sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Conto "Os Dragões" de Murilo Rubião

Resultado de imagem para murilo rubião
Murilo Rubião (*1916 +1991)


Desde o lançamento de sua primeira obra, chamada O ex-mágico, e que veio ao mundo no distante ano de 1947, o escritor Murilo Rubião já trazia em seu estilo as tintas do gênero que, alguns bons anos depois, seria chamado de literatura fantástica (aquelas narrativas baseadas em acontecimentos surreais ou inexplicáveis pelas convenções da lógica).
Pois vejam bem! Debaixo das narinas e na frente dos olhos cegos da crítica brasileira de então, o tímido (e também talentoso) contista das Minas Gerais abria uma trilha que, posteriormente, tornaria notáveis autores como Julio Cortázar e o genial García Márquez.
De escrita fácil, direta e inteligente, os contos de Rubião invadem o espaço da fantasia como caminho para encetar uma crítica sutil à realidade.
Foi certamente daqueles escritores raros e que tiveram a má sorte de um contexto histórico que lhe foi desfavorável e da pouca divulgação de suas obras, apesar da inquestionável qualidade de seus textos. Por isso mesmo resolvi rememorá-lo aqui.

A seguir, deixo a vocês um conto do singular autor mineiro, para o deleite dos leitores deste blog. Espero que gostem! Grande abraço!

Resultado de imagem para dragões

OS DRAGÕES

"Fui irmão de dragões e companheiro de avestruzes." (Jó, XXX, 29)

Os primeiros dragões que apareceram na cidade muito sofreram com o atraso dos nossos costumes. Receberam precários ensinamentos e a sua formação moral ficou irremediavelmente comprometida pelas absurdas discussões surgidas com a chegada deles ao lugar.
Poucos souberam compreendê-los e a ignorância geral fez com que, antes de iniciada a sua educação, nos perdêssemos em contraditórias suposições sobre o país e a raça a que poderiam pertencer.
A controvérsia inicial foi desencadeada pelo vigário. Convencido de que eles, apesar da aparência dócil e meiga, não passavam de enviados do demônio, não me permitiu educá-los. Ordenou que fossem encerrados numa casa velha, previamente exorcismada, onde ninguém poderia penetrar.
Ao se arrepender de seu erro, a polêmica já se alastrara e o velho gramático negava-lhes a qualidade de dragões,“coisa asiática, de importação europeia”. Um leitor de jornais, com vagas ideias científicas e um curso ginasial feito pelo meio, falava em monstros antediluvianos. O povo benzia-se, mencionando mulas sem cabeça, lobisomens.
Apenas as crianças, que brincavam furtivamente com os nossos hóspedes, sabiam que os novos companheiros eram simples dragões. Entretanto, elas não foram ouvidas.
O cansaço e o tempo venceram a teimosia de muitos. Mesmo mantendo suas convicções, evitavam abordar o assunto.
Dentro em breve, porém, retomariam o tema. Serviu de pretexto uma sugestão do aproveitamento dos dragões na tração de veículos. A ideia pareceu boa a todos, mas se desavieram asperamente quando se tratou da partilha dos animais. O número destes era inferior ao dos pretendentes.
Desejando encerrar a discussão, que se avolumava sem alcançar objetivos práticos, o padre firmou uma tese: os dragões receberiam nomes na pia batismal e seriam alfabetizados.
Até aquele instante eu agira com habilidade, evitando contribuir para exacerbar os ânimos. E se, nesse momento, faltou-me a calma, o respeito devido ao bom pároco, devo culpar a insensatez reinante. Irritadíssimo, expandi o meu desagrado:
– São dragões! Não precisam de nomes nem do batismo! Perplexo com a minha atitude, nunca discrepante das decisões aceitas pela coletividade, o reverendo deu largas à humildade e abriu mão do batismo. Retribuí o gesto, resignando-me à exigência de nomes.

Quando, subtraídos ao abandono em que se encontravam, me foram entregues para serem educados, compreendi a extensão da minha responsabilidade. Na maioria, tinham contraído moléstias desconhecidas e, em consequência, diversos vieram a falecer. Dois sobreviveram, infelizmente os mais corrompidos.
Mais bem-dotados em astúcia que os irmãos, fugiam, à noite, do casarão e iam se embriagar no botequim. O dono do bar se divertia vendo-os bêbados, nada cobrava pela bebida que lhes oferecia. A cena, com o decorrer dos meses, perdeu a graça e o botequineiro passou a negar-lhes o álcool. Para satisfazerem o vício, viram-se forçados a recorrer a pequenos furtos.
No entanto eu acreditava na possibilidade de reeducá-los e superar a descrença de todos quanto ao sucesso da minha missão. Valia-me da amizade com o delegado para retirá-los da cadeia, onde eram recolhidos por motivos sempre repetidos: roubo, embriaguez, desordem.
Como jamais tivesse ensinado dragões, consumia a maior parte do tempo indagando pelo passado deles, família e métodos pedagógicos seguidos em sua terra natal. Reduzido material colhi dos sucessivos interrogatórios a que os submetia. Por terem vindo jovens para a nossa cidade, lembravam-se confusamente de tudo, inclusive da morte da mãe, que caíra num precipício, logo após a escalada da primeira montanha. Para dificultar a minha tarefa, ajuntava-se à debilidade da memória dos meus pupilos o seu constante mau humor, proveniente das noites maldormidas e ressacas alcoólicas.

O exercício continuado do magistério e a ausência de filhos contribuíram para que eu lhes dispensasse uma assistência paternal. Do mesmo modo, certa candura que fluía dos seus olhos obrigava-me a relevar faltas que não perdoaria a outros discípulos.
Odorico, o mais velho dos dragões, trouxe-me as maiores contrariedades. Desastradamente simpático e malicioso, alvoroçava-se todo à presença de saias. Por causa delas, e principalmente por uma vagabundagem inata, fugia às aulas. As mulheres achavam-no engraçado e houve uma que, apaixonada, largou o esposo para viver com ele.
Tudo fiz para destruir a ligação e não logrei separá-los. Enfrentavam-me com uma resistência surda, impenetrável. As minhas palavras perdiam o sentido no caminho: Odorico sorria para Raquel e esta, tranquilizada, debruçava-se novamente sobre a roupa que lavava.
Pouco tempo depois, ela foi encontrada chorando perto do corpo do amante. Atribuíram sua morte a tiro fortuito, provavelmente de um caçador de má pontaria. O olhar do marido desmentia a versão.

Com o desaparecimento de Odorico, eu e minha mulher transferimos o nosso carinho para o último dos dragões. Empenhamo-nos na sua recuperação e conseguimos, com algum esforço, afastá-lo da bebida. Nenhum filho talvez compensasse tanto o que conseguimos com amorosa persistência. Ameno no trato, João aplicava-se aos estudos, ajudava Joana nos arranjos domésticos, transportava as compras feitas no mercado. Findo o jantar, ficávamos no alpendre a observar sua alegria, brincando com os meninos da vizinhança. Carregava-os nas costas, dava cambalhotas.
Regressando, uma noite, da reunião mensal com os pais dos alunos, encontrei minha mulher preocupada: João acabara de vomitar fogo. Também apreensivo, compreendi que ele atingira a maioridade.
O fato, longe de torná-lo temido, fez crescer a simpatia que gozava entre as moças e rapazes do lugar. Só que, agora, demorava-se pouco em casa. Vivia rodeado por grupos alegres, a reclamarem que lançasse fogo. A admiração de uns, os presentes e convites de outros, acendiam-lhe a vaidade. Nenhuma festa alcançava êxito sem a sua presença. Mesmo o padre não dispensava o seu comparecimento às barraquinhas do padroeiro da cidade.
Três meses antes das grandes enchentes que assolaram o município, um circo de cavalinhos movimentou o povoado, nos deslumbrou com audazes acrobatas, engraçadíssimos palhaços, leões amestrados e um homem que engolia brasas. Numa das derradeiras exibições do ilusionista, alguns jovens interromperam o espetáculo aos gritos e palmas ritmadas:
– Temos coisa melhor! Temos coisa melhor!
Julgando ser brincadeira dos moços, o anunciador aceitou o desafio:
– Que venha essa coisa melhor!
Sob o desapontamento do pessoal da companhia e os aplausos dos espectadores, João desceu ao picadeiro e realizou sua costumeira proeza de vomitar fogo.
Já no dia seguinte, recebia várias propostas para trabalhar no circo. Recusou-as, pois dificilmente algo substituiria o prestígio que desfrutava na localidade. Alimentava ainda a pretensão de se eleger prefeito municipal.
Isso não se deu. Alguns dias após a partida dos saltimbancos, verificou-se a fuga de João.
Várias e imaginosas versões deram ao seu desaparecimento. Contavam que ele se tomara de amores por uma das trapezistas, especialmente destacada para seduzi-lo; que se iniciara em jogos de cartas e retomara o vício da bebida.
Seja qual for a razão, depois disso muitos dragões têm passado pelas nossas estradas. E por mais que eu e meus alunos, postados na entrada da cidade, insistamos que permaneçam entre nós, nenhuma resposta recebemos. Formando longas filas, encaminham-se para outros lugares, indiferentes aos nossos apelos.

[Conto publicado na revista Magis Cultura Mineira . N.º 7 . Abril de 2012.]

domingo, 20 de novembro de 2016

As leis contra crimes sexuais no mundo

O Parlamento alemão deu aval a leis mais rígidas sobre abusos sexuais, baseadas no princípio "não significa não". Veja como é a legislação sobre o tema em outros países.
Protesto no Brasil após estupro coletivo
O Parlamento alemão aprovou nesta semana uma legislação mais rígida sobre crimes sexuais, baseada no princípio "não significa não": que classifica como estupro todo ato sexual que tenha ocorrido sem o consentimento da vítima, independentemente de ter havido ou não emprego de violência.
Como são punidos os crimes por abuso sexual nos diferentes países? Quem está em estágio mais avançado que a Alemanha neste aspecto? A DW mostra alguns exemplos.
Brasil
No Código Penal Brasileiro, desde 2009 o estupro é considerado crime hediondo, sendo caracterizado por "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso". A pena vai de 6 a 10 anos de prisão e de 8 a 12 anos, caso resulte em "lesão corporal de natureza grave" ou se a vítima for menor de 18 e maior de 14 anos. Se resultar em morte, pode levar a reclusão de 12 a 30 anos.
O crime pode ser praticado através de "violência real" ou "presumida" – quando é contra menores de 14 anos, deficientes mentais ou contra pessoas que não podem oferecer resistência ou expressar sua vontade, por estarem por efeito de drogas, por exemplo.
Protesto em Brasília após estupro coletivo
Protesto em Brasília após estupro coletivo: modificações tramitam no Congresso
Como reação ao estupro coletivo sofrido por uma adolescente em maio no Rio de Janeiro, tramita no Congresso um projeto de lei prevendo pena mais rigorosa para os crimes de estupro praticados por duas ou mais pessoas, tipificando o crime de estupro coletivo, que ainda não é previsto na legislação. O texto também prevê aumento de pena até o dobro, se houver gravação, em vídeo ou foto, em postagens ou reprodução, para fins de divulgação.
França
A vizinha da Alemanha já tem uma legislação para crimes de violência sexual semelhante à que acaba de ser aprovada no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão. Nela, o termo "estupro" tem uma caracterização ampla e também abrange atos sexuais forçados que são praticados mediante "ameaça" ou por um ato "surpreendente". A pena vai até 20 anos de prisão. O constrangimento sexual por meio de palavras, praticado repetidas vezes, é passível de punição por multa ou até dois anos de prisão.
Itália
Em 1996, a Itália aprovou uma legislação de crimes de violência sexual. Até então, agressão sexual no casamento, por exemplo, era prática tolerada. Há 20 anos, entretanto, os ataques podem ser punidos com até dez anos de prisão.
Suíça
No país, só a penetração vaginal é considerada, tecnicamente, estupro. Todos os outros atos sexuais realizados sem consentimento são classificados como coerção sexual. Entretanto, é delito passível da mesma pena máxima, de até dez anos de prisão. A vítima tem que ter resistido de forma explícita, e o autor tem que ter conscientemente superado essa resistência para que possa haver o crime, a qual inclui a pressão psicológica. Desde 2004, o estupro dentro do matrimônio também é crime.
Suécia
Segundo o código penal sueco, tirar a roupa de alguém é ato que pode estar sujeito a até dois anos de prisão. Explorar o "estado indefeso" de outra pessoa – seja dormindo ou sob efeito de drogas – conta como estupro. Em 2013, a lei foi novamente reformada. Desde então, um ato sexual também é considerado estupro quando a vítima não resistiu por medo, dando a impressão de que há concordância.
Na Arábia Saudita, vítima de estupro pode levar chicotadas
Na Arábia Saudita, vítima de estupro pode levar chicotadas
EUA
Não há um código único sobre crimes sexuais no país. Cada estado tem seu próprio. Na Califórnia, por exemplo, existe desde 2014 uma legislação sob o princípio "sim significa sim", que estipula que ambos os parceiros têm que concordar claramente com o ato, dizendo "sim" ou pelo menos acenando positivamente com a cabeça. No entanto, a regra não se aplica a todos, mas apenas a estudantes de universidades públicas, onde já houve uma onda de agressões sexuais nos EUA. Esse foi um problema que preocupou pessoalmente até o presidente Barack Obama. No fim de 2014, a Casa Branca fez um apelo para que ninguém ignore quando colegas universitários forem molestados. Já no estado de Oklahoma, por exemplo, até adultério é ainda passível de punição, independentemente de o ato sexual ter sido consentido ou não.
Arábia Saudita
O Estado, fortemente influenciado pela maioria muçulmana sunita, tem uma legislação penal de crimes sexuais extremamente dura. Estupro geralmente é crime punível com a pena de morte. A pena faz distinção, no entanto, se o criminoso era no momento do crime casado ou solteiro. Maridos têm condenação mais rigorosa. No entanto, a vítima também pode ser punida na Arábia Saudita, se for considerado que ela também foi responsável, de forma "ativa", por levar à situação em que o estupro ocorreu. Um exemplo é um encontro extraconjugal com outro homem. Se a mulher for vítima de estupro neste contexto, ela também pode ser punida com prisão ou chicotadas. Em outros países árabes, como os Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Líbano, o estuprador pode escapar da punição, caso se case com a vítima.
FONTE: DW BRASIL

Ministro da economia de Portugal busca parcerias na área de inovação



O ministro e o coordenador-geral
O ministro da economia de Portugal, Manuel Caldeira Cabral, esteve na Unicamp nesta quinta-feira (17) buscando colaborações nas áreas da inovação e da transferência de tecnologia. O ministro e sua comitiva foram recepcionados pelo coordenador-geral da Universidade, Alvaro Penteado Crósta. Também participaram do encontro na reitoria da Unicamp, a pró-reitora de Pesquisa, Gláucia Pastore; o diretor-executivo da Agência de Inovação da Unicamp, Milton Mori; e o cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lopes Lourenço. 
“Viemos para começar um trabalho de colaboração, em particular nas áreas de transferência de tecnologia e centros tecnológicos dos dois países. Consideramos que a Unicamp é uma referência de universidade no Brasil e também muito reconhecida nestas áreas específicas. Portanto, é uma oportunidade para aprendermos a fazer melhor em Portugal. Mas também queremos colaborar porque a transferência de tecnologia não tem que ser somente local se os mercados, hoje em dia, são globais”, disse o ministro português. 
Alvaro Crósta explicou que a Unicamp é pioneira e referência nacional na gestão das atividades de inovação, empreendedorismo e transferência de tecnologia de universidades para empresas e sociedade. Dados de 2015 da Agência de Inovação apontam que as empresas-filhas da Unicamp foram responsáveis por gerar 19,2 mil empregos e movimentar um faturamento anual da ordem de R$ 3 bilhões. 
Empresas-filhas são assim chamadas porque os sócios fundadores ou atuais mantêm ou mantiveram algum vínculo com a Universidade, seja na condição de aluno, professor e funcionário. Também são filhas da Unicamp as empresas que fazem ou fizeram parte do processo de incubação na Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp).
“É uma honra receber o ministro e sua delegação aqui. Tenho certeza que a escolha dessa visita se deve justamente ao conhecimento que ele tem sobre a nossa atuação em inovação e empreendedorismo, que remonta a década de 1970. Estamos muito gratos em poder compartilhar nossa experiência com Portugal”, afirmou o coordenador-geral. 
Após o encontro na reitoria, o ministro português seguiu para a Agência de Inovação Inova Unicamp. À tarde, Manuel Caldeira Cabral visitou o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Na última quarta-feira (16), o ministro firmou com a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) um memorando para fomentar o intercâmbio internacional entre empresas de base tecnológica (startups). O documento foi assinado na sede da Fiesp, em São Paulo, com a participação do ministro da Ciência e Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab.
FONTE: Site da Unicamp

sábado, 12 de novembro de 2016

São Luís - Maranhão - Brazil (imagens de nossa cidade)

A ilha de São Luís é a capital do estado do Maranhão, localizada no Nordeste do Brasil. É a única capital de um Estado no Brasil fundada pelos franceses em 1612. Apesar disso, a cidade também foi influenciada pelos holandeses e portugueses. Hoje a cidade tem cerca de um milhão de habitantes. Em 1997 seu centro histórico foi premiado com o Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

The island of São Luís is the capital from the state of Maranhão, localized in the northeast of Brazil. It is the only capital of a state in Brazil founded by the French, in 1612. Despite this, the city was also influenced by the Dutch and the Portuguese. Nowadays the city has about one million inhabitants. In 1997 its historic center was awarded World Heritage Site by UNESCO.

L'île de São Luís est la capitale de l'état de Maranhão, localisé dans le nord-est du Brésil. Il est la seule capitale d'un État au Brésil fondé par les Français, en 1612. Malgré cela, la ville a été également influencée par les Néerlandais et les Portugais. Aujourd'hui la ville compte environ un million d'habitants. En 1997, son centre historique a été classé au patrimoine mondial par l'UNESCO.

La isla de São Luís es la capital del estado de Maranhão, localizada en el noreste de Brasil. Es la única capital de un estado en Brasil fundada por los franceses, en 1612. A pesar de esto, la ciudad también fue influenciada por los holandeses y los portugueses. Hoy en día la ciudad tiene alrededor de un millón de habitantes. En 1997 su centro histórico fue galardonado con el Patrimonio de la Humanidad por la UNESCO.

L'isola di São Luís è la capitale dello Stato del Maranhão, localizzato nel nord-est del Brasile. E 'l'unica capitale di uno stato del Brasile, fondata dai francesi, nel 1612. Nonostante questo, la città è stata influenzata anche dalla olandese e il portoghese. Oggi la città conta circa un milione di abitanti. Nel 1997 il suo centro storico è stato assegnato Patrimonio dell'Umanità dall'UNESCO.



Resultado de imagem para igreja nossa senhora dos remedios sao luis
Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (construída em estilo gótico - 1719)


Resultado de imagem para são luis maranhão beira mar
Praça Gonçalves Dias

Resultado de imagem para são luis maranhão ponte do são francisco
Ponte do São Francisco (ligando a cidade velha e a cidade nova)


Resultado de imagem para são luis maranhão teatro arthur azevedo
Teatro Arthur Azevedo


Resultado de imagem para rua do sol sao luis
Teatro Arthur Azevedo

Resultado de imagem para igreja nossa senhora dos remedios sao luis
Jardim do Palácio dos Leões - Sede histórica do Governo do Estado


Resultado de imagem para palácio dos leões sao luis
Palácio dos Leões (Lions Palace)

Resultado de imagem para praça benedito leite sao luis
Praça Benedito Leite (Benedito Leite Square)

Resultado de imagem para praça joão lisboa sao luis
Praça João Lisboa (João Lisboa Square)
Resultado de imagem para praça deodoro sao luis
Museu Histórico e Artístico de São Luís (pátio interno)
Resultado de imagem para praça deodoro sao luis
Praça Maria Aragão (Maria Aragão Square)

Resultado de imagem para praça deodoro sao luis
Largo dos Amores

Resultado de imagem para igreja do carmo sao luis
Igreja do Carmo

Resultado de imagem para rua portugal sao luis
Rua Portugal (Portugal Street)
Resultado de imagem para rua portugal sao luis
Azulejos portugueses
Resultado de imagem para são luis do maranhão praias
Laguna da Jansen e Praia da Ponta D'Areia (vista aérea parcial)
Resultado de imagem para rua da estrela sao luis
Centro Histórico - Rua Portugal
Resultado de imagem para são luis do maranhão praias
Largo da Praça Dom Pedro II
Resultado de imagem para rua do sol sao luis
Rua da Estrela (Estrela Street)
Resultado de imagem para são luis do maranhão praia são marcos
Praia de São Marcos e Av. Litorânea (São Marcos Beach & Litorânea Avenue)

Resultado de imagem para são luis do maranhão praia são marcos
Força das ondas no calçadão da Praia da Ponta D'Areia

Resultado de imagem para são luis do maranhão praia são marcos
Praia de São Marcos (São Marcos beach)

Resultado de imagem para tribunal de justiça sao luis
Prédio do Tribunal de Justiça do Maranhão, situado na praça D. Pedro II


Resultado de imagem para são luis do maranhão praias
Praia do Calhau


Resultado de imagem para rua de nazaré sao luis
Rua de Nazaré (Nazaré Street)

Resultado de imagem para rua 28 de julho sao luis
Rua 28 de Julho (28 de Julho Street)

Resultado de imagem para zona do baixo meretrício sao luis
Rua da antiga Zona do Baixo Meretrício - Centro Histórico


Resultado de imagem para são luis do maranhão bairro do renascença ii
Bairro do Renascença (Renascença District)


Resultado de imagem para são luis do maranhão bairro do renascença ii
Avenida Colares Moreira (Colares Moreira Avenue)

Resultado de imagem para são luis do maranhão bairro do sao francisco
Ponte do São Francisco

Resultado de imagem para são luis do maranhão bairro do sao francisco
Avenida Marechal Castelo Branco, no bairro do São Francisco


Resultado de imagem para são luis do maranhão bairro cohama
Avenida Daniel de La Touche (bairro da Cohama)

Resultado de imagem para são luis do maranhão bar do leo
Bar do Leo (localizado dentro da Feira do Bairro do Vinhais)


Resultado de imagem para são luis do maranhão praça nauro machado
Praça Nauro Machado (Nauro Machado Square)


Resultado de imagem para são luis do maranhão rua grande
Rua Grande (Big Street)


Resultado de imagem para são luis do maranhão rua da paz
Prédio histórico na esquina da Rua do Passeio com a Rua da Paz


Resultado de imagem para são luis do maranhão igreja do carmo
Igreja do Carmo

Resultado de imagem para são luis rio bacanga
Rio Bacanga (Bacanga River)

Slash - Starlight (Acoustic) Guitar Center Sessions

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

União na distância (italianos construíram no Brasil a noção de italianidade)

Resultado de imagem para italianos imigrantes no brasil

No final do século XIX, a Sociedade Promotora da Imigração – criada por fazendeiros do interior paulista com a finalidade de fomentar a chegada de imigrantes para atuar no cultivo de café – e o governo de São Paulo fizeram acordos com o governo italiano para trazer pessoas que substituíssem a mão de obra escrava na cafeicultura. Havia interesse da Itália em aliviar as próprias pressões sociais por meio da emigração. Principalmente nas zonas rurais, o país enfrentava uma crise de desemprego por causa do processo de industrialização. Em 1886 a população de São Paulo, segundo dados compilados pelo Núcleo de Estudos da População da Universidade Estadual de Campinas (Nepo-Unicamp), era de 1,2 milhão. Os imigrantes representavam 4,74% desse total. A maioria era de italianos, com 13.490 (37%), espanhóis 9.853 (27%) e alemães 4.838 (13%). Dos 4,1 milhões de estrangeiros que entraram no Brasil entre 1886 e 1934, 56% se estabeleceram no estado de São Paulo, também com os italianos em maior número.Os italianos imigrados para o interior de São Paulo entre o final do século XIX e o começo do século XX não se reconheciam como pertencentes a uma pátria. Estavam mais identificados com as tradições e os dialetos de suas regiões de origem e vieram a construir sua “italianidade” no Brasil. O processo de descoberta da identidade italiana por imigrantes que atuaram nas zonas cafeeiras do estado foi estudado em quatro projetos de pesquisa e está descrito no livro Italianidade no interior paulista – Percursos e descaminhos de uma identidade étnica (1880-1950), de Oswaldo Truzzi, engenheiro com doutorado em ciências sociais na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor dos Programas de Pós-graduação em Sociologia e Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Em 1902, o governo da Itália cortou as subvenções das passagens aos imigrantes após concluir que as condições de trabalho nas fazendas de café brasileiras não eram boas. Mesmo assim, segundo o censo de 1920, havia 389 mil italianos no estado, dos quais 308 mil fora da capital. Os italianos representavam então 48% dos estrangeiros no estado, seguidos dos espanhóis (21%) e dos portugueses (20%). A população estadual era de 4.592.188, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do mesmo ano. Ainda segundo o IBGE, entre 1870 e 1920, os italianos corresponderam a 42% do total de imigrantes no país, totalizando 1,4 milhão de pessoas.


Os estudos de Truzzi são os primeiros a revelar um panorama de todo o interior paulista, que recebeu 70% dos imigrantes italianos para o Brasil”, afirma Angelo Trento, professor italiano aposentado de história da América Latina na Universidade Oriental de Nápoles, na Itália. Pesquisas anteriores sobre a imigração italiana já abordaram os grandes centros urbanos, as áreas rurais e cidades do interior. Truzzi consultou jornais, registros civis, câmaras municipais, acervos de associações comerciais e museus de imigrantes das cidades de São Carlos, Araraquara, Catanduva, Bauru, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Franca, além de ter recorrido a estudos realizados por outros pesquisadores sobre Jaú, Limeira, Jaboticabal, Rio Claro, Descalvado, Bebedouro e Pedrinhas.Nas fazendas, os italianos trabalhavam lado a lado com imigrantes de outros países – como Portugal e Espanha – e também com ex-escravos e seus descendentes que permaneceram nas áreas rurais após a libertação. Os imigrantes procuravam, logo de início, diferenciar-se da população de origem negra, identificada com o trabalho escravo. E o contato dos italianos com outras nacionalidades e etnias foi um dos impulsos para vir à tona uma identidade comum – uma italianidade –, já que no Brasil não eram identificados pelas suas origens regionais. Em vez de calabreses, romanos, napolitanos ou vênetos, eram chamados de italianos.
Truzzi propõe que esses imigrantes construíram o sentimento de pertencimento a uma nação de origem antes mesmo do que seus conterrâneos na Itália. A unificação italiana ocorreu pouco antes da grande imigração para o Brasil. Até então a Itália era composta por vários reinos, com sistemas monetários e políticos próprios. O reino do Piemonte-Sardenha, mais rico e industrializado e com interesse em ampliar mercado e influência, liderou a guerra pela unificação italiana. Apesar de o reino da Itália ter nascido em 1861, o processo só se concluiu após os conflitos que resultaram na anexação de Veneza (1866), Roma (1870) e, bem depois, Trento e Trieste (1918). Truzzi defende que a resistência de certas partes do território da península em tomar parte do projeto de nação teria postergado a construção do sentimento de italianidade na Itália, enquanto no Brasil esse processo teria se iniciado logo nos primeiros anos do século XX.


Após o contato com populações de diferentes nacionalidades nas plantações de café, Truzzi explica que parte dos italianos migrou para as cidades após a crise agrária de 1930 – quando o aumento da produção de café coincidiu com uma redução das exportações – e a proximidade física estimulou a união entre os imigrantes, colaborando com o processo de construção do sentimento de italianidade. Nas cidades, os italianos já atuavam em ofícios como os de ferreiro, mecânico, maquinista, carpinteiro, serralheiro, pedreiro, latoeiro e funileiro. Imigrantes de várias origens praticamente monopolizaram tais funções, favorecidos pela fidelidade da clientela conterrânea e pelo preconceito em relação à população brasileira de baixa renda, formada por antigos escravos e moradores da área rural, que eram vistos como despreparados. Truzzi afirma que os estrangeiros e seus descendentes ocuparam o vazio decorrente de uma estrutura social anterior polarizada entre senhores e escravos. “Como a economia estava em crescimento, havia oportunidades para os imigrantes se inserirem sem ter de disputar espaço”, conta o pesquisador.A diversidade cultural italiana se refletiu no Brasil. Segundo a historiadora Rosane Siqueira Teixeira, pós-doutora em ciências sociais pela Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, nas primeiras décadas da imigração somente uma minoria letrada falava a língua vernácula, idioma nativo de um país. Independentemente disso, o sentimento de pertencer a uma origem comum foi mais forte. “Estar em um lugar cheio de ‘outros’ propicia a construção de um ‘nós’”, afirma o historiador João Fábio Bertonha, professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (PR), que concorda com o argumento de que o sentimento de pertencer a uma nação italiana nasceu no Brasil, com a ressalva de que havia também um sentimento nacional em plena construção na própria Itália. Ele considera que já havia uma identidade protonacional entre esses imigrantes, estimulada pelo processo de unificação.
A afirmação como grupo se manifestou com a criação de associações, fossem as mutualistas, que ofereciam serviços de atendimento à saúde, ou as esportivas e culturais. Paralelamente, surgiu uma imprensa étnica, que publicou periódicos em italiano a partir da década de 1880. Esses jornais veiculavam notícias da Itália e assuntos de interesse dos imigrantes no Brasil, atuando como porta-vozes dos anseios da comunidade, entre eles melhores condições de trabalho nas fazendas. Outro fator citado por Truzzi foi a rede de representantes consulares que, por iniciativa do governo italiano, foi instalada em cidades médias do interior paulista a partir dos primeiros anos do século XX. Tais representantes formavam um elo com o vice-consulado de Campinas, que por sua vez se dirigia ao consulado na capital e tal rede foi criada porque mais de 3/4 dos italianos residiam em áreas do interior. “Os periódicos em italiano e as escolas fundadas no Brasil a partir das primeiras décadas do século XX, que adotavam o italiano vernáculo, tiveram papel fundamental para enfraquecer os vínculos regionalistas e unificar a língua italiana. Quando Benito Mussolini assumiu o poder, em 1922, despendeu um enorme esforço para efetivar a língua italiana dentro e fora da Itália”, diz Rosana.
Getúlio Vargas quis incentivar o nacionalismo brasileiro, inibindo a existência de associações de caráter étnico. Vargas estimulou a criação de sindicatos e associações de classe, que promoviam a convivência entre trabalhadores, independentemente de sua procedência. Por constatarem que a exaltação da identidade italiana não caberia no novo contexto político-econômico brasileiro, os imigrantes e descendentes teriam deixado de enfatizar os laços com a antiga pátria. Por meio de pesquisas nas câmaras municipais das cidades estudadas, Truzzi observou a presença, a partir de 1948, de italianos e descendentes no cargo de vereador, o que sugere um processo de ascensão social e integração à sociedade brasileira.
Segundo Angelo Trento, pesquisas recentes indicam que a descoberta da italianidade no estrangeiro se deu de forma diferente em outros países da América. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo se esforçava para americanizar os imigrantes. Por conta disso, a italianidade foi construída como forma de defesa, e os italianos permaneceram mais tempo fechados em suas comunidades.Com alguns grupos de imigrantes, como os japoneses, ocorreu o contrário dos italianos. Em relação ao sentimento de pertencimento à nação, o governo japonês cultivou a identidade nacional entre os cidadãos desde o século XVII, afirma Shozo Motoyama, docente no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). O nacionalismo foi revigorado com o advento do período Meiji em 1868, quando os governantes forjaram o mito da origem divina do monarca. Com a vitória nipônica na Guerra Sino-japonesa (1894-1895) e na Guerra Russo-japonesa (1904-1905), essas convicções foram reforçadas, e com isso os imigrantes vindos para o Brasil desde os primeiros anos do século XX tinham forte identificação nacional. No entanto, a distância e a dificuldade de comunicação com o país de origem motivaram uma abertura à cultura local, permitindo a formação de uma cultura japonesa mais flexível e híbrida no Brasil.

Livro

TRUZZI, O. Italianidade no interior paulista – Percursos e descaminhos de uma identidade étnica (1880-1950). São Paulo: Unesp, 2016, 138 p.


Fonte: artigo publicado na Revista Pesquisa Fapesp online

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A Irmandade pré-rafaelita: a arte pela arte

Na Inglaterra de 1848, um grupo de jovens artistas forma uma irmandade chamada “Os Pré-Rafaelitas”. Um importante movimento artístico que mudou os rumos da estética da arte, em uma época que os artistas tinham voz, coragem e, sobretudo, ideal. Estes artistas eram jovens destemidos que lutaram pelo que acreditavam ser a forma ideal de se fazer arte. A deles.

Irmandade Pre-Rafaelita Ophelia
Na Inglaterra de 1848, um grupo de jovens artistas forma uma irmandade chamada “Os Pré-Rafaelitas”. Esses jovens são Dante Gabriel Rossetti, William Holman Hunt e John Everett Millais. Uma irmandade considerada irreverente, transgressora, pois rompe com os princípios estéticos da pintura aprendida nas Academias de Arte. Pregam a “a arte pela arte” - uma arte sem interferência acadêmica, uma arte em seu estado bruto.
Considerado uma espécie de reforma artística, o movimento pré-rafaelita intenciona romper com a rigidez das técnicas acadêmicas e mecânicas, a fim de libertar o artista para produzir de maneira mais autêntica. A irmandade é uma reação e uma provocação contra a arte padrão do academicismo na Inglaterra.
Acabam por tornar-se um grupo que partilha características, obviamente. Mesmo rompendo com o academicismo, encontram uma identidade que vai além de cada um deles. Essa identidade é facilmente reconhecida - por exemplo, nas cores esmaltadas e luminosas usadas em seus quadros, um claro rompimento da convenção dos tons suaves que eram praticados até então. Não utilizavam as técnicas de sombreamento e profundidade, também - como faziam os clássicos - pois achavam que isso relegava os elementos periféricos da pintura para segundo plano. Também ignoravam as leis da perspectiva - tudo princípios consagrados e inquestionáveis para as escolas acadêmicas.
Os pré-rafaelitas não acreditavam na eficácia da técnica, mas sim na sensibilidade imprescindível para produzir suas obras. Pregam uma estética mais pura, pois não sofre interferência destes filtros pré-estabelecidos da Academia. Queriam resgatar a pureza e a honestidade que consideravam existir na arte anterior a Rafael (1483-1520) – um artista que muito influenciou a Academia Inglesa e, por isso, muito criticado pelos pré-rafaelitas. Acreditavam que o excesso de rigor das técnicas ensinadas na Academia conduzia os pintores para uma artificialidade ao retratar a natureza e a “obra de Deus”.
Irmandade Pre-Rafaelita Die Geliebte
A irmandade abrigava todos os artistas que de alguma forma partilhavam este ideal de romper com o academicismo imperativo. Acreditavam, principalmente, na liberdade de expressão artística – o que achavam não ser possível dentro das Academias. Pregavam um diálogo entre vertentes artísticas como a literatura e a pintura, por exemplo. Um dos mais talentosos pré-rafaelitas, Dante Gabriel Rossetti, também era poeta e divulgava em alguns periódicos da época as teorias do grupo. A irmandade então começou a dedicar seus trabalhos a retratar personagens da literatura, poesia e mitologia, como verificamos nos belíssimos quadros “Proserpine” (1874), de Dante Gabriel Rossetti, e “Ophelia” (1852), de Everett Millais, baseado na heroína da famosa obra de Shakespeare, Hamlet.
Suas mais famosas obras são de personagens da literatura e da mitologia. Ao contrário da pintura de gênero, como os interiores e paisagens, à qual os pré-rafaelitas tinham aversão, eles propunham uma arte que consideravam ser mais sensível: era idealizada pelo artista, e não simplesmente um retrato de algo exterior.
Eles foram severamente criticados por pessoas influentes, como o novelista Charles Dickens, que descreveu com desdém a forma como lamentavelmente romperam com as regras do academicismo. Certamente, a crítica e o público os receberam como anarquistas e indisciplinados. No entanto, a irmandade também conseguiu fortes patronos como o crítico John Ruskin - que defendia outros artistas que romperam com as regras acadêmicas, como é o caso do famoso pintor inglês William Turner.
Irmandade Pre-Rafaelita The Lady of Shallot
Os pré-rafaelitas, com sua filosofia, abalaram o cenário artístico de Londres. Mas a Irmandade rompeu-se no fim de 1854. A esta época todos os membros já desenvolviam uma obra individual, mas jamais deixaram de aplicar as características pré-rafaelitas em seus quadros. A famosa irmandade deixou seu legado para uma nova geração de pintores como John William Waterhouse que, com uma de suas mais famosas pinturas – “The Lady of Shallot” (1888), retirada de um poema de Lord Alfred Tennyson – homenageia a estética pré-rafaelita com grande maestria. Irmandade Pre-Rafaelita Ophelia
Por Rejane Borges
Fonte das imagens: Wikipedia & another site
Obs.: Matéria originalmente publicada no site da revista Obvious online.

© obvious: http://obviousmag.org/archives/2010/09/a_irmandade_pre-rafaelita_-_a_arte_pela_arte.html#ixzz4OrpaxhlH 
Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook

Os 70 anos de Belchior

      Por Paulo Cavalcanti

    Resultado de imagem para belchior
Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu no dia 26 de outubro de 1946, em Sobral, Ceará. Na década de 1970, houve a chamada “invasão nordestina”, com diversos artistas daquela região do país buscando um lugar ao sol no mercado nacional. O ex-estudante de medicina Belchior fez parte da "invasão cearense", ao lado de contemporâneos como Raimundo Fagner, Ednardo, Amelinha e outros. Mas para se tornarem conhecidos, precisaram de uma pequena ajuda. Em 1972, Elis Regina gravou “Mucuripi”, de Fagner e Belchior. A exposição beneficiou primeiro o parceiro dele na canção. Belchior ainda levaria um tempo para se destacar.
E foi também através de Elis que Belchior se tornou conhecido. Em 1975, a cantora interpretou “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida”, duas criações de Belchior, no espetáculo divisor de águas Falso Brilhante. Ela gravou as faixas em estúdio no álbum resultante do show, que saiu no ano seguinte. Com isto, Belchior se tornou um nome comentado no meio artístico. Assim ele foi convidado a gravar o segundo LP – ele tinha lançado em 1974 um álbum chamado apenas Belchior pela Continental. Hoje, o raríssimo álbum é conhecido como Mote e Glosa por causa da faixa que abre o trabalho; ele também contém pré-versões de "Palo Seco" e "Todo Sujo de Batom". Mas o disco foi do nada ao lugar nenhum.
Só que em 1976, com Alucinação, Belchior estava no mapa. O álbum totalmente autoral lançado em março daquele ano pela Polygram foi um marco difícil de ser superado até mesmo por ele. Além de “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida”, ele também tinha “Apenas um Rapaz Latino-Americano”, “À Palo Seco” e “Fotografia 3x4”. Produzido por Marcos Mazzola, o trabalho foi gravado ao lado de músicos de rock, mas o espectro era o de MPB, ou melhor, era uma música brasileira folk como nunca tinha sido ouvida antes. Tinha influência de música nordestina e um ou outro toque regional, mas o som era urbano, e urgente. As interpretações dele para as canções que haviam sido cantadas antes por Elis eram bem diferentes, tinham um toque próprio.
Belchior também era um astro pouco convencional: muito magro, com uma linguagem de corpo inquieta, cabelos esvoaçantes e um bigode que se tornou marca registrada. A voz dele também era difícil de ser classificada: anasalada, aparentemente anticomercial, mas bastante expressiva. Por causa do “canto-falado”, as comparações com Bob Dylan eram evidentes. Belchior não negava ou contestava isso.
O cantor tinha idade para ser considerado uma espécie de “irmão mais jovem" da geração de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros ícones. Mas a rigor, Belchior não tinha muito a ver esteticamente com aquele pessoal que veio antes. Ele não havia sido tropicalista, sambista ou seguidor da bossa nova. Ele até assimilava um pouco disso tudo, mas o samba canção (do qual a heroína dele, Elis Regina, também era discípula) era bem forte. Belchior também gostava dos Beatles e, obviamente, de música folk, o que deu lastro melódico a ele. Mas foi principalmente a mensagem temática e o conteúdo das letras que distanciaram Belchior do resto dos nomes já consagrados da MPB.
Na metade dos anos 1970, havia uma palavra que hoje está praticamente fora de moda. Era “desbunde”. Por causa do governo militar, o pais se encontrava politicamente e socialmente engessado. Já que não dava para fazer muita coisa, o jeito era se alienar, ou ir morar fora do pais, ou seja "desbundar". Todo mundo já estava acostumado com a censura e achava que lutar era inútil. A contracultura, que chegou tarde por aqui, se resumia a um bando de moleques fumando maconha escondido em alguma cachoeira no sertão. Havia um impasse ou desinteresse geral em meio à juventude.
Quando Elis e seus colaboradores montaram Falso Brilhante, tinham intenção a de radiografar a situação do Brasil. Mas precisava ser feito com certa sutileza, sem comentários políticos explícitos. As canções de Belchior se encaixavam com perfeição no arco dramático da peça/show. Outro conceito muito difundido na época era o “choque de gerações”. Nos Estados Unidos, ele versava sobre uma geração que havia crescido com o rock nos anos 1960 e não se entendia com os mais velhos. Já estes não entendiam o que havia acontecido e tinham saudades dos tempos menos complexos. Belchior foi o arauto brasileiro do choque de gerações. Ele o fazia com aprofundamento, inteligência e um verniz literato. Como cronista de comportamento, colocava um quê de análise psicológica nas letras que elaborava.
A letra de “Como Nossos Pais” já dizia tudo. Os erros das gerações anteriores seriam repetidos pelos filhos. E isso seria uma condição eterna. A falta de perspectiva de viver em um Brasil que não crescia economicamente era refletido em “Apenas um Rapaz Latino-Americano”. Já “Velha Roupa Colorida” citava os Beatles e os Rolling Stones para sentenciar que a euforia dos anos 1960 tinha ficado irremediavelmente para trás e era hora de mudar. Ele afirmava que “o que era novo, jovem, hoje é antigo” e falava “precisamos todos rejuvenescer”, mas não apontava como e quando isto seria feito.
O incrível é que o desencanto de Belchior se tornou algo comercialmente viável. Alucinação vendeu mais de 500 mil cópias e ele virou um ídolo de massa, cumprindo todo o ritual de aparecer com frequência na televisão, excursionar exaustivamente por todo o Brasil, etc. Mas depois de Alucinação, Belchior saiu da Polygram e assinou com a Warner. Lá, gravou outros grandes álbuns como Coração Selvagem (1977), Todos os Sentidos (1978) e Era uma Vez um Homem e Seu Tempo(1979). Teve outros hits como “Medo de Avião”, “Comentário A Respeito De John”, "Todo Sujo de Batom", “Paralelas” e “Galos, Noites e Quintais”.
Mas conforme a década de 1980 foi avançando, ele foi perdendo espaço. A obra ficou menos densa e menos tópica. O som se tornou pausterizado, uma praga que atingiu naquela época quase todos os ícones da música brasileira. Ele também já estava cansado de "problematizar". Como ele mesmo havia previsto, uma nova geração surgia e ele, Belchior, era quem agora ficava para trás. Ele ainda tinha um público fiel, mas os dias de grandeza artística e comercial haviam ficado para trás.
Ao completar sete décadas de vida, Belchior segue como um enigma. Antes de sumir, apesar de sempre agir como um cavalheiro, ele se mostrava um tanto arredio e desconfortável com a fama. Ele também nunca foi afeito a panelinhas. Em 2014, ganhou um disco tributo chamado Ainda Somos os Mesmos, com artistas independentes interpretando as músicas dele. Mas nem isso garantiu que ele fosse devidamente "redescoberto". Tirando as gravações feitas por Elis nos anos 1970, Belchior ainda é o melhor intérprete dele mesmo. Talvez porque a obra dele seja muito pessoal e singular. Os mais jovens no geral não conhecem quase nada de Belchior – talvez “À Palo Seco”, isso porque foi regravada pelos Los Hermanos.
Neste momento, a Universal lança a caixa Três Tons de Belchior, contendo reedições em CD de três álbuns do cantor. Um deles é o lendário Alucinação, que estava fora de catálogo em CD há um bom tempo. A nova edição reproduz, no tamanho reduzido do CD, o encarte do LP original de 1976. O som foi remasterizado. A caixa é completada por Melodrama (1987) e Elogio da Loucura (1988), ambos até então inéditos no formato digital.
O fato é que hoje a profecia se cumpriu. No momento, Belchior não é nada além de um rapaz (bem, nem tão rapaz) latino-americano. E a julgar pelos fatos recentes, sem nenhum dinheiro no banco.
Fonte: site da revista Rolling Stone

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas