeta, reunindo um grupo de artistas na corte.
Embora a primeiro capital Pequim tenha entrado em queda em 1644,
devido a uma rebelião liderada por Li Zicheng (que estabeleceu a
dinastia Shun, logo substituída pela dinastia Qing), os regimes leais ao
trono Ming sobreviveram até 1662.
2 – Família Ptolomeu
A dinastia ptolomaica era uma família real macedônia helenística que
governou o império no Egito por cerca de 300 anos, de 305 a 30 a.C.
Ptolomeu, um dos sete guarda-costas que serviram como generais e
deputados de Alexandre, o Grande, foi nomeado sátrapa (governante de
província) do Egito após a morte de Alexandre em 323 a.C.
Em 305 a.C, ele declarou-se rei Ptolomeu I, sendo mais tarde
conhecido como "Soter" (salvador). Os egípcios logo aceitaram os
Ptolomeus como os sucessores dos faraós do Egito independente e a
família governou a região até a conquista romana de 30 a.C.
O membro mais famoso da linha foi a última rainha, Cleópatra VII,
conhecida por seu papel nos combates políticos romanos entre Júlio César
e Pompeu, e mais tarde entre Otaviano e Marco Antônio. Seu suicídio na
conquista por Roma marcou o fim do domínio Ptolomeu no Egito.
1 – Dinastia Capetiana
Não, essa não é a dinastia do capeta. Na verdade, a dinastia
capetiana se refere a qualquer um dos descendentes diretos de Hugo
Capeto da França. O Rei Juan Carlos da Espanha e Grão-Duque Henri de
Luxemburgo são membros desta família, ambos pela ramificação Bourbon da
dinastia. Essa é a maior casa real europeia.
Ao longo dos séculos anteriores, os capetianos se espalharam pela
Europa, governando toda forma de unidade provincial de reinos até
feudos. Além de ser da família real mais numerosa na Europa, é também
uma das mais incestuosas, especialmente na monarquia espanhola.
Muitos anos se passaram desde que os monarcas capetianos governaram
grande parte da Europa, no entanto, eles ainda permanecem como reis, bem
como outros títulos. Atualmente dois monarcas ainda dominam a Espanha e
Luxemburgo.
O membro da família legítimo atual é Louis Alfonso (foto acima), o
duque de Anjou, que também detém a alegação legitimista ao trono
francês. No geral, dezenas de ramos da dinastia Capeto ainda existem em
toda a Europa.
Fonte(s): List Verse, Forbes Brasil, Megacurioso.
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Rogério Rocha
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Os mutantes somos nós
O biólogo francês Jean-François Bouvet está chamando a atenção
internacional com um livro recém-lançado na França, pela
editora Flammarion: Mutants: à quoi ressembleronsnous demain? (Mutantes:
como seremos amanhã?, em tradução livre). Nele, o professor
da Universidade Claude Bernard, em Lyon, após dez anos de pesquisa em
neurobiologia, retoma a tese de que as modificações ambientais
produzidas pelo homem, desde a Revolução Industrial, estão causando uma
transformação inédita na espécie. “O homem provocou um Big Bang químico
que agora age sobre ele. Está mudando numa velocidade que não tem mais
nada a ver com a evolução darwiniana”, afirma.
Além da tendência demograficamente comprovada de as novas gerações
viverem mais tempo e serem mais altas, Bouvet soma outras
características menos desejáveis. Segundo ele, estamos ficando mais
velhos, altos, obesos, inférteis e doentes. De acordo com a pesquisa, a
altura dos franceses aumentou quase cinco centímetros nos últimos 30
anos, mas, em compensação, mais de 15% da população adulta se tornou
obesa. Ao mesmo tempo, atualmente uma entre quatro meninas
afroamericanas entra na puberdade por volta dos 7 anos. E, em meio
século, a concentração de espermatozoides diminuiu 40% nos homens de
todo o planeta, sendo acompanhada por uma diminuição das taxas de
testosterona – o hormônio da sexualidade masculina.
Tem mais. A prática global de trabalhar horas diante de telas de
computadores escalou a proporção de míopes na população de uma
maneira nunca vista. A fl ora intestinal também vem se modificando
devido à ingestão de novos alimentos, nos tornando inaptos a assimilar
os antigos, o que gera inúmeras alergias. Outra estatística alarmante é o
número de casos de Alzheimer. Só na França a previsão é de que haverá 2
milhões de doentes até 2020.
Todas essas transformações somadas, segundo Bouvet, tornam impossível
sustentar a ideia de que o homem moderno permanece sem mudança evolutiva
desde o período neolítico. Para o pesquisador, a seleção natural está
sendo colonizada pela seleção social gerada pela cultura e pela
tecnologia, cujos impactos retornam e alteram o ambiente e o homem. Seu
estudo converge para a investigação paralela conduzida por geólogos da
Sociedade Geológica de Londres, como o inglês Jan Zalasiewicz, que
propuseram à Comissão Internacional de Estratigrafia o reconhecimento de
um novo período geológico, o antropoceno: a era das mudanças climáticas
e dos impactos humanos no planeta.
Pouco otimista, Bouvet acredita que estamos diante de uma nova
situação no plano evolutivo. O Homo sapiens (Homem sábio) estaria
virando Homo perturbatus (Homem perturbado). “Estamos assistindo a um
processo de novo tipo: o homem, agora, está sob a infl uência de coisas
que ele mesmo causou. Nesse sentido, não me parece ilegítimo falar de
“retroevolução”, porque se trata de uma evolução para trás, um tipo de
feedback. Esse fenômeno não tem feito outra coisa a não ser se
amplificar.”
Mutação química
Para chegar à conclusão controversa (leia na página ao lado), o
cientista francês identificou como vetores da retroevolução biológica
uma série de substâncias desenvolvidas pela indústria química utilizada
na fabricação de objetos do dia a dia moderno. São os casos, por
exemplo, do herbicida Atrazin, do pesticida DDT, do fungicida
Vinclozolin, do componente de policarbonato bisfenol A, dos compostos
ftalatos e dos conservantes parabenos. Segundo Bouvet, conservantes,
estabilizantes, pesticidas e antibióticos ingeridos na alimentação
industrial urbana ou absorvidos pelo contato com objetos de consumo
geram a poluição responsável por mudanças cumulativas que alteram o
sistema endócrino e hormonal humano.
Há tempo ainda para evitar o Big Bang químico? Ou ele é inexorável? De
saída, o biólogo adverte: “Não estou propondo viver sem
antibióticos, mas, simplesmente, utilizá-los com sabedoria”. Preferir
alimentos frescos a enlatados, evitar bebidas em embalagens que tenham o
símbolo “PC” (de policarbonato), reduzir o contato com recipientes e
brinquedos plásticos são providências que podem ser adotadas. O
exercício do consumo consciente também ajudaria.
Ao mesmo tempo que questiona o futuro imprevisível da espécie,
Bouvet também ironiza a medicina contemporânea que, atenta a todos os
males, oferece a possibilidade de fabricar espermatozoides em
laboratório a partir de células-tronco (já bem-sucedidas com ratos) e,
em breve, engendrar úteros artificiais. “Dessa maneira teremos uma
dissociação total entre sexualidade e reprodução”, ressalta.
Segundo o neurobiologista, mesmo interconectada virtualmente a
humanidade continua a ser um grande corpo sem cabeça – “de certa forma
desprovida de inteligência coletiva”. Só uma tomada de
consciência global, que leve a medidas drásticas de âmbito
planetário, poderia limitar a intensidade da modificação química que
afeta o ambiente, diz o cientista. Mas mesmo que muitos indivíduos
tenham consciência dos perigos que engendramos, a chance de tudo
continuar como está é grande. Como já fez antes, o homem tentará se
adaptar às adversidades do jeito que conseguir, já que não há manual
para a evolução. “Que pressões climáticas, econômicas, sanitárias,
demográficas, alimentares ou energéticas teremos que encarar? A verdade é
que não sabemos.”
Jean-François Bouvet afirma que a poluição química afeta a todos
Populações não industrializadas que mantêm hábitos alimentares tradicionais vivem as mudanças indicadas na sua pesquisa?
Bouvet: Mesmo que existam regiões menos poluídas do que outras, ninguém está totalmente ao abrigo, porque respiramos a mesma atmosfera e os oceanos se comunicam. É por intermédio da alimentação que se estabelece uma diferença: aqueles que podem consumir bioalimentos orgânicos, que contêm pouco ou nenhum pesticida, estarão menos submetidos aos efeitos dos produtos químicos dos quais a agricultura intensiva abusa.
Bouvet: Mesmo que existam regiões menos poluídas do que outras, ninguém está totalmente ao abrigo, porque respiramos a mesma atmosfera e os oceanos se comunicam. É por intermédio da alimentação que se estabelece uma diferença: aqueles que podem consumir bioalimentos orgânicos, que contêm pouco ou nenhum pesticida, estarão menos submetidos aos efeitos dos produtos químicos dos quais a agricultura intensiva abusa.
Como a comunidade científica reagiu ao seu livro? O que pensaremos de suas ideias daqui a meio século?
Bouvet: Minha obra ainda é muito recente. Em todo o
caso, até o momento, não recebi nenhuma objeção grave. Seja como for, os
fatos estão aí. Quanto a saber o que pensarão de minhas ideias daqui a
meio século, repito o que sublinhava Mark Twain: “A arte da profecia é
extremamente difícil, sobretudo no que diz respeito ao futuro”.
Há conexão entre o seu trabalho e o dos geólogos que estudam o período antropoceno?
Bouvet: Totalmente. Trata-se do mesmo tipo
de aproximação. O fato marcante é que o planeta nunca carregou tantas
marcas da ação humana, para o bem e para o mal.
Fonte: Site da Revista Planeta
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Rogério Rocha
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Paris ganha 'templo dos filmes mudos' com pianista tocando ao vivo
Por Daniela Fernandes, de Paris
Paris acaba de ganhar uma
fundação dedicada aos primórdios do cinema, que está sendo chamada na
capital francesa de "templo dos filmes mudos".
A Fundação Jerôme Seydoux-Pathé reúne um dos
mais importantes acervos mundiais de filmes, câmeras, fotografias e
dezenas de milhares de documentos que traçam a história da indústria
cinematográfica nos últimos 120 anos.
No local, há uma uma sala de cinema,
onde são exibidos diariamente sobretudo filmes mudos, com
acompanhamento ao vivo de um pianista, como ocorria há mais de um século
(a sessão custa 6 euros, cerca de R$ 18).
Na última década, a Pathé restaurou e digitalizou cerca de 1,5 mil filmes mudos.
A Pathé e a Gaumont, fundadas no final do século
19 e compradas pela família Seydoux, são as mais antigas produtoras e
distribuidoras de filmes do mundo ainda em atividade.
10 mil filmes
Antes da Primeira Guerra mundial, a Pathé,
criada pelos irmãos Charles e Émile Pathé, era considerada a mais
importante empresa cinematográfica do mundo.
De 1896 aos dias de hoje, a Pathé produziu mais
de 10 mil filmes. Grandes clássicos do cinema, como os filmes La Dolce
Vita, de Federico Fellini, e o Guepardo, de Luchino Visconti, estrelado
por Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, foram co-produzidos
pela companhia francesa.
Os irmãos Pathé, que criaram um império
cinematográfico com estúdios e salas de cinema, também desenvolveram
inúmeros equipamentos para projeção de filmes e câmeras, além de
formatos de películas.
Entre os cerca de 200 aparelhos exibidos
permanentemente na fundação, criados entre o final do século 19 e os
anos 1980, há o "Pathé Baby", um pequeno projetor com manivela, lançado
em 1922, "ancestral" do home theater para ver filmes em casa.
Um ano depois, o "Pathé Baby" ganhou uma versão
filmadora para amadores. O aparelho foi lançado na mesma época na
Inglaterra com o nome de "Pathex".
Na galeria de equipamentos, o visitante também
pode ver, em tabletes, filmes que mostram as diferentes técnicas
cinematográficas.
A coleção reúne ainda 500 mil fotografias
tiradas em sets de filmagens a partir de 1897, além de milhares de
documentos, desenhos, livros sobre cinema e centenas de roupas e outros
objetos usados em filmes.
Ilustrador sergipano
Atualmente, uma exposição em cartaz até 4 de
novembro apresenta uma coleção de pôsteres de pequenos filmes produzidos
entre 1906 e 1907, na época em que as projeções eram apresentadas em
circos.
Parte dessas ilustrações – litografias
realizadas sobre pedra – foram criadas pelo sergipano Candido Aragonez
de Faria, nascido em 1849. Ele se instalou na França em 1882 e foi o
principal ilustrador da Pathé entre 1902 e 1911, ano de sua morte.
"Para cada filme, mesmo os mais curtos, era
criada uma ilustração", afirma Sophie Seydoux, presidente da fundação
que conta em seu acervo 4,5 mil pôsteres, desenhos e maquetes.
Rodin
Não é só o acervo da Fundação Pathé que vale ser
visitado. A descoberta cultural já começa na rua: a fachada do prédio,
um antigo teatro próximo à Place d’Italie, no 13° distrito de Paris, foi
realizada pelo escultor Auguste Rodin em 1869 e é tombada pelo
patrimônio histórico francês.
O teatro não existe mais e o prédio (com exceção
da fachada) foi totalmente reconstruído pelo renomado arquiteto
italiano Renzo Piano, co-autor do Centro Georges Pompidou, em Paris.
Atrás da fachada de Rodin, Piano construiu uma
gigantesca estrutura em forma de "bolha" de vidro, recoberta com 5 mil
pequenos painéis de alumínio, que lembra a "carapaça de um tatu", ou o
"casco da Arca de Noé", como prefere dizer o arquiteto.
No total, são 2,2 mil m2 em cinco andares. A fundação possui ainda um centro de pesquisas e de documentação na área de cinema.
Para ter acesso a esse espaço, situado no último
andar do prédio, onde é possível consultar a integralidade do acervo, é
preciso marcar hora.
Fonte: Site da BBC Brasil
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Rogério Rocha
às
18:56
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domingo, 21 de setembro de 2014
Quanto tempo de vida útil possui um pendrive?
Guardar e proteger as nossas informações digitais é algo extremamente
importante hoje em dia. Os backups são muito necessários se quisermos
garantir que os nossos preciosos arquivos fiquem intactos (e quem já não
passou pelo pânico de achar que perdeu dados importantes no
computador?).
Ao saber disso, muitas pessoas salvam seus documentos em serviços na
nuvem, enquanto outras preferem guardá-los em dispositivos físicos que
não exijam qualquer tipo de acesso online – como os pendrives, SD cards e
HDs externos. Contudo, é necessário ter alguns cuidados com esses itens
se você quer que eles realmente protejam os seus arquivos.
Logo
você verá que isso é bastante relativo e que depende de vários fatores
que não são exclusivos do produto – porém, algo é certo: eles não
armazenarão os seus arquivos eternamente, já que em algum momento eles
serão inutilizados. Entre esses fatores, estão os próprios componentes
do produto (se são ou não são de qualidade), o cuidado com ele, o
manuseio do indivíduo e, principalmente, o número de vezes que ele foi
gravado, apagado e reescrito.
Por quanto tempo ele é capaz de armazenar os meus dados?
O prazo de validade de um pendrive é incerto e pode ser medido de
acordo com a quantidade de vezes que ele foi utilizado. Por exemplo,
muitos modelos informam que podem durar até cinco anos, porém, se você
usá-lo menos vezes e manuseá-lo com cuidado, ele pode durar muito mais.
Dependendo das especificações dos fabricantes, os pendrives podem ter
um ciclo aproximado de 10 mil a 100 mil de sequências de gravação antes
que mensagens com erros de gravação comecem a ser exibidas – partes do
dispositivo ficam corrompidas devido ao uso contínuo. Ele não irá
queimar, como ocorre quando é inserido em entradas USB de modo incorreto
ou ejetado abruptamente, porém ficará desgastado graças às constantes
gravações.
Partindo do pressuposto de que você terá bons cuidados com o
dispositivo, de que ele ficará guardado em um ambiente fresco em boas
condições e de que você sempre o removerá seguindo os procedimentos de
segurança, pendrives de marcas renomadas (como SanDisk, Transcend,
Kingston, HP, Sony, Lexar, Verbatim, Corsair) podem durar mais tempo do
que o prazo estipulado. Contudo, se mensagens de erro começarem a
aparecer, já é o momento de trocar de dispositivo.
Como as especificações de marcas variam bastante, é naturalmente
esperado que aquelas que possuem um maior ciclo de gravações durem mais
tempo. Cuidado com as marcas desconhecidas ou piratas, pois é muito
provável que o ciclo de gravações seja bem menor e que o pendrive queime
devido à má qualidade dos componentes, e não pelo uso contínuo. Se você
quer se certificar de que o pendrive em questão é de qualidade, procure
pelo certificado ISSO-9001:2008 e o selo A nesses produtos.
Concluindo, os pendrives são ótimos dispositivos para você
transportar dados temporários de um lugar para outro, mas é aconselhado
que eles não sejam utilizados permanentemente como backup. Se você quer
salvar dados valiosos, talvez seja mais interessante optar por HDs
externos que não sejam gravados e regravados constantemente (e que
fiquem bem guardados em boas condições de preservação) ou serviços na
nuvem, se você não se importar de deixar tudo online. E lembre-se:
sempre grave os arquivos em mais de um lugar – melhor prevenir, não é?
Fonte: Tec Mundo (com adaptações).
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Rogério Rocha
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domingo, 14 de setembro de 2014
O Brasil não vive recessão, mas uma estagnação
Flickr / Programa de Aceleração do Crescimento
Refinaria
da Petrobras em Cubatão. Uma parcela significativa do saldo positivo da
balança comercial deveu-se à exportação de plataformas de petróleo para
empresas estrangeiras
Contaminada pela polarização
eleitoral, a discussão sobre as quedas sucessivas do PIB, de 0,2% no
primeiro trimestre e de 0,6% no segundo, proporciona uma oportunidade
para desfazer o equívoco de considerar o desaquecimento da economia
brasileira uma exceção em um mundo em franca retomada. Não é bem assim,
como mostrou o diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Luiz
Awazu Pereira da Silva, em exposição na Federação das Indústrias de São
Paulo, em 22 de agosto.
Na comparação das projeções de crescimento do PIB apuradas em abril e em julho deste ano, a variação mundial esperada caiu de 3,6% para 3,4%. Nos países avançados, o recuo foi de 2,2% para 1,8%. Nos Estados Unidos, a estimativa oscilou de 2,8% para 1,7% e na área do Euro, recuou de 1,2% para 1,1%. Apenas a expectativa para o Japão aumentou ligeiramente, de 1,4% para 1,6%.
O avanço esperado do PIB dos países emergentes diminuiu de 4,9% em abril para 4,6% em julho. Houve redução discreta das projeções para a China, de 7,5% para 7,4%, e estabilidade das estimativas para a Índia, em 5,4% . Caíram as previsões para Rússia (1,3% para 0,2%), África do Sul (2,3% para 1,7%), Brasil (1,8% para 1,3%) e México (3% para 2,4%).
“Não houve a ‘tempestade perfeita’ nos emergentes”, disse Awazu. E o Brasil “tem fundamentos macrofinanceiros sólidos e instituições capazes de assegurar estabilidade macroeconômica e financeira, capacidade de resposta a choques e desafios e demonstrada resiliência à crise, com um modelo de desenvolvimento sustentável visando o aumento da inclusão social e financeira”. As expectativas de crescimento em 2015 são também declinantes, praticamente sem exceção.
As quedas seguidas do PIB lideraram a onda de notícias negativas sobre o desempenho recente da economia. O déficit primário do setor público de 4,7 bilhões de reais em julho, a redução da produção de veículos em 22,4% em agosto, uma nova queda na confiança dos empresários da indústria e do setor de serviços e as taxas de juros mais altas desde 2011 integraram o quadro de informações ruins. Houve fatos positivos, insuficientes para reverter o pessimismo. O principal deles foi o aumento de 0,7% na produção industrial de julho sobre o mês anterior, segundo o IBGE, depois de cinco quedas sucessivas.
A variação negativa do PIB do Brasil nos dois últimos trimestres é indiscutível. Concluir a partir deste fato que há uma recessão no País, nem tanto. Manuais de finanças definem “recessão técnica” como dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. O economista conservador Geoffrey H. Moore, um dos maiores especialistas em ciclos econômicos, identificou “sérios problemas” nessa visão. Um deles é não considerar datas mensais de início e fim das recessões. “Por esse motivo, o National Bureau of Economic Research dos Estados Unidos utiliza medidas mensais de produção, emprego, vendas e renda, todas expressas em termos reais”, escreveu no ensaio Recessões. Moore coordenou a instituição por 30 anos e foi diretor emérito do Center for International Business Cycle Research, da Universidade de Columbia. “Outro problema é a possibilidade de sérios declínios na atividade econômica mesmo sem dois trimestres consecutivos de oscilação negativa”, alertou Moore.
As observações do especialista não reduzem a relevância dos problemas, mas levantam dúvidas sobre o diagnóstico de recessão. “As quedas do PIB brasileiro durante dois trimestres seguidos não foram acompanhadas de desemprego e redução da massa salarial e isso não permite caracterizar uma recessão. O termo correto para definir a situação atual é estagnação”, diz o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo. “Estamos em recessão técnica, embora atípica porque o nível de desemprego está baixo. Houve fatores conjunturais, como a Copa do Mundo, mas a economia dava sinais de estagnação, relacionada a várias causas, entre elas a forte desaceleração do setor manufatureiro”, afirma o economista Luiz Fernando de Paula, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Para avaliar corretamente o desempenho da economia, além de considerar as diferenças entre recessão e estagnação e contextualizar mundialmente a dinâmica brasileira, é preciso expurgar interpretações facilitadas pelo predomínio de informações fragmentadas e de curto prazo. Os superávits comerciais de agosto, de 1,2 bilhão de dólares (as projeções indicavam 400 milhões) e dos últimos oito meses, de 249 bilhões de dólares (houve déficit de 3,8 bilhões no mesmo período em 2013), não receberam destaque no noticiário. A ênfase recaiu no fato de o saldo positivo de agosto ser “o pior para o mês desde 2001”. Uma parcela significativa do saldo positivo da balança comercial deveu-se à exportação de plataformas de petróleo para empresas estrangeiras de prospecção atuantes no Brasil. Segundo algumas interpretações, teria ocorrido uma “exportação contábil de plataformas”. A expressão utilizada denota atribuição de pouca importância ao fato econômico relevante de obtenção de receita em moeda conversível mediante a venda de um produto feito internamente, com uso de mão de obra e de insumos locais, em um processo gerador de efeitos positivos encadeados e de uma arrecadação tributária relevante. Sob essa ótica, talvez fosse necessário levar as plataformas aos países das importadoras e transportá-las de volta ao Brasil para considerar legítimas as exportações.
A necessidade de retomar o crescimento econômico é consenso no debate eleitoral, mas há mais de uma estratégia para atingir o objetivo. No debate promovido na quarta-feira 27 pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, o economista José Roberto Mendonça de Barros, representante de Aécio Neves, enfatizou a necessidade de um “ajuste macroeconômico”, expressão elástica capaz de abrigar de um tarifaço ao corte de salários. Para o economista Rodrigo Sabbatini, da campanha de Dilma, o ajuste econômico necessário é diferente daquele defendido pelo PSDB. "Não dá para fazer a inflação baixar para o centro da meta no curto prazo sem provocar um processo recessivo. Nisso nosso ajuste macroeconômico é diferente". A candidata Marina Silva não enviou representante à Abimaq.
Velhas soluções agravariam a situação, alerta Fernando de Paula. “Estou pessimista com esta ideia de que o simples canto da sereia, a volta do livre mercado, vai resolver tudo no Brasil. Isso já foi tentado no governo FHC e não deu certo, a economia ficou muito vulnerável, se desindustrializou, desnacionalizou, houve apagão. A visão predominante é que a intervenção do Estado impede o Brasil de crescer. Tenho críticas ao governo Dilma, pois fez um intervencionismo a meu juízo atrapalhado e mal coordenado, mas não acho que a alternativa “Deus Mercado” vá ser a panaceia.”
O economista Delfim Netto identifica um sinal animador. “Caiu a ficha. É agora geral o reconhecimento de que a causa fundamental da taxa de crescimento do PIB foi a pouca atenção dada à cuidadosa destruição da capacidade competitiva da indústria manufatureira nacional, consequência do uso da taxa de câmbio como instrumento de controle da inflação em substituição às políticas fiscal e monetária.” Em discurso na quarta-feira 3, Dilma Rousseff admitiu problemas na política industrial e no avanço da economia e prometeu mudanças. É um começo.
Fonte: Carta Capital - Economia - Edição Online - Set./2014
Na comparação das projeções de crescimento do PIB apuradas em abril e em julho deste ano, a variação mundial esperada caiu de 3,6% para 3,4%. Nos países avançados, o recuo foi de 2,2% para 1,8%. Nos Estados Unidos, a estimativa oscilou de 2,8% para 1,7% e na área do Euro, recuou de 1,2% para 1,1%. Apenas a expectativa para o Japão aumentou ligeiramente, de 1,4% para 1,6%.
O avanço esperado do PIB dos países emergentes diminuiu de 4,9% em abril para 4,6% em julho. Houve redução discreta das projeções para a China, de 7,5% para 7,4%, e estabilidade das estimativas para a Índia, em 5,4% . Caíram as previsões para Rússia (1,3% para 0,2%), África do Sul (2,3% para 1,7%), Brasil (1,8% para 1,3%) e México (3% para 2,4%).
“Não houve a ‘tempestade perfeita’ nos emergentes”, disse Awazu. E o Brasil “tem fundamentos macrofinanceiros sólidos e instituições capazes de assegurar estabilidade macroeconômica e financeira, capacidade de resposta a choques e desafios e demonstrada resiliência à crise, com um modelo de desenvolvimento sustentável visando o aumento da inclusão social e financeira”. As expectativas de crescimento em 2015 são também declinantes, praticamente sem exceção.
As quedas seguidas do PIB lideraram a onda de notícias negativas sobre o desempenho recente da economia. O déficit primário do setor público de 4,7 bilhões de reais em julho, a redução da produção de veículos em 22,4% em agosto, uma nova queda na confiança dos empresários da indústria e do setor de serviços e as taxas de juros mais altas desde 2011 integraram o quadro de informações ruins. Houve fatos positivos, insuficientes para reverter o pessimismo. O principal deles foi o aumento de 0,7% na produção industrial de julho sobre o mês anterior, segundo o IBGE, depois de cinco quedas sucessivas.
A variação negativa do PIB do Brasil nos dois últimos trimestres é indiscutível. Concluir a partir deste fato que há uma recessão no País, nem tanto. Manuais de finanças definem “recessão técnica” como dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. O economista conservador Geoffrey H. Moore, um dos maiores especialistas em ciclos econômicos, identificou “sérios problemas” nessa visão. Um deles é não considerar datas mensais de início e fim das recessões. “Por esse motivo, o National Bureau of Economic Research dos Estados Unidos utiliza medidas mensais de produção, emprego, vendas e renda, todas expressas em termos reais”, escreveu no ensaio Recessões. Moore coordenou a instituição por 30 anos e foi diretor emérito do Center for International Business Cycle Research, da Universidade de Columbia. “Outro problema é a possibilidade de sérios declínios na atividade econômica mesmo sem dois trimestres consecutivos de oscilação negativa”, alertou Moore.
As observações do especialista não reduzem a relevância dos problemas, mas levantam dúvidas sobre o diagnóstico de recessão. “As quedas do PIB brasileiro durante dois trimestres seguidos não foram acompanhadas de desemprego e redução da massa salarial e isso não permite caracterizar uma recessão. O termo correto para definir a situação atual é estagnação”, diz o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo. “Estamos em recessão técnica, embora atípica porque o nível de desemprego está baixo. Houve fatores conjunturais, como a Copa do Mundo, mas a economia dava sinais de estagnação, relacionada a várias causas, entre elas a forte desaceleração do setor manufatureiro”, afirma o economista Luiz Fernando de Paula, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Para avaliar corretamente o desempenho da economia, além de considerar as diferenças entre recessão e estagnação e contextualizar mundialmente a dinâmica brasileira, é preciso expurgar interpretações facilitadas pelo predomínio de informações fragmentadas e de curto prazo. Os superávits comerciais de agosto, de 1,2 bilhão de dólares (as projeções indicavam 400 milhões) e dos últimos oito meses, de 249 bilhões de dólares (houve déficit de 3,8 bilhões no mesmo período em 2013), não receberam destaque no noticiário. A ênfase recaiu no fato de o saldo positivo de agosto ser “o pior para o mês desde 2001”. Uma parcela significativa do saldo positivo da balança comercial deveu-se à exportação de plataformas de petróleo para empresas estrangeiras de prospecção atuantes no Brasil. Segundo algumas interpretações, teria ocorrido uma “exportação contábil de plataformas”. A expressão utilizada denota atribuição de pouca importância ao fato econômico relevante de obtenção de receita em moeda conversível mediante a venda de um produto feito internamente, com uso de mão de obra e de insumos locais, em um processo gerador de efeitos positivos encadeados e de uma arrecadação tributária relevante. Sob essa ótica, talvez fosse necessário levar as plataformas aos países das importadoras e transportá-las de volta ao Brasil para considerar legítimas as exportações.
A necessidade de retomar o crescimento econômico é consenso no debate eleitoral, mas há mais de uma estratégia para atingir o objetivo. No debate promovido na quarta-feira 27 pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, o economista José Roberto Mendonça de Barros, representante de Aécio Neves, enfatizou a necessidade de um “ajuste macroeconômico”, expressão elástica capaz de abrigar de um tarifaço ao corte de salários. Para o economista Rodrigo Sabbatini, da campanha de Dilma, o ajuste econômico necessário é diferente daquele defendido pelo PSDB. "Não dá para fazer a inflação baixar para o centro da meta no curto prazo sem provocar um processo recessivo. Nisso nosso ajuste macroeconômico é diferente". A candidata Marina Silva não enviou representante à Abimaq.
Velhas soluções agravariam a situação, alerta Fernando de Paula. “Estou pessimista com esta ideia de que o simples canto da sereia, a volta do livre mercado, vai resolver tudo no Brasil. Isso já foi tentado no governo FHC e não deu certo, a economia ficou muito vulnerável, se desindustrializou, desnacionalizou, houve apagão. A visão predominante é que a intervenção do Estado impede o Brasil de crescer. Tenho críticas ao governo Dilma, pois fez um intervencionismo a meu juízo atrapalhado e mal coordenado, mas não acho que a alternativa “Deus Mercado” vá ser a panaceia.”
O economista Delfim Netto identifica um sinal animador. “Caiu a ficha. É agora geral o reconhecimento de que a causa fundamental da taxa de crescimento do PIB foi a pouca atenção dada à cuidadosa destruição da capacidade competitiva da indústria manufatureira nacional, consequência do uso da taxa de câmbio como instrumento de controle da inflação em substituição às políticas fiscal e monetária.” Em discurso na quarta-feira 3, Dilma Rousseff admitiu problemas na política industrial e no avanço da economia e prometeu mudanças. É um começo.
Fonte: Carta Capital - Economia - Edição Online - Set./2014
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Drones para Delivery
Corporações como Google e Amazon e até uma empresa brasileira aceleram o desenvolvimento de aeronaves não tripuladas capazes de realizar uma atividade ao mesmo tempo trivial e bilionária: a entrega de encomendas
Luisa Purchio (luisapurchio@istoe.com.br)
Algumas das
grandes invenções que mudaram o mundo – computadores, internet, forno de
microondas, GPS, laser e câmeras digitais, para ficar apenas nos
exemplos mais marcantes – surgiram nas fileiras militares. A próxima
revolução tecnológica criada pela turma de farda ainda não transformou a
vida das pessoas, mas isso é apenas uma questão de tempo. Desenvolvidos
pelo Exército americano, os drones, aqueles aviões não tripulados
comandados por sistemas de comunicação mantidos em terra firme, ganharam
fama de máquinas assassinas graças aos ataques dos Estados Unidos em
países como Iraque e Afeganistão, mas agora começam a encontrar sua
verdadeira vocação: servir ao cidadão comum e gerar oportunidades de
negócios para grandes empresas. Duas das corporações mais impetuosas do
planeta, Google e Amazon aceleram o desenvolvimento de drones capazes de
realizar uma atividade ao mesmo tempo trivial e bilionária: a entrega
de encomendas, o famoso delivery. A ideia é que os pequenos aviões
transportem produtos de todo tipo (pizzas, livros, roupas, aparelhos
eletrônicos, celulares) e os deixem na porta da casa dos consumidores.
Parece irrealizável. Não é.
FUTURO
Jeff Bezos, presidente da Amazon, com o drone testado pela
empresa (acima); a padaria Pão to Go também experimentou
seu veículo (abaixo), assim como a pizzaria Domino's, com o
DomiCopter (abaixo, à dir.) e o Project Wing, do Google
Em parceria com o Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT), o Google desenvolve há dois anos robôs voadores
capazes de entregar mercadorias em áreas urbanas. Recentemente, o
gigante da internet testou na Austrália, cuja legislação não coíbe
experimentos desse tipo, um protótipo de asa única, com 1,5 metros de
extensão e 76 centímetros de altura, impulsionado por quatro propulsores
que permitem que se movimente em todas as direções. O aparelho
transportou e entregou com sucesso vacinas para gado, água, rádios e
doces. Na Amazon, o homem por trás de projeto parecido é o próprio Jeff
Bezos, que fundou a empresa e a transformou numa das maiores corporações
de comércio virtual do mundo. A ideia de Bezos é que os drones
transportem pacotes de no máximo 2,3 kg, peso que representa 86% dos
pedidos atuais da Amazon.
Apesar dos avanços recentes, há uma série
de obstáculos antes da utilização comercial dos drones. A questão de
segurança é a que mais preocupa. “Precisamos desenvolver um modelo que
detecte casas, árvores e postes, mas ainda existem limitações de
sensores”, diz Anderson Harayashiki Moreira, professor do Instituto Mauá
de Tecnologia. Para os drones funcionarem por mais tempo, seria
necessário também aumentar o tamanho das baterias, o que deixaria o
veículo mais pesado e diminuiria a sua capacidade de carga. Outro
entrave diz respeito aos possíveis desvios de mercadorias e roubos dos
equipamentos.
Na maioria dos países as aeronaves
remotamente pilotadas ainda não são permitidas. Nos Estados Unidos, o
Google contratou um dos mais respeitados escritórios de advocacia do
país para fazer lobby junto às autoridades pela liberação dos drones. No
Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirma que a
proposta de regulamentação deve ser submetida à audiência pública até o
final de 2014. Enquanto isso não acontece, algumas aeronaves são
certificadas para voos experimentais sem fins lucrativos e fora de áreas
urbanas.
Recentemente, uma experiência inusitada foi
realizada em São Carlos, no interior de São Paulo. A rede de padarias
Pão to Go, que possui mais de cem endereços no País e no exterior,
entregou, com um drone, pães, manteiga e biscoitos em um condomínio
residencial a cerca de 1 km da unidade. Todos os testes foram
bem-sucedidos e a empresa aguarda a autorização da Anac para levar o
projeto adiante. Os principais benefícios seriam a diminuição dos gastos
com entregas, que seriam feitas sem a necessidade de um motoboy, e a
agilidade que só um objeto aéreo é capaz de proporcionar. “Assim que
conseguirmos a licença, vamos comprar drones para todas as franquias”,
diz Tom Ricetti, fundador e dono da rede. O equipamento que ele testou
custou R$ 6 mil e a bateria suporta de quatro a cinco entregas de curtas
distâncias. Não vai demorar para você receber pão quentinho – e muitos
outros produtos – vindo dos céus.
Fotos: Patrick Fallon/Getty Images; Divulgação
Fonte: ISTOÉ ONLINE
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Por que ser gentil vale a pena
por Verônica Mambrini
Quem tem tempo hoje em dia para segurar
uma porta aberta para alguém, dar passagem a outros carros num trânsito
cada vez mais maluco, ou cumprimentar as dezenas de pessoas que se chega
a encontrar num dia? É difícil ser gentil, mas mais difícil ainda é
conviver com a falta de gentileza dos outros. Principalmente ao dar com
uma porta fechada na cara, ter a lataria do carro amassada por um
apressadinho ou passar pela sensação de ser invisível. A ideia de que
ser gentil vale a pena e traz benefícios tem sido comprovada por
diversos estudos.
Além disso, vários projetos têm se dedicado a multiplicar essa virtude.
Esses pequenos atos fazem parte da
rotina do empresário Ricardo Christe, 36 anos. Quando chega a um
restaurante ou precisa ser atendido em um balcão, a primeira coisa que
faz é procurar o nome do atendente num crachá, para cumprimentá-lo. "Eu
acredito em melhorar como ser humano", diz. "A forma mais difícil de se
transformar é no cotidiano." Para ele, que olha com desconfiança a
sociedade cada vez mais ensimesmada, ouvir mais e se interessar por quem
está ao seu redor é o componente básico da gentileza. "As pessoas estão
tão ilhadas nos próprios problemas que não conseguem olhar em volta.
Todo o resto fica irrelevante", afirma Christe.
O professor de psicologia da
Universidade do Estado da Califórnia Robert Levine fez uma experiência
que comprovou que o cotidiano das grangrandes cidades não faz nada bem à
cortesia. Levine observou a relação entre pressa e gentileza em 36
cidades americanas, avaliando a frequência de gestos como devolver uma
caneta que caiu "acidentalmente", ajudar uma pessoa cega a atravessar a
rua ou colocar na caixa de correio uma carta "perdida". Nova York,
terceira cidade mais rápida no estudo, foi considerada a menos gentil.
RoRochester, no mesmo Estado, com um ritmo de vida bem mais lento, foi a
mais prestativa. A experiência está relatada no livro "A Geografia do
Tempo", de Levine.
Mas, afinal, vale a pena ser gentil?
Para a ciência, a resposta é sim. Em um estudo da Universidade da
Califórnia, a psicóloga Sonja Lyubomirsky pediu aos participantes que
praticassem ações gentis durante dez semanas. Todos registraram aumento
na felicidade durante o estudo. Os que praticaram ações variadas, como
se oferecer para ajudar a lavar a louça, fazer elogios ou segurar a
porta aberta para um estranho passar, registraram níveis mais altos e
prolongados de felicidade, em comparação com quem repetiu sempre a mesma
atitude com diferentes pessoas. "Gentileza e boa vontade estão
relacionadas à felicidade e as pessoas que tentam ser mais gentis no dia
a dia tendem a experimentar mais emoções positivas e se tornaram mais
alegres", afirma Sonja. O mecanismo que explica essa relação foi mais
esclarecido por um estudo da Universidade Hebraica, em Israel, de 2005. A
gentileza está ligada ao gene que libera a dopamina, neurotransmissor
que proporciona bem-estar.
Para algumas pessoas, ser gentil não é
uma escolha, mas um ofício. É o caso de Carlos de Sá Barbosa, 35 anos,
funcionário da Pel Consultoria, responsável pela segurança do Hospital
Copa d'Or, no Rio de Janeiro. "Trabalhamos com um público estressado.
Ninguém vai a um hospital a passeio", diz. Na rotina do supervisor de
segurança, sorrisos e ouvidos dispostos a escutar são fundamentais.
"Você está aqui para resolver o conflito, e não aumentá-lo", diz.
Existem técnicas para não estressar mais a pessoa, como nunca abordar um
cliente nervoso pedindo calma, sempre olhar nos olhos do interlocutor e
dar uma atenção especial a quem está mais exaltado. "Eu trabalho na
área da supervisão - lido com 55 funcionários sob minha
responsabilidade, além do público externo. Se não gostar de pessoas, não
dá certo", afirma Barbosa. Marcos Simões, da RH Fácil, empresa que
treinou a equipe do Copa d'Or, dá esse tipo de treinamento há 20 anos.
"As técnicas existem, mas é importante ter um interesse real no cliente e
saber ouvir com atenção", afirma. A gentileza profissional pode ter um
roteiro, mas sem envolvimento sincero não convence.
O professor de filosofia da Universidade
Presbiteriana Mackenzie Jorge Luiz Rodriguez Gutierrez prefere pensar
na gentileza não como um comportamento, mas como uma virtude. "Não só a
gentileza parece menos cultivada, mas em geral hoje não se fala muito
das virtudes. Parecem esquecidas", diz Gutierrez. Ele ressalta que ela só tem valor positivo quando associada a conceitos como generosidade ou misericórdia. "Em filmes, geralmente os nazistas que dirigem campos de concentração são gentis. Por si só, a gentileza é neutra", diz.
Para que essa virtude faça diferença, na
escola Projeto Vida, em São Paulo, ela é ensinada junto com valores
éticos e faz parte das atividades do dia a dia.
Cecília Fonseca, 5 anos, está aprendendo a compartilhar e a ser gentil.
"Quero que a Cecília saiba ouvir, que
possa falar, que saiba respeitar e conviver com os amigos", diz Edilene
Fonseca, 41 anos, mãe da menina. Todo dia, os pequenos podem levar
frutas de casa para oferecer aos colegas, em uma bandeja comunitária.
"As crianças pequenas são muito
egocentradas, é uma característica da faixa etária. O grande desafio é
fazê-las enxergar o outro", explica Mônica Padroni, coordenadora da
escola. "Damos um sentido maior à gentileza. A polidez é ligada à
convenção social, não ao respeito, à generosidade e à justiça, virtudes
que valorizamos."
Pesquisas sobre o valor da gentileza,
das boas maneiras e da educação na sociedade contemporânea e a promoção
desses valores é o principal objetivo da Iniciativa pela Gentileza, da
Universidade Johns Hopkins. "Podemos escolher a gentileza porque temos
livre-arbítrio. O problema é que você pode ter sido educado em condições
que não conduzem a isso", diz Pier Massimo Forni, coordenador do
projeto. "Por isso, a orientação e o exemplo dos pais são tão
importantes." O segundo livro do autor sobre o assunto, "The Civility
Solution: What to Do When People Are Rude" (A solução da gentileza: o
que fazer quando as pessoas são rudes, em tradução livre), está em
processo de tradução para o português. Para Forni, a gentileza é lançar
um olhar benevolente aos outros.
Nos anos 80, José Datrino, de túnica
branca e longa barba e conhecido como Profeta Gentileza, espalhava pelo
Rio de Janeiro inscrições como "Não usem problemas, não usem pobreza.
Usem amorrr e gentileza" (sic).
O pesquisador em filosofia e arte
Leonardo Guelman é autor de "Univvverrsso Gentileza", no qual analisa as
inscrições e conta a história de Gentileza. "Ele foi alguém que apontou
uma crise atual nas relações humanas, e propôs como alternativa a
gentileza", afirma Guelman. A mensagem está virando um projeto voltado
para jovens, em escolas públicas. "Criamos um material pedagógico para
ser trabalhado nos colégios, para gerar uma cultura da gentileza, sobre a
obra dele. A cidade tem que se humanizar", afirma Guelman. Como dizia o
Profeta, em sua frase mais famosa, "gentileza gera gentileza".
Fonte: ISTOÉ N° Edição: 2082
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terça-feira, 9 de setembro de 2014
domingo, 31 de agosto de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
O voto deveria ser facultativo no Brasil?
Alex Rodrigues / Agência Brasil
Nas eleições do próximo dia 5 de outubro, 142,8 milhões de brasileiros deverão comparecer às urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pesquisas de opinião, no entanto, mostram um elevado índice de rejeição ao voto obrigatório. Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado em maio deste ano aponta que 61% dos eleitores são contra a imposição.
Para analistas, permitir que o eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral brasileiro. A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário crítico de compra e venda de votos e à formação política deficiente de boa parte da população.
"Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado", diz Danilo Barboza, membro do Movimento Voto Consciente.
O voto compulsório é previsto na Constituição Federal – a participação é facultativa para analfabetos, idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos.
O sociólogo Eurico Cursino, da UnB, avalia que o dever de participar das eleições é uma prática pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país.
"A democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola", afirma. "Não é estranho que sejam tomadas decisões erradas e que o voto seja ruim. Mas se as pessoas não sabem votar, elas têm de aprender."
Já para os defensores do voto não obrigatório, participar das eleições é um direito e não um dever. O voto facultativo, dizem, melhora a qualidade do pleito, que passa a contar majoritariamente com eleitores conscientes. E incentiva os partidos a promover programas eleitorais educativos sobre a importância do voto.
O sistema voluntário é adotado em quase todo mundo. O voto é compulsório em apenas 31 países, incluindo o Brasil. O levantamento é do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (Idea), que tem sede na Suécia.
De acordo com o órgão, a quantidade de votos brancos e nulos em países que obrigam o eleitor a ir às urnas é muito maior. Em Quênia, Dinamarca e Tunísia, onde o voto é facultativo, os índices de abstenção são inferiores a 1%, enquanto que no Peru e no Equador, onde os cidadãos são obrigados a votar, a taxa de abstenção é de cerca de 20%. No Brasil, o índice foi de 8% nas últimas eleições.
"Isso indica que as pessoas só vão às urnas porque são obrigadas. Muitas não gostariam de expressar um voto. O cenário com altos índices de abstenção é comum aos sistemas eleitorais que adotam o voto compulsório", diz à DW Abdurashid Solijonov, do setor de processos eleitorais do Idea.
Na América do Sul, apenas Colômbia, Paraguai, Suriname e Guiana adotam o voto facultativo. Ao contrário dos países da América Central, a tradição sul-americana é a do voto obrigatório. Um estudo da Consultoria Legislativa do Senado Federal mostra que países que obrigam o eleitor a votar, sob pena de sanções, têm um histórico de intervenções militares e golpes de Estado, com exceção da Costa Rica.
"Há outras medidas mais eficazes para incentivar a participação dos cidadãos, como aumentar a satisfação dos eleitores com os governos, adotar um sistema eleitoral proporcional e promover debates públicos", argumenta o especialista.
Apesar de estar entre uma minoria no cenário mundial, o Brasil deve manter a política de obrigatoriedade do voto, segundo o presidente da Comissão Eleitoral da OAB do Rio Grande do Sul, Augusto Mayer. Para o advogado, os elevados índices de corrupção e cassação de mandatos evidenciam que o país ainda não está preparado para adotar o voto facultativo.
"Isso exige em contrapartida uma extraordinária valorização do aspecto cidadão. Os eleitores brasileiros não têm um conhecimento mais profundo sobre os partidos políticos. A cidadania é relacionada apenas com o direito ao voto", avalia.
Para Mayer, os países que adotam o sistema voluntário de participação eleitoral cultivam uma pedagogia intensa em torno da valorização do voto, o que não acontece no Brasil. A votação facultativa em países democráticos se deve ao alto grau de politização da sociedade e a uma presença mais forte da cultura de cidadania. Ele considera Alemanha, Canadá, Espanha, Israel, Itália, Portugal, Japão e Polônia como bons exemplos.
"Esses países usufruem da cláusula de barreira, norma que restringe o ingresso parlamentar de partidos que não alcançam um percentual mínimo de votos", explica.
Na Alemanha, o alistamento eleitoral é obrigatório, mas o voto é facultativo. Nas últimas eleições, em setembro de 2013, cerca de 61,8 milhões de alemães estavam aptos a votar, e o comparecimento às urnas foi maior do que 70%.
Emendas constitucionais que tratam do tema no Congresso Nacional são inspiradas no modelo alemão. Uma das principais propostas sobre a reforma política, a PEC 352/2013, do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), prevê o fim do voto obrigatório. O texto está parado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.
Para o professor Aldo Fornazieri, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a ingerência regulatória do Congresso e do Tribunal Superior Eleitoral nas eleições se converte em medidas que tentam afastar cada vez mais o eleitor da participação política.
"Ele é transformado em um cidadão de sofá, um cidadão passivo. Votar se torna um ato meramente formal", diz.
Embora faça críticas ao voto obrigatório, o especialista pondera que, com o voto facultativo, o índice de participação nas urnas seria muito baixo. "As instituições carecem de legitimidade, porque, depois de eleitos, os políticos se isolam da sociedade. Eu gostaria que houvesse essa correspondência entre deveres e direitos, mas hoje ela é falsa", afirma Fornazieri.
- Autoria Karina Gomes
- Fonte: Carta Capital
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