quarta-feira, 25 de abril de 2012

Com 18%, partido xenófobo quer ser a direita "normal" da França


Paris - Ela não passou para o segundo turno das eleições presidenciais francesas, como desejava. Ainda assim, Marine Le Pen, a candidata do partido de extrema direita Frente Nacional (FN), não tirou mais o sorriso do rosto desde domingo, quando registrou uma votação histórica para a sigla: 6,4 milhões de pessoas, ou 17,9% do eleitorado, escolheram a extrema direita para governar a França nos próximos cinco anos. O resultado consolida os planos dos "frentistas" de substituir a direita tradicional francesa por uma direita dita "nacionalista", contrária não somente à imigração como à globalização econômica e cultural.
A direita tradicional francesa responde pelo nome de UMP, o partido do presidente Nicolas Sarkozy, e defende o livre mercado e a consolidação europeia, mas um maior controle das fronteiras do continente. As propostas permanecem distantes dos anseios da Frente Nacional, que ao longo do mandato de Sarkozy se queixou sem trégua da "imigração descontrolada" e da "islamização da França", além da "ditadura de Bruxelas", onde são tomadas as principais decisões da União Europeia.
Com o altíssimo escore registrado no primeiro turno, Marine Le Pen e sua turma entenderam que podem ter força o suficiente para ter mais peso na política francesa - os frentistas estão certos de que a extrema direita ocupa, cada vez mais, o lugar da direita tradicional, à exemplo do que aconteceu em outros países europeus, como a Áustria e a Hungria, onde a "direita nacionalista" se inseriu para ficar.
"Marine Le Pen deseja ver a derrota de Sarkozy para poder se apresentar como a oponente número 1 dos socialistas, ao mesmo tempo em que cria discórdias nos corredores da UMP, embora ela saiba que este continua sendo um partido difícil de desestabilizar", analisa o especialista em extrema direita Sylvain Crépon, da Universidade de Nanterre.
FN quer implodir a atual direita
O próximo passo nessa estratégia vai ser investir todas as fichas nas eleições legislativas, em junho, quando o partido espera eleger cinco ou seis deputados para retornar à Assembleia Nacional. "O seu objetivo é de provocar a implosão da direita francesa atual para fazê-la se recompor em torno dela e das ideias da Frente Nacional."
Por essa razão, Le Pen não deve apoiar a candidatura de Sarkozy contra o rival socialista François Hollande no segundo turno, em 6 de maio: ela deve incentivar os frentistas à se abster da votação. Mais do que nunca, o atual presidente se vê obrigado a cortejar ainda mais o eleitorado extremista, depois de já ter começado a sedução dos ultranacionalistas desde os primeiros movimentos da campanha.
Ainda assim, estima-se que cerca de 50% dos eleitores que votaram por Le Pen no último domingo migrarão para Sarkozy no segundo turno, enquanto em torno de 25% se inclina, paradoxalmente, a escolher Hollande. O restante não deve retornar à urnas.
Essa divisão acontece porque o eleitor da Frente Nacional, na realidade, não tem clareza sobre os significados do espectro político: são agricultores, operários e desempregados. Apenas 15% concluiu o segundo grau e menos ainda, 7%, frequentou bancos universitários. São, portanto, cidadãos suscetíveis a discursos populistas, sobretudo em momentos de crise como o atual.
"O voto Frente Nacional é cada vez menos um voto de protesto, como era há 20 anos. Percebemos uma verdadeira adesão ao discurso frentista, que foca na imigração como a principal razão para explicar os problemas econômicas da França", explica Jean-Yves Camus, um dos maiores especialistas no assunto do país. O pesquisador do Instituto Relações Internacionais e Estratégicas lembra que, a partir de 1988, as votações obtidas pelo partido extremista vêm aumentando a cada eleição, culminando com a ascensão ao segundo turno nas eleições presidenciais de 2002.
Discurso moderado
Desde que Marine Le Pen substituiu o pai, Jean-Marie Le Pen, no comando da sigla e adotou um discurso menos radical, assumir a adesão à Frente Nacional está deixando de ser um tabu. "Este é o maior perigo, principalmente porque cerca de 50% dos militantes da UMP são abertos a ouvir o discurso da Frente Nacional. São pessoas de direita que no fundo concordam com os argumentos da extrema direita, mas não com a forma como eles eram expostos na época de Jean-Marie Le Pen", observa. O pai de Marine era conhecido pelos discursos e piadas racistas, pelos quais responde na Justiça francesa até hoje, embora tenha se aposentado da política.
Apesar da "normalização" da retórica, os resultados da FN causaram indignação na França: desde o anúncio das porcentagens de cada candidato, a imprensa e o eleitores, nas ruas e redes sociais, tentam compreender quem é e onde está essa França xenófoba.
Os resultados definitivos mostram que as maiores votações aconteceram nas regiões da Alsace, na fronteira com a Alemanha, e de Alpes-Maritimes, onde há uma forte presença de imigrantes estrangeiros e estatísticas elevadas de violência urbana. Porém os especialistas garantem que os quase 18% de votos de Le Pen não são uma surpresa: além da adesão crescente ao programa do partido, a alta rejeição ao atual presidente levou milhares de franceses a quererem punir Sarkozy nas urnas. São estes mesmos eleitores que agora o governante tem a obrigação de conquistar, se não quiser ser o primeiro presidente em 30 anos a não conseguir se reeleger no país.
Fonte: Jornal do Brasil

Plataforma de livros digitais Kobo chega no Brasil em 2012


Uma nova plataforma planeja entrar no mercado de livros eletrônicos no Brasil, e o nome dela é Kobo. O anúncio foi feito nesta terça-feira (24), em São Paulo, durante uma feira realizada pelo grupo que controla a empresa. A Kobo oferecerá ainda esse ano não só sua loja de livros digitais, como também seu leitor digital, que leva o mesmo nome.
O leitor de e-books da Kobo ainda não tem preço oficial anunciado no Brasil, mas ele deve chegar junto com a plataforma no final do terceiro trimestre.
E-Readers da Kobo (Foto: Divulgação)E-Readers da Kobo (Foto: Divulgação)
Mesmo com a grande quantidade de plataformas de livros digitais no Brasil, nenhuma delas conseguiu uma grande base de usuários. Empresas como a pioneira Gato Sabido, a Livraria Cultura e Livraria Saraiva já oferecem suas próprias soluções, mas por algum motivo elas não se tornaram muito conhecidas.
Segundo Todd Humphrey, o vice-presidente de desenvolvimento de negócios, a loja da Kobovai oferecer livros gratuitos e pagos, mas todos em um formato aberto. Isso garantirá que os livros não tenham DRM: poderão ser lidos não só em seus aparelhos, como também em outras plataformas com suporte ao formato, como o Kindle, da Amazon, e o iBooks, da Apple.
As editoras, tanto no Brasil quanto lá fora, resistem bastante a esse formato de livro justamente por não ter uma proteção contra a distribuição livre dos arquivos. Por isso será interessante ver como a Kobo pretende fechar parcerias com as editoras brasileiras, e quais serão os preços médios de cada livro.
O preço, no final das contas, é um dos fatores que mais entravou a chegada de plataformas de livro digital no Brasil. Afinal, ninguém quer pagar o mesmo valor de um livro de capa dura em algo de bits e bytes.
Via Gizmodo.
Fonte: Techtudo

Atualização inclui Flamengo, Vasco e outros 18 no 'PES 2012'


Atualização vai incluir times da Libertadores deste ano. Foto: Divulgação
Atualização vai incluir times da Libertadores deste ano
Foto: Divulgação
PES 2012 vai receber uma atualização com os times e bola da Libertadores de 2012 nesta sexta-feira (27). Com a DLC, Flamengo e Vasco, que não estavam na versão atual do game por não terem ido ao campeonato sul-americano de 2011, entram para o portfólio de selecionáveis.
Boca Juniors, Lanús, Arsenal de Sarandí, The Strongest, Real Potosí, Universidad de Chile, Atlético Nacional, Junior Barranquilla, El Nacional, Olimpia, Nacional, Juan Aurich, Sport Huancayo, Defensor Sporting, Zamora, Guadalajara, Cruz Azul e Tigres UANL serão os outros times que vão entrar na atualização.
A Konami ainda prometeu incluir algumas alterações de jogabilidade no pacote.
Fonte: games.terra.com.br

Novos documentos comprovam que Havelange e Teixeira receberam suborno na Fifa

  • Ana Carolina Fernandes/ Folhapress
    Ricardo Teixeira e João Havelange em evento no Rio de Janeiro (01/02/2005)
    Ricardo Teixeira e João Havelange em evento no Rio de Janeiro (01/02/2005)
Agora está confirmado: Ricardo Teixeira usou a empresa Sanud junto com João Havelange para receber comissões em nome da Fifa e não repassou os valores aos cofres da entidade. Os valores finais ainda não foram fechados pela Justiça da Suíça, mas os subornos podem ter passado de US$ 40 milhões, entre 1978 e 2000. O escândalo está sendo investigado pelo Parlamento Europeu, que divulgou um relatório parcial esta semana.

NÚMEROS DO ESCÂNDALO

  • 1974-1998

    Duração do mandato de Havelange como presidente da Fifa
  • 1994-2012

    Período no qual Teixeira foi membro do comitê executivo da Fifa
  • US$ 40 milhões

    Valor do suborno recebido pelos dois dirigentes entre 1978 e 2000
  • 1982-2001

    Anos de fundação e falência da empresa de marketing esportivo ISL
  • 2001

    Ano no qual foi realizada a CPI do Futebol, que investigou Teixeira
    Parte dessas comissões milionárias foram recebidas pelos brasileiros entre 1989 e 1998, ano em que Havelange se afastou da presidência da Federação, depois de cumprir mandatos seguidos desde 1974.
    Além da Sanud, empresa investigada na CPI do Futebol em 2001 (e que tem o irmão de Teixeira, Guilherme, como procurador, no Brasil) os dois brasileiros usaram também o fundo  Renford Investiments, e a empresa Garantie JH para coletar propinas na venda de direitos de transmissão dos jogos das Copas do Mundo, “para um país da América do Sul”.
    As informações foram amplamente investigadas pelo promotor suíço Thomas Hildebrand que abriu ação criminal contra os dois brasileiros, mantendo seus nomes  sob sigilo judicial.
    Mas alguns documentos exclusivos obtidos porUOL Esporte,  no ano passado, permitem cruzar as datas dos depósitos efetuados em várias contas de empresas de fachada, usadas no maior escândalo de corrupção esportiva, que chega a 122,6 milhões de francos suíços ou cerca de US$ 160 milhões no total.
    Parte desse dinheiro (mais de US$ 40 milhões) ficou nas contas dos dois brasileiros que estavam por trás de um grupo de empresas listadas pela promotoria suíça.
    Mesmo mantendo o sigilo judicial imposto ao processo criminal que ainda tramita na Suíça, o promotor Hildbrand deu detalhes sobre as operações das duas pessoas denunciadas no recebimento de propina. Essas pessoas foram codificadas pelas letras H (Teixeira) e E (Havelange).

    ADVOGADOS NÃO LOCALIZADOS

    A reportagem do UOL Esporte tentou localizar os advogados de Ricardo Teixeira e Guilherme Teixeira, mas não obteve o sucesso no contato com os defensores da dupla.
    Na Suíça, corrupção privada só é enquadrada em crime quando envolve suborno em contratos comerciais. “Por isso as pessoas H e E foram incriminadas”, explicou o promotor usando as duas letras para proteger a identidade dos brasileiros.
    Segundo Hildbrand, “os dois, E e H, tinham participação financeira na companhia G (Sanud). Detalhes das operações individuais podem ser conhecidos no quadro abaixo”.
    Por esse quadro divulgado pelo Comitê Europeu de Cultura, Ciência, Educação e Mídia, que também investiga o maior escândalo do futebol mundial, 32 depósitos foram feitos entre 10 de agosto de 1992 até 4 de maio de 2000, na conta da Sanud (empresa G).
    O Parlamento Europeu divulgou nesta semana parte do conteúdo do processo que investiga o escândalo. Para preservar o sigilo judicial, o promotor apenas listou os depósitos feitos e a Comissão Europeia excluiu os nomes das empresas denunciadas.

    Apesar da coincidência das letras JH, até o relatório divulgado pelo Parlamento Europeu não se poderia afirmar que a Garantie era operada por João Havelange. A confirmação foi possível porque dados sigilosos do processo obtidos pelo UOL Esportetrazem a lista dos depósitos associada aos nomes das empresas beneficiárias. O roteiro de datas e valores divulgados pelos comissários europeus foi decisivo para o cruzamento dos nomes das empresas.Porém, cruzando as informações divulgadas esta semana pelo Parlamento Europeu com um dossiê de lista de empresas beneficiadas a que o UOL Esporte teve acesso, ano passado, foi possível checar cada depósito realizado com os nomes das empresas beneficiadas: A Sanud  e a Garantie JH receberam entre 1992 e 1997, 22 repasses financeiros, totalizando US$ 10 milhões. A Garantie JH recebeu em um único depósito de 3 de março de 1997,  US$ 1 milhão. Os outros dez repasses foram feitos para a conta da Renford Investiments Ltd.

    A dinheirama manipulada pela Fifa passava antes pelos cofres da International Sports Leisure (ISL), empresa de marketing esportivo montada por Havelange em associação com Adidas e a japonesa Dentsu, nos anos 80. A ISL tinha 50% de capital japonês e acabou quebrando em 2001.
    A falência da ISL chamou a atenção do Ministério Público e uma investigação criminal foi aberta na Suíça para apurar os motivos da falta de caixa. Um dos executivos da empresa, Jean Marie Weber, abriu o jogo e contou como o esquema funcionava.
    Há ainda outro detalhe importante revelado pelo promotor Hildbrand e que ajudou a confirmar os nomes dos brasileiros: “alguns depósitos foram feitos em contas dos filhos do suspeito H (Teixeira) e um dos contratos assinados pela Fifa leva a assinatura do suspeito E, em 97 e 98”.
    Está claro também de onde os dois recebiam comissão pela venda exclusiva dos direitos de transmissão do jogos: “O pagamento foi feito pela ISL e uma de suas subsidiárias a ISMM Investiments, que recontratava empresas para vender direitos de televisão e rádio a um país da América do Sul”. Os dois únicos interessados em direitos de televisão na América do Sul e que eram oficiais da Fifa, e que operavam a Sanud e a Garantie JH, são Ricardo Teixeira e João Havelange.
    “Os pagamentos foram feitos direta ou indiretamente aos dois (H e E); ambos eram executivos da Fifa e um deles ainda é”, revelou o promotor aos parlamentares europeus em depoimento dado em  março de 2012.
    Fonte: Copadomundo.uol.com.br

    segunda-feira, 23 de abril de 2012

    EUA vão punir quem usar tecnologia para abusos, diz jornal


    WASHINGTON, 23 Abr (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai baixar nesta segunda-feira uma portaria permitindo a imposição de sanções a cidadãos estrangeiros que usem novas tecnologias, como o monitoramento de celulares e internet, para promover violações de direitos humanos, disse o jornal The Washington Post.
    Segundo o jornal, uma fonte de alto escalão afirmou que a portaria tem como alvo empresas e pessoas que ajudam o Irã e a Síria, mas que futuras normas poderão ampliar a lista.
    Segundo o jornal, a ordem observa que, embora as mídias sociais e celulares tenham ajudado ativistas pró-democracia a se organizarem no Oriente Médio, esses meios também permitiram que serviços de segurança de nações autocráticas, como Síria e Irã, realizassem a vigilância de dissidentes e bloqueassem o acesso à internet.
    O Post disse que a medida será anunciada por Obama em um discurso no Museu Memorial do Holocausto, em Washington. O jornal acrescentou que o presidente informará ter pedido que a Estimativa Nacional de Inteligência, preparada pelas várias agências de informações do governo, avalie pela primeira vez o potencial para assassinatos em massa em outros países e suas implicações para os interesses dos EUA.
    Fonte: Agência Reuters

    Festival Mundial de Shakespeare terá 37 peças em vários idiomas


    Atores da Companhia de Teatro Iraqi representam cena de
    LONDRES, 23 Abr (Reuters) - Um festival que reúne 37 companhias teatrais de todo o mundo apresentando 37 peças de Shakespeare em diferentes línguas começou nesta segunda-feira em Londres, no teatro Globe, com uma versão no idioma maori de "Troilus e Cressida".
    A iniciativa, chamada "Globe to Globe", faz parte do Festival Mundial de Shakespeare, e também do Festival de Londres 2012, ligado aos Jogos Olímpicos.
    Sudão do Sul, África do Sul, Belarus e Afeganistão estão entre os países representados, e pela primeira vez uma obra de Shakespeare será levada ao público totalmente na linguagem de sinais britânica.
    O Definitely Theatre, de Londres, vai traduzir o texto recheado de trocadilhos da comédia "Trabalhos de Amor Perdidos" como parte do que a Royal Shakespeare Company está chamando de maior festival já dedicado ao poeta e suas obras.
    "Estamos extremamente entusiasmados por abrir nossas portas para o mundo", disse o diretor do festival, Tom Bird, que está sendo realizado no Globe, a réplica do teatro original de Shakespeare.
    "Este festival oferece a oportunidade de ver peças bastante conhecidas em uma nova maneira, com as influências culturais e convenções teatrais de países que você pode nunca ter visitado."
    "Isto é uma oportunidade única na vida para experimentar a obra de Shakespeare de uma forma que provavelmente você nunca viu antes, e uma oportunidade para as comunidades de Londres ouvirem as histórias em sua língua materna."
    Demonstrando o impacto das peças de Shakespeare hoje em dia, o Globe vai apresentar as três obras de Henrique VI sobre a primeira grande guerra civil da Inglaterra, transformadas em uma trilogia dos Bálcãs épica e arrebatadora, apresentada pelos teatros nacionais da Sérvia, Albânia e Macedônia.
    Mas a série trouxe controvérsias.
    Um grupo de importantes atores, diretores e cineastas britânicos assinou uma carta no mês passado contestando a inclusão do Teatro Nacional de Israel, Habima, que deverá apresentar "O Mercador de Veneza" em hebraico no final de maio.
    A carta, publicada no jornal The Guardian, atacou o que chamou de histórico "vergonhoso" do Habima de envolvimento com os assentamentos israelenses nos territórios palestinos e pediu que o Globe retire seu convite.
    (Reportagem de Mike Collett-White)
    Fonte: Agência Reuters

    Sarkozy corteja extrema direita após vitória de Hollande


    Presidente da França e candidato do partido UMP, Nicolas Sarkozy, faz discurso a apoiadores no  centro de reuniões La Mutualité, em Paris. Nicolas Sarkozy promete ser mais rígido em relação a assuntos como imigração e segurança, à medida que busca ganhar o número recorde de eleitores de extrema-direita. 22/04/2012  REUTERS/Yves Herman

    Por Daniel Flynn e Brian Love
    PARIS, 23 Abr (Reuters) - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, prometeu nesta segunda-feira ser mais rígido em relação a assuntos como imigração e segurança, à medida que busca ganhar o número recorde de eleitores de extrema-direita e minimizar a estreita liderança do candidato socialista, François Hollande, no primeiro turno.
    Hollande, de centro-esquerda, venceu Sarkozy no turno de domingo por 28,6 por cento, enquanto Sarkozy ficou com 27,1 por cento. Mas foi a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, que roubou a cena com 17,9 por cento dos votos, o maior registro que um candidato de extrema-direita já conseguiu no país.
    Seu desempenho reflete os avanços em todo o continente de populistas contra o sistema e eurocéticos, de Amsterdã e Viena a Helsinque e Atenas, à medida que a crise da dívida da zona do euro aprofunda a insatisfação com os governos por causa de cortes nos gastos governamentais e desemprego.
    Sarkozy - o primeiro presidente francês que, ao tentar reeleger-se, fica em segundo lugar no primeiro turno - enfrentou um difícil exercício de equilíbrio ao reiniciar a campanha nesta segunda-feira tentando atrair tanto os eleitores da extrema-direita quanto os centristas, de cujo apoio ele precisa para ganhar o segundo turno do dia 6 de maio.
    "Hoje, eu volto para a campanha", disse Sarkozy em um comunicado. "Vou continuar a defender os nossos valores e compromissos: respeito das nossas fronteiras, a batalha contra a mudança de fábricas para o exterior, controle da imigração e a segurança de nossas famílias".
    Ao deixar a sede de seu partido, em Paris, Sarkozy declarou aos repórteres: "Os eleitores da Frente Nacional têm de ser respeitados. Eles expressaram seu ponto de vista. Foi um voto de sofrimento, um voto de crise. Por que insultá-los? Eu soube que o sr. Hollande os criticou."
    Pesquisas de opinião no domingo mostraram que Hollande, que promete mudar o rumo da Europa caso seja eleito, por meio de ações para amenizar medidas de austeridade e garantir maior justiça social, deve provavelmente vencer o segundo turno com cerca de 53 a 56 por cento dos votos.
    Mas o forte desempenho de Marine Le Pen ofereceu a Sarkozy um raio de esperança inesperado.
    A boa votação de Marine Le Pen provocou temores sobre um maior apoio regional a políticos populistas antieuro, o que poderia abalar ainda mais o já frágil consenso a respeito de como gerir a crise da dívida nos próximos meses.
    O apoio francês ao euro até agora é relativamente sólido, já que oito em cada dez franceses são favoráveis a que o país continue usando a moeda única, segundo pesquisa publicada em fevereiro pelo jornal Le Figaro.
    (Reportagem de Adicional por Catherine Bremer, John Irish, Nicholas Vinocur, Vicky Buffery, Alexandria Sage, Brian Love, Matthias Blamont e Daniel Flynn em Paris, Anirban Nag em Londres)
    Fonte: Agência Reuters

    sábado, 21 de abril de 2012

    Campanha eleitoral francesa fica marcada por debates rasos e discursos populistas


    El Yamine Soum, especial para o Opera Mundi - Paris

    Candidatos não conseguiram realizar debate profundo sobre temas nacionais e internacionais

    A percepção compartilhada por muitos franceses é de que os temas verdadeiramente importantes de discussão não foram abordados na atual campanha presidencial, em especial as questões sociais. Ao perceber-se parte dos candidatos se aventurando em discursos banais, repetindo fórmulas batidas ou ainda demonstrando agressividade, essa disputa deixa um grande sentimento de amargura.
    Para outros eleitores, trata-se de uma campanha complicada que não foi capaz de abordar os projetos e as visões de cada sobre a sociedade.

    Em 2007, na campanha anterior, foi o contrário. Ela realizou-se de forma passional, dominada pelo ideal de mudança nascido com o fim da desgastada era Jacques Chirac. Esse sentimento de ruptura não está mais presente.

    Uma das razões é que, agora, com a utilização de novas mídias, em plena era da sociedade do espetáculo, não houve tempo viável para explicar as propostas. Ocorreu um caso emblemático, em que alguns jornalistas pediram a alguns candidatos para que relatassem suas estratégias na área de Relações Exteriores em apenas...dez segundos!

    Além da questão da falta de sincronia entre o tempo político e o midiático, ainda pesou para esse quadro medíocre a falta de profundidade dos programas de governo apresentados pelos candidatos.

    Bode-expiatório

    Para a extrema-direita, assim como para a UMP (União por um Movimento Popular), partido de Nicolas Sarkozy, o eterno bode-expiatório continua sendo o “estrangeiro”, ou o muçulmano. A perseguição começou particularmente depois da forte repercussão de uma reportagem da televisão francesa sobre o rito do halal (modo de abate animal islâmico).

    A candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, da Frente Nacional, começou a dizer que os franceses comiam carne com abate halal sem saberem. O presidente- candidato quis aproveitar-se da polêmica chegando ao cúmulo de dizer que “o tema que mais preocupava os franceses era a carne halal”, sendo que dias depois, após ser duramente criticado pela comunidade islâmica no país, dizer que o assunto estava encerrado…

    Mas Marine foi além. Em seus comícios afirmou em alto e bom som que “entre (as doutrinas) comunitaristas mais poderosas de hoje está o fundamentalismo islâmico, que é encorajado pelas elites. O objetivo dele é aplicar a sharia na França..Sob pressão dos islâmicos, os comerciantes acabam só oferecendo carne por abate halal aos seus clientes”.

    A mesma Marine faz questão de lembrar constantemente “as origens cristãs da França”, esquecendo que a laicidade francesa consiste justamente na defesa da ideia pela qual a República não reconhece, financia nem subvenciona qualquer tipo de culto.

    Um dos cartazes publicitários do partido de ultra-direita ainda na campanha regional de 2010 de seu pai (Jean-Marie, fundador do partido) tinha como slogan “Não ao Islamismo” e uma bandeira argelina colada ao mapa da França, demonstrando clara e explicitamente a vontade de atacar os muçulmanos e de lhes estigmatizar.
    Medo x desesperança

    Progressivamente, outros dois temas que ser viram de bodes-expiatórios na campanha foram a crise econômica e a União Europeia.

    O presidente-candidato também continuou a abusar de sua retórica do medo – sobretudo depois que passou a chamar ainda mais atenção dos holofotes durante a conclusão dos atentados de Toulouse . Ele apostou pesadamente em sua pretensa imagem de protetor dos franceses face à crise econômica e tomou muito cuidado para interpretar esse papel.

    Em relação à Europa, Sarkozy se declara favorável a uma revisão do acordo sobre a livre circulação de pessoas e o retorno às fronteiras nacionais. Por sua vez, Marine Le Pen defende a saída da zona euro.

    Por fim, tanto à direita como à extrema-direita, a estratégia é continuar a estigmatizar os muçulmanos,mesmo que uma grande parte dos franceses saiba que isto não passa de uma estratégia de distração, muito comum de ser utilizada em períodos de crise econômica.
    Mobilização popular à esquerda da esquerda

    Na esquerda, o fenômeno mais importante e emblemático resulta da campanha de Jean-Luc Mélenchon, o candidato da Frente de Esquerda, coalizão entre comunistas e outros partidos da extrema-esquerda. No início de sua campanha, há poucos meses, o candidato apresentava índices de preferência baixos (em torno de 3 %), e que agora permeiam os 15%.

    Mélenchon desafiou Marine Le Pen em um debate televisionado, mas ela se recusou a contra-argumentar. Resta aos dois candidatos, no entanto, a disputa pelo terceiro lugar. Ex-membro do PS, Mélenchon conseguiu seduzir não somente uma parcela do eleitorado jovem, mas também de muitos que pensavam em se abster. E o radicalismo proposto em termos de ruptura do atual modelo de sociedade ganhou a simpatia de muitos franceses.

    Ao se declarar inimigo dos banqueiros e do sistema financeiro, esse candidato suscitou uma mobilização popular impressionante em diversos comícios ao ar livre, ressuscitando a memória de antigos líderes comunistas. Em Marselha, aproximadamente 100 mil pessoas se reuniram no último fim de semana. O que representa o equivalente aos comícios de Nicolas Sarkozy e François Hollande realizados em Paris.

    Utilizando-se de slogans emprestados do presidente equatoriano Rafael Correa, como "Revolução Cidadã" ou "insurreição cívica", Mélenchon obrigou o candidato socialista François Hollande a se direcionar mais à esquerda. Ele se torna importante, afinal, não apenas por seu desempenho nas pesquisas, que pode evoluir ainda mais, mas também pela influência que ele poderá ter sobre Hollande no caso de vitória do Partido Socialista na eleição presidencial.

    Já o terceiro colocado na disputa de 2007, o centrista François Bayrou (Movimento Democrata), tem encontrado dificuldades em emplacar algum discurso de destaque nesta campanha.

    Por fim, a candidata ecologista, a franco-norueguesa Eva Joly (Europa Ecologia – Os Verdes), teve muitas dificuldades para colocar em pauta sua agenda ambiental. Além de sua clara falta de carisma, outro fato que contribuiu o fraco desempenho demonstrado até agora foi que os verdes concluíram acordos políticos para negociar as candidaturas à Câmara de Deputados. Isso desmobilizou uma parte da militância e tirou credibilidade da candidatura.

    Abstenção e voto anti-Sarkozy

    Pelo lado do Partido Socialista, é esperada uma vitória sem necessidade de fazer campanha. O candidato François Hollande, frequentemente atacado por sua postura tímida, não ousa ultrapassar as linhas do consenso e joga em uma posição de equilibrista.

    Por um lado, ele defende uma série de propostas que aparecem, para uma parcela do eleitorado, mais voltadas a uma política centrista ou social-democrata. Como, por exemplo, se posicionar contrariamente à entrada da Turquia na União Europeia.

    A mobilização do eleitorado para a candidatura de centro-esquerda parece ocorrer mais em razão de uma rejeição a Sarkozy do que por uma franca e sincera adesão às proposições do Partido Socialista.

    Outro risco deste escrutínio é a abstenção. Segundo o CSA, “a França se caracteriza por um nível muito fraco de confiança interpessoal como também em torno das instituições, como, por exemplo, a justiça, o Parlamento ou ainda os sindicatos”.

    Ora, ao fim do mandato de Sarkozy contamos com um milhão de desempregados a mais entre 2007 e 2012, ligada à perda da nota “Triplo A” pelas agências de risco, reforçando ainda mais o sentimento de pessimismo.

    É por essas razões que esse pleito se arrisca a presenciar uma grande desmobilização dos eleitores. E, para alguns eleitores, uma grande tentação de não votar nos dois candidatos favoritos. Há a possibilidade de que cinco candidatos superem a margem dos 10% de votos.

    El Yamine Soum é um sociólogo francês, especialista em temas como imigração e diversidade. Co-autor de livros como La France que nous voulons, Islamophobie au Monde Moderne e Discriminer pour miex régner.

    Fonte: Página Global

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