segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ângela Merkel declara ser contrária à neutralidade da rede


Angela MerkelDe acordo com a chanceler alemã, a internet deve ter uma via mais rápida para serviços de "alta prioridade"
A chanceler alemã Angela Merkel se posicionou contra a neutralidade da internet, durante uma conferência em Berlim, na quinta-feira (4).
Merkel defendeu uma internet de “duas vias”: uma delas para serviços “especiais”, de alta prioridade, e outra que seria semelhante à rede atual.
Segundo a chanceler da Alemanha, essas vias de alta velocidade são necessárias para o desenvolvimento de novos usos da internet, como telemedicina e carros autônomos.
De acordo com o jornal alemão Frankfurter Allgemeine, o governo alemão estuda autorizar serviços de streaming de vídeo a pagar mais por serviços mais velozes de internet.
A União Europeia, bloco de países do qual a Alemanha faz parte, apoia a neutralidade da internet, mas ainda deve se reunir para discutir uma posição oficial.
Fonte: Exame Info Online

“O avanço da inteligência artificial pode alavancar o fim da raça humana”


Nas últimas semanas, o físico Stephen Hawking afirmou que está trabalhando em um upgrade no seu sistema de comunicação. Mesmo sendo de seu interesse, o icônico professor está desconfiado das implicações envolvidas no avanço da inteligência artificial. Em suas palavras, “seu desenvolvimento pode ser o fim da raça humana”.
No começo do ano, Hawking deu uma entrevista dizendo: “Se nós conseguirmos fazer robôs mais espertos que os humanos; eles serão capazes de superar os pesquisadores e manipular os líderes da raça humana, inventando armas impossíveis de entender”.
Nesta terça-feira (2/12), quando conversava com a BBC, o físico ressaltou a utilidade das formas primitivas já existentes de IA, mas teme as consequências de criarmos algo que ultrapasse nossas próprias capacidades: “Esta inteligência viveria por conta e redesenharia a si própria a níveis sempre crescentes. Humanos, que são limitados por sua lenta evolução biológica, não poderiam competir, logo seríamos substituídos”.
Sobre as alterações no seu sistema de comunicação, Stephen Hawking disse que não se interessa em mudar muito: “Minha voz se tornou uma marca, não vale a pena mudar para uma voz mais natural com um sotaque britânico (o cientista é inglês). Uma vez me disseram que as crianças pediam para que os computadores com vozes tivessem algo próximo da minha”.
Fonte: Revista Galileu Online

O Grande Irmão da Internet

O livro "O Círculo", de Dave Eggers, agora no Brasil, marca o fim de nossa relação ingênua com as redes sociais

Por Alexandre Mansur
Mae Holland é uma jovem americana ambiciosa, sociável e bonita. Consegue, por indicação de uma amiga, emprego na mais desejada empresa do mundo: o Círculo. Trata-se da corporação que controla a maior rede social do planeta, de mesmo nome. Uma mistura de GoogleApple,Facebook, Amazon e outros gigantes, o Círculo intermedeia as interações sociais, as compras on-line, os deslocamentos das pessoas e até as informações sobre saúde. Tudo isso de forma lúdica, fácil e moderna, pelo celular, pelo computador, pelos tablets e por outros aparelhos conectados. A sede do Círculo é um paraíso no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Prédios confortáveis espalhados por um campus arborizado, com vastos gramados e amenidades como quadras esportivas, transporte grátis, massagem, exercícios, festas permanentes. Lá, a qualquer momento, um congressista oferece uma palestra sobre tecnologia, um artista famoso dá um show, um grupo de funcionários organiza uma festa à fantasia, outro organiza uma votação por mais comida vegetariana nos restaurantes do campus. Tudo é grátis para os funcionários. Há até um hotel, de uso livre, para quem prefere nem voltar para casa após o expediente.

O Círculo (Foto: Época)


1984 (Foto: Alyne Tanin)
Gradualmente, esse maravilhoso mundo novo vai revelando uma outra faceta. O Círculo monitora a vida das pessoas, faz lobby político e até chantagem. Promove um novo estado de valores, onde tudo deve ser vigiado, nenhum aspecto da vida privada (de funcionários ou usuários) deve ser escondido. Pouco a pouco, a vida conectada feliz e próspera se transforma numa distopia contemporânea. Esse é o tema central do livro O Círculo, do jornalista americano Dave Eggers (Companhia das Letras, 528 páginas, R$ 54), lançado agora no Brasil. A obra foi lançada nos EUA no ano passado e virou uma referência no debate sobre os limites éticos das redes sociais. É uma das mais contundentes críticas ao risco de sacrificarmos uma parte importante de nossa liberdade e de nossa privacidade, em nome das facilidades oferecidas pelos serviços atuais da internet. A fantasia de Eggers faz referências evidentes ao pesadelo totalitário descrito pelo escritor inglês George Orwell no livro 1984. Publicado em 1949, à sombra da Segunda Guerra Mundial, Orwell descreve um estado policial em que os cidadãos são monitorados e influenciados por meio de TVs e câmeras onipresentes.
O universo apresentado em O Círculo foi visto por alguns críticos como exagerado. Em determinado momento, um namorado da personagem central, Mae, grava um vídeo com momentos íntimos entre os dois e divulga as cenas na internet. Constrangida e revoltada, Mae exige que o vídeo seja apagado da rede. Surpreendentemente, é convencida por um dos fundadores do Círculo de que não só o vídeo deve continuar disponível, como sua existência precisa ser louvada. Para ele, é um símbolo da transparência que ajudará a sociedade a se portar de forma mais íntegra. A partir do princípio segundo o qual quem não deve não teme, os fundadores do Círculo pregam que tudo o que acontece deve ser mostrado, que nenhum aspecto da vida deve escapar ao escrutínio público, em nome da correção e da segurança coletivas. Chegam a elaborar três slogans, semelhantes aos do Grande Irmão de 1984. “Segredos são mentiras” significa que quem esconde algo deve ter feito algo errado; “Compartilhar é cuidar” lembra que divulgar tudo sobre si é uma prova de amor e confiança; e, finalmente, “Privacidade é roubo” implica que divulgar dados íntimos (como de saúde) pode ajudar quem cuida de você a antecipar problemas futuros e a entender padrões globais, para cuidar com eficiência de sua vida e da coletividade. Portanto, privar o público desses dados é subtrair algo de todos. A inversão de valores de O Círculo pode soar absurda. Por exageradas que sejam, têm o poder, como uma lente de aumento, de revelar algo que passamos a aceitar facilmente com o crescimento das redes sociais.


Quanto o Círculo está distante do mundo de hoje? Empresas como Facebook (também dono do comunicador WhatsApp) e Google (também proprietário da rede YouTube) colhem dados  sobre seus bilhões de usuários e resistem a tirar do ar o que é publicado, mesmo quando a publicação é feita sem autorização ou conhecimento dos envolvidos. Encantados com as redes, muitas vezes burlamos a privacidade do próximo na melhor das intenções. Um amigo recém-descasado me confidenciou que deixou de ir a festas, por temer ser fotografado com a nova namorada. Alguém poderia subir as imagens – à revelia dele – no Facebook. Outra amiga tentou manter as primeiras semanas de gravidez só entre familiares íntimos. A mãe dela publicou todas as imagens da ultrassonografia no Facebook. Em muitos casos, pedir para alguém não publicar uma foto pode magoar. Tanto quanto confessar que não viu (nem comentou on-line) as fotos da incrível viagem de férias que o amigo pôs no Facebook ou no Instagram.



A tese dos fundadores dessas empresas é que os benefícios compensam o sacrifício da intimidade. Em entrevista ao jornal The New York Times, Larry Page, um dos fundadores do Google, diz que as pessoas têm reações negativas antes de ver os produtos e experimentar o que eles oferecem. “Isso aconteceu na saúde. A regulamentação deixou os dados tão trancados que não podem ser usados em benefício das pessoas”, diz Page. “Hoje, não temos um sistema de data mining (que vasculha todas as informações em busca de padrões e dados individuais relevantes) para analisar os dados de saúde pública. Se tivéssemos, poderíamos provavelmente salvar 100 mil vidas no próximo ano. Me preocupa muito que a imprensa e o governo tentem alimentar os medos e que acabemos incapazes de ajudar muita gente.” Em seu livro sobre o Facebook, Katherine Losse, uma das primeiras funcionárias da rede, descreve uma reunião em que o fundador, Mark Zuckerberg, afirma: “Estamos empurrando o mundo para virar um lugar mais aberto e transparente”.
 

AMBIENTE INFORMAL Funcionários nas sedes do Google (Foto: Donald Weber/VII/Corbis)
AMBIENTE INFORMAL Funcionários nas sedes do Google  (à esq.) e do Facebook (à dir.) na Califórnia. A vida nos campi das empresas de tecnologia inspirou o cenário do livro de Eggers (Foto: James S. Russell/Bloomberg via Getty Images)
Pode haver outra razão para tolerarmos tanto controle social e exposição de intimidades. Uma das teses fortes de O Círculo é apresentada na voz de um ex-namorado de Mae, crítico à euforia tecnológica. Ele compara a socialização fugaz da rede social às calorias vazias do fast-food. Diz o personagem: “As ferramentas que vocês criam na verdade confeccionam necessidades sociais antinaturais. Ninguém precisa do nível de contato que vocês buscam. Ele não nos dá nada. Não é saudável. É como fast-food. Você sabe como eles fabricam essa comida? Eles determinam cientificamente quanto sal e gordura precisam incluir para manter você comendo. Você não tem fome, não precisa de comida, aquilo não traz nada para você, mas você continua devorando aquelas calorias vazias. É isso que vocês empurram. Infinitas calorias vazias na forma de socialização digital. E vocês calibram as doses para que o negócio fique igualmente viciante”. Exagero? Em junho, o Facebook divulgou detalhes de uma experiência envolvendo 689 mil usuários. Eles foram induzidos a sentir tristeza ou alegria, a partir da seleção de conteúdos fornecidos como mais relevantes para leitura. A experiência gerou críticas de advogados, políticos e ativistas de direitos digitais. (Foto: Divulgação)

Pode haver outra razão para tolerarmos tanto controle social e exposição de intimidades. Uma das teses fortes de O Círculoé apresentada na voz de um ex-namorado de Mae, crítico à euforia tecnológica. Ele compara a socialização fugaz da rede social às calorias vazias do fast-food. Diz o personagem: “As ferramentas que vocês criam na verdade confeccionam necessidades sociais antinaturais. Ninguém precisa do nível de contato que vocês buscam. Ele não nos dá nada. Não é saudável. É como fast-food. Você sabe como eles fabricam essa comida? Eles determinam cientificamente quanto sal e gordura precisam incluir para manter você comendo. Você não tem fome, não precisa de comida, aquilo não traz nada para você, mas você continua devorando aquelas calorias vazias. É isso que vocês empurram. Infinitas calorias vazias na forma de socialização digital. E vocês calibram as doses para que o negócio fique igualmente viciante”. Exagero? Em junho, o Facebook divulgou detalhes de uma experiência envolvendo 689 mil usuários. Eles foram induzidos a sentir tristeza ou alegria, a partir da seleção de conteúdos fornecidos como mais relevantes para leitura. A experiência gerou críticas de advogados, políticos e ativistas de direitos digitais.
O livro de Eggers marca o fim da ingenuidade diante das redes sociais. Desde sua publicação nos EUA, surgiram iniciativas para regular de alguma forma a ação desses serviços. Não apenas lá. A Justiça europeia decidiu em maio que os cidadãos têm direito de solicitar que o Google apague o link para páginas com informações incômodas sobre seu passado. Outra ação foi contra o Secret, programa de celular que permite a qualquer um publicar e comentar a vida íntima de terceiros, sob o manto da anonimidade. Em agosto, a Justiça do Espírito Santo determinou que o Secret fosse retirado dos celulares brasileiros. Talvez nossa sociedade consiga domar as redes sociais, assim como o mundo ocidental escapou do totalitarismo. Que livros como O Círculo sirvam como alertas.
Fonte: Revista Época Online

sábado, 6 de dezembro de 2014

Aphrodite's Child - It's Five O'Clock - Legendado

Uma obra-prima que o Aphrodite's Child deixou para a música mundial, essa canção com uma letra belíssima, principalmente na voz do grande Demis Roussos, que nesse tempo já mostrava seu talento vocal singular. Uma banda composta por caras fenomenais e que tinha nos teclados simplesmente um outro "monstro" chamado Vangelis. Sensacional!


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Vista noturna da cidade de Paris

Visitando Ghent - Bélgica

Visitando a fábrica de diamantes Coster Diamond - Amsterdam

Haia - Holanda

Música nas ruas de Bruges - Bélgica

Grand Place - Bruxelas - Bélgica

Market Place - Bruges - Bélgica

Bruges - Bélgica

Visitando Abbey Road - Londres

Reggae em Piccadilly Circus - Londres

Rodando por ruas de Londres

Um passeio na London Eye

domingo, 30 de novembro de 2014

If leaving me is easy - Phil Collins

A arte de conversar

Les Plaisirs du bal, Jean-Antoine Watteau
Alcir Pécora

A ideia da conversação como uma parte decisiva da vida civil foi desenvolvida por três importantes autores italianos do século 16: Baldassare Castiglione (1478-1529); Giovanni Della Casa (1503-1556) e Stefano Guazzo (1530-1593). Em pouco tempo, tais considerações avançaram pelas principais cortes europeias, delas recebendo diferentes traduções e emulações.

Nos salões parisienses, em pleno período de rebelião dos grandes senhores contra a política de centralização monárquica levada a cabo pelos cardeais Richelieu e Mazarino, tais ideias foram aclimatadas de maneira interessante. Sob o reinado de Luís XIV, dois nomes, pouco conhecidos atualmente fora da França, destacaram-se nesse processo.

O primeiro deles é o de Antoine Gombaud, Chevalier de Méré (1607-1684). No De la conversation, de 1677, define a conversação como qualquer diálogo entre pessoas que se encontram casualmente ou não, com o propósito principal de diversão. Portanto, opõe conversa a conselho ou conferência, isto é, reuniões de negócios, onde não cabem gracejos e brincadeiras. Uma boa conversa deve ser distinta; agradar aos que escutam, pois apenas se estima o que contribui para a felicidade própria; suscitar movimentos moderados da alma, sem tristeza ou riso excessivos; usar argumentos de fácil inteligência; ter maneiras diversificadas; dar-se em boa companhia; possuir uma eloquência própria, mais próxima de pequenos retratos sem relação entre si, do que de grandes quadros.

Além disso, para Gombaud, a boa conversa supõe elocução fluente, sem grande ornamentação; supõe também simplicidade, que apenas existe no ar nobre e natural, oposto ao excesso de estudo, e ainda conformidade, isto é, uma acomodação do discurso às pessoas que se deseja conquistar. Convém sempre um humor afável e complacente com os amigos, além de um emprego comedido de provérbios, equívocos e agudezas, pois perdem a graça quando repetidos ou traduzidos para estrangeiros e visitantes.

Gombaud aconselha adotar um ritmo de “pressa lenta” na conversa, que nunca demonstre afã de impressionar; com esse mesmo propósito, também cabe evitar o tom sentencioso, de gosto vulgar. Realça ainda o papel da desenvoltura, para que não pareça que apenas se consegue falar bem mediante muito esforço, e a importância de evitar o didatismo livresco nas conversas. Outro aviso importante é do de temperar os elogios para que a fala não ganhe ares de adulação.

Para o autor, a regra mais decisiva da conversação é a de perceber o que cai ou assenta melhor na conversa, o que implica ser capaz de intuir sentimentos e pensamentos dos que escutam, de modo a jamais embaraçá-los. Ou seja, um conversador hábil deve saber o que a matéria e ocasião pedem, o que talvez se possa traduzir pelo critério mais geral de “senso de conveniência”.

O segundo nome que gostaria de mencionar é o de Madeleine de Scudéry (1607-1701), cujas séries de Conversations, escritas entre 1680 e 1688, recebem grande atenção de seus contemporâneos. Para ela, a utilidade e o prazer da conversação residem no estabelecimento de laços entre os homens. A isso se opõem vários maus hábitos correntes, como conversar sobre cuidados domésticos, sobre criados ou filhos, e ainda mais sobre roupas e o quanto elas custaram. Tampouco julga adequado falar cifradamente de intrigas; discutir genealogia e bens de família; falar da própria profissão, que em geral é maçante e só interessa aos que fazem o mesmo; e, de modo geral, entrar em assuntos graves, nos quais não cabe jovialidade. Também desaconselha reunião exclusiva de mulheres, sem a presença de ao menos um homem, mesmo que seja tolo, pois, a sós, tendem a esfriar o ambiente com bagatelas.

Madame de Scudéry ainda condena risos excessivos; narrações de casos funestos bem como de histórias do passado para gente que não o tenha vivido; empregar-se a falar de novidades locais, sem interesse para o visitante; falar baixinho, como se fosse segredo, o que geralmente não vai além de segredar falsas novidades. Tampouco julga adequado fantasiar grandes novidades ou falar de tudo seguidamente, para demonstrar espírito. É péssimo o hábito de falar aprofundadamente de um só assunto, que nunca se deixa mudar.

Para ela, a regra mais geral a adotar-se para uma conversação é a de falar livre e diversamente, segundo a ocasião, os lugares onde se está e as pessoas com quem se fala. O corolário dessa regra de ouro é que um grande conversador, dotado de espírito de polidez, reúne em si três talentos principais: o de desviar a direção usual das conversas; um espírito alegre e um sentido de conveniência sem apego a regras rígidas.

Salvo engano, portanto, a leitura dessas antigualhas ainda pode, senão instruir, divertir um bocado a quem se aventurar nelas.

Fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/2014/11/a-arte-de-conversar/

Levantamento mostra que a televisão ainda é a campeã de audiência em todo o país


Por Ruy Martins Altenfelder Silva*




A Pesquisa Brasileira de Mídia, encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República ao Ibope, traz algumas novidades, mas, basicamente, ajuda a con firmar e a dimensionar tendências já detectadas aqui e no exterior. Suas conclusões certamente poderão balizar a comunicação mais e ciente do governo com a população, especialmente nas chamadas mídias eletrônicas (rádio, TV e internet), já que tanto emissoras quanto programas e sites o ficiais são pouco lembrados e ainda menos assistidos. 

De acordo com o levantamento, a televisão é a campeã inconteste de audiência em todo o País, pois 65% dos brasileiros se postam diariamente, por mais de três horas, diante da telinha. Esse percentual sobe para 82%, quando considerados aqueles que a assistem cinco ou seis dias por semana. Surpresa, pelo menos para quem não está muito familiarizado com estudos sobre a mídia, é a forte preferência declarada dos telespectadores por noticiários e outros programas de cunho jornalístico, que chega a 80%, deixando em segundo lugar as novelas, com 48%.

O rádio vem em segundo lugar, mas com um dado que desmente sua penetração nos Estados com ocupação mais rarefeita. No Centro-Oeste, por exemplo, 52% da população nunca ouve rádio, o mesmo acontece com 51% dos moradores da região Norte. A maior audiência está no Rio Grande do Sul, com 72% dos gaúchos sintonizando suas emissoras preferidas pelo menos uma vez por semana. O último lugar fica com o Maranhão (9%). Não foi abordado na pesquisa o quesito programas mais ouvidos, o que daria mais clareza ao per fil dos ouvintes.

NOVAS E ANTIGAS MÍDIAS

O terceiro lugar do ranking já pertence à internet, embora 53% da população nacional ainda não acesse esse meio de comunicação, enquanto 26% ficam conectados à web durante a semana, com uma média diária de mais de três horas e meia. Nenhuma surpresa: a internet é a campeã entre os jovens menores de 25 anos (77%) e a menos cotada entre os maiores de 65 anos (3%). Com 68% das citações, as redes sociais aparecem como as mais acessadas, com prevalência do Facebook - uma tendência que estatísticas mais recentes sinalizam como já sendo abandonada pelos mais jovens. Aliás, o Facebook, com 38%, é o site mais procurado por quem está interessado em informação, seguido por portais essencialmente jornalísticos e ligados à mídia impressa, como Globo.com, G1 e UOL. Entre os entrevistados, em respostas de múltipla escolha, o acesso à internet por celular registra sensível avanço, com 40% das citações, contra os 80% dos computadores. Q uando se chega à mídia impressa, é sensível a queda da leitura de jornais e revistas entre os hábitos dos brasileiros: 70% e 85%, respectivamente, nunca abrem um jornal ou uma revista - fato que vem a confirmar as previsões de que esses meios de comunicação estão fadados ao desaparecimento. Já os mais otimistas alimentam a esperança de que com esses tradicionais veículos de comunicação aconteça o mesmo que ocorreu com o cinema, condenado à morte quando a televisão se popularizou. Ou seja, que jornais e revistas consigam sobreviver e até se fortalecer numa simbiose com os outros meios que ameaçam sua sobrevivência. Além disso, é bom não confundir o meio com a mensagem, pois o bom jornalismo pode ser exercido em outras mídias que não a impressa. E mais, como demonstra a preferência pelos programas noticiosos de TV, a fome pela informação não está desaparecendo entre as pessoas; ao contrário, ela só cresce.

SINAIS DOS TEMPO
Na análise das várias segmentações estatísticas apresentadas pela Pesquisa Brasileira de Mídia, aparece um forte sinal. O acesso aos meios de comunicação tem relação direta com dois indicadores sociais nos quais o Brasil não brilha, apesar de avanços recentes: a escolaridade e o nível de renda. Ou seja, quem tem mais anos de estudo e orçamento mais folgado, poderá ser um cidadão mais bem informado e com maior visão de mundo. Será, por exemplo, um eleitor mais consciente na escolha de seus representantes; um melhor pai ou um melhor professor para crianças e jovens; um indivíduo mais preparado para usufruir os direitos - e para cumprir os deveres - da cidadania; e assim por diante. Por tudo isso, para quem se interessa pelo tema, é sempre importante lembrar-se de aliar as pesquisas de mídia à qualidade do conteúdo que elas transmitem.


VANTAGEM

 Num importante quesito, entretanto, a mídia impressa leva nítida vantagem. Q uando está em jogo a credibilidade, ou a confiança na notícia recebida, 53% dos leitores acreditam no leem nos jornais, enquanto apenas 28% dos usuários põem fé nas informações postadas nas redes sociais. Outro ponto a observar na pesquisa é o peso da oferta de serviços de interesse da população. Por exemplo, no amplo sistema de emissoras, programas e sites mantido e alimentado pelo governo Federal, apenas dois sites receberam citações de acesso acima dos 10% e ambos com foco em assuntos de grande interesse: o do Ministério da Educação, com 12,6%; e o da Receita Federal, com 12,3%.

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Os meios de comunicação públicos ainda não são citados espontaneamente pela população. Os brasileiros não mencionam a TV Brasil nem a Rádio Nacional, por exemplo, quando perguntados sobre qual emissora de TV ou estação de rádio mais acessam. Os dados são da Pesquisa Brasileira de Mídia divulgada hoje pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR). De acordo com a publicação Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira, encomendada pela Secom e feita pelo Ibope Inteligência, programas da TV Brasil e emissoras de rádio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) apenas são lembrados pelos cidadãos brasileiros quando seus nomes são estimulados pelos entrevistadores.
*RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA é presidente do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de Letras Jurídicas.

Fonte: Portal Conhecimento Prático UOL - Revista Geografia

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