Uma pedra gravada em seu silêncio
Estabelece o seu desejo em verdade,
Enquanto é toda ela mesma, sincero ente,
Em seu estar perfeito, na pureza de um lugar.
Pedra angular, pedra singular na plenitude monolítica.
Que permanece da pedra em mim depois que a vejo?
A pedra persevera em ser somente dela.
Somente bela é estar naquela permanência.
Pedra, fenômeno que se abre e manifesta
No aberto da minha presença, coisa a mais,
Muito mais que mera coisa, objeto que percebo.
Em mim, a vivência da pedra se encerra,
Num afeto que me afeta no dispor da visão.
No suor da minha mão, que a sustenta e consente.
Dita uma vez a palavra "pedra", a palavra se queda;
Dita a palavra no verso, na luta, na guerra de línguas,
Na fúria da letra perversa, na amena atitude da espera,
Completa-se e se contempla na visão de uma quimera.
Mistério poético na avidez de um mar sem tréguas.
Beatitude desperta no seio de frugal conversa.
A palavra, uma vez dita, já se torna eternizada.
Palavra una, uma só palavra que se amplia.
Singular palavra que celebra a si mesma,
Na identidade do que vibra para sempre.
Palavra dita, experiência gerada no oculto,
No silêncio legítimo que encobre o ser:
Palavra grávida de sentido, som inebriante
brincando em teu ouvido.
Nascem as palavras no vigor do real;
Ferve, estremece, frutifica a existência
No que transita pelas correntes da alma.
Fluidez da calma, ubiquidade do verbo,
Quando sai da boca um "não", um sim...
Quando explode um grito no fim,
Só permanece vivo por nascer do silêncio
Que respira no universo que há em mim.
Rogério Rocha
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