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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A música eletrônica do Brasil conquistou o mundo

A produção de música eletrônica no país cresceu, ganhou fama e arrebatou fãs na Europa e nos EUA. O Brasil do bate-estaca agora rivaliza com o país da bossa nova

POR JÚLIA KORTE E NINA FINCO (Época Online)
INOVADORA A balada D-Edge,  em São Paulo, foi o primeiro endereço visitado pelos DJs estrangeiros que levaram a música eletrônica brasileira para o exterior (Foto: Divulgação)

Nos anos 1960, a música brasileira chamou a atenção do mundo. A bossa nova de Tom Jobim e João Gilberto ganhou tamanha projeção no exterior que, até hoje, “Garota de Ipanema” ostenta o posto de segunda canção mais executada no planeta, atrás apenas de “Yesterday”, dos Beatles. Mais de seis décadas depois, a invenção musical brasileira volta a surpreender  os ouvidos estrangeiros, desta vez com um estilo bem diferente, o eletrônico. Nas pistas do mundo inteiro, o público se empolga ao som do batidão único, animado e cheio de personalidade do eletrônico brasileiro. Ele virou item de exportação da cultura musical. Nomes de DJs brasileiros como Felguk, Renato Ratier e Gui Boratto se tornaram familiares no exterior. Regularmente, tocam para multidões de até 200 mil pessoas e arrancam elogios dos maiores nomes da indústria musical. O remix autorizado de artistas consagrados, como Madonna, é feito por brasileiros, em outra demonstração de prestígio. Recentemente, o jornal inglês The Financial Times colocou o DJ Renato Cohen entre os 25 brasileiros mais influentes do mundo, ao lado de Neymar, Gisele Bündchen e Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Hardwell, o DJ mais celebrado do mundo, vira e mexe apresenta sucessos brasileiros para as multidões.
Agora, num movimento paralelo, os estrangeiros começam a descobrir que o Brasil também é um bom lugar para curtir esse tipo de música. A revista americana Forbes disse que o país é a nova “meca da música eletrônica”. A fama, confirmada pela britânica The Economist, se traduz em números animadores. No ano passado, mais de 27 milhões de pessoas participaram de eventos ligados à música eletrônica no Brasil. DJs famosos não vêm ao Brasil apenas para tocar. Fazem pesquisa musical, se alimentam do estilo brasileiro, incorporam músicas criadas pelos DJs nacionais a suas apresentações e criam batidas inspiradas por eles. O produtor americano Diplo, um dos grandes nomes da cena eletrônica, é fã declarado do “baile funk”,  gênero baseado na batida carioca. O DJ britânico Fatboy Slim, frequentemente visto pelos camarotes no Carnaval, tem um amor documentado pelo Brasil. Seu mais novo álbum chama-se Bem Brasil. Annie Mac, uma DJ britânica, afirmou neste ano: “No Brasil, você pode sentir a música das festas das cidades ecoar nas montanhas”.
“Evoluímos muito nos últimos três anos”, afirma Claudia Assef, jornalista que escreve sobre música eletrônica há 21 anos e publicou o livro Todo DJ já sambou (Conrad, 264 páginas, R$ 46). “Sempre houve DJs tocando, mas as músicas brasileiras  não eram necessariamente de alta qualidade, como hoje”, diz Claudia. Os disc jockeys surgiram no país no tempo das discotecas, nos anos 1980. Só agora começam a ser valorizados. “O Brasil é famoso por ter os melhores DJs, que não são reconhecidos aqui”, diz Cohen, há 20 anos no mercado. Paulistano, tornou-se  mundialmente conhecido em 2002, com o lançamento da música “Pontapé”. Passou a se apresentar nos mais importantes festivais do mundo, do Japão à Alemanha. Desde então, é apontado como o nome que contribuiu para consolidar estilos como tecno e house, que antes não tinham tanta aceitação nas pistas. “Antes me perguntavam se eu fazia samba. Diziam que, por tocar eletrônico, eu era exótico. Agora é de igual para igual”, diz ele.
Cohen foi exceção no mercado.  Poucos DJs nacionais conseguiram fama internacional antes de 2012. Foi só com a expansão do estilo comercial EDM, ou electronic dance music, que a música eletrônica se tornou um gênero universal e abriu portas ao talento brasileiro. Existe hoje um estilo claramente definido de música eletrônica brasileira? “Não há  uma escola de música brasileira em que todos tenham a mesma cara”, diz Cohen. “A habilidade do brasileiro é pegar tudo, de todos os lugares. Todos falamos a mesma coisa, mas de jeitos diferentes. A identificação vem da junção de ideias.” 
 

Djs (Foto: Julia Rodrigues/ÉPOCA e divulgação (4))
É pela internet que a maioria dos artistas brasileiros chega ao mercado estrangeiro. A música eletrônica não circula na TV, como um clipe de pop ou rock. Os DJs brasileiros publicam e  divulgam sua música em sites especializados – o maior deles é o Beatport. Esperam que um nome consagrado resolva tocá-la numa festa importante. É assim que o sucesso acontece. Foi pela internet que o paulistano Felipe Tampa, ou FTampa, de 30 anos, tornou-se conhecido. Depois de cinco faculdades incompletas e uma banda de rock que não decolou, em 2013 ele fez uma música chamada “Kick it hard” (sua versão de “Pontapé”) e publicou-a num site de música eletrônica. As rádios do festival belga Tomorrowland, considerado o maior do mundo, tocaram sua música. Ele estourou lá fora. “Essa é a forma normal de ficar conhecido”, diz FTampa. “A música é sempre renovada pela internet. O jovem que faz a moda abraçou o eletrônico. Estamos com uma força absurda.”
As casas noturnas também serviram como trampolim para muitos DJs. “Espaços como a D-Edge, em São Paulo, foram um chamariz para os DJs internacionais chegarem aqui e conhecerem o cenário brasileiro”, diz Cláudia. Atualmente, algumas pistas no Brasil desbancam até a famosa Ilha de Ibiza, na Espanha, conhecida pelas festas que recebem grandes nomes do eletrônico. O Balneário Camboriú, em Santa Catarina, é o lar de diversas casas noturnas internacionalmente reconhecidas pela música eletrônica, incluindo algumas de Ibiza, como Pacha e Space. Em 2013, os leitores da britânica DJ Magazine elegeram a catarinense Green Valley como a melhor pista de música eletrônica do mundo. Outras seis casas brasileiras apareceram na lista das 100 mais.
Com toda essa celebração, a música eletrônica virou um grande negócio. O megafestival Tomorrowland terá sua primeira edição no Brasil em maio de 2015, em Itu, interior de São Paulo. Anunciado pelo DJ David Guetta em julho deste ano, o evento esgotou seus 180 mil ingressos em menos de três horas. Em 2009, a indústria mundial de música eletrônica movimentava algo em torno de R$ 3 bilhões. Atual­mente, passa dos R$ 20 bilhões – e os brasileiros sonham com uma fatia maior do negócio.

O coordenador do curso de produção de música eletrônica da Faculdade Anhembi Morumbi, de São Paulo,  Leonardo Vergueiro, vê com reservas o título de “meca da música eletrônica” atribuído ao Brasil. “Ainda não chegamos a esse ponto”, diz ele. Houve aumento da produção e do consumo, mas muitos continuam  dançando sem saber o que estão ouvindo. “Caminhamos para um cenário em que quem faz a música é tão importante quanto o DJ que a toca”, diz ele. Quando esse momento chegar, as músicas eletrônicas brasileiras serão tão identificáveis e tão famosas quanto “Garota de Ipanema”.

Fonte: ÉPOCA Online

domingo, 14 de setembro de 2014

O Brasil não vive recessão, mas uma estagnação

Flickr / Programa de Aceleração do Crescimento
Refinaria Petrobras Cubatão
Refinaria da Petrobras em Cubatão. Uma parcela significativa do saldo positivo da balança comercial deveu-se à exportação de plataformas de petróleo para empresas estrangeiras
Contaminada pela polarização eleitoral, a discussão sobre as quedas sucessivas do PIB, de 0,2% no primeiro trimestre e de 0,6% no segundo, proporciona uma oportunidade para desfazer o equívoco de considerar o desaquecimento da economia brasileira uma exceção em um mundo em franca retomada. Não é bem assim, como mostrou o diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, em exposição na Federação das Indústrias de São Paulo, em 22 de agosto.
Na comparação das projeções de crescimento do PIB apuradas em abril e em julho deste ano, a variação mundial esperada caiu de 3,6% para 3,4%. Nos países avançados, o recuo foi de 2,2% para 1,8%. Nos Estados Unidos, a estimativa oscilou de 2,8% para 1,7% e na área do Euro, recuou de 1,2% para 1,1%. Apenas a expectativa para o Japão aumentou ligeiramente, de 1,4% para 1,6%.
O avanço esperado do PIB dos países emergentes diminuiu de 4,9% em abril para 4,6% em julho. Houve redução discreta das projeções para a China, de 7,5% para 7,4%, e estabilidade das estimativas para a Índia, em 5,4% . Caíram as previsões para Rússia (1,3% para 0,2%), África do Sul (2,3% para 1,7%), Brasil (1,8% para 1,3%) e México (3% para 2,4%).
“Não houve a ‘tempestade perfeita’ nos emergentes”, disse Awazu. E o Brasil “tem fundamentos macrofinanceiros sólidos e instituições capazes de assegurar estabilidade macroeconômica e financeira, capacidade de resposta a choques e desafios e demonstrada resiliência à crise, com um modelo de desenvolvimento sustentável visando o aumento da inclusão social e financeira”. As expectativas de crescimento em 2015 são também declinantes, praticamente sem exceção.



As quedas seguidas do PIB lideraram a onda de notícias negativas sobre o desempenho recente da economia. O déficit primário do setor público de 4,7 bilhões de reais em julho, a redução da produção de veículos em 22,4% em agosto, uma nova queda na confiança dos empresários da indústria e do setor de serviços e as taxas de juros mais altas desde 2011 integraram o quadro de informações ruins. Houve fatos positivos, insuficientes para reverter o pessimismo. O principal deles foi o aumento de 0,7% na produção industrial de julho sobre o mês anterior, segundo o IBGE, depois de cinco quedas sucessivas.
A variação negativa do PIB do Brasil nos dois últimos trimestres é indiscutível. Concluir a partir deste fato que há uma recessão no País, nem tanto. Manuais de finanças definem “recessão técnica” como dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. O economista conservador Geoffrey H. Moore, um dos maiores especialistas em ciclos econômicos, identificou “sérios problemas” nessa visão. Um deles é não considerar datas mensais de início e fim das recessões. “Por esse motivo, o National Bureau of Economic Research dos Estados Unidos utiliza medidas mensais de produção, emprego, vendas e renda, todas expressas em termos reais”, escreveu no ensaio Recessões. Moore coordenou a instituição por 30 anos e foi diretor emérito do Center for International Business Cycle Research, da Universidade de Columbia. “Outro problema é a possibilidade de sérios declínios na atividade econômica mesmo sem dois trimestres consecutivos de oscilação negativa”, alertou Moore.

As observações do especialista não reduzem a relevância dos problemas, mas levantam dúvidas sobre o diagnóstico de recessão. “As quedas do PIB brasileiro durante dois trimestres seguidos não foram acompanhadas de desemprego e redução da massa salarial e isso não permite caracterizar uma recessão. O termo correto para definir a situação atual é estagnação”, diz o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo. “Estamos em recessão técnica, embora atípica porque o nível de desemprego está baixo. Houve fatores conjunturais, como a Copa do Mundo, mas a economia dava sinais de estagnação, relacionada a várias causas, entre elas a forte desaceleração do setor manufatureiro”, afirma o economista Luiz Fernando de Paula, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Para avaliar corretamente o desempenho da economia, além de considerar as diferenças entre recessão e estagnação e contextualizar mundialmente a dinâmica brasileira, é preciso expurgar interpretações facilitadas pelo predomínio de informações fragmentadas e de curto prazo. Os superávits comerciais de agosto, de 1,2 bilhão de dólares (as projeções indicavam 400 milhões) e dos últimos oito meses, de 249 bilhões de dólares (houve déficit de 3,8 bilhões no mesmo período em 2013), não receberam destaque no noticiário. A ênfase recaiu no fato de o saldo positivo de agosto ser “o pior para o mês desde 2001”. Uma parcela significativa do saldo positivo da balança comercial deveu-se à exportação de plataformas de petróleo para empresas estrangeiras de prospecção atuantes no Brasil. Segundo algumas interpretações, teria ocorrido uma “exportação contábil de plataformas”. A expressão utilizada denota atribuição de pouca importância ao fato econômico relevante de obtenção de receita em moeda conversível mediante a venda de um produto feito internamente, com uso de mão de obra e de insumos locais, em um processo gerador de efeitos positivos encadeados e de uma arrecadação tributária relevante. Sob essa ótica, talvez fosse necessário levar as plataformas aos países das importadoras e transportá-las de volta ao Brasil para considerar legítimas as exportações.
A necessidade de retomar o crescimento econômico é consenso no debate eleitoral, mas há mais de uma estratégia para atingir o objetivo. No debate promovido na quarta-feira 27 pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, o economista José Roberto Mendonça de Barros, representante de Aécio Neves, enfatizou a necessidade de um “ajuste macroeconômico”, expressão elástica capaz de abrigar de um tarifaço ao corte de salários. Para o economista Rodrigo Sabbatini, da campanha de Dilma, o ajuste econômico necessário é diferente daquele defendido pelo PSDB. "Não dá para fazer a inflação baixar para o centro da meta no curto prazo sem provocar um processo recessivo. Nisso nosso ajuste macroeconômico é diferente". A candidata Marina Silva não enviou representante à Abimaq.

Velhas soluções agravariam a situação, alerta Fernando de Paula. “Estou pessimista com esta ideia de que o simples canto da sereia, a volta do livre mercado, vai resolver tudo no Brasil. Isso já foi tentado no governo FHC e não deu certo, a economia ficou muito vulnerável, se desindustrializou, desnacionalizou, houve apagão. A visão predominante é que a intervenção do Estado impede o Brasil de crescer. Tenho críticas ao governo Dilma, pois fez um intervencionismo a meu juízo atrapalhado e mal coordenado, mas não acho que a alternativa “Deus Mercado” vá ser a panaceia.”
O economista Delfim Netto identifica um sinal animador. “Caiu a ficha. É agora geral o reconhecimento de que a causa fundamental da taxa de crescimento do PIB foi a pouca atenção dada à cuidadosa destruição da capacidade competitiva da indústria manufatureira nacional, consequência do uso da taxa de câmbio como instrumento de controle da inflação em substituição às políticas fiscal e monetária.” Em discurso na quarta-feira 3, Dilma Rousseff admitiu problemas na política industrial e no avanço da economia e prometeu mudanças. É um começo.

Fonte: Carta Capital - Economia - Edição Online - Set./2014

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O voto deveria ser facultativo no Brasil?

Alex Rodrigues / Agência Brasil
Eleição em Paraíso das Águas
Eleitor participa de votação em Paraíso das Águas (MS), em outubro de 2012
Nas eleições do próximo dia 5 de outubro, 142,8 milhões de brasileiros deverão comparecer às urnas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pesquisas de opinião, no entanto, mostram um elevado índice de rejeição ao voto obrigatório. Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado em maio deste ano aponta que 61% dos eleitores são contra a imposição.
Para analistas, permitir que o eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral brasileiro. A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário crítico de compra e venda de votos e à formação política deficiente de boa parte da população.
"Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado", diz Danilo Barboza, membro do Movimento Voto Consciente.
O voto compulsório é previsto na Constituição Federal – a participação é facultativa para analfabetos, idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos.
O sociólogo Eurico Cursino, da UnB, avalia que o dever de participar das eleições é uma prática pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país.
"A democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola", afirma. "Não é estranho que sejam tomadas decisões erradas e que o voto seja ruim. Mas se as pessoas não sabem votar, elas têm de aprender."
Já para os defensores do voto não obrigatório, participar das eleições é um direito e não um dever. O voto facultativo, dizem, melhora a qualidade do pleito, que passa a contar majoritariamente com eleitores conscientes. E incentiva os partidos a promover programas eleitorais educativos sobre a importância do voto.
O sistema voluntário é adotado em quase todo mundo. O voto é compulsório em apenas 31 países, incluindo o Brasil. O levantamento é do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (Idea), que tem sede na Suécia.
De acordo com o órgão, a quantidade de votos brancos e nulos em países que obrigam o eleitor a ir às urnas é muito maior. Em Quênia, Dinamarca e Tunísia, onde o voto é facultativo, os índices de abstenção são inferiores a 1%, enquanto que no Peru e no Equador, onde os cidadãos são obrigados a votar, a taxa de abstenção é de cerca de 20%. No Brasil, o índice foi de 8% nas últimas eleições.
"Isso indica que as pessoas só vão às urnas porque são obrigadas. Muitas não gostariam de expressar um voto. O cenário com altos índices de abstenção é comum aos sistemas eleitorais que adotam o voto compulsório", diz à DW Abdurashid Solijonov, do setor de processos eleitorais do Idea.
Na América do Sul, apenas Colômbia, Paraguai, Suriname e Guiana adotam o voto facultativo. Ao contrário dos países da América Central, a tradição sul-americana é a do voto obrigatório. Um estudo da Consultoria Legislativa do Senado Federal mostra que países que obrigam o eleitor a votar, sob pena de sanções, têm um histórico de intervenções militares e golpes de Estado, com exceção da Costa Rica.
"Há outras medidas mais eficazes para incentivar a participação dos cidadãos, como aumentar a satisfação dos eleitores com os governos, adotar um sistema eleitoral proporcional e promover debates públicos", argumenta o especialista.
Apesar de estar entre uma minoria no cenário mundial, o Brasil deve manter a política de obrigatoriedade do voto, segundo o presidente da Comissão Eleitoral da OAB do Rio Grande do Sul, Augusto Mayer. Para o advogado, os elevados índices de corrupção e cassação de mandatos evidenciam que o país ainda não está preparado para adotar o voto facultativo.
"Isso exige em contrapartida uma extraordinária valorização do aspecto cidadão. Os eleitores brasileiros não têm um conhecimento mais profundo sobre os partidos políticos. A cidadania é relacionada apenas com o direito ao voto", avalia.
Para Mayer, os países que adotam o sistema voluntário de participação eleitoral cultivam uma pedagogia intensa em torno da valorização do voto, o que não acontece no Brasil. A votação facultativa em países democráticos se deve ao alto grau de politização da sociedade e a uma presença mais forte da cultura de cidadania. Ele considera Alemanha, Canadá, Espanha, Israel, Itália, Portugal, Japão e Polônia como bons exemplos.
"Esses países usufruem da cláusula de barreira, norma que restringe o ingresso parlamentar de partidos que não alcançam um percentual mínimo de votos", explica.
Na Alemanha, o alistamento eleitoral é obrigatório, mas o voto é facultativo. Nas últimas eleições, em setembro de 2013, cerca de 61,8 milhões de alemães estavam aptos a votar, e o comparecimento às urnas foi maior do que 70%.
Emendas constitucionais que tratam do tema no Congresso Nacional são inspiradas no modelo alemão. Uma das principais propostas sobre a reforma política, a PEC 352/2013, do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), prevê o fim do voto obrigatório. O texto está parado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.
Para o professor Aldo Fornazieri, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a ingerência regulatória do Congresso e do Tribunal Superior Eleitoral nas eleições se converte em medidas que tentam afastar cada vez mais o eleitor da participação política.
"Ele é transformado em um cidadão de sofá, um cidadão passivo. Votar se torna um ato meramente formal", diz.
Embora faça críticas ao voto obrigatório, o especialista pondera que, com o voto facultativo, o índice de participação nas urnas seria muito baixo. "As instituições carecem de legitimidade, porque, depois de eleitos, os políticos se isolam da sociedade. Eu gostaria que houvesse essa correspondência entre deveres e direitos, mas hoje ela é falsa", afirma Fornazieri.
  • Autoria Karina Gomes
  • Fonte: Carta Capital

terça-feira, 12 de agosto de 2014

As belezas naturais do litoral do Nordeste do Brasil

Litoral de Alagoas

Praia de Carneiros - litoral de Pernambuco

Carneiros - Pernambuco

Litoral do Ceará

Praia da Pipa - Rio Grande do Norte

Recife - Pernambuco

Litoral de Pernambuco

Rio Grande do Norte

Litoral de Pernambuco

Litoral do Rio Grande do Norte

Litoral de Pernambuco

segunda-feira, 23 de junho de 2014

NEYMAR VENCE CAMARÕES COM GOL 100

Neymar Mecânico, Carrossel do Neymar, Neymáquina, Tiki-Neymar-Taka... Há times que entraram para a história por seus estilos de jogo. Essa Seleção poderá entrar para a história por ter Neymar. Até onde o Brasil chegará na Copa do Mundo? Até onde Neymar permitir. E daqui para frente, contra adversários mais poderosos, exigir que o garoto leve um país nas costas é demais até para sua genialidade.
Diante de Camarões e um público de 69.112 no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, Neymar foi suficiente. Ele venceu os africanos por 4 a 1. Sozinho? Não. Luiz Gustavo se fez gigante, Felipão ajudou muito ao trocar Paulinho por Fernandinho, Fred voltou a marcar... Mas na hora da dificuldade, do sofrimento, foi o menino das mechas louras quem resolveu.
Neymar segundo gol Brasil x Camarões (Foto: Getty Images)Neymar faz biquinho e comemora gol sobre Camarões (Foto: Getty Images)
O Chile, no sábado, no Mineirão, em Belo Horizonte, a partir de 13h (de Brasília), será um adversário bem mais difícil. Neymar vai precisar de companhia mais qualificada, que parece ter se desenhado no segundo tempo com mais bola no chão, um meio mais participativo e Fred confiante. E a torcida vai precisar se lembrar das palavras de David Luiz: saber sofrer.
Os dois gols de Neymar o colocaram na liderança da artilharia da Copa, com quatro, e na quinta posição da tabela de goleadores brasileiros, com 35, atrás de Pelé (77), Zico (66), Ronaldo (62) e Romário (55). E à frente de Rivaldo (34) e Ronaldinho (33). Mais que isso, ele sambou, driblou, passou de primeira, tocou sem olhar... Há quem se incomode com excessos de elogios ao garoto. Se for seu caso, peço perdão, mas sugiro que nem continue lendo.
Só Neymar salva
O futebol é uma maluquice. Aos dois minutos, a Seleção era a melhor do mundo, lembrava a de 70, jogava por música. Aos 30, era uma porcaria que seria eliminada por Chile ou Holanda nas oitavas. Nem 8 nem 80. O início impressionou, com infiltrações e a zaga camaronesa impedindo gol de Paulinho, mas o resto preocupou.
O Brasil não teve calma, não teve inteligência para passear no frágil sistema de marcação de Camarões, não teve meio-campo, mas teve Neymar. E bastou. Com a enorme contribuição do gigante Luiz Gustavo, justiça seja feita. O volante roubou a bola e cruzou para o craque. No centésimo jogo do Brasil em Copas, Neymar fez o centésimo gol da Copa no Brasil. Sintonia: Brasil, Copa, Neymar... Que assim seja!
neymar segundo gol brasil x camarões (Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm)Neymar brilha diante da massa amarela: Seleção depende dele (Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm)
Mas Nyom, que já havia empurrado Neymar em direção aos fotógrafos, passou por Daniel Alves e empurrou a bola para Matip empatar. A Seleção jogava mal. Vivia dos lançamentos de David Luiz, enquanto Paulinho, que deveria buscar a bola e armar o jogo, se omitia da função.
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, o Brasil tem Neymar. Em nova bola interceptada no campo de ataque, agora por Marcelo, o camisa 10 cortou para o meio e bateu no contrapé de Itandje, que tentou adivinhar a trajetória do chute. Alívio.
Bem-vindo, Fernandinho!
Não é exagero. Em quatro minutos, Fernandinho fez mais do que Paulinho nos 225 do Brasil na Copa. A substituição no intervalo ajudou o Brasil a encurralar Camarões nos primeiros minutos. O volante, candidatíssimo a ser novo titular, deixou Hulk na cara do gol. Não foi a primeira nem a última vez que o “incrível” se viu nessa situação e não soube aproveitar.
Em seguida, abriu para Marcelo, daí para Fred e caixa! Don Fredón, de bigode e tudo, finalmente "pegou" e fez o primeiro dele no Mundial. O comentarista de arbitragem da TV Globo, Arnaldo Cezar Coelho, disse que o centroavante estava atrás da linha da bola no cruzamento de David Luiz, ou seja, em posição legal.
Fred e Neymar Brasil x Camarões (Foto: Reuters)Fred comemora gol com Neymar: camisa 9, enfim, desencanta na Copa do Mundo (Foto: Reuters)
Ramires no lugar de Hulk e Willian no lugar de... Neymar. Oscar sairia, mas um pisão na perna do craque mudou os planos de Felipão. Melhor mesmo. Coloquem-no numa redoma, levem-no nos braços e não deixem, em hipótese alguma, que ele leve o segundo amarelo. O artilheiro, Luiz Gustavo, Thiago Silva e Ramires terão de suportar mais dois jogos sem serem advertidos: até as quartas de final.
Fernandinho e Ramires gol Brasil x Camarões (Foto: Reuters)Ramires e Fernandinho comemoram quarto gol: reservas ajudam a decidir o jogo (Foto: Reuters)
O México abriu 3 a 0 na Croácia, na Arena Castelão, e precisaria de mais um para roubar a liderança brasileira. Sofreu um, não marcou, e Fernandinho ampliou em Brasília. O caminho do hexa está trilhado: Mineirão, dia 28, Castelão, dia 4, Mineirão, dia 8, e Maracanã, dia 13 de julho. Mais quatro jogos para que o Maracanazo, o Uruguai, Ghiggia e 1950 virem um capítulo difícil de uma história com final feliz.
Fonte: Globo Esporte

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Van Persie leve e solto


Van Persie sorri durante coletiva de imprensa da Holanda na Gávea
Van Persie sorri durante coletiva de imprensa da Holanda na Gávea
 
Van Persie está, por assim dizer, livre, leve e solto. Nem mesmo a suspensão por dois cartões amarelos, na terceira rodada do grupo B da Copa do Mundo, contra o Chile, tira o seu bom humor. Pelo contrário. O artilheiro holandês, com três gols, está mais afiado do que nunca em seu terceiro Mundial.
A tranquilidade ficou clara na entrevista coletiva do atacante nesta sexta-feira, na Gávea, no Rio de Janeiro. Entre perguntas em holandês e inglês, o atacante recebeu um pedido inusitado de um jornalista: uma selfie. Um tanto quanto desconcertado, ele parou para entender a pergunta, sorriu e falou:
"Tudo bem. Depois da coletiva podemos fazer isso", disse o artilheiro, com um sorriso no rosto.

Getty
Van Persie, no movimento considerado perfeito por grupo de estudos da Fifa
O atacante e a pose que entrou para a história
 
Ao lado, o zagueiro e companheiro Vlaar gargalhava com o pedido inusitado e a reposta do colega. Van Persie está à vontade no Brasil. Não só por subir em arquibancada e pegar a filha no colo para assistir ao treino. O golaço marcado diante da Espanha, na goleada de 5 a 1 da primeira rodada, abriram os olhos do mundo para o "Holandês voador". E virou termo: "Persieing" significa imitar o peixinho do atacante contra a Espanha. A maior homenagem veio de dentro de casa: o avô, Wim Ras, imitou a pose do neto no gramado em uma foto a um jornal holandês. E Van Persie adorou.
"Meu avô era goleiro anos atrás, nos anos 40 ou 50. Eu joguei futebol quando ele era novo. Ele tem 93 anos e uma mente incível, a maneira como fala sobre seus feitos. É incrível o que ele fez (risos). Eu gostei e ele, também", disse Van Persie.
Mesmo diante de tantos sorrisos, o atacante de 30 anos do Manchester United arruma espaço para falar sério. Apesar de ter gostado do gol que se tornou um dos mais belos das Copas, ele ressaltou outra vertente do empate diante da Espanha e faz o prognóstico holandês na competição, quase que um pedido disfarçados aos companheiros. 
"Foi um belo gol. Mas o mais importante foi o momento em que ele foi marcado. Estávamos perdendo e a Holanda voltou ao jogo. Foi melhor do que a beleza. Agora, queremos o primeiro lugar do grupo. É melhor para nós", disse o artilheiro.
Em terras brasileiras não faltam, claro, perguntas sobre o futebol do país e, principalmente, se ele encontra insipiração em algum dos craques do passado da seleção brasileira. Van Persie foi sincero em um primeiro momento, mas até surpreendeu por indicar o seu escolhido.
"O que vi no último ano e meio foram melhores momentos de Seedorf no Botafogo, talvez um pouco do Ronaldinho. E não vi muito mais. Mas assisti a um filme anos atrás quando eu era um garoto, sobre o Garrincha. Aquilo me inspirou. Como ele jogava, era rápido, sempre marcava belos gols. Foi minha primeira experiência, quando criança, com jogadores brasileiros", completou o "Holandês voador", como vem sendo chamado depois do gol contra a Espanha.
Fim de coletiva, Van Persie levanta, pega sua mochila e se direciona à saída da sala de entrevistas da Holanda na Gávea. Mas, claro, é interceptado pelo jornalista que pedira a selfie. Promessa feita, promessa cumprida. O atacante para e posa para foto. Sorri. O artilheiro está livre, leve e solto.

Fonte: Espn.com.br

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Google usa balões para levar internet a áreas remotas no Brasil

O Google testou nesta sexta, dia 6 de junho, o lançamento de balões de internet no aeroporto Nossa Senhora de Fátima, no Piauí. De acordo com a empresa, esses objetos serão os primeiros a percorrerem longa distância em uma latitude próxima da Linha do Equador.

Teste realizado em 2013. Foto: Divulgação
Na semana passada, o Google realizou o lançamento de dois balões em direção a comunidade de Água Fria, município de Campo Maior, no Piauí. Alunos de uma turma da escola Linoca Gayoso puderam ter aula com acesso a internet.

O presidente do Google Brasil, Fabio Coelho, demonstrou a felicidade de poder estar realizando esses testes e falou da importância desse projeto.

"Sabemos que, para isso, todas as tecnologias disponíveis serão importantes: fibras óticas, satélites, equipamentos fixos ou móveis. Dado o tamanho do nosso território e as dificuldades geográficas, todas as inovações são bem-vindas. O projeto Loon pode apontar soluções criativas para regiões de mais difícil acesso na busca da universalização da oferta do acesso à Internet em banda larga", afirmou.

Fonte: SRZD

domingo, 27 de abril de 2014

EXPOSIÇÃO DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE: A DITADURA NO BRASIL (1964-1985)

Nesse post trago algumas fotos da mostra que reapresenta um dos momentos mais difíceis da história recente do nosso país, trazendo ao debate, novamente, a perspectiva da necessidade de não fecharmos os olhos nem esquecermos o que de pior aconteceu ao povo brasileiro e aos rumos da república com o longo período de exceção. 

A cidadania, hoje ainda almejada (e pela qual se tem lutado), e o processo de consolidação democrática no Brasil precisam caminhar ao lado da consagração do direito a rememorar os aspectos que compuseram o panorama da época em sua integralidade, buscando-se sempre reconstruir o itinerário da verdade dentro do plano dos acontecimentos.

EXPOSIÇÃO “A DITADURA NO BRASIL 1964 – 1985”

A exposição traz uma ambientação visual que conduz o público em uma espécie de “viagem no tempo”. Traz de volta a lembrança aos que viveram os fatos retratados e traduz aos jovens um pouco do clima vivenciado nesse período tão importante na história social e política brasileira. Recupera, de maneira exclusiva, desde os primeiros momentos do Golpe de Estado que mergulhou o país numa ditadura de 21 anos, até os grandes comícios populares das “Diretas Já”. Imagens marcantes dos tanques militares na frente do Congresso Nacional, as passeatas estudantis, a resistência dos diversos grupos da sociedade civil, a censura de documentos, a violência, prisões e torturas estão expostas em grandes painéis que colocam o espectador dentro dos acontecimentos. Junto, todos os fatos ocorridos nessa época são recuperados em um texto em ordem cronológica.

“A ditadura no Brasil – 1964-1985”, tem por objetivo registrar o que representou a ditadura no país, para que o maior número de cidadãos possam ter acesso ao material, excelente instrumento de valorização da história brasileira; resgatar a memória dos que viveram o período militar com o intuito de provocar reflexão sobre os acontecimentos e sensibilizar os jovens de hoje a respeito do que ocorreu durante os anos de chumbo no país, a partir de uma perspectiva da cronologia histórica e visual incluindo fotos e documentos, inéditos em sua maioria. 


Não podemos esquecer



Nesse documento da época da ditadura o chefe da censura federal em São Paulo, após assisitr a uma apresentação do espetáculo teatral "Roda Viva" (de autoria do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda), emite um relatório em que define a peça como"degradante e até certo ponto subversiva", informando ainda que a representação que vira "provocava o espectador para tomada de posição".




Grandes marchas, passeatas e comícios foram realizados pelo movimento estudantil durante a ditadura. Motivo que levou a que eles fossem os principais alvos da perseguição governamental. Naquele tempo, ser estudante e ser engajado na luta democrática era o mesmo que viver em constante estado de perigo.


Torturas, desaparecimentos e mortes dos "subversivos" foram uma dolorosa constante nos anos negros do Brasil.







No documento da foto acima vemos um ofício determinando a feitura de portaria de interdição do filme "Terra em Transe", do cineasta Glauber Rocha, dentre outras razões, pelo fato de o mesmo conter, segundo os censores, "mensagem de cunho esquerdista, contrária aos interesses nacionais".


No documento acima, oriundo da Divisão de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal, podemos ver o parecer de não liberação da execução pública da música "Óculos escuro", de autoria da dupla Paulo Coelho e Raul Seixas, tida como "veículo de mensagem subversiva" e que induziria flagrantemente "ao descontentamento e insatisfação no que tange ao regime", incitando uma "nova ideologia, contrária aos interesses nacionais".


O movimento Diretas Já desencadeou a onda de manifestações da sociedade nacional responsáveis pelo fim da ditadura e retorno à democracia em nosso país.
 


Fotos by Rogério Rocha

terça-feira, 22 de abril de 2014

Senado aprova Marco Civil da Internet

  • Moreira Mariz/Agência Senado
    Senadores votam pela aprovação do Marco Civil sem alterações ao texto que pudessem levar o projeto de lei volta à Câmara 
  •  Senadores votam pela aprovação do Marco Civil sem alterações ao texto que pudessem levar o projeto de lei volta à Câmara



















O Senado aprovou na noite desta terça-feira (22) o Marco Civil da Internet, que segue agora para sanção presidencial. A votação se deu 28 dias após aprovação na Câmara dos Deputados, onde a proposta do relator Alessandro Molon (PT-RJ) foi debatida por quase três anos e chegou a trancar a pauta por cinco meses.

Após pressão do governo, a aprovação no Senado foi feita a tempo de transformar o texto em lei antes do evento NetMundial, que será realizado em São Paulo a partir de quarta (23). A abertura do encontro internacional será feita pela presidente Dilma Rousseff, que deve levar o Marco Civil ao evento como "marca" de sua gestão no setor.

A pressa da votação do texto, que tramitava em caráter de urgência, gerou diversas críticas por parte dos senadores. Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Alvaro Dias (PSDB-PR) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) estavam entre os opositores da votação nesta terça, pedindo mais tempo para análise e possíveis alterações na proposta. Ferreira  lembrou que a oposição poderia impedir a votação obstruindo-a ou apresentando emendas de plenário, mas que não faria isso. Ele apenas lamentou a posição da presidente Dilma e o "afã dos senadores em querer agradá-la". 
Joel Rodrigues/Folhapress
Senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) conversa com o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), relator do Marco Civil

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-BA), desistiu de uma mudança que faria na redação. Ela forçaria a volta do projeto à Câmara dos Deputados e impediria a aprovação do Marco Civil a tempo do evento NetMundial.

A emenda de Braga sugeria alteração no artigo 10, que trata do acesso de autoridades a dados pessoais dos internautas.

O objetivo era deixar a redação do artigo mais clara com a troca do termo "autoridades administrativas", considerado vago, por "delegado de polícia e o Ministério Público". Porém, o senador afirmou que aceitaria a edição desse trecho por meio de medida provisória.

Aprovações em comissões
Na manhã desta terça, a CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) e a CCT (Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática) do Senado fizeram uma "aprovação relâmpago" do projeto – na CCT, o processo levou menos de dois minutos.

O projeto também tramitava na CMA (Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle), que cancelou a reunião para analisar o texto.

O relator na CCJ, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), rejeitou 40 das 43 emendas apresentadas– os trechos alterados tratavam de mudanças de texto, mas não de conteúdo. Duas foram acatadas na forma de emendas de redação. Outra foi retirada a pedido do autor.

Entenda o Marco Civil
O projeto equivale a uma "Constituição", com os direitos e deveres dos internautas e empresas ligadas à web. No ano passado, depois das denúncias sobre espionagem nos EUA, o governo federal enviou pedido à Câmara para que tramitasse em regime urgência constitucional (sem definição, chegou a trancar a pauta por cinco meses).

O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 25 de março, depois de a votação ser adiada por pelo menos dois anos – o principal motivo eram pontos considerados polêmicos. A questão mais controversa é a chamada neutralidade da rede, que propõe tratamento igual de todo tipo de conteúdo, sem distinção por conteúdo, origem e destino.

De um lado nessa batalha ficaram as empresas de telecomunicações, que reivindicam o direito de vender pacotes fechados de internet (como planos para celular que limitam acesso a redes sociais e sites pré-determinados). Durante os embates, o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), chegou a dizer que este princípio poderia encarecer o acesso dos brasileiros à internet.

De outro, estavam os provedores de internet (como UOL, Terra, IG e Globo): eles defendiam que esses planos com conteúdo pré-definido limitam a liberdade do usuário e impedem que novas empresas de conteúdo digital ganhem espaço no mercado.

Por padrão, alguns dados têm prioridade no tráfego: é o caso dos pacotes VoIP (voz sobre IP), que precisam chegar rapidamente em sequência para que a ligação faça sentido. Já no caso de um e-mail, um pequeno atraso não teria impacto tão negativo. Mas a neutralidade quer impedir interferências que limitem a oferta de conteúdo.

Fonte: Tecnologia Uol

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