sábado, 27 de outubro de 2012
NAZARETH - "Little Part Of You"
NAZARETH - "LITTLE PART OF YOU"
Songwriter: MANUEL CHARLTON
I dont want to take you prisoner
Or do it against your will
I wouldnt ever take you over
Only want a little part of you
Only want a little part of you
I would never leave you stranded
Alone on some point of view
Couldnt ever hold you under
Only want a little part of you
Only want a little part of you
I know that the world
All its diamonds and its pearls
Could never buy you
Could never even try to
Wouldnt ever bring you sadness
Leave you standing in the rain
Never thought you would be easy
Only want a little part of you
Only want a little part of you
I know that the world
All its diamonds and its pearls
Could never buy you
Could never even try to
Postado por
Rogério Rocha
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19:35
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Nazareth - " Morning Dew "
NAZARETH - "MORNING DEW"
Songwriters: DAVID, MACK / WALLINGTON, GEORGE
(Tim Rose/Bonnie Dobson)
Walk me out in the morning dew
Walk me out in the morning dew today
I cant walk you out in no morning dew
I cant walk you out in no morning dew at all
Thought I heard a young girl cryin mama
Thought I heard a young girl cry today
You never heard no young girl cryin
You never heard no young girl cry at all
Thought I heard a young boy cryin mama
Thought I heard a young boy cry today
You didnt hear no young boy cryin buddy
You never heard no young boy cry at all
Thought I heard a young man cryin mama
Thought I heard a young man cry today
You never heard no young man cryin
You never heard no young man cry at all
Now there is no more morning dew
Now there is no more morning dew
What theyve been sayin all these years is true
Now there is no more morning dew.
Postado por
Rogério Rocha
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19:19
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Nazareth - "Miss Misery" (Live in Glasgow)
NAZARETH - 'MISS MISERY'
Songwriters: DAN MCCAFFERTY, PETE AGNEW, MANUEL CHARLTON, DARRELL SWEET
Since you came into my life
It's the same old situation
Empty days and lonely nights
Filled with bitterness and frustration.
Walking lonely in the cold
Tryin to find the answer
Spend my money on a crystal ball
And the charms of a gypsy dancer.
Tryin to break the spell you hold on me
Chorus:
You're miss misery
That's all that you'll ever be
Set me free, set me free
Please, please, please
Everyday is filled with shame
My nights are filled with anger
Hollow lies, forced denial
If you told the truth I can't remember.
You know I've got to find my way
Got to find a reason
Got to find your weakness
So I can end your witchin season.
Got to break the spell you hold on me
Chorus:
Lead:
Can't think how I got myself
Caught up in this nightmare
Evil schemes, midnight screams
Come on somebody listen to my prayer
I'd give all I've got to give
Just to find my way out
Can't hold on, but I can't let go
I'm trapped on this crazy round about
Tryin to break the spell you hold on me
Chorus:
Postado por
Rogério Rocha
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19:14
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sexta-feira, 26 de outubro de 2012
HUGO BOSS: a marca e a história
HUGO
BOSS é moda, estilo de vida e sucesso. Essas são as características
presentes nas suas roupas, acessórios, óculos, perfumes, cosméticos,
relógios e artigos de couro. Alguns de seus produtos são dinâmicos e
cosmopolitas, e mesclam visuais sérios e esportivos. Outros são jovens,
e, pouco convencionais, antecipando tendências urbanas. Há ainda os
luxuosos, marcados por elegância e exclusividade. O design moderno e
elegante faz com que os produtos da marca alemã sejam reconhecidos por
pessoas que realmente tem bom gosto e estão dispostos a pagar caro por eles.
A históriaA famosa marca foi fundada em 1924, após o fim da Primeira Guerra Mundial, na cidade de Metzingen, localizada nas montanhas da Suábia no sul da Alemanha, pelo alfaiate vienense Hugo Ferdinand Boss, como uma pequena loja de roupas que comercializava uniformes, macacões, vestimenta para trabalhadores e fardas militares. Enquanto o país enfrentava uma difícil crise econômica, a empresa crescia. Rapidamente a pequena empresa se tornou especialista em uniformes e capas de chuva e logo a loja teve que ser transformada em uma pequena fábrica para atender a crescente demanda. Apesar de vislumbrar um futuro promissor, sete anos depois a empresa paralisou suas atividades devido à instabilidade econômica que se vivia no país durante o período de pós-guerra. Mesmo ameaçado constantemente pela bancarrota e várias dificuldades financeiras, o fundador não desistiu do seu ganha-pão e reviveu o negócio em 1931, altura em que se associou ao partido Nazista. A partir de 1933, e devido à popularidade crescente de Adolf Hitler, começou a confeccionar os uniformes militares do Terceiro Reich, em especial os da temida SS.
Para garantir sua produção, ele recorreu à mão de obra quase escrava de franceses, poloneses e dos deportados para os campos de concentração. O negócio nunca esteve tão próspero. Após sua morte, em 1948, a empresa, então dirigida por seu genro, entrou em um período de obscuridade, isto porque após a guerra, a demanda por uniformes ficou escassa. A saída encontrada pela fábrica foi apostar na moda masculina. Nascia assim, em 1953, o terno HUGO BOSS, que conquistou os homens de negócios por suas linhas limpas, por trazer um tecido mais leve do que o usado comumente na Alemanha e um desenho mais jovem. Foi a combinação justa e balanceada da dita austeridade alemã para criar roupas que transmitiam por suas fibras e tramas a seriedade de quem as usava. Em 1967, dois netos de Hugo, Uwe e Jochen Holy, assumiram o controle da empresa e passaram a focar definitivamente os negócios somente em moda masculina. A época não poderia ser melhor: surgiram com o nascimento dos primeiros trabalhadores compulsivos e ambiciosos (conhecidos pela expressão em inglês, workaholics) e logo viria uma geração inteira para vesti-los, os yuppies do fim dos anos 70 e década de 80.
Em 1970, a empresa lançou a BOSS, linha de prêt-à-porter que tinha como alvo os jovens empresários com grandes potenciais de crescimento. Com tecido importado da Itália, seus ternos atraíam os compradores não apenas pelo corte impecável, mas pelos blazeres de ombros estreitos e abotoamento duplo, moda na época. O sonho de ampliar a notoriedade da marca se tornou possível em 1972, quando a HUGO BOSS passou a patrocinar equipes da Fórmula 1 e atletas de tênis e golfe, conquistando assim uma enorme exposição mundial. Foi nesta década, em 1976, que a marca HUGO BOSS foi lançada no mercado americano, um passo importante para o crescimento de suas vendas. Apesar de não terem impressionado de imediato, o êxito dos ternos da grife estava garantida, principalmente quando começaram a ser vestidos por estrelas como Sylvester Stallone e Michael Jackson, o tenista Bjorn Borg, sem esquecer a dupla de detetives da famosa série de televisão “Miami Vice”.
O auge da marca ocorreu na década de 80, altura em que a HUGO BOSS iniciou a produção de linhas de produtos mais econômicas, mas igualmente atrativas. A expansão continuou em 1984 com o licenciamento de fragrâncias e, no ano seguinte, com a abertura de seu capital na Bolsa de Valores. Em 1998, o terno “feminino” entrou no dicionário da HUGO BOSS. As coleções para as mulheres seguiam o padrão masculino de peças com corte limpo e muitas vezes reto e geométrico, sem grandes ornamentos, acessórios, decotes ou curvas. A sofisticação estava na simplicidade e no uso de materiais que davam o toque final as roupa. O fim da era yuppie e a nova modéstia da década de 90 trouxeram para a marca um novo período: foram criadas linhas casuais (BOSS ORANGE), esportivas (BOSS GREEN) e uma high end, que apresentava somente roupas de alta qualidade (BOSS SELECTION). A HUGO BOSS foi uma das primeiras marcas a se desmembrar em outros nomes para atender melhor o público. Na época isso causou certo estranhamento, mas hoje a idéia é seguida por diversas marcas e grifes do mundo inteiro.
Em 1991 foi lançado o primeiro produto licenciado. A coleção também foi ampliada, passando a produzir linha de camisas, gravatas, suéteres e jaquetas de pele. Nesta época, a empresa foi adquirida pelo grupo italiano Marzotto (hoje, Valentino Fashion Group) que, além da marca principal BOSS – dedicada às linhas e coleções mais clássicas – lançou mais duas segmentações: HUGO, voltada às criações e coleções mais jovens, e BALDESSARINI, linha de luxo mais independente. Além das roupas, cosméticos, óculos e perfumes também passaram a fazer parte do catálogo da marca alemã. Depois de quase uma década de uma enorme reestruturação, a HUGO BOSS recuperou seu prestígio e sofisticação de anos passados e voltou a ditar tendência na moda mundial. Resultado, 2010 foi para a marca alemã o ano de maior êxito financeiro em toda a sua história.
A linha do tempo1985
● Após 70 anos dedicando-se à moda, a grife lança seu primeiro perfume masculino, BOSS, ingressando assim em mais um rentável segmento de consumo.
1987
● Lançamento do perfume masculino BOSS SPORT.
1989
● Lançamento do BOSS WHITE, primeiro perfume feminino da marca alemã.
1993
● Lançamento da HUGO, linha voltada às criações mais jovens. A linha feminina foi lançada no mercado em 1998.
● Lançamento da BALDESSARINI, linha de luxo mais independente cuja direção artística ficou a cargo do austríaco Werner Baldessarini. Essa marca foi vendida em meados de 2006 quando a recém lançada BOSS BLACK SELECTION a superou em vendas.
1995
● Lançamento do perfume HUGO MAN, que impulsionou a marca em todo o mundo, se transformando em um dos mais bem-sucedidos lançamentos em sua história. O tradicional perfume inovou também na forma de seu frasco, inspirado em um autêntico cantil militar, contendo um cinturão de lona verde que prende a tampa. Em 2009, foi lançada uma edição especial com um novo frasco desenvolvido pelo designer karim Rashid, cuja tiragem foi de apenas 1.000 unidades.
1998
● Lançamento do perfume masculino BOSS BOTTLED.1999● Lançamento da BOSS ORANGE, uma marca masculina com tendência esportiva e casual, separando-se da imagem sofisticada da HUGO BOSS. A linha feminina seria introduzida em 2005. Esta linha foi relançada em 2010 com roupas mais casuais.
● Lançamento do perfume masculino HUGO DARK BLUE.
2000
● Lançamento da BOSS WOMAN, composta da primeira coleção de prêt-à-porter feminina, criada num estúdio independente em Milão e sob o comando de um estilista de fora da empresa. A expansão não atingiu o sucesso esperado, levando seus dirigentes a redirecionarem a produção feminina à Alemanha, onde os estilistas da casa conseguiram salvar o projeto.
2002
● Lançamento da BOSS GREEN (antes conhecida como BOSS SPORT), linha onde a roupa esporte converge com a moda atual, combinando materiais funcionais com um vestuário esportivo. A linha é composta por peças especiais para a prática de golfe, contemplando homens ativos e ligados à moda A linha feminina foi lançada em 2010.
● Lançamento de uma série limitada de bicicletas feitas em alumínio e visual retrô.
● Lançamento do perfume masculino BOSS IN MOTION.
2003
● Lançamento da BOSS BLACK SELECTION, grife que enxerga a moda como manifestação moderna do luxo. A atenção aos detalhes, aos tecidos mais seletos do mercado e a elaboração artesanal caracterizam esta linha.
● Inauguração de sua loja âncora em plena Avenida Champs-Elysées, em Paris.
● Lançamento do perfume feminino BOSS INTENSE.
2005
● Lançamento da BOSS SKIN, sua linha de cosméticos masculinos.
2007
● Lançamento do perfume feminino BOSS FEMME.2009● Lançamento do perfume feminino BOSS ORANGE.
● Lançamento do perfume HUGO ELEMENT.2011● Lançamento do perfume JUST DIFFERENT, que contou com o ator e músico Jared Leto como garoto-propaganda.
● Lançamento do perfume BOSS ORANGE MAN, que tinha como garoto-propaganda o ator Orlando Bloom, escolhido por simbolizar o estilo de vida do homem metropolitano que a marca reflete.
O passado nebulosoSinônimo de elegância e luxo, a HUGO BOSS é um produto “Made in Germany” altamente respeitado no mundo da moda. No entanto, a tradicional marca alemã carrega um passado de envolvimento nazista. Hugo Ferdinand Boss teve uma relação muito estreita com o nazismo. Em 1931 se filiou ao Partido Nacional-Socialista (NSDAP), de Adolf Hitler. Antes e durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa desenhou e produziu uniformes de tropas e oficiais da Wehrmacht e SS. Além disso, a empresa foi acusada de usar mão-de-obra forçada, onde os trabalhadores tinham uma carga diária de 12 horas, com um curto período de intervalo. O empresário, após o término da guerra, foi tachado de “oportunista do Terceiro Reich“, multado em 80 mil marcos, e privado de seus direitos civis. “A fábrica de roupas fundada pelo senhor Hugo Boss produziu roupas de trabalho e achamos que também uniformes da SS. Até agora, nós não temos arquivos na companhia e nós estamos tentando descobrir o que aconteceu“, declarou Monika Steilen, porta-voz da empresa, em 1997, quando a notícia foi divulgada por uma revista austríaca.
A relação com a arte e os esportes
Não é só na moda que a HUGO BOSS mostra-se ativa. Ao longo da sua existência, a grife patrocinou diversas modalidades esportivas, como a Fórmula 1 (vestiu a equipe da McLaren dentro e fora das pistas em 1981), golfe (patrocinou e vestiu o jogador Bernhard Langer em 1985), tênis (patrocinou a Copa Davis em 1985), esqui e boxe. A marca tem também um importante papel no mundo artístico através do Prêmio Hugo Boss (Hugo Boss Art Prize). Em parceria com o Museu Guggenheim, desde 1995 o prêmio valoriza os artistas modernos. A premiação é feita a cada dois anos. A HUGO BOSS também mantém parceria com o pavilhão alemão da Bienal de Veneza desde 2003.
Dados corporativos● Origem: Alemanha
● Fundação: 1924
● Fundador: Hugo Boss
● Sede mundial: Metzingen, Alemanha
● Proprietário da marca: Hugo Boss AG
● Capital aberto: Sim (1985)
● Chairman: Hellmut Albrecht
● CEO: Claus-Dietrich Lahrs● Faturamento: €1.72 bilhões (2010)
● Lucro: €185.9 milhões (2010)
● Valor de mercado: €5.2 bilhões (julho/2011)
● Lojas: 537 (1.500 contando as franqueadas e parcerias)
● Presença global: 124 países
● Presença no Brasil: Sim (6 lojas)
● Funcionários: 10.032
● Segmento: Moda de luxo
● Principais produtos: Roupas e acessórios
● Principais concorrentes: Ermenegildo Zegna, Giorgio Armani e Ralph Lauren● Ícones: Os ternos
● Website: www.hugoboss.com
A marca no BrasilA marca alemã chegou ao Brasil em 1988, trazida pelo ex-piloto de corridas, Emerson Fittipaldi, campeão da Fórmula 1 e Indy, que foi durante anos um dos parceiros comerciais da grife no Brasil. Neste período, como o país ainda estava fechado para importações, a maior parte das peças era fabricada aqui mesmo, em vez de ser importada, como ocorria com seus concorrentes. A partir de 2002, a marca alemã entrou em um período turbulento no país, no qual sofreu com o fechamento de lojas e brigas com os franqueados. Isso ficou claro, em 2003, quando a maior loja da marca localizada na badalada Rua Haddock Lobo, no bairro dos Jardins, fechou as portas. Foi a prova concreta dos diversos erros estratégicos da marca. O primeiro deles foi expandir sem critérios. A marca chegou a ter 20 lojas, vender seus produtos em 80 lojas multimarcas e marcar presença em cidades que não tinham poder aquisitivo para comprar seus caros produtos. Além disso, as peças da grife eram produzidas no Brasil por diversos fornecedores. Aos poucos, a marca foi perdendo o glamour que os clientes buscavam para concorrentes como Ermenegildo Zegna e Giorgio Armani. Todas as lojas foram fechadas e as operações permaneceram adormecidas até 2006. Tudo foi revisto pela empresa. As roupas voltaram a ser importadas e acabou o sistema de franquia. Uma nova loja foi inaugurada em São Paulo. Depois de recuperar o prestígio da marca no país, a empresa alemã voltou a inaugurar outras lojas próprias em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, fechando o ano de 2010 com seis unidades.
A marca no mundoOs produtos da HUGO BOSS, como coleções de roupas, óculos, perfumes, sapatos e relógios, divididos em três sub-marcas principais, estão disponíveis em 124 países através de 1.500 lojas da grife (somadas as unidades próprias, franqueadas e parcerias) e em mais de 5 mil lojas de departamento e multimarcas. Aproximadamente 62% de suas vendas são geradas no continente Europeu, com a América respondendo por outros 22%. A linha BOSS BLACK corresponde a 68% do faturamento da empresa alemã. Os produtos da marca são fabricados em vários locais, como por exemplo, em Izmir na Turquia (sua fábrica mais importante); Radom na Polônia (sapatos); Morrovalle na Itália (sapatos e artigos de couro); Cleveland nos Estados Unidos (ternos); e Metzingen na Alemanha.
Você sabia?
● Tendo começado como um negócio familiar, nenhum membro da família Boss tem alguma participação nos negócios hoje em dia.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
A históriaA famosa marca foi fundada em 1924, após o fim da Primeira Guerra Mundial, na cidade de Metzingen, localizada nas montanhas da Suábia no sul da Alemanha, pelo alfaiate vienense Hugo Ferdinand Boss, como uma pequena loja de roupas que comercializava uniformes, macacões, vestimenta para trabalhadores e fardas militares. Enquanto o país enfrentava uma difícil crise econômica, a empresa crescia. Rapidamente a pequena empresa se tornou especialista em uniformes e capas de chuva e logo a loja teve que ser transformada em uma pequena fábrica para atender a crescente demanda. Apesar de vislumbrar um futuro promissor, sete anos depois a empresa paralisou suas atividades devido à instabilidade econômica que se vivia no país durante o período de pós-guerra. Mesmo ameaçado constantemente pela bancarrota e várias dificuldades financeiras, o fundador não desistiu do seu ganha-pão e reviveu o negócio em 1931, altura em que se associou ao partido Nazista. A partir de 1933, e devido à popularidade crescente de Adolf Hitler, começou a confeccionar os uniformes militares do Terceiro Reich, em especial os da temida SS.
Para garantir sua produção, ele recorreu à mão de obra quase escrava de franceses, poloneses e dos deportados para os campos de concentração. O negócio nunca esteve tão próspero. Após sua morte, em 1948, a empresa, então dirigida por seu genro, entrou em um período de obscuridade, isto porque após a guerra, a demanda por uniformes ficou escassa. A saída encontrada pela fábrica foi apostar na moda masculina. Nascia assim, em 1953, o terno HUGO BOSS, que conquistou os homens de negócios por suas linhas limpas, por trazer um tecido mais leve do que o usado comumente na Alemanha e um desenho mais jovem. Foi a combinação justa e balanceada da dita austeridade alemã para criar roupas que transmitiam por suas fibras e tramas a seriedade de quem as usava. Em 1967, dois netos de Hugo, Uwe e Jochen Holy, assumiram o controle da empresa e passaram a focar definitivamente os negócios somente em moda masculina. A época não poderia ser melhor: surgiram com o nascimento dos primeiros trabalhadores compulsivos e ambiciosos (conhecidos pela expressão em inglês, workaholics) e logo viria uma geração inteira para vesti-los, os yuppies do fim dos anos 70 e década de 80.
Em 1970, a empresa lançou a BOSS, linha de prêt-à-porter que tinha como alvo os jovens empresários com grandes potenciais de crescimento. Com tecido importado da Itália, seus ternos atraíam os compradores não apenas pelo corte impecável, mas pelos blazeres de ombros estreitos e abotoamento duplo, moda na época. O sonho de ampliar a notoriedade da marca se tornou possível em 1972, quando a HUGO BOSS passou a patrocinar equipes da Fórmula 1 e atletas de tênis e golfe, conquistando assim uma enorme exposição mundial. Foi nesta década, em 1976, que a marca HUGO BOSS foi lançada no mercado americano, um passo importante para o crescimento de suas vendas. Apesar de não terem impressionado de imediato, o êxito dos ternos da grife estava garantida, principalmente quando começaram a ser vestidos por estrelas como Sylvester Stallone e Michael Jackson, o tenista Bjorn Borg, sem esquecer a dupla de detetives da famosa série de televisão “Miami Vice”.
O auge da marca ocorreu na década de 80, altura em que a HUGO BOSS iniciou a produção de linhas de produtos mais econômicas, mas igualmente atrativas. A expansão continuou em 1984 com o licenciamento de fragrâncias e, no ano seguinte, com a abertura de seu capital na Bolsa de Valores. Em 1998, o terno “feminino” entrou no dicionário da HUGO BOSS. As coleções para as mulheres seguiam o padrão masculino de peças com corte limpo e muitas vezes reto e geométrico, sem grandes ornamentos, acessórios, decotes ou curvas. A sofisticação estava na simplicidade e no uso de materiais que davam o toque final as roupa. O fim da era yuppie e a nova modéstia da década de 90 trouxeram para a marca um novo período: foram criadas linhas casuais (BOSS ORANGE), esportivas (BOSS GREEN) e uma high end, que apresentava somente roupas de alta qualidade (BOSS SELECTION). A HUGO BOSS foi uma das primeiras marcas a se desmembrar em outros nomes para atender melhor o público. Na época isso causou certo estranhamento, mas hoje a idéia é seguida por diversas marcas e grifes do mundo inteiro.
Em 1991 foi lançado o primeiro produto licenciado. A coleção também foi ampliada, passando a produzir linha de camisas, gravatas, suéteres e jaquetas de pele. Nesta época, a empresa foi adquirida pelo grupo italiano Marzotto (hoje, Valentino Fashion Group) que, além da marca principal BOSS – dedicada às linhas e coleções mais clássicas – lançou mais duas segmentações: HUGO, voltada às criações e coleções mais jovens, e BALDESSARINI, linha de luxo mais independente. Além das roupas, cosméticos, óculos e perfumes também passaram a fazer parte do catálogo da marca alemã. Depois de quase uma década de uma enorme reestruturação, a HUGO BOSS recuperou seu prestígio e sofisticação de anos passados e voltou a ditar tendência na moda mundial. Resultado, 2010 foi para a marca alemã o ano de maior êxito financeiro em toda a sua história.
A linha do tempo1985
● Após 70 anos dedicando-se à moda, a grife lança seu primeiro perfume masculino, BOSS, ingressando assim em mais um rentável segmento de consumo.
1987
● Lançamento do perfume masculino BOSS SPORT.
1989
● Lançamento do BOSS WHITE, primeiro perfume feminino da marca alemã.
1993
● Lançamento da HUGO, linha voltada às criações mais jovens. A linha feminina foi lançada no mercado em 1998.
● Lançamento da BALDESSARINI, linha de luxo mais independente cuja direção artística ficou a cargo do austríaco Werner Baldessarini. Essa marca foi vendida em meados de 2006 quando a recém lançada BOSS BLACK SELECTION a superou em vendas.
1995
● Lançamento do perfume HUGO MAN, que impulsionou a marca em todo o mundo, se transformando em um dos mais bem-sucedidos lançamentos em sua história. O tradicional perfume inovou também na forma de seu frasco, inspirado em um autêntico cantil militar, contendo um cinturão de lona verde que prende a tampa. Em 2009, foi lançada uma edição especial com um novo frasco desenvolvido pelo designer karim Rashid, cuja tiragem foi de apenas 1.000 unidades.
1998
● Lançamento do perfume masculino BOSS BOTTLED.1999● Lançamento da BOSS ORANGE, uma marca masculina com tendência esportiva e casual, separando-se da imagem sofisticada da HUGO BOSS. A linha feminina seria introduzida em 2005. Esta linha foi relançada em 2010 com roupas mais casuais.
● Lançamento do perfume masculino HUGO DARK BLUE.
2000
● Lançamento da BOSS WOMAN, composta da primeira coleção de prêt-à-porter feminina, criada num estúdio independente em Milão e sob o comando de um estilista de fora da empresa. A expansão não atingiu o sucesso esperado, levando seus dirigentes a redirecionarem a produção feminina à Alemanha, onde os estilistas da casa conseguiram salvar o projeto.
2002
● Lançamento da BOSS GREEN (antes conhecida como BOSS SPORT), linha onde a roupa esporte converge com a moda atual, combinando materiais funcionais com um vestuário esportivo. A linha é composta por peças especiais para a prática de golfe, contemplando homens ativos e ligados à moda A linha feminina foi lançada em 2010.
● Lançamento de uma série limitada de bicicletas feitas em alumínio e visual retrô.
● Lançamento do perfume masculino BOSS IN MOTION.
2003
● Lançamento da BOSS BLACK SELECTION, grife que enxerga a moda como manifestação moderna do luxo. A atenção aos detalhes, aos tecidos mais seletos do mercado e a elaboração artesanal caracterizam esta linha.
● Inauguração de sua loja âncora em plena Avenida Champs-Elysées, em Paris.
● Lançamento do perfume feminino BOSS INTENSE.
2005
● Lançamento da BOSS SKIN, sua linha de cosméticos masculinos.
2007
● Lançamento do perfume feminino BOSS FEMME.2009● Lançamento do perfume feminino BOSS ORANGE.
● Lançamento do perfume HUGO ELEMENT.2011● Lançamento do perfume JUST DIFFERENT, que contou com o ator e músico Jared Leto como garoto-propaganda.
● Lançamento do perfume BOSS ORANGE MAN, que tinha como garoto-propaganda o ator Orlando Bloom, escolhido por simbolizar o estilo de vida do homem metropolitano que a marca reflete.
O passado nebulosoSinônimo de elegância e luxo, a HUGO BOSS é um produto “Made in Germany” altamente respeitado no mundo da moda. No entanto, a tradicional marca alemã carrega um passado de envolvimento nazista. Hugo Ferdinand Boss teve uma relação muito estreita com o nazismo. Em 1931 se filiou ao Partido Nacional-Socialista (NSDAP), de Adolf Hitler. Antes e durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa desenhou e produziu uniformes de tropas e oficiais da Wehrmacht e SS. Além disso, a empresa foi acusada de usar mão-de-obra forçada, onde os trabalhadores tinham uma carga diária de 12 horas, com um curto período de intervalo. O empresário, após o término da guerra, foi tachado de “oportunista do Terceiro Reich“, multado em 80 mil marcos, e privado de seus direitos civis. “A fábrica de roupas fundada pelo senhor Hugo Boss produziu roupas de trabalho e achamos que também uniformes da SS. Até agora, nós não temos arquivos na companhia e nós estamos tentando descobrir o que aconteceu“, declarou Monika Steilen, porta-voz da empresa, em 1997, quando a notícia foi divulgada por uma revista austríaca.
A relação com a arte e os esportes
Não é só na moda que a HUGO BOSS mostra-se ativa. Ao longo da sua existência, a grife patrocinou diversas modalidades esportivas, como a Fórmula 1 (vestiu a equipe da McLaren dentro e fora das pistas em 1981), golfe (patrocinou e vestiu o jogador Bernhard Langer em 1985), tênis (patrocinou a Copa Davis em 1985), esqui e boxe. A marca tem também um importante papel no mundo artístico através do Prêmio Hugo Boss (Hugo Boss Art Prize). Em parceria com o Museu Guggenheim, desde 1995 o prêmio valoriza os artistas modernos. A premiação é feita a cada dois anos. A HUGO BOSS também mantém parceria com o pavilhão alemão da Bienal de Veneza desde 2003.
Dados corporativos● Origem: Alemanha
● Fundação: 1924
● Fundador: Hugo Boss
● Sede mundial: Metzingen, Alemanha
● Proprietário da marca: Hugo Boss AG
● Capital aberto: Sim (1985)
● Chairman: Hellmut Albrecht
● CEO: Claus-Dietrich Lahrs● Faturamento: €1.72 bilhões (2010)
● Lucro: €185.9 milhões (2010)
● Valor de mercado: €5.2 bilhões (julho/2011)
● Lojas: 537 (1.500 contando as franqueadas e parcerias)
● Presença global: 124 países
● Presença no Brasil: Sim (6 lojas)
● Funcionários: 10.032
● Segmento: Moda de luxo
● Principais produtos: Roupas e acessórios
● Principais concorrentes: Ermenegildo Zegna, Giorgio Armani e Ralph Lauren● Ícones: Os ternos
● Website: www.hugoboss.com
A marca no BrasilA marca alemã chegou ao Brasil em 1988, trazida pelo ex-piloto de corridas, Emerson Fittipaldi, campeão da Fórmula 1 e Indy, que foi durante anos um dos parceiros comerciais da grife no Brasil. Neste período, como o país ainda estava fechado para importações, a maior parte das peças era fabricada aqui mesmo, em vez de ser importada, como ocorria com seus concorrentes. A partir de 2002, a marca alemã entrou em um período turbulento no país, no qual sofreu com o fechamento de lojas e brigas com os franqueados. Isso ficou claro, em 2003, quando a maior loja da marca localizada na badalada Rua Haddock Lobo, no bairro dos Jardins, fechou as portas. Foi a prova concreta dos diversos erros estratégicos da marca. O primeiro deles foi expandir sem critérios. A marca chegou a ter 20 lojas, vender seus produtos em 80 lojas multimarcas e marcar presença em cidades que não tinham poder aquisitivo para comprar seus caros produtos. Além disso, as peças da grife eram produzidas no Brasil por diversos fornecedores. Aos poucos, a marca foi perdendo o glamour que os clientes buscavam para concorrentes como Ermenegildo Zegna e Giorgio Armani. Todas as lojas foram fechadas e as operações permaneceram adormecidas até 2006. Tudo foi revisto pela empresa. As roupas voltaram a ser importadas e acabou o sistema de franquia. Uma nova loja foi inaugurada em São Paulo. Depois de recuperar o prestígio da marca no país, a empresa alemã voltou a inaugurar outras lojas próprias em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, fechando o ano de 2010 com seis unidades.
A marca no mundoOs produtos da HUGO BOSS, como coleções de roupas, óculos, perfumes, sapatos e relógios, divididos em três sub-marcas principais, estão disponíveis em 124 países através de 1.500 lojas da grife (somadas as unidades próprias, franqueadas e parcerias) e em mais de 5 mil lojas de departamento e multimarcas. Aproximadamente 62% de suas vendas são geradas no continente Europeu, com a América respondendo por outros 22%. A linha BOSS BLACK corresponde a 68% do faturamento da empresa alemã. Os produtos da marca são fabricados em vários locais, como por exemplo, em Izmir na Turquia (sua fábrica mais importante); Radom na Polônia (sapatos); Morrovalle na Itália (sapatos e artigos de couro); Cleveland nos Estados Unidos (ternos); e Metzingen na Alemanha.
Você sabia?
● Tendo começado como um negócio familiar, nenhum membro da família Boss tem alguma participação nos negócios hoje em dia.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Obs.: Matéria extraída do blog Mundo das Marcas
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Rogério Rocha
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Debates e embates no julgamento do "mensalão" (Ação Penal 470)
Alguns momentos de embates, debates, dissensos e
bate-bocas o julgamento do mensalão (Ação Penal 470).
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Rogério Rocha
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Filhos e felicidade: por que a discussão realista sobre a paternidade causa tanto desconforto
Eis um problema: a paternidade, que deveria ser o momento mais feliz da
vida dos casais – de acordo com tudo o que aprendemos –, na verdade nem
sempre é assim. Ou, melhor dizendo, não é nada disso. Para boa parte
dos pais e (sobretudo) das mães, filhos pequenos são sinônimo de
cansaço, estresse, isolamento social e – não tenhamos medo das palavras –
um certo grau de infelicidade. Ninguém fala disso abertamente. É feio.
As pessoas têm medo de se queixar e parecer desnaturadas. O máximo que
se ouve são referências ambíguas e cheias de altruísmo aos percalços da
maternidade, como no chavão: “Ser mãe é padecer no Paraíso”. Muitas que
passaram pelo padecimento não se lembram de ter visto o Paraíso e, mesmo
assim, realimentam a mística. Costumam falar apenas do amor
incondicional que nasce com os filhos e das alegrias únicas que se podem
extrair do convívio com eles. A depressão, as rachaduras na intimidade
do casal, as dificuldades com a carreira e o dinheiro
curto – disso não se fala fora do círculo mais íntimo e, mesmo nele, se
fala com cuidado. É tabu expor a própria tristeza numa situação que
deveria ser idílica.
A boa notícia para os pais espremidos entre a insatisfação e a
impossibilidade de discuti-la é que começa a surgir um movimento que
defende uma visão mais realista sobre os impacto dos filhos na vida dos
casais. Seus adeptos ainda não marcham nas ruas com cartazes contra a
hipocrisia da maternidade como um conto de fadas. Mas exigem, ao menos, o
direito de falar publicamente e com franqueza sobre as dificuldades da
situação, sem ser julgados como maus pais ou más mães por se atrever a
desabafar. Por meio de livros e, sobretudo, com a ajuda da internet,
eles começam a falar claramente sobre os momentos de angústia, tédio e
frustração que costumam acompanhar a criação dos filhos. Nas palavras da
americana Selena Giampa, uma bibliotecária de 35 anos, dona do blog Because Motherhood Sucks (A maternidade enche...),
“a maternidade está cheia de momentos de pura felicidade e amor. Mas
tudo o que acontece entre esses momentos é horrível. Amo ser mãe, de
verdade. Mas tenho de dizer a vocês que, assim como qualquer outro
emprego, muitas vezes eu tenho vontade de pedir as contas”. Com uma
notável diferença: ninguém pode se demitir do emprego de mãe ou de pai.
Ele é vitalício.
O melhor exemplo dessa nova maternidade é o livro Why have kids
(Por que ter filhos), sem previsão de lançamento no Brasil, escrito
pela jornalista americana Jessica Valenti, de 34 anos. Durante a
gravidez de sua primeira e única filha, Jessica teve um aumento perigoso
de pressão arterial. Layla nasceu prematura, pesando menos de 1 quilo.
Passou oito semanas na incubadora do hospital. Ao longo dos 56 dias em
que viu a filha sofrer dezenas de procedimentos invasivos, Jessica
refletiu sobre como idealizara a experiência de ser mãe. Seu livro parte
daí para criticar a cobrança pela maternidade perfeita, uma espécie de
pano de fundo imaginário contra o qual as mães de verdade comparam suas
imensas dificuldades e seus inconfessáveis sentimentos negativos. “Não
falar sobre a parte ruim da maternidade só aumenta o drama dos pais e as
expectativas irrealistas de quem ainda não é”, disse Jessica a ÉPOCA.
Fonte: Revista Época
Postado por
Rogério Rocha
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Viver para contar. E combater.
Graciliano Ramos (1892-1953) era um homem de poucas intimidades. Fechado, sisudo e desconfiado, o autor de Vidas Secas concedeu poucas, raras entrevistas sobre sua vida
e sua obra. Dizia não ter nada de interessante a dizer. E reservava
suas impressões quase sempre amargas sobre o mundo em artigos e livros
como Infância e Memórias do Cárcere, obras de referência na prosa brasileira.
“Homem de poucas palavras, Graciliano é um problema para o repórter
que se propõe a biografá-lo. O autor de São Bernardo nada tem de
expansivo. Ainda que amabilíssimo, escolhe-se todo diante do jornalista.
Tem medo, penso eu, de parecer herói a fornecer dados para a
posteridade”, escreveu o jornalista Francisco de Assis Barbosa em seu
livro Achados ao Vento. Barbosa foi um dos poucos repórteres a
quebrar a resistência de Graciliano, numa entrevista arrancada em 1942
em que o autor, então com 50 anos, aceitou falar sobre o processo de
criação literária.
Essa resistência seria quebrada outras (raras) vezes graças na base
da teimosia e da insistência por nomes como Joel Silveira, Newton
Rodrigues e Homero Senna. Analisadas hoje, as reportagens se
transformaram em documentos históricos que jogam luz sobre a
personalidade de uma das mais refratárias figuras da literatura
nacional. A importância desses encontros levou o jornalista e escritor Dênis de Moraes a introduzir essas raras entrevistas na nova edição de O Velho Graça (Boitempo
Editorial), a principal biografia sobre o autor que é relançada na
esteira das comemorações pelos 120 anos do nascimento
de Graciliano Ramos.
Nessas entrevistas Graciliano analisa os chamados romances sociais, o papel do escritor na sociedade, a relação entre arte e ideologia, fala sobre sua vida no Nordeste e sobre a sua vida política. E se queixava da repercussão de seus livros, como fez a Newton Rodrigues em 1944: “Acho que as massas, as camadas populares, não foram atingidas e que nossos escritores só alcançaram o pequeno-burguês. Por quê? Porque a massa é muito nebulosa, é difícil interpretá-la, saber do que ela gosta. Os escritores, se não são classe, estão em uma classe que não é, evidentemente, a operária”.
Mal sabia o autor que, 120 anos após seu nascimento, se tornaria leitura obrigatória em qualquer escola de qualquer cidade do País.
Para o biógrafo, a introdução dessas entrevistas no texto original,
publicado pela primeira vez em 1992, ajudou a clarear ainda um lado
pouco conhecido do escritor, menos sisudo e mais amigável, como é
descrito por familiares e amigos que conviveram com ele até o fim da
vida, quando trabalhava em três turnos para sobreviver: de manhã,
escrevendo livros e artigos, à tarde, como inspetor federal de ensino no
Rio de Janeiro, e, à noite, como redator do jornal Correio da Manhã.
“No fim da vida, Graciliano havia se tornado uma referência
importante para os jovens jornalistas. Ele conversava muito com os
jovens, deixava suas impressões sobre os textos, e isso produzia um
encantamento naquela geração. Esse lado do Graciliano aparecia ainda de
forma tímida na descrição de um homem quase sempre avesso e
desconfiado”.
Quebrar esta imagem de sertanejo retraído e avançar nas memórias
legadas pelo autor, afirma Dênis de Moraes, foi um duplo desafio. Parte
desse resgate aconteceu graças às entrevistas feita à época com amigos,
filhos e a viúva, dona Heloísa, a quem a quarta edição é dedicada. Hoje a
maioria das fontes
está morta. E o relançamento da obra, diz o autor, ajuda a tirar o
livro do confinamento, já que estava esgotado havia anos (a última
edição é de 2003) e era encontrado praticamente apenas em bibliotecas.
É a chance de os novos e futuros leitores conhecerem mais de perto
uma história tão grandiosa quanto a própria obra. Graciliano, hoje tema
de celebrações pelo País – inclusive da próxima Flip, a Feira Literária
de Paraty, quando são lembrados os 60 anos de sua morte – deixou não
apenas livros de referência, mas um histórico de conduta e coerência
admirável para os padrões atuais. No livro, por exemplo, sabe-se que,
enquanto os escritores da primeira geração modernista colhiam os louros
da Semana de 1922, Graciliano ajudava os moradores de sua cidade,
Palmeira dos Índios, a combater o temido bando de Lampião. Como figura
pública, Graciliano legaria também lições que não cabiam nos livros,
como quando foi eleito prefeito (após o assassinato do antecessor),
enquadrou os coronéis locais, deu fim a regalias e promoveu um mutirão
para limpar as ruas das cidades, tomadas por animais criados ao ar
livre. As medidas atingiram até mesmo seu pai, Sebastião, o temido
negociante descrito em Infância que o açoitara num dia em que
não encontrara um cinturão – e que, ao pedir clemência, ouviu: “O senhor
me desculpe, mas prefeito não tem pai”.
Os relatórios sobre sua gestão na prefeitura, sempre escritos em
linguagem coloquial e tomados por ironias, eram objeto de admiração por
Alagoas, ressoaram no Rio de Janeiro e chegaram às mãos de um certo
Augusto Frederico Schmidt, famoso poeta e editor, que se apresentara em
carta ao então prefeito perguntando se o autor daqueles relatórios não
teria na gaveta algum romance que valesse ser publicado. Graciliano
tinha: Caetés, livro que seria renegado pelo autor até o fim de
sua vida. “Esta desgraça das Alagoas”, era como se referia, nas
dedicatórias, ao romance de estreia.
Para Dênis de Moraes, este lado do escritor, que gostava de causar
choque no interlocutor, era apenas “tipo”. Um tipo capaz de dizer que
Machado de Assis era apenas um autor menor “metido a inglês” e, na frase
seguinte, se render ao autor de Dom Casmurro. Ou de dizer em
carta a um amigo, sem meias palavras, que os filhos andavam bem, o mais
velho até já lia manchetes de jornais, mas que o mais novo era de uma
“ignorância assustadora”. Ou quando, já consagrado, repreendia o filho
Ricardo simplesmente por pinçar num texto a palavra “algo”, “um crime
confesso de imprecisão”, nos termos do autor.
Este humor amargo acompanharia Graciliano até o fim da vida,
inclusive nas passagens mais dolorosas, quando nos anos 1930 é vítima de
uma verdadeira caça aos comunistas promovida por Getúlio Vergas – isso
antes mesmo do Estado Novo e muito antes de o autor entrar,
oficialmente, para o Partido Comunista Brasileiro. Os motivos da
traumática prisão, com passagem pela desumana Ilha Grande, no Rio de
Janeiro, são até hoje um dos mistérios a envolver a biografia do autor.
Na nova edição, Dênis de Moraes introduziu duas referências a Getúlio
Vargas que ajudam a entender o período histórico ainda mal digerido. Uma
delas é uma carta ao ditador escrita em 1938 por Graciliano e jamais
entregue ao seu algoz. Nela, ele faz uma espécie de acerto de contas:
“Ignoro as razões por que me tornei indesejável na minha terra. Acho,
porém, que lá cometi um erro: encontrei 20 mil crianças nas escolas e em
três anos coloquei nelas 50 mil, o que produziu celeuma. Os professores
ficaram descontentes, creio eu. E o pior é que se matricularam nos
grupos da capital muitos negrinhos. Não sei bem se pratiquei outras
iniquidades. É possível.”
Era uma referência ao curto período em que atuou como Diretor de
Instrução Pública em Alagoas, espécie de Secretaria da Educação na
época. O Graciliano homem público descrito por Moraes é um sujeito
combativo, inconformado com a situação encontrada em seu estado, como
quando visita uma escola em Maceió e descobre que lá não havia alunos.
Os motivos: não era possível frequentar as aulas com fome, sem uniforme
nem sapatos. “Ele manda comprar a merenda, vai na loja de tecido, sem
dinheiro e sem orçamento, compra os metros do tecido, corta (porque ele
trabalhava com comércio e sabia como cortar), e manda as costureiras
fazer o uniforme para os alunos. E depois vai para a sapataria e
encomenda os pares de sapato, manda entregar ao colégio e o colégio
reabre”, relembra Moraes.
O outro acerto de contas é o encontro entre Graciliano e Getúlio
Vargas descrito ao biógrafo pelo jornalista e escritor Antonio Carlos
Vilaça, introduzido agora na nova edição. Segundo o relato, Graciliano
se encontrou com o ditador durante um passeio noturno pela praia do
Flamengo. Diferentemente de Fabiano, o sertanejo de Vidas Secas
que reencontra o Soldado Amarelo e perde a chance de se vingar por ter
sido, pouco antes, trapaceado no jogo, o escritor é cumprimentado pelo
presidente e dá, ao seu jeito, a sua resposta. Graciliano se nega a
devolver o cumprimento. Para Dênis de Moraes, a passagem ajuda a quebra
uma certa animosidade sobre o autor que, ao fim da vida, era criticado
por ter trabalhado como inspetor federal do governo Vargas – cargo para o
qual foi indicado pelo amigo Carlos Drummond de Andrade e que exerceu
com dignidade até o fim da vida, segundo o autor – e por ter colaborado
com a revista Cultura Política, produzida pelo Estado Novo, mesmo após a
sua prisão. “Se ele fosse um homem de certezas fúteis, ele teria se
aproveitado do encontro pra se aproximar de Getúlio. Mas passa
direto. Esse episódio, como atesta Villaça, é prova da dignidade e
coerência dele”, diz Moraes.
Coerência que seria observada também em outra faceta de Graciliano,
quando ele passa a militar no Partido Comunista. O livro descreve
Graciliano como um admirador contido, obediente mas crítico da
experiência soviética (ele morreria antes de conhecer o relatório
Kruschev, quando são descritos os crimes da ditadura Stálin). No
partido, Graciliano sofreria pressões para fazer da literatura um
panfleto, algo que sempre recusou. E causou constrangimento durante uma
viagem com correligionários à União Soviética, quando não mediu palavras
para contestar a ausência de Tolstói na galeria dos grandes escritores
russos.
Observada hoje, essa coerência, somada à postura combativa, serve
como guia a quem quiser atravessar um período histórico sem abrir mão
das convicções, seja como homem público, como militante, como
intelectual engajado ou pretenso literato. Nada disso seria necessário
para que o Graciliano autor fosse alçado à prateleira dos grandes nomes
nacionais. Sua obra bastaria. Mas não para ele. Porque, para escrever
era preciso fazer como as lavadeiras de Alagoas, “que começam com uma
primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho,
torcer o pano, molham-no novamente, voltam a torcer, colocam o anil,
ensaboam e torcem uma, duas vezes”. “Depois enxáguam, dão mais uma
molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na
pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até pingar não
pingar do pano uma só gota. (…) Pois quem se mete a escrever devia fazer
a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar. A palavra foi
feita para dizer”. Para Graciliano, “dizer” ou viver não eram escolhas,
mas partes de uma mesma ação: a ação transformadora de seu tempo. Num
país em que pensar é quase uma provocação, nada poderia ser mais
subversivo.
Serviço:
O velho Graça - uma biografia de Graciliano Ramos
Autor: Dênis de Moraes
Orelha: Alfredo Bosi
Quarta capa: Wander Melo Miranda
Páginas: 360
ISBN: 978-85-7559-292-2
Preço: R$ 52,00
Fonte: Carta Capital
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Rogério Rocha
às
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Bruce Dickinson é tema de estudo na UERJ
A socióloga Marília Márcia, doutoranda em Sociologia do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - IESP/UERJ,
apresentou recentemente no Encontro Nacional de Pós-Graduação em
Ciências Sociais, um artigo sobre o engrandecimento do vocalista Bruce
Dickinson tendo como referência o mundo artístico.
O artigo intitulado "Testando a 'Donzela de Ferro' ou como engrandecer um rock star no mundo inspirado", explora
o referencial teórico desenvolvido por Boltanski e Thévenot que observa
as situações nas quais os atores buscam acessar diversos princípios
superiores comuns que justificam as ações e a ordem “natural” entre os
seres humanos e não-humanos. Por meio dos conceitos elaborados por estes
dois autores, observaram-se as provas levantadas para justificar a
honraria concedida ao cantor Bruce Dickinson, vocalista da banda de heavy metal Iron Maiden, com o título de Doutor Honoris Causa.
Observou-se como o artista teve sua magnitude elevada após as
evidências de sua grandeza serem consideradas legítimas por meio de
certos objetos, discursos e lógicas reunidos num mundo comum. Através da
análise de entrevistas, gêneros musicais e acontecimentos na cena rock
and roll pôde-se observar a multiplicidade de princípios de justiça
pelos quais as pessoas se justificam e como estas se engrandecem, saindo
de seus estados particulares e representando valores que abarcam amplos
coletivos.
O artigo está disponível no site da ANPOCS – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. Clique no link abaixo e leia o trabalho na íntegra:
TESTANDO A “DONZELA DE FERRO” OU COMO ENGRANDECER UM ROCK STAR NO MUNDO INSPIRADO
Marília Márcia Cunha da Silva
Instituto de Estudos Sociais e Políticos - IESP
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Fonte: Blog Flight 666
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Rogério Rocha
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012
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