quinta-feira, 1 de maio de 2014

Vinte anos após morte do piloto, marca Senna movimenta R$ 1 bilhão

Da BBC

Ayrton Senna (Foto: AP)Marca de Ayrton Senna continua sendo uma das mais valiosas e rentáveis do esporte brasileiro (Foto: AP)
Duas décadas depois do acidente que matou Ayrton Senna na pista de Ímola, em 1º de maio de 1994, a marca do piloto continua a ser uma das mais valiosas e rentáveis do esporte brasileiro.
Hoje é possível comprar desde aparelhos de DVD a capas de smartphone, macarrão instantâneo, achocolatado e artigos de papelaria com a grife do piloto ou do personagem de história em quadrinhos criado em sua homenagem - o Senninha.
Marco Crespo, diretor de negócios do Instituto Ayrton Senna (IAS), estima que o montante movimentado com a venda desses produtos e campanhas ligadas ao nome de Senna seja de R$ 600 milhões a R$ 1 bilhão.
Ovo de páscoa do Senninha (Foto: Divulgação IAS) 
Ovo de páscoa do Senninha (Foto: Divulgação IAS)
"Essa é a estimativa do valor total dos produtos que chegam ao consumidor final", explicou Crespo à BBC Brasil. "O que obtemos com royalties é uma parcela pequena disso - em geral de 5% a 15% do preço no varejo. Ou menos, no caso dos produtos do Senninha."
Em 2012 e 2013, o IAS recebeu mais de R$ 20 milhões com contratos de licenciamento, segundo Crespo.
Segundo um levantamento feito no ano passado por Erich Beting, sócio-diretor da agência de notícias Máquina do Esporte, especializada em marketing esportivo, tal patamar coloca a marca Senna no segundo lugar entre as mais lucrativas do esporte brasileiro, à frente de Neymar (R$ 20 milhões ao ano) e Ronaldo (entre R$ 15 e R$ 18 milhões), e atrás apenas de Pelé - cujos rendimentos teriam chegado a R$ 70 milhões em função dos contratos ligados a Copa.
Além disso, embora nenhum número tenha sido divulgado para 2014, Crespo diz que a arrecadação do IAS deve crescer com os lançamentos ligados ao aniversário da morte de Senna e eventos que aumentam a exposição de seu nome.
"Já percebemos uma alta de 50% na busca por parcerias e contratos de licenciamento", diz o diretor de negócios do instituto.
Em março, por exemplo, a Montegrappa anunciou a criação de uma série comemorativa de canetas de luxo em homenagem a Senna. A fabricante de motos Ducati também está colocando a venda no mercado brasileiro um modelo de R$ 100 mil com a marca do ídolo. E a companhia aérea Azul pôs em operação uma aeronave com as cores do seu capacete. O primeiro voo, com a presença de Viviane Senna, irmã do piloto e presidente do IAS, foi de Porto Alegre a São Paulo na última terça-feira.
Narrativa do herói
Para especialistas em marketing esportivo, o sucesso da marca Senna deve-se a uma combinação de dois fatores.
Primeiro, a força da história e do legado do piloto. Segundo, a boa gestão dos negócios ligados ao seu nome pelo IAS.
"Senna viveu o auge de sua carreira em um momento em que o Brasil passava por uma espécie de 'crise de autoestima''', acredita Pedro Trengrouse, coordenador do curso de 'Gestão, Marketing e Direito no Esporte' da Fundação Getúlio Vargas.
Avião com marca de Senna (Foto: AFP) 
Avião com marca de Senna (Foto: AFP)
"No início dos anos 90, havíamos acabado de nos tornar uma democracia, ainda sofríamos com a hiperinflação e a seleção brasileira não ganhava uma Copa desde os anos 70 - mas ligávamos a TV no domingo e víamos a bandeira brasileira no pódio", ele lembra.
"Ayrton Senna personificava a ideia de um país que podia dar certo, era motivo de orgulho nacional em um momento crítico. Por isso, é natural que sua imagem tenha ficado gravada na memória afetiva de tantos brasileiros."
Segundo um estudo do instituto Ibope Repucom que analisa a percepção da população sobre celebridades - o Celebrity DBI - Senna é a personalidade com mais aceitação entre os brasileiros.
No total, 89% da população em geral admira o piloto - percentual maior que o de ídolos como Pelé, Ronaldo, Neymar e o tenista Gustavo Kuerten.
No caso dos brasileiros com mais de 25 anos, o índice é de 93%.
Para Eduardo Muniz, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e sócio-diretor da agência Top Brands, contribui para a força da imagem do piloto o fato de sua história reproduzir a "trajetória de um herói de uma tragédia mitológica".
"O acidente de Ímola matou Senna no auge. Ninguém chegou a ver o declínio de sua carreira, como no caso de outros atletas, como Gustavo Kuerten", diz Muniz.
"Isso eternizou na mente das pessoas a imagem do piloto em seu melhor momento - o que ajuda a dar força a sua marca."
Gestão da marca
Na opinião dos especialistas, porém, parte desse potencial de negócios ligado ao nome Senna poderia ter se perdido ao longo dos anos não fosse a boa gestão da marca pela família do piloto - que a vinculou a projetos sociais tidos como referência na área de educação.
Muniz nota, por exemplo, que embora o piloto sempre fosse visto como alguém sensível a problemas sociais e humanos, morreu antes de poder concretizar seus projetos nessa área.
O IAS foi idealizado por Senna, mas só saiu do papel em novembro de 1994, quando sua família lhe cedeu todos os direitos sobre a imagem do piloto.
Desde então, a ONG vem atuando em projetos para melhorar a eficiência de instituições de ensino por todo o país, organizando desde programas de reforço escolar e capacitação de educadores até sistemas de gestão de recursos.
Pelas contas de seus coordenadores, atende a uma média de 2 milhões de crianças a cada ano. E é para tal projetos que se destina toda a receita obtida com o licenciamento de produtos da grife Senna - do tênis do Senninha aos relógios Hublot da coleção do piloto.
"O fato de os recursos serem usados em projetos sociais é o que permite que uma variedade tão grande de mercadorias seja licenciada sem que haja um desgaste comercial da marca", acredita Muniz.
"Se o lucro com esses negócios fosse simplesmente embolsado pela família, provavelmente eles teriam de selecionar uma gama menor de itens mais ligados ao universo da Fórmula 1 para evitar a percepção de que o nome do piloto poderia estar sendo superexplorado", opina.
Viviane Senna (Foto: Roberto Setton - Divulgação IAS) 
Viviane Senna
(Foto: Roberto Setton/Divulgação IAS)
Branding
A grife Senna é um caso de sucesso em uma área de negócios que ainda engatinha no Brasil - o chamado 'branding' esportivo.
Trata-se do trabalho de construção e de administração de uma marca esportiva para aproveitar seu potencial de mercado em licenciamentos e campanhas publicitárias.
É claro que, no caso dos atletas, esse potencial depende antes de tudo da forma como cada um toca sua vida e carreira, como explica João Henrique Areias, autor do livro Uma Bela Jogada - 20 anos de Marketing Esportivo.
"Se o atleta tem uma imagem positiva e uma conduta que pode servir de inspiração para os jovens, mais empresas vão querer se vincular a seu nome", diz Areias, que nos anos 90 foi sócio de Pelé em uma consultoria de marketing esportivo que levava o nome do jogador.
"Era esse o caso de Senna, identificado com valores como garra e persistência."
Por outro lado, quem está constantemente metido em escândalos ou é visto como um atleta sem ética pode se tornar um azarão no mundo publicitário.
Um caso emblemático nesse sentido é o do ciclista Lance Armstrong, que caiu em desgraça quando veio à tona que ele praticou doping para vencer seus sete Tours de France.
Depois do escândalo, Armstrong não só perdeu o patrocínio da Nike como a fabricante de produtos esportivos também anunciou que não pretendia nem renovar sua parceria com a fundação criada por ele para apoiar vítimas de câncer - a Livestrong.
"Há erros que são imperdoáveis para o público, embora deslizes menos graves possam ser deixados para trás se forem admitidos prontamente e o atleta mostrar arrependimento pelo que fez", acredita Areias.
Campanhas erradas
Ele destaca, porém, que mesmo com uma vida pessoal livre de polêmicas, um esportista pode ter o potencial comercial de seu nome minado pela escolha de produtos, campanhas e peças publicitárias erradas - e essa é uma das áreas em que uma boa gestão da sua 'marca' pode fazer a diferença, como mostra o caso Senna.
Nos anos 1970, por exemplo, o jogador Gérson acabou sendo identificado como uma espécie de patrono dos malandros e sujeitos sem escrúpulos após uma propaganda de cigarro na TV em que, com um sotaque carioca carregado, convidava os telespectadores a serem espertos para 'levar vantagem' na vida.
Hoje, os aficcionados por futebol provavelmente vão lembrar que o meia-armador Gérson de Oliveira Nunes era parte da seleção tricampeã de 1970; que era conhecido como o "canhotinha de ouro" e conseguia lançar a bola aonde quisesse, com uma precisão invejável.
Mas um número ainda maior de pessoas vai associar seu nome ao controverso código de conduta que ficou conhecido com 'Lei de Gerson': 'Leve vantagem você também, leve vantagem em tudo'.
"Há contratos comerciais que garantem uma boa rentabilidade imediata, mas se os valores da empresa em questão estão em desacordo com os valores aos quais queremos ligar a nossa marca, o estrago pode ser grande no longo prazo", explica Crespo, do IAS. "Sempre tivemos consciência disso no IAS - e acho que isso foi crucial para o sucesso da marca Senna."

Fonte: G1 Economia

Reflexões sobre o trabalho (por Reinaldo Cafeo)


Por Reinaldo Cafeo
Conceitualmente, o trabalho é inerente ao ser humano. É considerado na visão econômica um dos componentes dos denominados estoques de recursos. Talvez neste contexto esteja a explicação da verdadeira luta de classe que foi estabelecida ao longo do tempo. Depois de anos da discussão da relação capital/trabalho, é chegado o momento de a sociedade avançar em outra direção.

Evidentemente que há patrões e patrões, como há empregados e empregados, mas as organizações de sucesso já praticam outra forma de relação. Primeiramente abandonaram modelos com hierarquia rígida. O presidente general não está mais no topo da pirâmide. O cliente passou a ser o foco principal e o empregado, que passou a ser associado, é quem está no comando da relação com este cliente. Os níveis hierárquicos foram achatados e a parceria em busca de resultados passou a nortear o dia a dia das organizações.

É evidente que são mudanças culturais, de crenças e, se de um lado a legislação trabalhista garante uma série e direitos ao empregado, também oferece instrumentos de controle por parte dos patrões, principalmente no item “dispensa sem justa causa”. Quem está fora do mundo corporativo e ainda opera em organizações públicas ou a elas assemelhadas, com garantias adicionais, como a estabilidade, não consegue enxergar a revolução que vem ocorrendo.

No tocante à legislação trabalhista, é preciso um novo olhar. Um primeiro passo poderia ser a segmentação da força de trabalho. Da mesma maneira que o governo federal tem que estabelecer o valor do salário mínimo, caso contrário o mercado praticaria qualquer valor, e para baixo, um caminho seria tutelar àqueles que não conseguem representação ou que estão situados em determinada faixa de ganho e qualificação. Os demais profissionais deveriam definir sua relação de trabalho com o seu empregador de maneira livre, estabelecendo condições de ingresso, benefícios e condições de saída do emprego. Na prática, não seriam empregados, mas parceiros ou associados, como mencionado, com ganhos a partir da produtividade.

É evidente que há todo um sistema em torno do tema. A indústria das ações trabalhistas, os sindicatos e um cem número de outros interesses são exemplos das resistências à vista, e, cá entre nós, não é uma bandeira popular, portanto, o meio político foge do tema, mas está evidenciado que o custo da mão de obra é alto, com uma equação que não fecha: o trabalhador leva um salário líquido baixo e a empresa paga muito. O Brasil é dual e como tal tem de tudo: de trabalho escravo a semi-escravo, a exploração do trabalho infantil, estabilidade, dispensa sem justa causa e gestores de organizações que operam como se fossem donos dos negócios.

Assim não é tarefa fácil contentar a todos, mas o tempo está apontando que, por comparação com outros países mais avançados, há algo errado na legislação trabalhista brasileira e algo deverá ser feito para preservar o todo em detrimento aos interesses particulares e corporativos. Vale a pena refletir sobre isso.

O autor é economista e articulista do JC
 
Fonte: JCNet

Desemprego e informalidade afetam os jovens na América Latina

 
 
LIMA (Notícias da OIT) – A situação de crescimento econômico com emprego registrada nos últimos anos na América Latina não foi suficiente para melhorar o emprego dos jovens, que continuam enfrentando um cenário pouco otimista no qual persistem o desemprego e a informalidade, alertou hoje a OIT.
“Sabemos que existe preocupação pela situação do emprego dos jovens. É urgente passar da preocupação à ação”, disse a Diretora Regional da OIT para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco, ao apresentar os resultados de um estudo que revela que nos últimos anos houve poucas mudanças. “É evidente que o crescimento não basta”, acrescentou.
“Estamos diante de um desafio político que demanda uma demonstração de vontade na aplicação de políticas inovadoras e de efetividade para enfrentar os problemas da precariedade laboral”, disse Tinoco.
A Diretora da OIT acrescentou que “não é casual que os jovens sejam defensores dos protestos de rua quando suas vidas estão marcadas pelo desalento e a frustração por causa da falta de oportunidades. Isso tem consequências sobre a estabilidade social e inclusive sobre a governabilidade democrática”.
Na América Latina existem cerca de 108 milhões de jovens, dos quais cerca de 56 milhões fazem parte da força de trabalho, isto é, que têm um emprego ou estão buscando uma ocupação.
O relatório sobre “Trabalho decente e juventude: políticas para a ação”, que compara dados entre os anos 2005 e 2011, destaca que ao final deste período o desemprego juvenil chegou a 13,9%. Ainda que a taxa tenha baixado em 16,4% em relação a 2005, os trabalhadores de 15 a 24 anos continuam enfrentando dificuldades para encontrar um emprego, e mais ainda um emprego de qualidade.
A taxa de desemprego juvenil continua sendo o dobro da taxa geral e o triplo da dos adultos. Além disso, os jovens representam 43% do total dos desempregados da região, segundo o estudo da OIT.
Por outro lado, a taxa de desemprego juvenil está acima de 25% ao considerar-se somente os setores de menor renda, enquanto está abaixo de 10% para os de maior renda.
Com relação à qualidade do emprego, destaca que 55,6% dos jovens ocupados somente conseguem emprego em condições de informalidade, o que geralmente implica baixos salários, instabilidade laboral e carência de proteção e direitos.
O relatório diz que 6 de cada 10 empregos gerados para os jovens são informais.
Além disso, somente 37% dos jovens contribuem para a seguridade social de saúde, e 29,4% para o sistema de aposentadorias. De todos os jovens que são assalariados, apenas 48,2% têm contrato assinado, em comparação com 61% dos adultos.
Neste cenário laboral adverso um dos problemas mais preocupantes é o de cerca de 21 milhões de jovens que não estudam nem trabalham, denominados NEMNEM. Aproximadamente um quarto desses jovens buscam trabalho mas não conseguem e cerca de 12 milhões dedicam-se a afazeres domésticos, em sua grande maioria mulheres jovens.
Os outros jovens, aproximadamente 4,6 milhões, são considerados pela OIT como o “núcleo duro”, e representam o maior desafio e os que estão em risco de exclusão social, pois não estudam, não trabalham, não procuram emprego e tampouco se dedicam aos afazeres domésticos.
O relatório destaca positivamente o fato de que apesar das estatísticas laborais não serem alentadoras, a porcentagem de jovens que somente estudam aumentou de 32,9% em 2005 para 34,5% em 2011.
“Não há dúvida de que temos a geração mais educada da história e por isso mesmo é necessário tomar as medidas apropriadas para aproveitar melhor seu potencial e dar-lhes a oportunidade de iniciar com o pé direito sua vida laboral”, disse Tinoco.
A OIT afirma que no caso do emprego juvenil é necessário tomar medidas especificamente planejadas para atender as necessidades deste setor da população. O documento enfatiza que não existem receitas únicas e a situação de cada país é diferente, mas existem exemplos, em países como Argentina, Brasil, Costa Rica, Peru e Uruguai, de experiências exitosas e inovadoras que podem ser adaptadas.
Algumas dessas experiências inovadoras apontam para:
·         A melhoria e extensão dos programas de formação e capacitação para facilitar a transição escola-trabalho e para permitir que os jovens tenham melhores qualificações quando procuram emprego que respondam às necessidades do mercado laboral.
·         Os programas de promoção do emprego destinados a beneficiar os jovens através de incentivos para a contratação ou a simplificação de trâmites burocráticos.
·         As estratégias destinadas à formalização de trabalhadores e também aquelas que buscam formalizar as principais fontes de emprego, como são as microempresas.
·         A promoção e a facilitação do empreendimento de jovens.
“Nos últimos anos foi adquirida muita experiência sobre a forma de enfrentar os obstáculos nos quais os jovens tropeçam ao ingressar no mercado de trabalho. O desafio é colocá-las em prática, estender sua aplicação tanto geográfica como temporalmente e otimizar seu planejamento para que sejam eficientes”, disse Guillermo Dema, especialista regional da OIT em emprego juvenil.
Junto com a divulgação deste relatório, a OIT publicou na internet uma Plataforma de Políticas sobre Emprego Juvenil na região.

Mais informação:
http://www.oit.org/americas
 
Fonte: OIT

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Maioridade penal e Responsabilização de Crianças e Adolescentes (quadro comparativo mundial)


Tabela de imputabilidade penal em vários países

País
Idade de responsabilização juvenil
Idade de maioridade penal
Limite de idade de aplicação do direito penal juvenil a jovens adultos
Idade de Maioridade Civil
Alemanha
14
18
21
18
Áustria
14
19
21
19
Bélgica
18
18

18
Bulgária
14
18


Croácia
14
18


Dinamarca
15
18

18
Escócia
8
16
21
18
Eslováquia
15
18


Eslovênia
14
18


Espanha
14
18
21
18
Estônia
13
17
20

Finlândia
15
18

18
França
13
18
21
18
Geórgia
14
18


Grécia
13
18
21
18
Holanda
12
18

18
Hungria
14
18


Inglaterra/Gales
10
18
21
18
Irlanda
12
18

18
Itália
14
18

18
Lituânia
14
18


Noruega
15
18

18
Portugal
16
21

18
R. Checa
15
18


Romênia
14
18


Suécia
15
18

18
Suíça
7
18
25
20
Turquia
11
18
20
18

Fonte: VÁZQUEZ GONZÁLEZ, Carlos. Derecho Penal Juvenil Europeo. Madrid: Dykinson, 2005, p. 420.

Alterações na Lei de Drogas - Profs. Bruno Zampier e Rodrigo Bello

Por que nossa política é tão burra?

O esclarecimento é a base para que saibamos como funciona a estrutura e como podemos agir para tentar mudar a realidade da política.


domingo, 27 de abril de 2014

EXPOSIÇÃO DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE: A DITADURA NO BRASIL (1964-1985)

Nesse post trago algumas fotos da mostra que reapresenta um dos momentos mais difíceis da história recente do nosso país, trazendo ao debate, novamente, a perspectiva da necessidade de não fecharmos os olhos nem esquecermos o que de pior aconteceu ao povo brasileiro e aos rumos da república com o longo período de exceção. 

A cidadania, hoje ainda almejada (e pela qual se tem lutado), e o processo de consolidação democrática no Brasil precisam caminhar ao lado da consagração do direito a rememorar os aspectos que compuseram o panorama da época em sua integralidade, buscando-se sempre reconstruir o itinerário da verdade dentro do plano dos acontecimentos.

EXPOSIÇÃO “A DITADURA NO BRASIL 1964 – 1985”

A exposição traz uma ambientação visual que conduz o público em uma espécie de “viagem no tempo”. Traz de volta a lembrança aos que viveram os fatos retratados e traduz aos jovens um pouco do clima vivenciado nesse período tão importante na história social e política brasileira. Recupera, de maneira exclusiva, desde os primeiros momentos do Golpe de Estado que mergulhou o país numa ditadura de 21 anos, até os grandes comícios populares das “Diretas Já”. Imagens marcantes dos tanques militares na frente do Congresso Nacional, as passeatas estudantis, a resistência dos diversos grupos da sociedade civil, a censura de documentos, a violência, prisões e torturas estão expostas em grandes painéis que colocam o espectador dentro dos acontecimentos. Junto, todos os fatos ocorridos nessa época são recuperados em um texto em ordem cronológica.

“A ditadura no Brasil – 1964-1985”, tem por objetivo registrar o que representou a ditadura no país, para que o maior número de cidadãos possam ter acesso ao material, excelente instrumento de valorização da história brasileira; resgatar a memória dos que viveram o período militar com o intuito de provocar reflexão sobre os acontecimentos e sensibilizar os jovens de hoje a respeito do que ocorreu durante os anos de chumbo no país, a partir de uma perspectiva da cronologia histórica e visual incluindo fotos e documentos, inéditos em sua maioria. 


Não podemos esquecer



Nesse documento da época da ditadura o chefe da censura federal em São Paulo, após assisitr a uma apresentação do espetáculo teatral "Roda Viva" (de autoria do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda), emite um relatório em que define a peça como"degradante e até certo ponto subversiva", informando ainda que a representação que vira "provocava o espectador para tomada de posição".




Grandes marchas, passeatas e comícios foram realizados pelo movimento estudantil durante a ditadura. Motivo que levou a que eles fossem os principais alvos da perseguição governamental. Naquele tempo, ser estudante e ser engajado na luta democrática era o mesmo que viver em constante estado de perigo.


Torturas, desaparecimentos e mortes dos "subversivos" foram uma dolorosa constante nos anos negros do Brasil.







No documento da foto acima vemos um ofício determinando a feitura de portaria de interdição do filme "Terra em Transe", do cineasta Glauber Rocha, dentre outras razões, pelo fato de o mesmo conter, segundo os censores, "mensagem de cunho esquerdista, contrária aos interesses nacionais".


No documento acima, oriundo da Divisão de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal, podemos ver o parecer de não liberação da execução pública da música "Óculos escuro", de autoria da dupla Paulo Coelho e Raul Seixas, tida como "veículo de mensagem subversiva" e que induziria flagrantemente "ao descontentamento e insatisfação no que tange ao regime", incitando uma "nova ideologia, contrária aos interesses nacionais".


O movimento Diretas Já desencadeou a onda de manifestações da sociedade nacional responsáveis pelo fim da ditadura e retorno à democracia em nosso país.
 


Fotos by Rogério Rocha

Ele teve vida salva por Senna e carrega culpa por não ter retribuído


Ayrton Senna foi muito mais do que um amigo para Erik Comas. O brasileiro salvou a vida do então piloto francês, em 1992, ao socorrê-lo após batida violenta contra o muro durante treino no GP da Bélgica. Senna não teve dúvida ao passar pelo local segundos após o acidente: parou sua McLaren e correu em direção a Ligier/Renault, que vazava combustível e estava prestes a explodir.
Percebendo que Erik Comas estava desacordado no cockpit, Senna desligou a ignição do carro do companheiro e evitou o risco de a Ligier pegar fogo. Quis o destino que dois anos depois o drama tivesse papel invertido.
O último piloto a se aproximar da Williams destruída com Senna foi justamente Erik Comas. Em entrevista ao UOL Esporte, o ex-piloto francês reverencia Senna pelo ato heroico em 1992, mas ainda se remói por não ter conseguido ajudar o amigo em estado gravíssimo após acidente na curva Tamburello, em Ímola, em 1994.    
A bordo de uma Larrousse/Ford, Comas bem que pensou em repetir o gesto feito pelo colega dois anos antes: sair em disparada para salvá-lo. Mas os fiscais de prova impediram que o francês deixasse o cockpit. Com o carro parado a metros da Williams e de Senna, Comas assistiu a todo atendimento médico impressionado com a gravidade da batida.
A prova em Ímola estava suspensa para o atendimento de Senna. Nenhum carro tinha autorização para seguir caminho; mas Comas descumpriu a ordem e continuou na pista, parando apenas quando chegou à área do desastre, com o helicóptero já na pista.
"É difícil aceitar que alguém que salvou sua vida dois anos antes estava agora a poucos metros de mim, ferido gravemente. Eu tinha que deixar o carro e ir lá para ajudar de alguma maneira. Mas os médicos não deixaram. Eu entendi que ele estava morrendo ou estava morto. Sou cristão, não praticante, e senti uma radiação enorme. Eu tive a sensação de que o Senna estava indo para o céu. Eu nunca tinha visto isso", descreve Comas.
Senna foi levado de helicóptero ao hospital. Impedido de prosseguir caminho com a Larousse, Comas teve de retornar aos boxes com a ambulância então colocada para resgatar o piloto brasileiro. Horas mais tarde veio a confirmação do falecimento.
Abalado, Comas se recusou a continuar na prova. O GP foi vencido por Michael Schumacher. No fim daquele ano, o francês decidiu largar a Fórmula 1.
"Foi difícil ver falecer a pessoa que salvou a minha vida. Eu me senti horrível. Não queria dirigir mais. Fui convencido pela equipe a ficar até o fim da temporada. Mas depois parei com a Fórmula 1", destacou o francês, que anos depois correria por competições de turismo.

Erik Comas/Divulgação
Ex-piloto Erik Comas tem 50 anos e é sócio de empresa de carros vintages
Morando na Suíça e sócio de empresa de carros históricos, o francês de 50 anos se emocionou ao narrar a tentativa de Senna em resgatá-lo do carro, em 92, e chama o piloto brasileiro de "herói".
UOL Esporte – Dois acidentes, dois episódios envolvendo você e Ayrton Senna. Qual a lembrança que fica após ser salvo por Senna e, dois anos depois, assistir ao atendimento médico a poucos metros do brasileiro?
Erik Comas – É difícil aceitar que alguém que salvou sua vida dois anos antes estava agora a poucos metros de mim, ferido gravemente. Eu tinha que deixar o carro e ir lá para ajudar de alguma maneira. Mas os médicos não deixaram. Eu entendi que ele estava morrendo ou estava morto. Sou cristão, não praticante, e senti uma radiação enorme. Eu tive a sensação de que o Senna estava indo para o céu. Eu nunca tinha visto isso.
UOL Esporte – Como você conseguiu dirigir o carro até o local do acidente com o Senna em Ímola mesmo com a pista interditada?
Erik Comas – Foi uma grande confusão dentro da equipe no momento da paralisação. Havia uma incerteza. Não sabiam se era para eu seguir ou parar nos boxes. Eu continuei na pista e só fui entender a gravidade quando me deparei com o helicóptero no chão e médicos tentando salvar o Senna.
 UOL Esporte – Você se sente frustrado por não ter retribuído em 1994 o gesto de Senna de dois anos antes?   
Erik Comas – Sim. Eu me sinto envergonhado e com certa culpa por isso. Em Spa Francorchamps, em 92, o Senna apareceu logo depois do meu acidente, chegando antes dos médicos. Ele parou o carro e veio ao meu carro desligar o interruptor principal, evitando explosão. Já no acidente dele, em Ímola, ele já estava sendo atendido quando cheguei. Os médicos eram mais competentes e eu nada pude fazer.
UOL Esporte – Você teve contato com o Senna antes da largada em Ímola?   
Erik Comas – Eu encontrei ele rapidamente em um espaço reservado aos pilotos. Eu e ele não estávamos bem por tudo o que havia ocorrido nos treinos [morte de Roland Ratzenberger e grave acidente com Rubens Barrichello]. Eu pela primeira vez vi um Senna impactado, preocupado.
UOL Esporte – Por que você decidiu ficar fora da relargada após o acidente do Senna? Schumacher e Hakkinen, por exemplo, continuaram a prova e foram para o pódio.
Erik Comas – Os outros corredores não sabiam do estado do Senna, mas eu sabia que ele tinha morrido porque presenciei. Era impossível eu continuar depois de tudo o que eu vi. Não dava. Eu não tinha condições de correr depois de um fim de semana triste.
UOL Esporte – O que ocasionou a batida que vitimou Senna?
Erik Comas – Não foi erro dele. Alguma coisa dentro do carro quebrou segundos antes do acidente.
UOL Esporte – Como você define a atitude tomada por Senna, que se arriscou correndo na pista para desligar o seu carro?
Erik Comas – O Senna era tão generoso que para ele foi um ato normal ter me salvado em 1992. Mas para mim ele é um heroi. Havia líquido vazando no meu carro após a batida e um grande risco de explosão. O Senna sabia disso, mas agiu por instinto ao ir em direção ao meu carro. Hoje talvez eu não estaria aqui contando isso se não fosse o Senna.
UOL Esporte –  Você lembra de detalhes do seu acidente em 1992?
Erik Comas – Eu não me lembro de nada. Minha memória só se recorda de segundos antes de eu perder o controle do carro. Fiquei desacordado, mas meu pé continuava no pedal. A chance de explosão era grande. Não vi o Senna me socorrendo. E quando os médicos chegaram, ele permaneceu ali perto para conferir se eu estava bem.
UOL Esporte – O carinho pelo Ayrton Senna já existia antes do acidente na Bélgica, em 1992?
Erik Comas – Sim. Minha admiração por ele começou já no meu ingresso à Fórmula 1. O Senna foi o primeiro e único piloto a me felicitar pelo meu título na Fórmula 3000. Ele disse: 'Seja bem vindo. Parabéns pelo título'". Eu fiquei impressionado. Aquilo para mim foi algo especial, porque ele teve a sensibilidade de recepcionar um jovem piloto.
UOL Esporte – Você tem planos de vir ao Brasil para prestar homenagem no cemitério?
Erik Comas – Eu prefiro ir à Ímola, no espaço que é dedicado a ele. Para mim este lugar é especial, porque eu estava lá e ali foi o último lugar em que eu o vi.

 Fonte: UOL Esporte F1

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas