A
manifestação "Todos Juntos contra a Corrupção - Compartilhe
Honestidade", realizada hoje na Cinelândia, no centro do Rio, foi
marcada pela espontaneidade dos participantes, presença reduzida de
jovens, discursos contraditórios e a inexperiência dos organizadores,
que misturavam falas genéricas com músicas de protesto e longos períodos
de silêncio. O ato, que foi idealizado a partir das redes sociais e
conquistou o apoio de mais de 33 mil usuários no Facebook, conseguiu
reunir cerca de 2,5 mil pessoas, de acordo com estimativa da Polícia
Militar.
Apesar da indignação e dos protestos contra a
corrupção terem sido o principal mote do ato, as palavras de ordem se
multiplicavam. Muitos cartazes improvisados e feitos à mão faziam
referência à "faxina" promovida pela presidente Dilma Rousseff no
governo federal. Uns apoiavam e outros reclamavam que a "limpa" havia
sido interrompida.
As reivindicações eram variadas.
Manifestantes apoiavam a Lei da Ficha Limpa, o voto distrital, a
campanha "Fora Ricardo Teixeira", a aprovação da PEC 300. Houve
protestos até por questões locais, como o sucateamento do sistema de
bondes de Santa Teresa e campanhas por drenagem e pavimentação de ruas.
Embora os organizadores falassem o tempo
todo que não eram contra políticos e nem partidos políticos, seus
discursos se referiam aos "vagabundos que estão no poder", à "cambada de
ladrões de Brasília", a "esses patifes que não podem se proteger na
imunidade". Vassouras foram distribuídas pela ONG Rio de Paz e coloriram
de verde e amarelo a área da manifestação.
No início da noite, o movimento grevista dos
bombeiros do Estado do Rio reforçou a manifestação, com mais de 300
homens que marcharam desde a Assembleia Legislativa, a um quilômetro da
Cinelândia. Palavras de ordem contra o governador Sérgio Cabral
começaram a competir com os discursos que vinham do carro de som.
Cristo, PSOL e Legião Urbana
Políticos
como o vereador Eliomar Coelho e o deputado Marcelo Freixo, ambos do
PSOL, foram hostilizados, sob acusação de oportunismo, e defendidos por
outros. Fernando Gabeira e Fernando Peregrino, candidatos derrotados ao
governo do Rio ano passado, também compareceram.
Fantasiado de Cristo crucificado, o mineiro
André Luiz dos Santos vestia uma camiseta com a frase "Sinto vergonha
das autoridades constituídas do meu País."
O aposentado da Petrobras Lacyl Pereira, de
74 anos, segurava um cartaz com a frase "Presidente Dilma, afasta esse
maldito cálice (Lula) da senhora", escrito em Pilot. Até Nelson Couto, o
xerife da Confraria do Garoto, de 66 anos, apareceu, segurando uma
placa: "Falta Moral de Cívica." Do carro de som, a trilha teve de Legião
Urbana a Chico Buarque. Homens do Batalhão de Choque ficaram de
prontidão na praça, em um ponto afastado dos manifestantes.
Fonte: Agência Estado
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