Agência Brasil
São Paulo
– O tamanho dos textos e enunciados das questões do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) foi a principal reclamação dos candidatos que
fizeram a prova na Universidade Nove de Julho (Uninove), na zona oeste
paulistana. A estudante Daniela Andrade, 18 anos, diz que não achou a
prova difícil, mas cansativa. “É muito texto, são muito grandes as
perguntas”, disse a jovem que admitiu ter estudado somente “um pouco”.
Avaliação
semelhante teve Camila Feliciano, estudante da mesma idade. “Eu achei
que deveria ter estudado mais, porque estava fácil”. Apesar do baixo
nível de dificuldade, ela acha que foi mal devido ao pouco empenho no
último ano no cursinho. Camila também reclamou dos enunciados. “Muito
texto, dava até sono.”
No entanto, os temas tratados na prova
ajudaram a candidata Michele Oliveira. Ela achou o exame menos
complicado do que o do ano passado. “Como foi bem focado em atualidades,
e eu leio muito, estava bem fácil”, disse a aluna do ensino médio que
pretende usar a nota para entrar em um curso de psicologia ou
jornalismo.
Por acompanhar diariamente as notícias na internet,
Micael Magalhães também acha que se saiu bem nas questões relacionadas a
política e atualidades, em especial as que trataram da situação da
Líbia. O estudante de 17 anos espera que o segundo dia do exame seja
ainda mais fácil. “Acho que tenho habilidade para redação”, ressaltou.
Cursando
economia em uma faculdade particular, Leandro Loiola, 26 anos, pensa
justamente o contrário. Para ele, a prova de redação, parte da avaliação
de amanhã, é um desafio à parte. “A redação sempre precisa de um tempo a
mais”, destacou. (Fonte: correioweb.com)
Comentário: Nossos estudantes, infelizmente, em sua grande maioria, tem preguiça de encarar a leitura a sério. Leem pouco ou quase não leem. Acham perda de tempo. Cansativo. Preferem o audiovisual. Por isso a dificuldade em analisarem com criticidade as relações intertextuais e as questões subjacentes a vários momentos da leitura.
Afeitos à leitura acrítica, rasa, superficial, de textos curtos, mal redigidos, bem como do uso de gírias internéticas, que praticamente descontroem a língua culta, nossos alunos se veem em maus lençóis quando vislumbram a sua frente um artigo, uma crônica, uma resenha, enfim, uma construção textual um pouco "maior", um texto mais "aprofundado". Acham, como disseram alguns estudantes ouvidos na matéria acima, que são "muito grandes".
É tarefa dos professores alertarem constantemente para a necessidade de se criar, de fato, o hábito de ler. E de se preparar para uma leitura crítica, atenta, problematizadora. Assim como é tarefa da escola, dos professores e dos pais (também), exercitarem nesses jovens a capacidade de raciocínio lógico, crítico, sistêmico.
Já é por demais sabido que o molde das provas do ENEM, desde sua criação, busca romper com a clássica pergunta "decoreba", trazendo em suas questões problemas interligados, trabalhando a resposta a partir da visão inter, trans ou mesmo multidisciplinar. Logo, numa mesma questão pode se cobrar um conteúdo que envolva, por exemplo, conhecimentos e habilidades nas áreas de história, geografia, literatura (só para ficar por aqui). Por isso, me surpreende que, ainda hoje, alguns alunos pareçam não ter se dado conta dessa realidade. Sinal de que ainda há muito a se corrigir.
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