O Quartel General do Exército brasileiro para a guerra do século XXI fica no 3º andar, bloco “G” do Setor Militar Urbano de Brasília. É de lá, operando um pequeno notebook, que o general José Carlos dos Santos prepara sua tropa para enfrentar um inimigo invisível: hackers e vírus que invadem redes do governo, capturam segredos e destroem programas essenciais para a defesa do País.
Foto: iG Brasília
General José Carlos dos Santos, que comanda o CDCiber
Comandante do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber) do Exército brasileiro, esse engenheiro de telecomunicações, de 58 anos, casado e pai de dois filhos, ganhou, por conta da nova missão, o apelido de General Firewall – numa referência ao nome genérico dos programas que barram a invasão de vírus e de hackers.
“Nossa política é de defesa-ativa”, disse o general Santos para depois exemplificar como se dá a estratégia brasileira de atuação na proteção de suas redes de informação. “Não buscamos atacar outras nações, o que queremos é proteger nossos sistemas. Quem sabe fazer a defesa, sabe que arma foi usada e também pode atacar, mas só pensamos nisso dentro de uma estratégia de neutralizar uma fonte de ataque, não fora dela”, disse.Sobre notícias dando conta de vírus criados por governos estrangeiros, como o Stuxnet, que segundo o jornal The New York Times foi feito em parceria entre os Estados Unidos e Israel para atrasar o programa nuclear iraniano, o general busca se distanciar. “Tenho lido muito sobre ataques e ciberguerra. Nós vimos o caso da Estônia, que teve toda sua rede paralisada por um ataque, especula-se, da Rússia. Mas ninguém afirma quem é o responsável. Na mídia é dito que vários exércitos seguem o caminho de desenvolver armas. Os Estados Unidos, Inglaterra, Israel, mas não há confirmação, isso é tratado como um tabu. Ninguém admite o que está fazendo”, explica.Cerca de 30 mil ataques diáriosO general recebeu a reportagem do iG na segunda-feira (13), cinco dias dias antes da primeira invasão de hackers aos computadores do Exército. No último sábado (18), um grupo autointitulado Fatal Error Crew copiou cerca mil nomes e dados pessoais de militares, aparentemente apenas para mostrar que tinha condições de atravessar o atual firewall. Portanto, a julgar pela declaração do comandante do Centro de Defesa Cibernética, dando conta que quem se defende também sabe como atacar, o Exército, a esta altura, já deve saber a arma usada pelos hackers.
Fonte: Ultimosegundo.Ig.com.br
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