sábado, 23 de dezembro de 2017

AS 10 MAIORES ASSASSINAS DA HISTÓRIA

1
Anna Månsdotter (1841-1889, Suécia)
Wikimedia Commons
Condenada, com o filho Per, pelo assassinato de sua nora, Hanna Johansdotter, em 1889. Per pegou prisão perpétua, mas foi solto em 1913, depois de 23 anos atrás das grades. O caso nunca foi totalmente esclarecido. Depois do falecimento do marido, Anna ficou morando com Per. Seus outros dois filhos não chegaram à idade adulta. Havia boatos de que mãe e filho tinham um caso amoroso. Anna molestava o filho desde pequeno. Livre da figura do marido e sob o julgamento da vizinhança, que falava em incesto, arranjou que Per se casasse com Hanna - que escrevia à família reclamando da sogra.
2
Catherine Monvoisin (1640-1680, França)
Wikimedia Commons
Catherine, também conhecida como La Voisin, foi queimada na Praça Grève, em Paris em 1680, acusada de tentar envenenar o rei. Conhecida por praticar quiromancia, fazer abortos e vender fórmulas medicinais, inclusive de venenos poderosos, tinha uma extensa rede de clientes - entre os quais a Madame de Montespan, amante do rei da França, que depois de ser trocada por outra começou a planejar o regicídio. Suspeita-se que matou entre mil e 2,5 mil pessoas - mesmo com o número mais modesto, é a maior serial killer da história humana.
3
Elizabeth Báthory (1560-1614, Hungria)
Wikimedia Commons
A Condessa Sangrenta é maior serial killer mulher de todos os tempos. Ao ser presa, a polícia encontrou com ela uma agenda com o nome das vítimas. Eram 650. Foi condenada pelo assassinato de 80 jovens, a maioria servos que trabalhavam em seu castelo. Há relatos de que tinha uma jaula construída para seções de tortura. Bissexual e epilética, teve ataques de fúria na infância. Sabia falar latim, húngaro e alemão - e chamava atenção pela beleza física. Casou-se aos 15 anos, com o conde Ferenc Nasdady, oficial do Exército famoso pela crueldade contra inimigos.
4
Bárbara dos Prazeres (1770-1830, Portugal)
Reprodução
Acusada de sequestrar e matar crianças, nunca foi pega. Casada, a portuguesa chegou ao Rio de Janeiro aos 18 anos, mas logo se apaixonou por outro homem. Para viver a paixão, matou o marido. Depois se livrou do amante, ao descobrir uma traição, e virou prostituta. Fazia ponto no Arco do Telles, embaixo da imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, daí o apelido. Pegou sífilis e tomava remédios indicados por curandeiros. Só que as receitas precisavam de sangue. Começou matando animais e depois crianças. Ficava de tocaia na roda dos enjeitados, na Santa Casa de Misericórdia.
5
Darya Nikolayevna Saltykova (1730-1801, Rússia)
Reprodução
Matou pelo menos 139 pessoas, incluindo crianças de 10 a 12 anos. As maiores vítimas foram os servos, principalmente mulheres mais jovens que ela. Torturou grávidas e crianças. Quebrava os ossos ou jogava as vítimas sem roupa na neve. Os assassinatos se davam por motivos torpes. Em 1762, dois camponeses que viviam na propriedade de Saltykova fugiram e conseguiram uma petição para apresentar à czarina Catharina II, que resolveu investigar a nobre. Em 22 de outubro de 1768, foi condenada e enforcada na Praça Vermelha, em Moscou.
6
Giulia Tofana (1635-1659, Itália)
Reprodução
Era hábil com venenos. Inventou um dos mais famosos da Renascença, o Acqua Toffana, mistura de arsênico, chumbo e uma planta chamada beladona. Pequenas doses diárias eram capazes de matar a vítima de forma discreta e lenta, num período de dois anos. Giulia teria aprendido o ofício com a mãe, e fez disso um negócio. Vendia o veneno a mulheres decididas a colocar fim em casamentos infelizes. Descoberta, confessou ser responsável pela morte de mais de 600 homens. Foi condenada e executada junto com a filha Girolama Sperla, parceira nas atividades, e mais três auxiliares.
7
Amelia Dyer (1837-1896, Inglaterra)
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Um termo tétrico da era vitoriana: baby farming (algo como "plantação de bebês"). Era um golpe no qual mães solteiras, desesperadas pelo estigma atribuído na época, pagavam para uma "família" adotá-los ou encaminhá-los para a adoção. O pagamento, obviamente, não dava para cobrir as despesas de uma vida inteira. Amelia então cortava custos. Matando crianças que estavam sob sua responsabilidade por mais de 20 anos, deixava que morressem por desnutrição ou maus-tratos.Terminou enforcada em 1896 numa prisão de Londres, enquanto cumpria pena por um único crime. Acredita-se que 400 crianças morreram por suas mãos (ou ausência delas).
8
Catalina de Los Ríos y Lisperguer (1604-1665, Chile)
Reprodução / Youtube
Aos 18 anos, matou o pai colocando veneno na comida, feita por ela. A tia desconfiou e denunciou o crime, mas o caso foi abafado. Catalina foi julgada em 1660, e condenada por 14 assassinatos de negros e índios que trabalhavam em suas terras. Pelos negros pagou o dobro do que pelos índios. A chilena conhecida como La Quintrala, por causa dos cabelos vermelhos, ficou sob a tutela da avó, que logo lhe arrumou um noivo. Catalina não gostou, e fez com que um escravo o matasse. O crime foi descoberto, e o escravo, morto por isso. Ela pagou apenas uma multa.
9
Marie Madeleine Marguerite d"Aubray (1630-1676, França)
Wikimedia Commons
Uma das primeiras assassinas por envenenamento em série. Matou o pai, o irmão e as duas irmãs. Depois acabou com a vida do marido, da filha dele e de outros familiares. Marie começou a pesquisar sobre venenos logo que se casou. Testava suas descobertas em inválidos internados em hospitais e muitas vezes nos empregados da sua casa. Quando os crimes levantaram suspeitas da polícia, ela fugiu para a Inglaterra e depois para os Países Baixos. Por fim se refugiou num convento em Liège, na Bélgica. Foi presa em 1676, torturada e condenada à morte.
10
Anna Margaretha Zwanziger (1760-1811, Bavária)
Reprodução
Ré confessa da morte de quatro pessoas. Órfã, foi adotada aos 10 anos e teve boa educação. Cinco anos depois, casou com um advogado bêbado e virou prostituta para sustentar os filhos. Depois da morte do marido, empregou-se como doméstica na casa de juízes. Um deles, separado, precisava de uma governanta. Mas o casal se reconciliou. A mulher morreu quatro meses depois, envenenada por Anna. Três anos depois, quando já havia matado a mulher de outro juiz, que acabara de dar à luz, e envenenado mais dois hóspedes, acabou presa e condenada à morte.

Matéria publicada orignalmente em: Aventuras na História

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

COMO O BRASIL MUDOU A MINHA VIDA (Lea Ferno)

"Aprendi muito com os brasileiros"


A história de amor entre a alemã Lea Ferno, de 31 anos, e o Brasil começou há sete anos. Estágios no Rio, em São Paulo e em Brasília mudaram o rumo de sua carreira e vida amorosa, além de lhe ensinarem a ter paciência.
Lea Ferno
Lea fazendo turismo na Chapada da Diamantina, em 2011
"Se eu não tivesse morado no Brasil, minha vida seria muito mais monótona. Foi lá que descobri o que eu queria fazer da vida. Eu estudava Estudos Latino-Americanos em Colônia e comecei a me interessar pelo Brasil e pelo português. Eu achava o idioma e sua melodia muito bonitos e pensei que tinha que ir para o país para aprendê-lo. Então, consegui dois estágios, um no Rio, por três meses nos estúdios da emissora alemã ZDF, e outro em São Paulo, também por três meses, na fundação alemã Friedrich Ebert.
Essa experiência em São Paulo, em 2010, me marcou para sempre. Eles trabalhavam com projetos sociais. Tinha uma ONG que fazia uma revista escrita por adolescentes e seminários com jovens do Brasil inteiro. Eles eram tão engajados, num país marcado pela pobreza e pela desigualdade. Eu me identifiquei, me deu vontade de ajudar.
Tanto que hoje, sete anos depois, trabalho com algo parecido aqui na Alemanha. Estou na organização Kindernothilfe e dou apoio a projetos sociais com crianças no Brasil. Em novembro, viajo para lá a trabalho. Fico muito feliz em fazer algo que para mim faz sentido e para um país com que me identifico.
Ao mesmo tempo em que quero ajudar, respeito muito o Brasil, não acho que sei mais que as pessoas de lá. Aliás, aprendi muito com os brasileiros. Sempre achei impressionante a paciência. Na fila ou no trânsito, por exemplo. Uma vez o ônibus errou o caminho, e ninguém ficou com raiva. Aprendi que muitas vezes a raiva só atrapalha e que é melhor deixar para lá. Em outros momentos, eu pensava: ‘Gente, agora é hora de reclamar.' É um país mais caótico, mas sempre se consegue escapar com o jeitinho brasileiro, a flexibilidade.
Eu queria aplicar mais isso. Agora que faz tempo que morei lá, já voltei a ser alemã em muitas coisas. Mas quando tenho que andar de trem e reclamo dos pequenos atrasos, penso nas pessoas que passam horas a caminho do trabalho no Brasil e, muitas vezes, fazem isso sem reclamar. E ainda tenho o jeitinho brasileiro todos os dias em casa: meu namorado, um baiano que conheci em Brasília.
Lea Ferno
Lea em sua primeira para no Brasil, o Rio de Janeiro, em 2010
Como alemã, gosto muito de planejar, e ele – e conheço mais brasileiros assim – não entende muito bem por que aqui a gente tem que marcar as coisas com antecedência. Por que não se pode simplesmente visitar um amigo espontaneamente, dizer: "Vou passar na sua casa.” Eu preciso desse planejamento, gosto dessa Vorfreude (expectativa), e talvez tenha sido justamente o que me fez organizar várias idas ao Brasil.
Desde os primeiros estágios, no Rio e em São Paulo, eu sempre quis voltar para o país. Fui algumas vezes de férias e consegui um estágio em Brasília em 2012, na Unaids. Entre os amigos que fiz lá, estava uma menina que trabalhava como empregada doméstica e estudava à noite. Fiquei impressionada com essa força de vontade dela. Acho que os brasileiros lidam muito bem com as dificuldades, enquanto aqui muitas vezes se reclama por bobagem.
Tenho contato com pessoas que conheci no Brasil até hoje. Encontrei muita gente simples e acolhedora na rua. As pessoas têm tanta energia. Aliás, tem muita energia em tudo. Também adoro a cultura, a música – MPB, samba, Seu Jorge, Vanessa da Mata – e a dança – forró, samba de gafieira. Conheci meu namorado num grupo de dança. E adoro um simples prato de arroz, feijão, salada e carne e as lanchonetes com sucos frescos.
O país tem tantas riquezas diferentes, com sua mistura cultural, sua natureza. O Brasil tem muitas cores fortes, o verde brilhante, muito sol. Eu gostava de pegar na mão a terra vermelha, que não temos aqui. E tem tantos lugares incríveis, como as praias de Ilhéus, os rios e ilhas do Pará. Uma vez escalei a Pedra da Gávea à noite para ver o nascer do sol. Foi lindo.
Pode até ser que se eu tivesse feito um estágio num projeto social na África, por exemplo, e não no Brasil, minha vida fosse diferente agora. Mas não sei, tem muitos países que acho interessantes, mas não como o Brasil. Talvez minha alma seja um pouco brasileira, sempre me senti em casa lá. Do que mais sinto falta são as pessoas, a alegria, a espontaneidade, o calor. Apesar de todos os problemas do país, acho que dá para ter uma vida muito boa no Brasil. Quem sabe ainda vou morar lá algum dia."
Na série Como o Brasil mudou minha vida, a DW conta a história de alemães que viveram no país.
Reportagem publicada no site da DW Brasil: http://www.dw.com/pt-br/aprendi-muito-com-os-brasileiros/a-40587051

2017: O ANO DAS TRETAS

Resultado de imagem para manifestação

Para o jornalista Xico Sá, que escreve na edição brasileira do El País, a palavra do ano no Brasil foi "treta", que no dicionário é associada a rolo, desentendimento, mentira, complô, chicana, cilada, emboscada, conspiração, sujeira, malandragem, trama, marmelada, empulhação, velhacaria, etc.

Realmente, foi muita treta para um ano só.

Portanto, só nos resta torcer para que 2018 nos traga menos tretas, que das tantas deste ano já estamos cheios.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Especial África: A influência da cultura brasileira nos países da África

Neste programa, veiculado originalmente na TV Brasil, discutem-se os impactos positivos e negativos da influência da cultura brasileira nos povos africanos de língua portuguesa.


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O QUE É AFINAL A "MODERNIDADE LÍQUIDA"?

Neste novo vídeo do canal, abordo sinteticamente o conceito de modernidade líquida de Zygmunt Bauman, explicando a razão da escolha deste termo para definir nossa época, ao invés do uso do também conhecido termo "pós-modernidade". Assistam, curtam, compartilhem e inscrevam-se!


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

O CONSTITUCIONALISMO E A DEMOCRACIA



Neste vídeo trago algumas explicações acerca do constitucionalismo,
analisando seu surgimento histórico e sua função junto aos Estados de
Direito, bem como o papel da democracia no estabelecimento da era dos
direitos no Ocidente. Assistam! Curtam! Compartilhem! E inscrevam-se no
canal!


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

REFLEXÕES FILOSÓFICAS SOBRE A TOLERÂNCIA: UM CONCEITO, SEUS LIMITES E CONTRADIÇÕES

Rogério Henrique Castro Rocha

 Resumo

 

O artigo ora apresentado tem por objetivo, por meio de uma reflexão em bases filosóficas, abordar e problematizar a questão da tolerância, a partir da visão exposta pelo pensamento de John Rawls e de outros pensadores e jusfilósofos contemporâneos, sobretudo das contribuições de Thomas Scanlon e Colin Bird, enfatizando sobretudo os dilemas surgidos em torno do tema e seu caráter paradoxal, indagando-se ainda pelos seus limites e até onde indivíduos e grupos sociais podem ou devem tolerar atos de intolerância.
 

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Ideia de Política em Norberto Bobbio


Norberto Bobbio - Um dos maiores Politógos do século XX
Norberto Bobbio - Um dos maiores Politógos do século XX

Norberto Bobbio (1909-2004) foi um dos maiores politógos do século XX. Dentre sua extensa obra, deixou uma importante contribuição à Ciência Política: seu livro Teoria Geral da Política: a filosofia política e as lições dos Clássicos. Este texto tentará abordar ligeiramente algumas considerações sobre o conceito de política na visão desse autor.
A palavra política deriva de politikós, do grego, e diz respeito àquilo que é da cidade, da pólis (na Grécia Antiga), da sociedade, ou seja, que é de interesse do homem enquanto cidadão. Já na Grécia Antiga, um dos primeiros a tratar da política como uma prática intrínseca aos homens foi Aristóteles, com seu livro A Política.
Ao longo do tempo, o termo política deixou de ter o sentido de adjetivo (aquilo que é da cidade, sociedade) e passou a ser um modo de “saber lidar” com as coisas da cidade, da sociedade. Assim, fazer política pode estar associado às ações de governo e de administração do Estado. Por outro lado, também diria respeito à forma como a sociedade civil se relaciona com o próprio Estado.
Mas para Norberto Bobbio, falar em política enquanto prática humana conduz, consequentemente, a se pensar no conceito de poder. O poder estaria ligado à ideia de posse dos meios para se obter vantagem (ou para fazer valer a vontade) de um homem sobre outros. Assim, o poder político diria respeito ao poder que um homem pode exercer sobre outros, a exemplo da relação entre governante e governados (povo, sociedade). Contudo, ao falar em poder político, é preciso pensar em sua legitimação. Podemos ter poderes políticos legitimados por vários motivos, como pela tradição (poder de pai, paternalista), despótico (autoritário, exercido por um rei, uma ditadura) ou aquele que é dado pelo consenso, sendo este último um modelo de governo esperado. O poder exercido pelo governante em uma democracia, por exemplo, dá-se pelo consenso do povo, da sociedade. No caso brasileiro, o poder da presidenta é garantido por que existe um consenso da sociedade que o autoriza e, além disso, há uma Constituição Federal que formaliza e dá garantias a esse consenso.
Conforme nos mostra Norberto Bobbio (2000), há uma tipologia moderna das formas de poder, como poder econômico, poder ideológico e poder político, sendo que este último seria aquele no qual se tem a exclusividade para o uso da força. Nas palavras de Bobbio (ibidem, p. 163), “o poder político, enfim, funda-se sobre a posse dos instrumentos através dos quais se exerce a força física (armas de todo tipo e grau): é o poder coativo no sentido mais estrito da palavra”. Contudo, Norberto Bobbio também aponta que não é apenas o uso da força, mas sim seu monopólio, sua exclusividade, que tem o consentimento da sociedade organizada. Em outras palavras, será uma exclusividade de poder que pode ser exercida sobre um determinado grupo social, em determinado território.
Outro aspecto importante para Bobbio sobre a política é que sua finalidade ou seu fim não pode se resumir apenas em um aspecto, pois “[...] os fins da política são tantos quantas forem as metas a que um grupo organizado se propõe, segundo os tempos e as circunstâncias” (ibidem, p. 167). Porém, um fim mínimo à política (enquanto poder de força) é a manutenção da ordem pública e a defesa da integridade nacional. Essa finalidade é mínima para a realização de todos os outros fins do poder político. Porém, é importante se atentar para o fato de que o poder político não pode ter como finalidade o poder pelo poder, pois se assim fosse perderia o sentido.
Norberto Bobbio, citando Carl Shmitt, também fala da ideia de política como relação amigo-inimigo, dizendo que “o campo de origem e de aplicação da política é o antagonismo, e sua função consistiria na atividade de agregar e defender os amigos e de desagregar e combater os inimigos” (ibidem, p. 170). No debate de ideias para se pensar a ordem social, essa oposição é fundamental, contudo, apenas esse nível de antagonismo pode ser tolerado pelo Estado, uma vez que a extrema divisão ou situação de conflito entre aqueles que compõem uma sociedade poderia levar ao caos.
No exercício de compreensão do conceito de política, deve-se considerar que na filosofia política moderna aquilo que é político não necessariamente coincide com o social, pois, ao longo da história, as outras esferas da vida foram se separando do Estado, a exemplo do poder religioso e do poder econômico. Na visão de Bobbio, a política restringe-se à esfera do Estado, instituição esta responsável pela ordem social. Para Bobbio, “enquanto a filosofia política clássica está alicerçada sobre o estudo da estrutura da pólis e das suas várias formas históricas ou ideais, a filosofia política pós-clássica caracteriza-se pela contínua tentativa de uma delimitação daquilo que é político (o reino de César) em relação àquilo que não é político (seja ele o reino de Deus ou o reino das riquezas), por uma contínua reflexão sobre aquilo que diferencia a esfera da política da esfera da não política, o Estado do não Estado...” (ibidem, p. 172).
O processo de emancipação da sociedade no sentido de seu “funcionamento” sem a presença do Estado poderia levar ao fim da política enquanto ação coercitiva para coesão social. Em outras palavras, se a sociedade conseguisse manter sua ordem sem o poder político (que usa da força), ela não precisaria mais do Estado.
Nesse mesmo livro, Bobbio também fala da relação entre política e moral, uma vez que ambas estão ligadas à ação (à práxis) humana. Porém, aquilo que fundamenta ou motiva, ou aquilo que é permitido ou proibido, nem sempre tem o mesmo sentido para a política e para a moral. Segundo Bobbio, pode haver “ações morais que são impolíticas (ou apolíticas) e ações políticas que são imorais (ou amorais)” (ibidem, p. 174), distinção esta que, aliás, já se fazia presente na obra de Nicolau Maquiavel. Dessa forma, seria preciso considerar que existem razões e ações do Estado que são justificadas quando por ele praticadas, mas jamais permitidas a um indivíduo. A política seria a razão do Estado, enquanto a moral seria a razão do indivíduo. Assim, seria preciso pensar na autonomia da ação política, a qual é motivada por razões que não são as mesmas da ação individual.  
Em suma, dessa breve explanação sobre alguns aspectos da obra citada de Norberto Bobbio, pode-se inferir que, em linhas gerais, sua posição tenta compreender a política como “atividade ou conjunto de atividades que têm de algum modo, como termo de referência, a pólis, isto é, o Estado” (ibidem, p. 160).

Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
RIBEIRO, Paulo Silvino. "Ideia de Política em Norberto Bobbio"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/ideia-politica-norberto-bobbio.htm>. Acesso em 30 de novembro de 2017.

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