O governo brasileiro planeja enviar aos Estados Unidos o lixo hospitalar que entrou ilegalmente em Pernambuco. O
relatório da comissão externa da Câmara que investiga a entrada
irregular do material indicou que parte do lixo pode ter vindo de
hospitais de campanha militar dos Estados Unidos.
De acordo com o relator da comissão, deputado Delegado Protógenes
(PCdoB-SP), em dois contêineres vistoriados foram encontrados lençóis
com logotipos militares de hospitais de campanha norte-americanos
situados no Afeganistão e no Iraque.
“Lacramos os dois containeres e, a partir disso, juntamos esforços com a
Polícia Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério das
Relações Exteriores para obter a solução mais adequada”, disse.
Em outubro, os dois contêineres foram apreendidos pela Receita Federal e
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Porto de
Suape. Segundo Protógenes, foram encontrados cerca de 65 toneladas de
lixo hospitalar que entrou no país de maneira irregular. Os resultados
preliminares das investigações mostram que ele foi vendido no interior
do estado, inclusive para empresas de confecção de roupas.
Segundo Protógenes, o Ministério das Relações Exteriores foi acionado
para tratar da devolução imediata do material aos Estados Unidos. Ele
acrescenta: “queremos devolver o lixo. Não queremos fazer a incineração
aqui, se isso ocorrer, que seja no território americano”.
Na próxima semana, os integrantes da comissão devem entrar em contato
com o representante do FBI no Brasil, Richard Cavalieros, para informar
sobre o posicionamento brasileiro. O deputado disse que “dependendo do
que acontecer, vamos encaminhar um pedido ao presidente da Câmara dos
Deputados, Marco Maia, para abrir representação na Organização Mundial
da Saúde [contra os Estados Unidos]”.
O ministério informou que entrou em contato com o Departamento de
Estado dos Estados Unidos para tentar resolver o assunto. Segundo o
ministério, há questões jurídicas envolvidas que podem atrasar o
processo de devolução.
A Embaixada dos Estados Unidos negou hoje (6/12), por meio de nota, que
o lixo hospitalar encontrado em Recife seja oriundo de hospitais
militares norte-americanos no Afeganistão e no Iraque.
A embaixada disse ainda que enviou um agente do FBI (Departamento
Federal de Investigação) e um oficial da alfândega e imigração para
ajudar as autoridades em Recife. “Os funcionários norte-americanos
inspecionaram o conteúdo de um dos contêineres e não encontraram
evidências de que a origem dos lençóis é de hospitais militares”.
A cônsul dos Estados Unidos no Recife, Usha Pitts, recebeu um pedido do
governo de Pernambuco em 18 de outubro para que órgãos de Justiça dos
Estados Unidos ajudassem nas investigações sobre o carregamento de
lençóis usados.
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