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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Imagem Penisular de Lêdo Ivo

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

LANÇAMENTO DO LIVRO DE POEMAS "PEDRA DOS OLHOS"

Rogério Henrique Castro Rocha - ou simplesmente Rogério Rocha - é maranhense da cidade de São Luís, técnico judiciário da 9ª Vara Criminal, ex-assessor jurídico, professor de Filosofia, palestrante, produtor cultural, membro fundador dos projetos de divulgação de filosofia e literatura Iniciativa Eidos e Duo Litera. 



Rogério Rocha é licenciado em Filosofia e bacharel em Direito, ambos pela Universidade Federal do Maranhão, sendo pós-graduado em Direito Constitucional (LFG/UNIDERP/ANHANGUERA) e em Filosofia (Paradigmas em pesquisa sobre Ética - IESMA). Também é Mestre em Criminologia pela Universidade Fernando Pessoa (Porto - Portugal).

Foi inspirado no efeito que lhe rendeu a leitura de mestres como Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Fernando Pessoa e Manuel Bandeira, que começou a escrever seus primeiros versos, ainda na imaturidade da fase de transição entre a infância e a adolescência. Contudo, foi ainda na juventude, quando fazia os cursos de Direito e Filosofia da Universidade Federal do Maranhão, movido pela leitura de pensadores como Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger, de poetas como Friedrich Hölderlin e Rainer Maria Rilke, e influenciado pelas filosofias do existencialismo e da fenomenologia, que começou a ganhar densidade seu fazer poético, que hoje atinge um momento mais próximo à maturidade.

No dia 11 de Janeiro, às 19h, na Livraria Themis, no Monumental Shopping, o escritor Rogério Rocha lançará seu primeiro livro solo, intitulado “Pedra dos Olhos”. 

Trata-se de uma reunião de poemas construídos ao longo de três décadas e que pode dar ao leitor da revelação lietrária maranhense, que já participou de duas antologias (uma bilíngue, em inglês/português, lançada em Salões do Livro na Europa, Canadá e EUA, e no Concurso Literário Gonçalves Dias 2019, no qual foi premiado com o segundo lugar, em meio a mais de 300 poemas inscritos), a dimensão de parte daquilo que compõe sua jornada poética, com traços filosóficos e o lirismo que definem de seu estilo, além do universo de imagens e vivências que habitam seus versos.

domingo, 11 de agosto de 2019

O DIA EM QUE A PROSA VENCEU UM CONCURSO DE POESIA*


   POR JEANDERSON MAFRA*

Mais de quarenta poetas ludovicenses aguardavam neste dia 10 de Agosto, aniversário do poeta maranhense Gonçalves Dias, o desfecho de um Concurso de Poesia em São Luís, e para estranheza de boa parte dos que "constroem com as palavras" e, neste caso, Poesia, a Prosa saiu vitoriosa.

É certo que há um grande dissenso no mundo literário sobre o que contém literariedade ou não e a Crítica Literária já se debruçou em demasia nesse campo. A Poesia Concreta, para exemplificar, foi a mais taxativa e ruptora com o cânone tradicional e de forma alguma a queremos reconfigurar à nossa realidade poética tão rica e, por vezes, "vanguardista"; rompendo com o metro e a medida na sua saga pela beleza estética que melhor desperte as emoções e quebre os paradigmas, libertando-se de amarras e da prisão conceitual dos lugares institucionalizados e "velhacos", os quais vivem a ditar os limites do que é literariedade.

A Poesia, originalmente, era identificada pelo que possuía de ritmo. E foi assim que Bandeira trincheirou o seu 'fazer poético' em sua obra "O Ritmo Dissoluto".

O verso, a métrica, o ritmo, o sentido figurado, a paródia e, sobretudo, a "criatividade" definem a Poesia e seu poder imagético, harmônico e capaz de transcender à realidade banal qualquer particular. É a isto que chamamos CATARSE.

Sem mais delongas, o prêmio calhou à Prosa. E a pergunta é: pode haver Poesia numa Prosa? Sim, pode. Porém esta tem sua definição e estrutura própria, sendo a mais simplória desta categoria, o conto.

É certo que até havia um 'lirismo' poético na Prosa vencedora do Concurso "de Poesia" hoje, mas temo que Gonçalves Dias se revirara no caixão quando a ordem do discurso era transgredida em sua "terra das palmeiras, onde canta o sabiá". Pois, por mais que a Prosa possa ter de poeticidade, em sua construção, continua a ser prosa.

Há - por mais "outsider" que este pobre ensaísta possa ser - uma linha que delimita os gêneros e, por conseguinte, os perpetua na construção do que é literário. Romance é romance, conto é conto, crônica é crônica, ainda que haja algo de poético em seu contexto (e penso que sempre haverá). Porém Prosa é Prosa e Poesia é Poesia. Se não, tudo será considerado poesia a partir de hoje e passaremos a apreciar as bulas de remédio.
A Poética,  ora observada na Prosa "Eu pirata"(sic) - que torço a que o agraciado escritor transforme em Romance - foi, nada mais e nada menos,  um "condoreirismo" inicial da interjeição de surpresa e lamento "Aahh" que dava o 'tom poético' de uma leitura enfadonha de mais ou menos cinco laudas, lidas por um "poeta" (sim, não tenho dúvidas!) com faringite e que, graças à Providência, não tossiu como temia no decurso da "leitura".

No meio do salão lotado, com a imprensa "imprensando" os transeuntes, cabeças poéticas balançavam e meneavam em negativa. Uma negativa, praticamente, geral.

Acontece que cinco poetas foram classificados para a final e três escolhidos para premiação. O terceiro lugar ficou para um jovem poeta que tinha como mote poético "o olho", ainda que "o olho do cú" tenha ficado "para sempre" como referência no seu excelente,  e bem nordestino,  cordel. Pois foi de fato um poema de matiz cordelista o que lera, no meio de uma platéia mista de crianças a idosos e na qual meu filho de 09 anos não conseguiu reter o riso (aliás, todos rimos).

O segundo lugar ficou para um lindo e verdadeiro poema que falava de São Luís e versava sobre a "solidão histórica" de nossa cidade. O poema é de autoria do poeta Rogério Rocha que, dos cinco finalistas traduziu o "espírito" do Concurso de Poesia e que, na minha irrisória opinião deveria vencer.

O primeiro lugar, como adiantado, foi de uma Prosa "resgatada" entre tantos poemas, como se lançada ao ar para sorteio e "lida" (jamais declamada) tediosamente, lauda por lauda.Tanto que o vencedor, "ao chegar na metade eu já havia esquecido o começo" confessou-me uma poetisa ao final.

Sucede que a "Comissão Avaliadora" - os ditos ""jurados", responsáveis por avaliar a presença de "poesia" nos textos - era inapta para o empreendimento, o que acabou por refletir no resultado. Ainda que escritores e membros de Academias regionais, é forçoso dizer que só quem escreve Poesia, e "oficia" sobre ela,  pode "dissertar" sobre a mesma, tendo a autoridade de julgar seu poder catártico. Ora, todos os presentes naquele salão eram poetas e foram, por assim dizer, subestimados em seu poder de análise - e não podemos deixar este momento em branco, sem a devida "crítica" e observação que lhe cabe.
A Literatura no Maranhão,  e sua ausente "crítica",  foi silenciada por muito tempo devido a um "provincianismo oligárquico" onde quem detinha o "status" simplesmente era tratado como autoridade apenas por publicar uma obra, coisa que "antigamente" era privilégio de poucos. Lembremos, por exemplo,  que nossa Maria Firmina dos Reis foi reconhecida, ao seu devido lugar na História da Literatura nacional, apenas recentemente, devido ao preconceito, racismo, misoginia e "egoísmo literário" de sua época. Não precisamos relembrar também que os grandes e renomados literatos da nossa "Atenas Brasileira" só foram reconhecidos quando cruzaram a fronteira do Maranhão.

A Associação  Maranhense de Escritores Independentes está de parabéns por este e por outros projetos que têm desenvolvido ao longo deste curto espaço de tempo desde que foi fundada e do qual tive a honra de participar. Esta breve crítica vêm pela própria necessidade de se fazer uma crítica literária no âmbito de nossa Literatura maranhense, sempre deixada nas brumas das noites ludovicenses, por vezes, no peito dos inspirados poetas.

Frye, em sua "Anatomia da Crítica"( 1957), dizia que

"[... ] a primeira coisa que um crítico literário, tem de fazer é ler literatura, para obter um levantamento indutivo de seu próprio campo e deixar seus princípios críticos se configurarem a si próprio apenas com o conhecimento deste campo".

Longe de qualquer "crítica pelo gosto" ou reacionarismo em prol de cânones arcaicos, defendo o pensamento dos formalistas russos onde as rupturas e o não-alinhamento à "tradição literária" quanto à poética devem ser o caminho para se atingir o ideal que se quer da Poesia: o de atingir o âmago da alma humana e de vislumbrar assim a liberdade.



Jeanderson Mafra*, postulante a poeta, graduado em Letras, co-autor do livro "Fragmentos de Mármore" e amante das palavras.

sábado, 23 de dezembro de 2017

POESÍA: UN SALUDO A LA VIDA Y A LA MUERTE (por Enrique Villagrasa)

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Lêdo Ivo foi poeta, romancista, contista, cronista e ensaísta (*Maceió, BR - 1924   +Sevilla, ES - 2012)

El brasileño Lêdo Ivo alcanzó cotas universales con su poemario ‘Réquiem’ (El gallo de oro).
No sé si existen la casualidades en la vida, pero, lo curioso en este caso es que tengo en mis manos la prosa escogida de Lêdo Ivo (Maceió, estado de Alagoas, Brasil, 1918-Sevilla, 2012) bajo el título de Isla de mí (Saltadera), en edición y traducción del gran conocedor de la obra del poeta Martín López-Vega, con epílogo de Gonçalo Ivo, su hijo, reconocido pintor él; también, la edición bilingüe ampliada de La imaginaria ventana abierta (Contra Capa), o sea, la colección de poemas del poeta brasileño traducida y estudiada por Carlos Montemayor, con prefacio de Jorge Ruiz Dueñas y posfacio de Gilberto Araújo; y su maravilla poética: Réquiem (El gallo de oro), también en edición bilingüe, con traducción y notas de Martín López-Vega, con dos epílogos, de Gonçalo Ivo y del profesor Edgar Lyra, de muy necesaria lectura, pues explica el sentir pensado del poeta sobre la muerte, desde la filosofía.
Este libro, Réquiem, se publicó en Brasil en 2008, celebrando sus 84 años de vida y un año más tarde le concedieron el Premio Casa de las Américas. Y me pregunto si es casualidad porque el primer verso de este último poemario se inicia con este enorme verso: “AQUÍ estoy, aguardando el silencio”. Que explica cómo se encuentra uno en estos momentos de su vida: azar y necesidad. Verso que conmueve y emociona en su enorme verdad y grandeza, y que me lleva a escribir sobre él para que se (re)lea a este gran poeta. Es de agradecer la labor que realiza este especialista en su obra, López-Vega, con sus traducciones de prosa y poesía de este señero poeta brasileño.
Me gusta Lêdo Ivo porque en él todos sus versos brotan como el agua en un manantial: con fuerza libre y sin mansedumbre: “Los días pasan y traen siempre la muerte”. Réquiem es, pues, su más bello poemario y más intenso: “Viví sin aprender que todo es pérdida y pasaje/ y que el salitre borra el nombre de los navíos/ y lleva muy lejos los rumores de la vida”.
Este poeta, narrador y ensayista es una de las más brillantes figuras de la literatura brasileña: uno de los máximos representantes de la llamada Generación del 45, junto a Joao Cabral de Melo Neto. Él concebía la poesía como el renacer de la palabra, con la que disfrazaba su vida personal y confeccionaba el disfraz carnavalesco de su mitología particular, que sustituía a la más que trivial existencia que nos ha tocado en suerte. En este poemario deambula por el mundo de sus pérdidas, que trasciende al dolor universal; eso sí, con un gran ritmo y musicalidad en el verso: es intenso, original, grandioso en lo simple y silencioso: “Tan solo la muerte enseña que los ángeles no existen.// Cuanto perdí lo perdí para siempre”.
Creo que este Réquiem es una de las maravillas poéticas universales, de una belleza e intensidad sin igual, donde el poeta hace un balance de su existencia: un saludo a la vida y a la muerte, que siente no lejana, tras la muerte de su esposa Leda, en 2004: “Fui siempre amor en el lecho memorable/ y ahora mi mano errante solo encuentra la tiniebla/ allí donde encontraba el cuerpo bien amado”. Se trata de una poesía elegíaca que se plasma con un lirismo torrencial en versos libres y largos: “Quien tiene la llave de los sueños abre cualquier puerta”. Y, a la vez, es el canto al amor y la vida compartida de toda una existencia, esa belleza frágil de las cosas: “Soy el viento que sopla en Maceió. (…) el murmullo de las sílabas del mar interminable”.
Además, si la poesía de Lêdo Ivo es un canto de alabanza a la vida y al universo creado y habitado por seres grandes y pequeños, en Réquiem también podemos encontrar en el poema V ecos de la poesía de Francisco de Asís, del Cántico del hermano sol, y del evangélico Sermón de la Montañarelatado por los evangelistas Lucas y Mateo: “Felices quienes vivieron más de una vida./ Felices quienes vivieron vidas incontables”.
Creo que, como dice Carlos Montemayor: “No es fríamente perfecto el poema; es tan imperfectamente humano como la vida que sus versos contienen y aman. Es, como en todas las épocas de la gran poesía, el canto”. O, como escribe Lêdo Ivo en la página 113 de Isla de mí: “El poeta crea aquello que contempla”.

Texto original publicado en Librújula



domingo, 10 de fevereiro de 2013

"ESTRELA" - Vladimir Maiakovski




          Vladimir Maiakovski (1893-1930)

ESTRELA

Escutai! Se as estrelas se acendem
será por que alguém precisa delas?
 Por que alguém as quer lá em cima?
Será que alguém por elas clama,
por essas cuspidelas de pérolas?
Ei-lo aqui, pois, sufocado, ao meio-dia,
no coração dos turbilhões de poeira;
ei-lo, pois, que corre para o bom Deus,
temendo chegar atrasado,
e que lhe beija chorando
a mão fibrosa.
 Implora! Precisa absolutamente
duma estrela lá no alto!
Jura! Que não poderia mais suportar
essa tortura de um céu sem estrelas!
Depois vai-se embora,
atormentado, mas bancando o gaiato
e diz a alguém que passa:
"Muito bem! Assim está melhor agora, não é?
Não tens mais medo, hein?"
Escutai, pois! Se as estrelas se acendem
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

CONCLUSÃO PARA CONSOLO (por Bandeira Tribuzi)


Bandeira Tribuzi (poeta maranhense -  1927-1977)


Conclusão para Consolo

Bicho da terra estás apenas morto.
Já a terra de que és bicho te recobre
e uma pequena flor acena, leve,
um pequenino adeus sobre teu túmulo.

Tua mulher jamais esquecerá
tua sólida figura. Nem teus filhos
que em si a reproduzem e prosseguem
tua presença em gestos e palavras.

O tempo que rompeu teu rude corpo
como inverno passando sobre o campo,
não cortou a semente indispensável.

Ele mesmo será propício à nova
árvore forte que sustém o mundo
e reverdece o chão da vida mágica.



Bandeira Tribuzi, foi o pseudônimo de José Tribuzi Pinheiro Gomes, poeta que iniciou o Modernismo no Maranhão em 1948, com a publicação do livro de poesia Alguma Existência. Fez parte de um movimento literário difundido através da revista "A Ilha", que lançou o pós-modernismo na poesia maranhense. Foi fundador do jornal O Estado do Maranhão. Entre seus principais livros de poemas, estão: Alguma existência (1948); Rosa da Esperança (1950); Safra (1960); Pele & Osso (1970).

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

DA POESIA (POR VICENTE CARIRI)


DA POESIA

A poesia é o carnaval e o funeral da vida,
a dispersão febril das cinzas,
o aspergir sutil da consciência,
galáctica e puntual,
da metrópole ou da periferia,
a poesia é o sinal que reluz e ressuscita.

Contida, panfletária, flama e aço,
é o laço que prende e solta a asa,
e engole a paisagem imensa,
asfáltica, amazônica, essencial,
e sobrevive,e cresce e intumesce,
pulsando o imaginário sem tempo,
sonolenta, ácida e fugidia.

Poesia é o pão da alma,
é o elo humano do idílico, do esotérico.

Nela cabe o mundo, o fungo do cadáver,
a aura febril do recém-nascido,
a chave excitante da viagem erótica da palavra e do enigma.

A poesia ara o campo, reflete a senda e sua origem, semeia.

É um ir e voltar, sempre, como nuvem,
um escuro necessário e pesado sobre a luz do dia
ou um raio, um ritual sobre o desejo esparramado
e incontido dentro dela.

Irrequieta, arquiteta das emoções primeiras, das primazias,
confluência dos encontros e caminhos,
é arma que brande e tece a rima de novos caminhos,
peita a hipocrisia, a História e os sistemas.

É heresia a poesia, concreta, do dia-a-dia sombrio,
exala o sêmen da criação e o abortar da palavra não dita,
e cinge o nó que revigora a alma que escreve e ama.

Nela cabe tudo e extravasa e tudo pulveriza
Nela, lembrança e o pó do tempo tomam corpo sobre a mesa.
Nada cala um poema,
serena, a poesia clama a chama,
incendeia, é arma que atira e acorda a realidade
esdrúxula, descontrolada e sem lapso,
ao tempo engole e é compasso, é colapso.

E a alma do poeta é grande, elástica,
das divagações exóticas da sílaba aos rumores
eróticos da palavra.

A ele, poeta verdadeiro, não importa o tempo
nem a fantasia do sucesso,
poesia é sempre avesso,
nem sempre verso,
é a inquietação ante ao ultraje.

Resoluta e destra,
é santa ou puta, porém sempre certa,
é a hipocrisia das sensações,
caudal de lembranças que o dinheiro não compra
e não acaba,
é a grande vaga,
que varre a tentação, dá sobrevida,
e a cada passo, é liberdade ou ladainha sem fim
para os conformados.

Poetas, os casaldáligas, os thiagos, os operários,
provocadores da construção de um novo tempo,
de um novo ritmo que todos dancem,
onde liberdade é ver-se outro no espelho,
ser parte da paisagem sem ser paisagem,
ter o pé na alma e no limo,
sem perder a brancura da viagem,
ou a escureza da sensação que mostra o caminho da luz que,
se não clareia, transforma.

(Vicente Cariri, Alma Assoreada, 2007)

ECOS D'ALMA (POR AUGUSTO DOS ANJOS)



Ecos d’Alma

 

Oh! madrugada de ilusões, santíssima,

Sombra perdida lá do meu Passado,

Vinde entornar a clâmide puríssima

Da luz que fulge no ideal sagrado!

 

 

Longe das tristes noutes tumulares

Quem me dera viver entre quimeras,

Por entre o resplandor das Primaveeras

Oh! madrugada azul dos meus sonhares;

 

 

Mas quando vibrar a última balada

Da tarde e se calar a passarada

Na bruma sepulcral que o céu embaça,

 

 

Quem me dera morrer então risonho,

Fitando a nebulosa do meu Sonho

E a Via-Láctea da Ilusão que passa!

IDENTIDADE (Por Mia Couto)


Identidade:
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

segunda-feira, 2 de julho de 2012

CD traz poemas de Ferreira Gullar


Gravado pela “Luz da Cidade”, CD reúne poemas do poeta Ferreira Gullar.
Com repertório escolhido pelo próprio escritor, grande parte da seleção dos 29 poemas recitados por Gullar pertencem ao livro “Em alguma parte alguma” (Editora Olympo, 2010), eleito “O Livro do Ano” de ficção, em 2011, na 53ª Edição do Prêmio Jabuti.
O álbum tem apresentação do poeta Antônio Cícero e projeto gráfico de Pedro Drummond, neto de Carlos Drummond de Andrade.
Considerado um dos fundadores do neoconcretismo, Ferreira Gullar, além de escritor, também é biógrafo, ensaísta e crítico de arte.
Fonte: revistacult.uol.com.br

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