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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Cientistas descobrem o planeta mais parecido com a Terra já encontrado

Ilustração artística de como pode ser o planeta Kepler-186f. Segundo astrônomos, é o planeta mais parecido com a Terra já encontrado (Foto: NASA Ames, SETI Institute, JPL-Caltech, T. Pyle/AP)
Ilustração artística mostra como pode ser o planeta descoberto
Astrônomos do Telescópio Espacial Kepler anunciaram nesta quinta-feira (17) uma grande descoberta espacial: eles encontraram um planeta extremamente parecido com a Terra, a ponto de gerar especulação sobre a possibilidade de ser habitável e de ter água em forma líquida.

O planeta foi batizado de Kepler-186f, porque ele é o sexto planeta em órbita da estrela-anã Kepler-186. O planeta tem quase o mesmo tamanho da Terra: ele é cerca de 10% maior do que nosso planeta natal. Mas o que mais empolgou os cientistas é que ele está na chamada "zona habitável" – nem tão distante de sua estrela a ponto da água congelar, nem tão perto a ponto da água evaporar. Assim como a Terra, Kepler-186f está a uma distância de sua estrela onde seria possível ter água em sua forma líquida, um pré-requisito para a vida como conhecemos.

Astrônomos acreditam que existam milhões de planetas como a Terra no Universo. O problema é que, como planetas não têm luz própria, e muito difícil identificá-los. Por isso a importância da metodologia usada pelo Telescópio Kepler. Ele identifica primeiro identifica a estrela. Sempre que um planeta passa entre a estrela, a luz recebida pelo telescópio diminui. Calculando essa variação, os astrônomos conseguem descobrir o tamanho e a órbita do planeta.

No caso de Kepler-186f, os pesquisadores já sabem que ele é provavelmente um planeta rochoso – diferentemente dos planetas gasosos como Júpiter e Saturno. Também sabem a duração do ano no planeta: cerca de 130 dias. Mas ainda há muitas informações que o Kepler não consegue identificar, como a gravidade ou atmosfera do planeta.

Fonte: Época online

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cientistas podem ter descoberto a maior e mais antiga cratera da Terra


(Fonte da imagem: Reprodução/NASA)
Uma das teorias sobre o desaparecimento dos dinossauros da face da Terra envolve o impacto de um asteroide gigante — de 10 quilômetros — há 65 milhões de anos, o que provocou a formação de uma cratera de 180 quilômetros de diâmetro. Contudo, de acordo com o site New Scientist, isso não é nada comparado a uma potencial cratera encontrada na Groelândia.
Embora ainda não tenha sido confirmado, esse seria o descobrimento da maior e mais antiga cratera já encontrada no nosso planeta, provocada pelo impacto de um asteroide de, pelo menos, 30 quilômetros, formando uma cratera de 25 quilômetros de profundidade por outros 600 de diâmetro.

Bilhões de anos de erosão

De acordo com os geólogos que a encontraram, tudo o que resta da potencial cratera — depois de bilhões de anos de erosão — é um sítio de aproximadamente 100 quilômetros em uma área pouco habitada e remota do planeta, o que seria a razão pela qual a formação só tenha sido descoberta agora.
Os cientistas afirmam que, entre as várias evidências que encontraram para comprovar a descoberta, a mais clara delas é a presença de rochas semelhantes ao granito, que foram pulverizadas e derretidas de tal forma que a única explicação para a sua formação seria a de um violento e repentino impacto.

Evidências de impacto

Além disso, esse granito “deformado” se encontra espalhado em uma área entre 35 e 50 quilômetros. Segundo explicaram os especialistas, nenhum tipo de processo geológico terrestre conhecido poderia ter provocado uma deformação dessa escala e em uma área tão grande.
A cratera mais antiga — e confirmada — de que se tem notícia é a de Vredefort, localizada na África do Sul, contando com 2 bilhões de anos e 300 quilômetros de diâmetro. A cratera formada pelo asteroide que teria dizimado os dinossauros é a de Chicxulub, localizada na Península do Yucatán, México, com mais de 180 quilômetros de diâmetro e aproximadamente 65 milhões de anos.
Fonte: New Scientist e Megacurioso

domingo, 24 de março de 2013

Projeto contra colisão de asteroides na Terra custaria bilhões de dólares


A boa notícia é que há apenas uma chance em 20 mil que um asteroide entre em colisão com a Terra

por Redação Galileu
 Editora Globo
A boa notícia é que há apenas uma chance em 20 mil que um asteroide entre em colisão com a Terra e acabe com a civilização humana neste ano. A má notícia é que, para prevenir que algo assim aconteça nos próximos anos, serão necessários bilhões de dólares em investimentos. Pelo menos é essa a conclusão apresentada no comitê de Ciência Espaço e Tecnologia dos EUA.
O meteoro que se chocou em território russo em fevereiro deste ano, é considerado um evento consideravelmente pequeno, mas mesmo assim feriu mil pessoas e causou milhões de dólares de prejuízo. E isso teria acontecido porque os astrônomos se concentram em analisar os riscos de uma colisão com uma grande rocha espacial, que poderiam impedir a continuação da civilização humana, e não de pequenos meteoros que, mesmo não comprometendo toda a humanidade, podem ser letais. Apenas 10% dos meteoros com mais de 130 metros foram identificados por cientistas e especialistas acreditam que mais de 10 mil grandes como esses estejam próximos, sem que tenhamos conhecimento de sua localização.
Voltando aos asteroides, se detectássemos uma grande rocha espacial viajando ao nosso encontro, precisaríamos de pelo menos 5 anos para desenvolver uma tecnologia capaz de desviar sua rota ou de destruí-lo. O plano dos EUA, por enquanto, é desenvolver tecnologias de detecção, como um sensor infravermelho capaz de orbitar Vênus (que custaria 500 milhões de dólares), assim como um sistema a laser que poderia afastar as rochas da Terra.
Outro projeto da Nasa envolve mandar um astronauta até um asteroide, para estudar melhor estes corpos celestes. O pouso estaria programado para 2025 e o projeto custaria 2 bilhões de dólares. A exploração da Lua, como dissemos em outra matéria, também ajudaria a estudar o comportamento de asteroides.
Via CNN / Revista Galileu

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Asteroide na rota da Terra é maior do que se pensava


O asteroide Apophis, que deve se aproximar da Terra em 2029 e 2036, tem um diâmetro 20% superior às estimativas anteriores, segundo dados obtidos através do telescópio Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA), no fim de semana passado.
Batizado com o nome da divindade egípcia do mal e da escuridão, Apophis (nome em grego do deus que os egípcios chamavam Apep) passará esta quarta-feira a 14,4 milhões de quilômetros da Terra, dando aos astrônomos a possibilidade de estudá-lo melhor.
Quando foi observado pela primeira vez, em 2004, os cientistas calcularam em 2,7% a probabilidade de uma colisão catastrófica com a Terra em abril de 2009, mas novas estimativas afastaram o risco, ao prever que nesta data passará a 36 mil quilômetros.
O asteroide voltará a se aproximar do planeta em 2036, mas por enquanto é difícil estimar a que distância, visto que a primeira visita, em 2029, deverá modificar substancialmente sua órbita, razão pela qual é muito importante obter informação sobre seus parâmetros físicos para estimar melhor sua trajetória futura.
O telescópio Herschel pôde avistá-lo no fim de semana passado durante duas horas em sua aproximação da Terra, informou a ESA em um comunicado difundido esta quarta-feira.
Segundo estes novos dados, o diâmetro de Apophis é de 325 metros, 20% a mais do que o cálculo anterior (270 metros).
Com diâmetro de 270 metros, a energia liberada caso Aphis batesse na Terra seria equivalente a 25 mil explosões atômicas como a de Hiroshima.
"O aumento de 20% no diâmetro, de 270 a 325 metros, significaria uma intensificação de 75% em nossas estimativas do volume do asteroide ou de sua massa", explicou Thomas Mueller, do Instituto Planck de Física Extraterrestre em Garching (Alemanha).
"Estes números são as primeiras estimativas sobre a base das medições de Herschel", afirmou Mueller. "Outra série de medições que está sendo realizada atualmente poderia nos dar novos elementos que nos permitiriam melhorar nossos resultados", acrescentou.
"No começo, o interesse por Apophis se deveu a uma potencial ameaça de colisão com a Terra, o que agora é considerado como altamente improvável no futuro previsível", argumentou Goran Pilbratt, encarregado científico do projeto Herschel da ESA, embora o asteroide "em si continue sendo de um interesse considerável", acrescentou.
Em 15 de fevereiro próximo receberemos a visita do asteroide 2012 DA14. Menor do que Apophis, com 57 metros de diâmetro, passará a 'apenas' 34.500 km, o que significa que atravessará a órbita dos satélites geoestacionários.
Fonte: Info

segunda-feira, 25 de junho de 2012

'Podemos encontrar planeta como a Terra antes de 2022', dizem astrofísicos


Reprodução: planeta semelhante à Terra fora do sistema solar

Os astrofísicos não descartam a possibilidade de encontrar um pequeno planeta similar à Terra em menos de 10 anos, declarou nesta segunda-feira, 25, Ignaci Ribas, um dos organizadores do Cool Stars 17, a reunião internacional sobre estrelas frias que ocorre em Barcelona.

Ribas explicou que os especialistas já identificaram mais de 800 planetas ao redor das estrelas frias e que falta muito pouco para encontrarem um que seja muito parecido ao nosso.

Ele diz que os astrônomos sabem onde esse planeta se encontra, mas a tecnologia atual é incapaz de encontrá-lo. No entanto, se o planeta fosse habitado por seres inteligentes, Ribas destacou que seria possível conversar com eles através de sinais de rádio, embora essa troca de mensagens poderia demorar mais de 100 anos.

Ribas destacou ainda que os planetas se concentram ao redor das estrelas frias, que representam 80% das existentes no universo, entre elas o Sol. Esses astros são chamados de "frios" porque sua temperatura está abaixo dos 6 mil graus. Em nossa galáxia há cerca de 200 mil estrelas frias, e as estrelas quentes, que representam 20%, possuem uma temperatura que oscila entre 20 mil e 50 mil graus.

Durante o encontro realizado em Barcelona, os especialistas constataram que as estrelas frias podem ser 10% maior do que se pensava, um dado que possui muita importância na hora de buscar modelos de estudo.

Os especialistas envolvidos no Cool Stars 17 também destacaram a chamada "música das estrelas", ou seja, as vibrações que esses corpos celestes emitem e que, de acordo com os astrofísicos, aparecem como uma série de frequências, algo similar às notas musicais. Segundo Ribas, que é astrofísico do Instituto de Ciências do Espaço do CSIC-IEEC, o tom emitido pelas estrelas frias permite a identificação de seu tamanho, sua composição e até sua evolução.

No encontro também foram apresentados alguns resultados da missão Kepler (da Nasa), que possui o objetivo de detectar planetas extra-solares através destas frequências com uma técnica similar à sismografia, mas adaptada ao espaço.

Fonte: estadao.br.msn.com

sábado, 23 de junho de 2012

A vantagem de comer terra

Novas descobertas sugerem que comer terra não é necessariamente patológico, mas apenas uma adaptação
por Philip T. B. Starks e Brittany L. Slabach
THOMAS JACKSON Getty Images

Em 2009, um grupo de estudantesde biologia da Tufts University reuniu-se para comer terra. Eles moeram pequenos torrões de argila e ingeriram o pó para descobrir, pela primeira vez, o sabor desse material. Esse estranho teste de sabor era parte de um curso de medicina darwiniana oferecido por um de nós (Starks). Os alunos estavam estudando a evolução da geofagia – a prática de comer terra, principalmente solos semelhantes à argila, coisa que animais e pessoas praticam há milênios.

O guia padrão de referência para psiquiatras – a quarta edição do Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSMI, na sigla em inglês) classifica a geofagia como um transtorno de alimentação em que a pessoa consome coisas que não são alimentos, como cinza de cigarro e tinta de parede. Mas como os alunos viriam a descobrir, estudos culturais de animais e humanos sugerem que a geofagia não é necessariamente uma anormalidade – na verdade, ela é um tipo de adaptação. Os pesquisadores estão analisando o ato de comer terra sob um ângulo diferente e descobrindo que o comportamento geralmente serve para suprir minerais vitais e para desativar toxinas de alimentos e do ambiente.


Abordagem evolucionária

Uma forma de decidir se a geofagia é anormal ou adaptativa é determinar até que ponto o comportamento é comum em animais e em sociedades humanas. Como o comportamento é observado em muitas espécies e culturas diferentes, é provável que seja benéfico.
Atualmente parece não haver dúvida de que a geofagia é ainda mais comum no reino animal do que se pensava. Os pesquisadores observaram geofagia em mais de 200 espécies de animais, incluindo papagaios, veados, elefantes, morcegos, coelhos, babuínos, gorilas e chimpanzés. A geofagia também é bem documentada em humanos, com registros que datam da época de Hipócrates (460 a.C.). Os mesopotâmios e antigos egípcios usavam a argila medicinalmente: eles cobriam ferimentos com emplastros de barro e comiam terra para tratar de várias doenças, principalmente do intestino. Alguns povos indígenas das Américas usavam terra como um tempero e preparavam alimentos naturalmente amargos como noz de carvalho e batatas com um pouco de terra para neutralizar o amargor. A geofagia foi praticada com frequência na Europa até o século 19 e em algumas sociedades, como a etnia Tiv, da Nigéria, o desejo de comer terra é sinal de gravidez.

Uma explicação comum para o hábito de animais e pessoas ingerirem terra é que o solo contém minerais como cálcio, sódio e ferro, que mantêm a produção de energia e outros processos biológicos vitais. Como as necessidades desses minerais variam com a estação do ano, com a idade e com o estado geral de saúde dos animais, a geofagia é particularmente comum quando sua dieta alimentar não fornece minerais suficientes ou quando os desafios do ambiente exigem mais energia que o normal. Gorilas-das-montanhas e búfalos africanos que vivem em altas altitudes podem, por exemplo, ingerir terra como uma fonte de ferro que promove o desenvolvimento das células vermelhas do sangue. Elefantes, gorilas e morcegos consomem terra rica em sódio quando sua alimentação não contém quantidades suficientes desse elemento químico. Populações de elefantes visitam constantemente cavernas subterrâneas onde cavam e ingerem rochas ricas em sal.
 
Entre populações humanas da África os que têm acesso direto ao cálcio não praticam geofagia com tanta frequência. A necessidade de cálcio pode explicar, em parte, por que a geofagia é mais comumente associada à gravidez: a mãe necessita de mais cálcio à medida que os ossos do feto se desenvolvem.

Ainda assim, o déficit de minerais não explica completamente a geofagia. Num artigo extenso de revisão publicado em 2011 no Quarterly Review of Biology, Sera L. Young, da Cornell University, e seus colegas concluíram que ingerir terra raramente acrescenta quantidades signifi cativas de minerais à nutrição de qualquer ser, humano ou animal. Em muitos casos esse comportamento interfere na absorção do alimento do intestino à corrente sanguínea, provocando deficiência de nutrientes.

Se animais e humanos não estão retirando da terra que ingerem o suprimento de minerais de que necessitam, qual seria então o benefício da geofagia? Uma segunda explicação que está ganhando adeptos é que comer terra geralmente é uma forma de desintoxicação.


A terra desintoxica


A ideia de que, na maioria dos casos, comer terra é provavelmente uma forma de eliminar toxinas pode explicar por que pessoas e animais geralmente preferem solos semelhantes à argila. Moléculas de argila negativamente carregadas ligam-se facilmente a toxinas carregadas positivamente no estômago e intestinos – evitando que as toxinas penetrem na corrente sanguínea e transportando-as através dos intestinos para serem eliminadas. A desintoxicação pode explicar também por que alguns povos indígenas preparam refeições com batatas e nozes de carvalho com argila – esses alimentos são amargos porque contêm pequenas quantidades de toxinas.

Nos anos 90, James Gilardi, diretor executivo da Fundação Mundial do Papagaio encontrou apoio para a hipótese da desintoxicação em um dos poucos estudos experimentais sobre geofagia. Enquanto observava um bando de papagaios peruanos alimentando-se numa faixa específica de solo exposto ao longo do rio Manu, Gilardi notou que os pássaros não se interessavam por faixas de terra das vizinhanças com muito mais minerais. Ele pressupôs que os papagaios não estavam ingerindo terra por causa dos minerais, mas para neutralizar alcaloides tóxicos das sementes e frutas não maduras que fazem parte de sua alimentação. Toxinas presentes em vegetais (ou carnes) geralmente irritam o intestino. Para testar a hipótese, Gilardi alimentou alguns papagaios com o alcaloide tóxico quinidina com e sem a terra preferida e mediu a quantidade de alcaloide presente no sangue dos pássaros depois da refeição. Os pássaros que não consumiram terra exibiram níveis mais altos de quinidina no sangue. Os pesquisadores observaram os mesmos efeitos benéfi cos em chimpanzés e babuínos que receberam suplemento de argila em suas refeições.
 
Estudos com morcegos revelam mais evidências dos efeitos benéficos da terra na desintoxicação. Um estudo publicado na PLoS ONE em 2011 questionava se morcegos da Amazônia visitavam encostas de despenhadeiros de argila exposta para nutrir-se ou desintoxicar-se. Christian Voigt, do Instituto Leibniz de Pesquisa em Zoologia e Vida Selvagem, em Berlim, e seus colegas capturaram morcegos de duas espécies diferentes: uma que se alimenta principalmente de frutas e outra cuja dieta se baseia principalmente em insetos. Voigt acreditava que se os morcegos estivessem ingerindo argila por causa dos minerais, ele deveria encontrar menor quantidade de morcegos comedores de frutas nas encostas de argila porque as frutas contêm mais minerais que os insetos. Mas a maioria dos morcegos que capturou nas encostas de argila eram consumidores de frutas – e muitas fêmeas estavam prenhes ou amamentando. Voigt concluiu que as fêmeas frugívoras prenhes visitavam as encostas de argila para se desintoxicar porque estavam comendo duas vezes mais para alimentar seus bebês, o que signifi cava que estavam ingerindo duas vezes mais toxinas vegetais de frutas não maduras, sementes e folhas.

Como os morcegos, mulheres grávidas também podem ingerir terra por suas propriedades desintoxicantes, além de fonte suplementar de minerais. O primeiro trimestre da gravidez incomoda muitas mulheres com náuseas e vômitos, e estudos cruzados de várias culturas mostram uma associação entre geofagia no início da gravidez e o mal-estar matinal. Mulheres de países subsaarianos e do sul dos Estados Unidos relataram consumir argila para aliviar esse desconforto. Alguns pesquisadores propuseram que o mal-estar matinal elimina as toxinas da mãe, que podem prejudicar o feto. Talvez a geofagia e o mal-estar matinal funcionem em conjunto para proteger o desenvolvimento do feto. Como a argila pode conter bactérias e vírus, ela também protege mãe e feto de patógenos como a Escherichia coli e o Vibrio cholerae presentes em alimentos.

Embora apenas recentemente a comunidade científica tenha reunido evidências suficientes para sugerir que a geofagia é um comportamento adaptativo, ao longo de milhares de anos muitas pessoas – e não apenas mulheres grávidas – usaram minerais da argila como remédio para náusea, vômitos e diarreia. Na era da medicina moderna, empresas farmacêuticas aproveitaram as propriedades associativas do caulim, um mineral da argila, para produzir o Kaopectate, um medicamento que trata diarreia e outros problemas digestivos. Finalmente o composto sintético subsalicilato de bismuto – o principal ingrediente do Pepto-Bismol – substituiu o caulim, mas a argila ainda é usada atualmente de outras formas. Caulim e esmectitas se prendem não só às toxinas nocivas, mas também a patógenos. Fazendeiros utilizam argila no preparo de ração para a criação para inibir a transmissão de toxinas, e alguns pesquisadores propuseram aproveitar as propriedades de associação patogênica da argila para purificar a água.

É claro que ingerir terra também pode ser perigoso. Juntamente com minerais e materiais desintoxicantes seria possível ingerir bactérias, vírus, vermes parasitas e quantidades ameaçadoras de chumbo e arsênico, não intencionalmente. Devido a esses riscos, consumidores modernos de terra deveriam se limitar a produtos comercialmente seguros, passados por aquecimento ou esterilização –, mas não deveriam ser estigmatizados por seu comportamento.

De forma geral as evidências mostram que, em muitos casos, a geofagia não é um sinal de doença mental, mas uma defesa específica que evoluiu para combater toxinas e provavelmente suprir déficits de minerais. Embora possamos não pensar em geofagia quando tomamos vitaminas ou procuramos alívio numa colherada de Kaopectate, na verdade estamos participando da prática ancestral de comer terra.
  

Fonte: Revista Scientif American Brasil (ed. 122 - julho/2012) 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O NEOLIBERALISMO E A MORTE DA TERRA


Não se pode esperar muito da Conferência do Rio. Há quarenta anos que o problema do meio ambiente vem sendo discutido e, nesse tempo, pouco se fez de objetivo a fim de assegurar as condições que a biosfera oferece à Natureza. Ao que parece, o homem está à espera de uma catástrofe – como foi a peste negra, no século 14 – a fim de compreender as dimensões de seus erros. Naquele século emblemático – no qual historiadores encontram semelhanças com o nosso – a população européia quase desapareceu. Pulgas e ratos levaram a peste da Ásia e encontraram o continente vulnerável à bactéria Yersinia pestis: segundo os cálculos, mais de um terço dos europeus pereceram no curso de quatro anos. Como vemos, seres aparentemente tão frágeis são capazes de promover hecatombes.
O que está matando o mundo, hoje, vale repetir, é a peste da ganância do capitalismo, que transformou a razão científica em mera servidora do dinheiro, principalmente a partir do neoliberalismo. Todos nós sabemos que os nutrientes químicos, como o nitrogênio, e agrotóxicos, estão matando os rios e extensões cada vez maiores dos oceanos. A Monsanto continua, firme, em nome da liberdade do mercado, a envenenar os solos e os mananciais de água – isso sem falar nas suas sementes transgênicas. O que já era ruim em 1972, quando se reuniu, em Estocolomo, a Primeira Conferência sobre o Meio-Ambiente, tornou-se muito pior a partir da conjuração anti-estado, promovida por Reagan, Thatcher – e, como coringa solto na jogada, o papa Karol Wojtila. Nestes últimos trinta e dois anos, não obstante as sucessivas declarações de alarme, e três novas conferências realizadas, pouco se fez de objetivo, a fim de salvar a natureza. Assim, o neoliberalismo acelera o assassinato da Terra.
A realidade nos impõe uma constatação: enquanto os Estados Unidos que, para o bem e para o mal, são o modelo da civilização contemporânea, não mudarem a sua matriz energética, e não contiverem a insensatez da bio-engenharia a serviço dos interesses do grande capital, o mundo continuará sua marcha para a tragédia.
Em nosso caso, a salvação da biodiversidade com que nos privilegiou a Natureza e, em seguida, a História, vem correndo novos e evitáveis riscos, a partir do desmantelamento do Estado, promovido pelo governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso.
Desde Getúlio Vargas, o Brasil dispunha de grupos técnicos de planejamento de infraestrutura a médio e longo prazo. Durante o governo de Juscelino, esses grupos se tornaram a vanguarda do desenvolvimento da economia nacional. Os governos militares mantiveram alguns deles, reorganizaram outros e esvaziaram os demais. Um desses grupos, talvez o mais importante para o nosso desenvolvimento, era o Geipot – reorganizado em 1965, durante o governo de Castelo Branco, abandonado por Fernando Henrique e hoje em liquidação. A União teve o prejuízo de 400 milhões de reais na execução das obras da Ferrovia Norte-Sul, por falta de um órgão como o Geipot. O serviço das empreiteiras não foi fiscalizado, dia-a-dia, como deveria ter sido, e erros graves, além da não execução das obras planejadas, como estações e depósitos, foram constatados pela nova diretoria da Valec, a estatal que administra a implantação do grande trecho ferroviário.
Outra imprevisão do governo se manifesta agora, na Hidrelétrica do Jirau. Dois milhões de metros cúbicos de madeira e lenha, retirados da área a ser coberta pelas águas, estão destinados a apodrecer, por falta de aproveitamento econômico. A retirada dessa cobertura vegetal deveria ter sido planejada com antecedência e seu aproveitamento, da mesma forma. Outras áreas da Amazônia estão sendo desmatadas para a exportação – legal e ilegal – da madeira, com os danos conhecidos ao meio-ambiente. É urgente que se planifique o aproveitamento racional da madeira e dos outros bens naturais existentes nas áreas a serem inundadas nas outras hidrelétricas em construção no território brasileiro. Há, ainda, no fundo da futura represa – cujo enchimento se iniciará ainda este ano – muita cobertura vegetal que, se não retirada a tempo, irá provocar danos imensos ao ambiente, ao produzir metano, um dos gases mais poluidores da atmosfera, além do carbono.
A eficiência do Estado se garante mediante o estudo prévio de suas necessidades e de suas possibilidades, ou seja, de planejamento. Desde o Império, empreendedores e homens de Estado pensaram em termos de planejamento. Até hoje é válido o projeto ferroviário de Mauá, que previa a ligação ferroviária entre o Norte e o Sul, entre o Leste e o Oeste, e o aproveitamento dos rios para o transporte de carga pesada. Vargas, na plataforma eleitoral de 1930, reafirmou a necessidade de planejamento e seguiu a idéia durante o Estado Novo. Vargas retomou o projeto nacional, em 1951 e Juscelino deu-lhe prosseguimento de forma vigorosa, em seu mandato. Com a desconstrução do estado nacional, o governo Fernando Henrique deixou o planejamento por conta das empreiteiras e dos estrangeiros. Vale lembrar a contratação da Booz Allen pelo governo tucano, para “identificar os gargalos” que dificultam o desenvolvimento do país, quando não faltam técnicos competentes nos quadros da administração federal para cuidar do planejamento dos projetos de infra-estrutura no Brasil, como é o caso dos transportes e da energia.
É hora de o Estado assumir diretamente a sua responsabilidade e buscar os meios constitucionais para acabar com as agências reguladoras e devolver aos ministérios as tarefas que devem ser suas. As agências reguladoras foram, nos Estados Unidos de Roosevelt e do New Deal, o instrumento do Estado para conduzir a economia nos anos de crise. No Brasil, elas tiveram o objetivo contrário, o de entregar aos agentes privados, a serviço dos interesses estrangeiros, a administração dos setores estratégicos nacionais, como a energia elétrica, as telecomunicações, as rodovias, as ferrovias e os portos – isso sem falar na saúde, com a Anvisa.

Fonte: maurosantayana.com

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