terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Nova vacina contra a aids começará a ser testada na França


O médico Erwann Loret anunciou nesta terça, dia 29, que seu grupo de pesquisas testará uma nova vacina contra a aids nas próximas semanas. Ainda que o próprio pesquisador adiante que esse não é o fim da doença, a perspectiva é que o estudo consiga substituir os coquetéis de antirretrovirais existentes hoje, minimizando as reações adversas. "A vacina permite a aplicação de anticorpos em quantidade pequena, mas de forma mais direcionada", explica o cientista. As informações são do jornal francês Le Figaro .
A primeira fase, com a participação de 48 pacientes soropositivos, servirá para que se avaliem os eventuais efeitos colaterais da vacina. Eles receberão três doses do produto, uma por mês. Se os resultados forem atingidos, 80 pacientes participarão da segunda fase, quando metade será tratada com a vacina e outra metade, com placebo.
Mesmo que a notícia tenha sido bem recebida, os pesquisadores destacam que a vacina não deve ser a solução, mas uma aliada na luta contra a aids. Contudo, ainda serão necessários vários anos até que se conclua se a vacina apresenta de fato algum avanço no combate à doença.
Atualmente, cerca de 25 vacinas contra a aids estão sendo desenvolvidas no mundo.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/nova-vacina-contra-a-aids-comecara-a-ser-testada-na-franca,884b062ccf78c310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html

domingo, 27 de janeiro de 2013

Imagens do Show da banda Skull Fist - São Luís (MA) - Brasil

Confira aqui algumas imagens e vídeos do show da banda canadense Skull Fist, em sua "No False Metal Tour", realizado dia 26 de janeiro no bar Pharmácia, em São Luís (MA), Brasil.
























Fotos by: Rogério Rocha
Vídeos by: Rogério Rocha e Manoel Rabelo

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Três conselhos de He-Man para sua carreira




He-Man vive no planeta Eternia, num período aparentemente medieval, mas tudo está cercado de tecnologias ainda não alcançadas aqui na Terra. Mas não é só isso, né? O cara tem de enfrentar o mala do Esqueleto e fingir que nem é o príncipe da bodega, se escondendo atrás de uma roupa de Robbin Wood cor de rosa (não está fácil para ninguém). Mas ele é mais que isso, vocês devem se lembrar. Ele é um conselheiro de mão cheia. Seja na filosofia de vida, nos relacionamentos amorosos ou pessoais, He-Man tem sempre o que nos dizer. Pensando nisso, o CLUB ALFA decidiu reunir três dicas do cara que serviriam para sua carreira.
Companheiros de trabalho que são malas
“As pessoas que têm sucesso são aquelas que trabalham pelo o que querem”. Quem nunca se mordeu de raiva com aquele estagiário mala que se acha o CEO da firma? Mas relaxa, cara. He-Man já te explicou: é só fazer o seu trabalho.

Assédio sexual
“Lembre-se: o corpo é seu e ninguém deve tocar em você de modo que sinta que está errado”. É isso aí. Evite os testes de sofá e também pense que aquela estagiária pronta para o abate não é apenas um pedaço de carne. Você precisa conquistá-la, não bajulá-la e conseguir o que quer na marra…

Drogas
“As drogas não fazem problemas desaparecerem. Elas só causam mais problemas”. Vale para aquele dia de meio de semana que você decidiu visitar aquele affair antigo ou passou do limite na cachaça após a derrota do seu time de bocha. Fica esperto, cara. “DROGAS, BLÁ!”

Animação brasileira nos cinemas


O filme “Uma História de Amor e Fúria” é uma rara animação brasileira recém-produzida.
Animação não é, de fato, muito comum no menu da produção do cinema brasileiro. Por isso, “Uma História de Amor e Fúria”, produzido pela Gullane e Buriti Filmes,  chama a atenção. Trata-se de um longa-metragem, com linguagem de HQ, feito para os públicos jovem e adulto.
No filme, um personagem de 600 anos de idade conta a história do Brasil, desde a chegada dos europeus até o ano de 2096, quando acontece uma possível guerra pela água no Brasil do futuro. Os personagens protagonistas receberam as vozes de Selton Mello e Camila Pitanga. A estreia nos cinemas está programada para abril.
Assista ao trailer.
Fonte: Revista Club Alfa

Sete opções para quem detesta Carnaval




Carnaval não é unanimidade. Há quem goste de tudo, dos bailes, dos desfiles de escola de samba, do ambiente perverso/caótico, da liberalidade, do pretexto para encher a cara, do conceito hedonista de “viver o momento” e tudo o mais que a data evoca. Mas há quem não suporta nada disso, os chamados “carnafóbicos”, e procura alternativas nas quais possa se isolar de qualquer menção ou fato relacionado com a data. Para esses, damos as seguintes opções:
1 – Trabalho
É a alternativa mais clássica do verdadeiro carnafóbico. O projeto começa semanas antes, quando se começa a acumular trabalho para levar para casa. E durante os quatro dias de festa, o carnafóbico fecha as janelas e cortinas, desliga a TV, cancela a entrega do jornal e apenas trabalha.
2- Retiro Espiritual
É a segunda alternativa mais clássica do carnafóbico. O problema é que os retiros espirituais modernos têm até baile de mascarado. Procure bem.
3-  Curso de grego antigo
Um curso assim certamente vai afastar os alunos de qualquer pensamento carnavalesco. Dedique-se, se possível, a discussões filosóficas e antropológicas. Na pior das hipóteses, você vai acabar dormindo.
4- Namoro
Um namoro recém-adquirido é a melhor opção para sumir do carnaval. Passar quatro dias num quarto escuro é completamente carnafóbico. Se sua namorada não é nova ou se você é casado há muito tempo, é mais difícil. Nesse caso, arrume uma amante.
5- Viagem ao exterior
É muito charmoso e chique fugir do carnaval em Paris, Londres ou Roma. Mas caro. Se você não tiver dinheiro, pegue o “Trem de La Muerte” e vá à Bolívia.
6- Curitiba
Essa é uma cidade que não se envolve muito com carnaval. Mas não basta ir até lá. É fundamental assistir ao teatro de bonecos do Dr. Botica.
7- Curso de mergulho
Parece perfeito, não é? Permanecer a vinte metros de profundidade em alto mar, sem ouvir som ou qualquer movimentação… é o sonho de todo carnafóbico. O problema é que o ar acaba e a volta à realidade é inevitável.
Fonte: Revista Club Alfa

Segundo a NASA, 2012 foi o nono ano mais quente desde 1880


O ano de 2012 manteve a tendência de aquecimento do clima. De 132 anos para cá, os nove anos mais quentes ocorreram depois de 2000

por Redação Galileu
 Editora Globo
O mapa representa as anomalias na média da temperatura global entre 2008 e 2012 / Créditos: NASA/Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio
Cientistas da NASA afirmam que 2012 foi o nono ano mais quente desde 1880. Uma análise de longo prazo revelou que os nove anos mais quentes em 132 anos, ocorreram após 2000, sendo 2010 e 2005 os anos mais quentes.
O Instituto de Estudos Espaciais da NASA, em Nova York, monitora as temperaturas na superfície global, levando em conta os dados de mais de 1000 estações meteorológicas, imagens de satélite e as pesquisas realizadas com gelo da Antártida. Os índices revelam que a Terra continua esquentando nas últimas décadas. Em relação à média da metade do século XX, a temperatura teria aumentado 0,6 ºC. Comparado com 1880, a média global subiu 0,8 ºC.
O aumento na emissão dos gases causadores do efeito estufa, como o gás carbônico, que retêm a frequência infravermelha dos raios solares, tem intensificado o processo de aquecimento global. Segundo os cientistas, cada ano não precisa ser necessariamente mais quente que o ano anterior. Porém, pela quantidade de gás emitida, a expectativa dos cientistas é que cada década fique bem mais quente que a anterior.
O nível de gás carbônico na atmosfera, emitido pela queima, sobretudo, de combustíveis fósseis, era algo em torno de 285 parte por milhão (ppm) em 1880, subindo para 315 ppm em 1960 e, atualmente, ultrapassando a faixa dos 390 ppm. As regiões mais atingidas são aquelas de climas mais extremos. 
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI328894-17783,00-SEGUNDO+A+NASA+FOI+O+NONO+ANO+MAIS+QUENTE+DESDE.html

MORADOR DE RUA É CONDENADO A PRISÃO DOMICILIAR


Fonte da imagem:http://www.google.com.br/imgres?hl=pt-BR&sa=X&biw=1280&bih=831&tbm=isch&prmd=imvnsu&tbnid=aF7QpTKUuU0yIM:&imgrefurl=http://quemtemmedodademocracia.com/colunas/desabafos-de-um-anciao/tratado-filosofico-do-morador-de-rua/&docid=ckDYmgcDI8mPEM&imgurl=http://quemtemmedodademocracia.com/wp-content/uploads/2011/10/morador-de-rua1.jpg&w=2592&h=1944&ei=PII1T5-HM8rr0gHdy637Cg&zoom=1&iact=hc&vpx=198&vpy=163&dur=416&hovh=174&hovw=234&tx=175&ty=119&sig=112664447494966256168&page=1&tbnh=146&tbnw=199&start=0&ndsp=20&ved=1t:429,r:0,s:0
O morador de rua Nelson Renato da Luz foi flagrado no momento em que tentava furtar placas de zinco da Estação Luz do metro em São Paulo, desta forma teve a prisão em flagrante decretada, a qual posteriormente foi convertida em prisão preventiva. Contudo, foi constatado em laudo pericial que o preso tem problemas mentais que o tornam inimputável, logo, de acordo com o artigo 26 do Código Penal brasileiro é isento de pena.
Assim, o poder judiciário foi colocado diante de um empasse, já que o acusado não pode ser preso preventivamente em razão da doença mental, nem ser encaminhado provisoriamente para um hospital de custódia e tratamento, já que esta medida só se aplica nos casos de crimes violentos ou praticados com grave ameaça.
Desta forma, foi decretada a prisão domiciliar do morador de rua. O resultado final deste empasse é que o morador de rua pode ser preso, novamente, por estar descumprindo a ordem judicial que determinou a prisão domiciliar, motivo pelo qual um grupo de advogados associados ao Instituto de Defesa do Direito de Defesa apresentaram Embargos de Declaração em face da decisão do HC que concedeu a liberdade ao morador de rua, mas lhe determinou a prisão domiciliar.
 Fonte: PORFIRIO, Fernando. Morador de rua é condenado à prisão domiciliar e pode ser preso por não cumprir a decisão. Uol noticias. . 10 de fev. 2012. Disponível em:http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/02/10/morador-de-rua-e-condenado-a-prisao-domiciliar-e-pode-ser-preso-por-nao-cumprir-a-decisao.htm . Acesso em: 10 fev. 2012.
Comentando a matéria
O presente caso é uma mostra evidente de como a aplicação do direito não pode se dar desvinculada de uma profunda análise do contexto social que diz respeito a cada caso que um magistrado tem diante de si. De igual modo, deve o julgador ser dotado de extremo senso crítico e apurado sentido de justiça.
O contrassenso que se instala com a sentença prolatada pelo membro da judiciário paulista decorre, primeiramente, da aplicação mecânica da lei penal, ignorando todo o entorno existencial do apenado. Em segundo lugar, assim entendo, talvez seja também uma forma de se livrar rapidamente de um duplo problema: o fato de ser o réu um morador de rua e portador de patologia mental.
É sabido por quem milita no direito que o doente mental é um inimputável, ou seja, não pode ser penalmente responsabilizado pelos crimes porventura cometidos, dada sua incapacidade de entender o caráter ilícito de sua conduta. O que não significa, por sua vez, dizer que o direito lhe vire as costas, visto que a lei lhe prevê a aplicação de medida de segurança, ao invés da pena.
A medida de segurança, que deve ser cumprida em hospital de custódia, possui natureza terapêutica e consiste no tratamento a que deve ser submetido o inimputável, com a finalidade de curá-lo ou, quando não for possível a cura, buscar meios de promover condições para sua ressocialização.
No caso em destaque, por se tratar de doente mental morador de rua (sem teto), o erro do juiz, em sua sentença, se torna mais aberrante ainda. Primeiro por aplicar prisão domiciliar a alguém que sequer tem moradia (o que por si só já inviabiliza e torna ineficaz a determinação legal). Segundo por ignorar a condição especial do agente, in casu inimputável, portanto merecedor de medida de segurança e não de uma pena restritiva. Sem esquecermos, ainda, que lhe seria mais proveitosa (inclusive socialmente, pois estaria acolhido) a permanência numa instituição onde profissionais de saúde habilitados pudessem oferecer-lhe a abordagem psiquiátrica mais adequada a sua patologia.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Abaixo o monopólio do mal

 

O Oriente é vermelho/ O Sol nasceu/ A China deu à luz /Mao Tsé-tung/ Ele trabalha pelo bem do povo/ Urra, ele é o nosso grande salvador", entoavam os chineses durante a Revolução Cultural (1966-1976) sob os olhos dos onipresentes retratos do Grande Timoneiro.

De 30 milhões a 70 milhões morreram entre 1949 e 1967, anos em que Mao Tsé-tung (1893-1976) governou a China. Em 1958, decidiu que o país produziria mais aço que o Reino Unido. Forçou a coletivização do campo, fez obras de infraestrutura sem engenheiros qualificados (intelectuais eram pragas burguesas) e derrubou florestas para alimentar fornos de fundo de quintal que produziriam aço de baixa qualidade com mão-de-obra desviada da agricultura. Foi seu "Grande Salto Adiante" (1958-1961) - fórmula que resultou em declínio na produção agrícola, fome em massa e dezenas de milhões de mortos.

Para reafirmar sua autoridade, Mao lançou 5 anos depois a sua Revolução Cultural. Mandou intelectuais plantar repolho, destruiu parte da herança cultural chinesa e instaurou o culto absoluto a sua personalidade. Teria sido ele um psicopata?

Não.

Nem toda maldade extrema é cometida por psicopatas. Transtornos da personalidade ocorrem numa pessoa quando ela, embora tenha a mente sã, não vive de uma forma completamente normal, e isso faz com que ela ou aqueles à sua volta sofram. O transtorno da personalidade antissocial, associado à psicopatia, é apenas um de uma lista de transtornos classificados pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, da sigla em inglês) - e um tipo patológico demais para a análise de líderes políticos, segundo Aubrey Immelman, especialista em perfil psicológico de políticos, da Universidade Saint John, EUA.

Que transtorno teria então levado Mao a fazer tantas pessoas sofrer sob seu regime? Segundo Michael M. Sheng, professor de história da Universidade do Estado de Missouri, Mao foi provavelmente um caso histórico de líder com o transtorno da personalidade narcisista.


Eu sou o bom

O narcisista se acha o mais importante do mundo - superbem-sucedido, superinteligente e superbonito, mesmo que não seja tudo isso. Ele só se compara aos famosos e acha que só presta o que for do bom e do melhor.

Como precisa da admiração alheia, rodeia-se de puxa-sacos e fica furioso se não for adulado. Para esconder suas imperfeições, procura evitar estabelecer intimidade com os outros. De tão absorto em sua própria grandiosidade, por vezes acaba não sentindo empatia com o sofrimento alheio - uma característica que compartilha com o verdadeiro psicopata.

Um chefe narcisista, por exemplo, sobrecarrega seus subalternos de trabalho mesmo que não seja inevitável, e não se penaliza se, com isso, os coitados perdem o aniversário da filha ou o casamento do melhor amigo.

E a coisa fica feia mesmo quando o narcisismo patológico descamba para líderes políticos. "Líderes com esse perfil não têm empatia nem se comovem com o sofrimento humano. Isso lhes permite cometer atrocidades contra seu próprio povo com a mesma prontidão com que brutaliza seus inimigos", diz Immelman. Segundo ele, exemplos recentes são o ditador iraquiano Saddam Hussein e o norte-coreano Kim Jong-Il.

No caso de Mao, o líder desenvolveu uma série de mecanismos de defesa para esconder o fato de que não era tanto quanto se achava: a intolerância, a necessidade de bajulação, a negação de seus erros, a busca de fantasias grandiosas, segundo Sheng. O resultado: ele superestimou sua força e a de seu partido, o que tornou suas políticas radicais e irrealistas. Seu narcisismo invadiu até a mesa. "Mao não tolerava que ninguém discordasse dele. Uma vez, sua mulher, Jian Qing, ordenou que fosse servido um prato saudável em vez do ensopado de porco que comia duas vezes por semana. Ficou tão contrariado que pelo resto da vida se recusou a comer a mesma coisa que a esposa", escreve Sheng.


Freio ético


Apesar de pontos em comum com o psicopata, como viver em torno de seus próprios interesses, há diferenças essenciais entre os dois transtornos. O psicopata não tem freio ético porque não conseguiu interiorizar a lei. "Enquanto isso, o narcisista tem esse freio, mas, por muitas vezes e em diversas situações, não consegue utilizá-lo por excesso de ‘amor-próprio’, que não é exatamente amor", diz o psiquiatra forense Elias Abdalla Filho, da Universidade de Brasília.

"Na história recente, tivemos notícias de um político que chegou até mesmo a mandar serrar algum (ou alguns) de seus funcionários. Um narcisista não daria conta disso", diz Abdalla. Ou seja, o narcisista não tem consideração pelo outro somente até um certo ponto. "Se você colocá-lo diante de uma pessoa em aflição e se a ajuda que ele puder oferecer não afetar seu brilho, vai se sensibilizar com a dor do outro - o que não tem como acontecer com o antissocial."

Todos contra um

Josef Stálin foi outro líder que causou a morte em massa. Mas, para a cientista política Rose McDermott, seu histórico de expurgos políticos apontam para outro transtorno da personalidade: o paranoide.

O paranoide, segundo a APA, é um cara que desconfia profundamente dos outros. Acha que pessoas o exploram, prejudicam ou enganam, mesmo que não haja nenhuma evidência disso. Se um colega fizer uma piadinha ingênua, o paranoico já acha que foi um ataque sério contra seu caráter; e elogios lhe parecem críticas veladas. Intimidades são proibidas - ele pensa que esse tipo de abertura poderá depois ser usada contra ele. Por esses motivos, parecem hostis, frios, críticos, sarcásticos, incapazes de colaborar. E, como ele guarda um enorme rancor das pessoas, qualquer deslize pode desencadear reações furiosas.

"Líderes políticos paranoides não confiam sequer nas pessoas que o apoiam e comumente realizam massacres de grande escala para eliminar inimigos, reais ou imaginários", escreveu McDermott no artigo Political Psychology in International Relations ("Psicologia Política nas Relações Internacionais"). Além de em 10 anos fuzilar 93 dos 139 eleitos ao Comitê Central soviético em 1924, executou um terço dos 3 milhões de membros do Partido Comunista.

A máquina do mal

E Hitler? Ele já foi chamado de tudo. Michael Fitzgerald, professor de psiquiatria do Trinity College, na Irlanda, afirma que provavelmente ele tinha a síndrome de Asperger - um tipo de autismo caracterizado pela fixação em alguns poucos interesses extremamente específicos, dificuldade em relacionamentos e dificuldade de comunicação, presente também em Einstein e Newton. Já o historiador da medicina Fritz Redlich escreveu que o führer era paranoide, narcisista, ansioso, depressivo, hipocondríaco - só para começar a lista. Para piorar, os legistas soviéticos que fizeram a autópsia de Hitler disseram que ele tinha um só testículo.

O fato é que não há certezas sobre sua personalidade. E sobre os milhões que se tornaram engrenagens de seu regime? De bons cidadãos viraram de repente transtornados perigosos?

Não para psicólogos sociais como Philip Zimbardo, da Universidade Stanford. Para ele, viver num sistema maligno leva pessoas boas a agir de uma forma má. Basta seguir uma fórmula para chegar à obediência absoluta a uma autoridade má.

Primeiro, faça um contrato formal ou informal que obrigue à obediência. Nele, atribua papéis bem definidos, como "guarda" ou "maquinista", que façam a pessoa acreditar que apenas cumpre seu trabalho, e não se veja como responsável por um mal maior. As regras desses papéis devem parecer razoáveis, mas vagas o suficiente para ser distorcidas.

É então a hora de criar uma novilíngua: transforme expressões negativas como "reprimir" por "manter a ordem social". Depois, crie um bode expiatório - um inimigo comum responsável por todos os males.

A ação deve começar com passos aparentemente inofensivos, mas que aos poucos vão se agravando. E a figura da autoridade, apesar dos atos maus que ordena, deve também trazer uma aura de justiça - a de mensageiro de um fim desejável que justifique os meios indesejáveis. Para completar, deve ser caro demais mudar de time. Está pronta a receita do mal. 



Fora da realidade

E o que acontece quando uma pessoa não tem apenas a personalidade transtornada, mas possui a mente prejudicada, in­capaz de diferenciar a sua imaginação da realidade?

Em busca do suspeito pelo desaparecimento de Bernice Worden, 50, a polícia do Estado de Wisconsin, EUA, entrou no dia 17 de novembro de 1950 nos escombros da casa de Ed Gein. Esquivando-se do lixo em decomposição que forrava o chão, foi recebida na cozinha pelo cadáver de Worden, pendurado de ponta-cabeça, decapitado e aberto no abdômen, sem as vísceras. Em seguida, encontrou crânios usados como tigela de sopa e objetos feitos com pele humana delicadamente costurada: um abajur, máscaras, a capa de uma poltrona e um terno.

Preso, Ed foi diagnosticado com esquizofrenia crônica. Não era um homem sem consciência, e sim um desorientado, alucinado, desconectado da realidade. Foi internado num hospital para pessoas criminalmente insanas, onde viveu feliz fazendo artesanato, sem precisar de tranquilizantes.


Sem pé nem cabeça
O caso de Gein fertilizou o imaginário popular em torno da esquizofrenia - caracterizada por delírios, alucinações, distorções na comunicação e um comportamento desorganizado. Inspirada nele, Hollywood criou uma série de personagens macabros, como Norman Bates, de Psicose, o Leatherface, de O Massacre da Serra Elétrica, e Buffalo Bill, um cara que matava mulheres gordas para depois se vestir com suas peles em O Silêncio dos Inocentes.

Seriam os pacientes com esquizofrenia perigosos como psicopatas? Não. Segundo Abdalla, eles "não têm a condição de planejar o homicídio como um psicopata, e homicídio em série é mais difícil ainda". Por isso, quando cometem crimes, são feitos bizarros, desprovidos de sentido - como um homem que matou a mãe quebrando sua cabeça no chão para encontrar os pensamentos dela.


A maioria dos pacientes com esquizofrenia é de pessoas passivas, apáticas, desinteressadas e, sobretudo, sem vontade, diz Helio Elkis, coordenador do Programa de Esquizofrenia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. "São os ‘sintomas negativos’, expressão de um déficit do neurotransmissor dopamina nas re­giões frontais do cérebro."

No entanto, quando tem um episódio psicótico, esse nível de dopamina aumenta, e o paciente pode tornar-se violento - e o pior, com ideias persecutórias, grandiosas ou místicas.

Isso só não basta para que cometa crimes. Segundo um estudo britânico recente, a fração da população de pacientes com esquizofrenia que pratica crimes violentos é exatamente a que usa drogas ilícitas. De 8 mil pacientes com esquizofrenia analisados, 13,2% já cometeram algum crime violento (contra 5,3% da população em geral). Só que, dividindo esse grupo segundo o consumo de drogas, o número subiu para 27,6% para os usuários, contra 8,5% entre os não usuários.

Ou seja, diferentemente da psicopatia, o perigo da esquizofrenia está mais nas drogas - ou em Hollywood - que na cabeça do paciente.



O grandioso
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA

Menos de 1% da população (EUA)
• Acha-se a última bolacha do pacote.
• Vive em fantasias de sucesso, poder, inteligência e beleza ilimitados.
• Para ele só serve o que for o melhor.
• Precisa sempre de um puxa-saco para manter sua autoestima lá em cima.
• Tira vantagem dos outros para se manter na crista da onda.
• Reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos alheios.
• É invejoso e se acha alvo de inveja alheia.


NARCISISTA VS. PSICOPATA
Embora insensível, superficial, explorador e sem empatia assim como o psicopata, o narcisista não é necessariamente impulsivo, agressivo e enganador. Por outro lado, o psicopata não precisa da admiração alheia, e o narcisista em geral não têm transtorno de conduta na infância (veja página 30) nem comportamento criminoso quando adulto.

MAO TSÉ-TUNG
Seu culto era lei. Suas ordens, inquestionáveis. Mas, incapaz de ver os limites da força dele e de seu partido, o Grande Timoneiro insistiu em políticas radicais e irrealistas: no seu "Grande Salto Adiante" (tentativa de fazer a China crescer 50 anos em 5), lançado em 1958, levou à morte de entre 20 milhões e 43 milhões de pessoas por fome.


O quão má é a maldade? O grau de ruindade com que se mata faz toda a diferença ao julgar um crime. Para padronizar esse grau, o psiquiatra Michael Stone, da Universidade de Colúmbia, EUA, criou a Escala da Crueldade.

O desconfiado TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANOIDE
De 0,5 a 2,5% da população (EUA)

• Suspeita que todos o exploram, o maltratam ou conspiram contra ele.
• Duvida sem motivo da lealdade de amigos, colegas ou companheiro.
• Não compartilha intimidades, por temer que informações sejam usadas contra ele.
• Vê significados ocultos ameaçadores ou humilhantes em qualquer coisa.
• Guarda rancores persistentes e é implacável com insultos ou deslizes.
• Percebe ataques a seu caráter que os outros não veem e reage com raiva.

PARANOIDE VS. PSICOPATA
Embora o comportamento antissocial possa estar presente em alguns paranoides, geralmente não é motivado pelo desejo de obter vantagens pessoais ou explorar os outros como nos psicopatas, porém se deve, mais frequentemente, ao desejo de vingança.

JOSEF STÁLIN
A paranoia do secretário-geral da ex-URSS ajudou-o a subir ao topo da estrutura política soviética. Para evitar golpes e dissidência, realizou expurgos. Executou 93 dos 139 membros do Comitê Central, 81 dos 103 generais e almirantes das Forças Armadas, e um terço dos 3 milhões de membros do Partido Comunista. Da população em geral, 20 milhões foram mandados ao trabalho forçado.



O estranho
ESQUIZOFRENIA
1% da população (EUA)

• Tem uma visão distorcida da realidade, por exemplo, com delírios persecutórios.
• Alucinações podem atingir os 5 sentidos, mas a mais comum é a auditiva, com vozes ameaçadoras, acusadoras ou insultantes.
• Sua fala e seu comportamento são desorganizados ou incoerentes.
• O afeto e os ânimos são esvaziados.

ESQUIZOFRÊNICO VS. PSICOPATA
Comportamento violento é comum em alguns pacientes com esquizofrenia não tratados. No entanto, a esquizofrenia afeta exatamente o raciocínio lógico, que permanece intacto na psicopatia. Por isso, o esquizofrênico não tem a mesma condição de planejar um homicídio. Quando mata, o crime é bizarro. Mais comum que matar os outros é a tentativa de se matar – ocorre em 20 a 50%.

UNABOMBER
Theodore Kaczynski era um matemático genial. Chegou a dar aula em Berkeley aos 25 anos, mas decidiu virar um eremita. Iniciou uma cruzada pelo fim das bases econômicas e tecnológicas da sociedade industrial. Entre 1978 e 1995 enviou 16 bombas a pesquisadores universitários e empresas aéreas, matando 3 e ferindo 23.



Engrenagem nazista 


Eichmann não sentiu remorso por levar milhões à morte, mas não era psicopata
Quando os juízes perguntaram em maio de 1960 ao homem calvo, de óculos grossos e olhar calmo, se sentia culpa pela morte de milhões de judeus durante o Holocausto, Otto Adolf Eichmann pensou um pouco. E disse que não. Funcionário de Hitler, era o responsável pelos trens que conduziam as vítimas até os campos de concentração.


Ajudar em milhões de mortes e não sentir nada é indício de psicopatia, certo? Não. Essa questão estava errada, escreveu a filósofa Hannah Arendt, em Eichmann em Jerusalém. Ele não era doente, apenas um funcionário-padrão. No fim, agiu "certo" e para o "bem" de um sistema, esse, sim, essencialmente criminoso. Como seria possível condenar Eichmann, e não a nação inteira, que considerava certo matar judeus?

Esperava-se encontrar em Eichmann uma aberração psiquiátrica. Mas meia dúzia de psiquiatras atestou a sua "normalidade". Ele seria "ao menos mais normal do que fiquei depois de examiná-lo", teria dito um dos médicos. Seu comportamento com a mulher, os filhos, a família e os amigos era "não apenas normal mas inteiramente desejável".

Eichmann não se achava um monstro. Apenas cumpria ordens. "Só ficava com a consciência pesada quando não fazia aquilo que lhe ordenavam - embarcar milhões de homens, mulheres e crianças para a morte, com grande aplicação e o mais meticuloso cuidado", escreveu Arendt. Eichmann sabia o que fazia e o fez bem. Daí sua frase que chocou o mundo: "Arrependimento é para criancinhas".

Seu caso não era o de um antissemita. "Por trás da comédia dos peritos da alma estava o duro fato de que não se tratava, evidentemente, de um caso de sanidade moral e muito menos de sanidade legal." Eichmann não era psicopata, mas um homem comum. "Esse novo tipo de criminoso comete seus crimes sob circunstâncias que tornam impossível para ele saber ou sentir que está fazendo algo errado", escreveu Arendt. É o que ela batizou de "banalidade do mal".

Otto Adolf Eichmann foi enforcado no dia 31 de maio de 1962.

Fonte:  Superinteressante, jul. 2009.

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