segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!!!

A todas as pessoas que nos prestigiaram, lendo, comentando, divulgando e acompanhando os conteúdos editados em nossa home page durante o ano que agora termina, meus sinceros agradecimentos.

Espero continuar oferecendo, também no ano de 2013, conteúdo de relevância e qualidade, aperfeiçoando cada vez mais nossas publicações, a fim de levar informação e conhecimento a mais e mais pessoas ao redor do mundo.

Um Feliz Ano Novo é o que desejo a vocês!

Rogério Rocha

domingo, 30 de dezembro de 2012

Johnny Depp: um ator complexo e fascinante



Excelente ator, bad boy, descolado, rebelde, outsider de Holywood, ídolo teen, camaleônico, galã às avessas, ovelha negra. Eis alguns dos muitos adjetivos usados para definir Johnny Depp. Em 20 anos de carreira John Christopher Depp II, ou simplesmente Johnny Depp, se tornou um dos melhores atores de sua geração. Em seu currículo uma gama de ecléticos personagens: desajustados, outsiders sensíveis e excêntricos renegados. Desde sua marcante atuação em Edward Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands - 1990) até o enorme sucesso comercial como o cínico capitão Jack Sparrow em Piratas do Caribe: a maldição do Pérola Negra (2003), Depp escolheu personagens que deixaram tanto críticos quanto fãs abismados e maravilhados. Ao longo da carreira, Johnny Depp sempre priorizou a integridade artística em detrimento do mero atrativo comercial. Ficou marcado por ter recusado determinados papéis em filmes que posteriormente se tornaram estrondosos sucessos de bilheteria: Velocidade Máxima (1994), Titanic (1997), Entrevista com o vampiro (1994) e Proposta Indecente (1993), só para citar alguns. Em vez dos grandes blockbusters, Depp preferiu atuar em produções independentes, com diretores nem tão consagrados, filmando obras como Um sonho americano (1993), Dead Man (1995) e Benny & Joon: corações em conflito (1993).


O fascínio pelos personagens desajustados explica-se em parte pelo fato de ter se tornado um ídolo adolescente quando estrelou com destaque especial a série de tv 21 Jump Street (1987-1991) – no Brasil exibida com o nome de Anjos da Lei. Incentivado pelo diretor Tim Burton, que para muitos é seu verdadeiro alter ego, Depp decidiu abandonar o programa. De presente recebeu de Burton o papel principal em seu primeiro grande êxito cinematográfico, Edward Mãos de Tesoura. Seguindo sua intuição para escolha de papeis com os quais se identificasse fez depois: Gilbert Grape: aprendiz de sonhador (1993), onde atuou ao lado de um Leonardo de Caprio ainda jovem e promissor, Ed Wood (1994) e Medo e delírio (1998).


Mesmo optando por trilhar o caminho peculiar dos papeis não convencionais, Depp há muito está sob a mira dos holofotes. Enquanto integrava o elenco de Anjos da Lei (21 Jump Street), falava abertamente sobre sua adolescência selvagem, quando tocou em bandas, experimentou drogas e abandonou a escola, criando assim um mito de si próprio que levou a imprensa especializada considerá-lo, à época, uma espécie de novo James Dean. Mais tarde, após casar-se e divorciar-se ainda jovem, e de namorar as atrizes Sherilyn Fenn e Jennifer Grey, Depp envolveu-se com a atriz Winona Ryder enquanto se tornava uma celebridade crescente.



Sob pressão constante da mídia e uma fama global, Depp passou a abusar da bebida, culminando essa fase com um escândalo num hotel de Nova York, quando quebrou tudo numa suíte que ocupava. Como se não bastasse, sua amizade com encrenqueiros famosos como Keith Richards, Hunter Thompsom, Shane MacGowan, Iggy Pop, Sean Penn e o astro Marlon Brando, ajudou a consolidar sua reputação de rebelde de Holywood.


Com o tempo e o amadurecimento tudo isso mudou, e já em 2006 Jhonny se encontrava pessoalmente realizado e no auge da carreira. Na onda do estrelato com Piratas do Caribe: o baú da morte (sequência do não menos aclamado Piratas do Caribe: a maldição do Pérola Negra), seu primeiro sucesso verdadeiramente estrondoso, Depp tem Holywood a seus pés. Numa síntese fenomenal, ele conseguira reunir em sua pessoa tanto as virtudes de um ator sério quanto a de um ídolo do cinema comercial – tornou-se o 6º ator mais bem pago de Holywood em 2012. Tudo isso sem deixar de imprimir sua marca pessoal e continuar dando dignidade aos personagens que interpreta.


Muitos atribuem a boa fase e o sucesso do momento à felicidade que lhe trouxe a vida familiar. Num relacionamento estável desde 1998 com a atriz, cantora e modelo francesa Vanessa Paradis, Depp divide seu tempo entre a casa em Paris, Los Angeles e uma ilha nas Bahamas. As outras razões para seu novo momento são seus dois filhos: Lily-Rose Melody Depp e Jack John Christopher III. Recentemente revelou: “Antes de meus filhos nascerem, eu não sabia que uma família é a coisa mais maravilhosa e motivadora do mundo. Vanessa Lily-Rose e Jack me trouxeram uma felicidade enorme, eles são a chave do sucesso”.

Para assistir e gostar de Johnny Depp (filmes que recomendo):

- Edward Mãos-de-tesoura (Edward Scissorhands - 1990)
- Gilbert Grape: aprendiz de sonhador (What's Eating Gilbert Grape - 1993)
- Ed Wood (1994)
- Tempo Esgotado (Nick of time - 1995)
- Don Juan DeMarco (1995)
- A lenda do cavaleiro sem cabeça (Sleepy Hollow - 1999)
- Do Inferno: a verdadeira história de Jack, o Estripador (From Hell - 2001)
- O Libertino (The Libertine - 2004)
- A janela secreta (Secret Window - 2004)
- Em busca da Terra do Nunca (Finding Neverland - 2004)
- A fantástica fábrica de chocolate (Charlie and the chocolate factory - 2005)
- Inimigos Públicos (Public Enemies - 2009)
- Alice no país da maravilhas (Alice in Wonderland - 2010)
- Sombras da noite (Dark Shadows - 2012)

Caçada a Lobato

A polêmica começou com uma denúncia apresentada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do Ministério da Educação, pelo Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) e pelo técnico em gestão de educação, Antonio Gomes da Costa Neto. A ação judicial defende que a obra não deve ser comprada pelo governo nacional para ser distribuída às escolas públicas como integrante do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) porque, segundo as regras do próprio programa, as obras selecionadas não devem apresentar “moralismos, preconceitos, estereótipos ou discriminação de qualquer ordem”.

Apesar do parecer inicial favorável, o então ministro da Educação e hoje prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, decidiu não aplicar a medida, talvez por ser polêmica em época de eleições municipais. “É uma pena que o Conselho Nacional de Educação (CNE) tenha se submetido à vontade eleitoral do Haddad”, comenta Humberto Adami, advogado e diretor do Iara. Em resposta ao descaso, a ação foi elevada ao Supremo Tribunal Federal. Em setembro, foi realizada uma audiência de conciliação entre as partes, sem sucesso. Agora, o processo aguarda o fim do julgamento do mensalão para entrar na agenda do ministro Luiz Fux. Por ironia, o julgamento será presidido pelo ministro negro Joaquim Barbosa.

A ação judicial trouxe à tona um traço menos conhecido de Lobato e desagradável para seus fãs: sua firme defesa da eugenia, a ciência que supostamente estuda as qualidades raciais. Em cartas trocadas com o amigo Godofredo Rangel, em 1908, o escritor chegou a lamentar a não existência da Ku Klux Klan no Brasil, utiliza o termo “pretalhada inextinguível” e, entre outras coisas, afirma que a escrita “é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, funcionam muito mais eficientemente”.

“Na época a eugenia era um debate científico. É importante entender Lobato no seu contexto. A crítica atual é extemporânea e burra”, argumenta Vladimir Sacchetta, produtor cultural e biógrafo do escritor. É bom lembrar ainda que, se a Constituição de 1988 passou a considerar racismo um crime inafiançável e imprescritível, as versões da Lei Magna nacional de 1934 e de 1937 apresentavam propostas para a educação relacionadas aos ideais eugênicos, tais como a obrigatoriedade da educação física.

Os comentários racistas do escritor foram publicados na primeira edição do livro A Barca de Gleyre, em 1944. “Mas, graças à sua capacidade de rever posições e pontos de vista, na edição seguinte do mesmo livro Lobato cortou esse trecho. Ele se revia e se editava o tempo todo. Assim como tinha coragem de declarar suas posições, tinha coragem de revê-las”, defende Sacchetta.

Outro exemplo emblemático, aponta o biógrafo, são os três momentos distintos da construção de outro personagem famoso do autor, o Jeca Tatu. Primeiro, o escritor define o caboclo brasileiro como “preguiçoso por determinação genética”; depois de estudar pesquisas na área de saúde, se desculpa com o personagem e lamenta o efeito da esquistossomose sobre a população rural; mais tarde, em fase de namoro com o Partido Comunista Brasileiro, o Jeca Tatu se torna um sem-terra, vítima do latifúndio.

Mal-entendido subentendido

O debate acirrado entre defensores e críticos de Lobato ganhou um viés de combate à censura politicamente correta. Humberto Adami garante que não é essa a intenção da sua iniciativa, apesar de o Iara já ter começado a investir contra outro livro do autor, Negrinha, também integrante da lista do PNBE. “Não queremos censura nem banimento. Queremos que se faça valer a lei do programa; que o livro ganhe uma nota explicativa sobre a incorreção dos termos e a capacitação dos professores. Para nós, a obra pode continuar sendo usada nas escolas, como forma até de se desconstruir o racismo”.


Se for mesmo adotada, a nota explicativa deverá entrar ao lado de outra nota que trata da atual proibição e punição da caça às onças – o leit motiv de uma das histórias do livro Caçadas de Pedrinho. “Chamou a nossa atenção o fato de que a editora tenha feito uma menção sobre a pertinência da questão ambiental sem precisar de ações judiciais. Quando se trata do negro, encontramos resistência.”

Para Paulo Vinicius B. Silva, um dos professores responsáveis pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o politicamente correto, nesse caso, importa menos. A questão mais grave seria a falta de valorização do personagem negro. Um estudo da Universidade do Sul de Santa Catarina, que será divulgado em 2013, mostra o impacto do racismo implícito na autoestima das crianças. “A equipe da Unisul percebeu que os pequenos ficam marcados ao ver imagens dos negros sempre em situação de inferioridade, mesmo nos livros didáticos, como, por exemplo, sendo açoitados”, adianta. Para Silva, a ação na Justiça alvoroçou a opinião pública porque a sociedade brasileira está acostumada à ilusão de se autoconsiderar antirracista. “As questões que expõem como somos uma sociedade racista incomodam muito.”

Já J. Roberto Whitaker Penteado, diretor da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM), autor do livro Os Filhos de Lobato, considera que a herança deixada pelo escritor não passa por aí. Baseado em estudos desenvolvidos em sua tese de mestrado, Penteado afirma que Lobato transmitiu valores mais importantes, como o inconformismo com as ideias dominantes e com os poderes constituídos, o espírito crítico e a importância da iniciativa individual, assim como o valor das escolhas pessoais e da liberdade de expressão, em sentido mais amplo.

“Além disso, ele defendeu, em todas as ocasiões, a inteligência contra a burrice e a abertura intelectual contra a intolerância. Os valores preconizados por Lobato continuarão a ter um imenso valor, depois que nós tivermos morrido, assim como todos os burocratas do MEC e de outras instituições governamentais”, desabafa.

Pontos polémicos

Em Caçadas de Pedrinho, há dois trechos principais que fundamentam a ação judicial. O primeiro é o momento em que a tia Nastácia quer fugir dos animais da floresta: “...esquecida de seus numerosos reumatismos, trepou na árvore que nem uma macaca de carvão”, compara o autor. A espécie a que o autor faz referência aqui responde oficialmente pelo nome monocarvoeiro ou muriqui (Brachyteles arachnoides). O maior primata do Brasil, originário da Mata Atlântica, é, realmente, muito ágil. Curiosamente, seu pêlo corporal é claro, mas ficou famoso porque os índios acreditavam que pintava a cara com carvão.

uma página do conflito de gerações e de mentalidades entre Tia Nastácia e a boneca Emília.

O segundo trecho é um comentário de Emília sobre o perigo da onça feroz solta pelo Sítio: “Não vai escapar ninguém, nem Tia Nastácia, que tem carne preta.” Emília, em outro momento, ainda chama a cozinheira de “negra beiçuda”. A insolência parte de uma boneca caracterizada pela língua solta. A personagem sempre foi conhecida por ser o alter ego do autor. Era uma espécie de porta-voz de todas as coisas que ele tinha vontade de dizer.

Apesar das má-criações da boneca de pano, Tia Nastácia era amada pelas crianças do Sítio do Picapau Amarelo e é protagonista do livro de Lobato, Histórias de Tia Nastácia. “Ela, o Tio Barnabé e o Saci Pererê eram propagadores da cultura e da sabedoria popular brasileiras, numa época em que se lia nas escolas coisas como Porque Me Ufano do Meu País e outras patriotadas”, nota Penteado.

O ponto de vista não é simpático para os olhos de Adami. Para o militante do Iara, faz parte do “racismo cordial brasileiro” o princípio “afetuoso” de que somos todos iguais, contanto que os negros fiquem sempre em lugar subalterno: na cozinha.

Na última história do livro, Tia Nastácia levanta a bandeira da igualdade. Quando quer andar no carrinho puxado pelo rinoceronte Quindim, recém-incorporado à turma do Sítio, a cozinheira diz a Dona Benta: “Agora chegou a minha vez. Negro também é gente, sinhá.” Esse trecho, entretanto, não é citado pela acusação.


Capítulo à parte

Na tentativa de acalmar os ânimos, Ziraldo tomou partido de Monteiro Lobato e, em Fevereiro de 2012, ilustrou a camiseta do bloco carnavalesco Que Merda é Essa? com o escritor abraçado a uma mulata, o que só aumentou as reações contrariadas da comunidade negra. A escritora Ana Maria Gonçalves dirigiu ao artista uma longa carta aberta esmiuçando a posição racista declarada de Lobato e o racismo implícito na comunidade brasileira. No final, assinou “negra, escritora, autora de Um Defeito de Cor”.

A carta, aparentemente, funcionou. Ziraldo pediu desculpas em público e confessou que desconhecia o fato de que Lobato apoiava a eugenia. “Foi uma mudança profunda da postura do Ziraldo. Lobato era um racista confesso. Esse viés do autor não costuma aparecer nem em biografias, mas isso não desmerece a obra dele como um todo”, afirma Adami.

Mais do que questões legais, a polêmica relacionada ao escritor parece ter a ver com a sua aceitação. O pai da literatura infantojuvenil brasileira não era só um vanguardista defensor de ideias profundas como a brasilidade, a natureza e o petróleo nacional. Também ajudou a formar e a educar crianças que antes eram “bichinhos calados”, diz Sacchetta. Deu voz, direito de pensar e senso crítico aos pequenos. Mas não era perfeito. Se as crianças, hoje idosos, adultos ou adolescentes, aprenderam bem terão discernimento para resolver a questão e crescer com o debate.

Fonte: Revista Planeta - Edição 483 - DEZ12/JAN13

DILÚVIO REVISITADO

O Livro do Gênesis da Bíblia descreve como Deus enviou o dilúvio para punir os homens por seus pecados. Avisado com antecedência, Noé – o único homem justo do mundo, em sua geração – construiu uma arca gigante para sua família e para um casal de cada espécie animal da Terra. Depois de 40 dias e 40 noites de chuvas, todos se salvaram e o planeta foi repovoado. Alguns cientistas pensam que realmente houve uma grande inundação no Mar Negro há milhares de anos, que poderia ter arrastado a arca de Noé para o topo do Monte Ararat, o mais alto da Turquia, onde se encontrariam vestígios do barco. As evidências científicas mostram, no entanto, que as águas nunca estiveram mais do que 20 metros abaixo do nível atual do Mar Mediterrâneo e que a maior enchente ocorreu pouco após a Idade do Gelo, milhares de anos antes do surgimento dos primeiros povoados e fazendas na região.

Duas hipóteses geológicas sugerem inundações na bacia do Mar Negro, ambas situando o evento numa época em que o mar era um lago sem comunicação com o Mediterrâneo. A primeira, elaborada pelo geógrafo russo Andrei L. Chepalyga, em 2007, localiza a enchente pouco depois da Idade do Gelo, entre 17 mil e 14 mil anos atrás, sem qualquer relação com a história bíblica. De acordo com Chepalyga, o salobro Mar Negro encheu-se rapidamente com o transbordamento do Mar Cáspio através do Vertedouro Manych – canal entre os dois corpos d’água –, logo depois do chamado Último Máximo Glacial (avanço das calotas polares), quando a cobertura de gelo estava derretendo rapidamente.

A segunda hipótese, ou “Dilúvio de Noé”, foi proposta pelo geólogo americano William Ryan e outros pesquisadores, em 2003. Eles afirmam que o clima se tornou mais seco logo depois do período de clima frio entre 12,7 mil e 11,5 mil anos atrás, conhecido como Dryas Recente. A evaporação resultante fez o Mar Negro baixar para 95 metros abaixo do nível atual. À medida que o clima aqueceu e a capa de gelo se derreteu na Europa, o nível do mar subiu no Mediterrâneo, causando um catastrófico fluxo de água salgada para o Mar Negro, 8,4 mil anos atrás.

O dilúvio segundo a concepção do artista francês Gustave Doré (1832-1883), ilustrador de várias edições da Bíblia.  
Concepção do dilúvio por Gustave Doré

Uma inundação de gigantescas proporções, como o dilúvio, deveria deixar um registro disso no Mar Negro. Um projeto do Programa Internacional de Geociências (IGCP, na sigla em inglês), iniciativa da União Internacional das Ciências Geológicas e da Unesco, procurou vestígios da ocorrência em sedimentos do fundo do mar, em fósseis, no relevo e pistas arqueológicas. A pesquisa fez parte de um projeto conjunto envolvendo o IGCP e a União Internacional para Pesquisa do Quaternário, que abordou a mudança do nível do mar e as estratégias adaptativas humanas no Corredor Cáspio-Negro-Mediterrâneo. Eles obtiveram algumas respostas, mas levantaram outras perguntas.

Quanto o Mar Negro baixou?

Ryan e sua equipe afirmam que as condições climáticas secas fizeram a água do Mar Negro evaporar e atingir 95 metros abaixo do nível atual. Mas sabemos, a partir de registros de pólen, que a plataforma exposta e as costas imediatamente adjacentes estavam cobertas por árvores de florestas que necessitam de umidade, tais como carvalho, tília, faia e olmo, juntamente com samambaias de sombra, plantas aquáticas e de pântano. Essas espécies vegetais indicam invernos cálidos e precipitação anual entre 600 mm e mil mm.
A última vez que o nível da Bacia do Mar Negro caiu para 95 metros abaixo do atual foi durante o Último Máximo Glacial. No início do período Holoceno, há 10 mil anos, o Mar Negro, então um lago, gradualmente passou de 40 metros para 20 metros abaixo do nível atual, em virtude da entrada de água originária do Mediterrâneo. Esse aumento relativamente insignificante poderia causar enchentes catastróficas?

O Mar Negro era um lago de água doce?
 
Se o Mar Negro continha água doce imprópria para consumo, como Ryan e equipe propõem, por que todos os fósseis descobertos nos sedimentos do lago pertencem a organismos que prosperaram em água salobra? Se a água do lago era potável, por que as pessoas escolheram instalar-se nos vales de pequenos rios, como inúmeros sítios arqueológicos sugerem? Não faz sentido.

Os assentamentos pré-históricos foram submersos pelo dilúvio?
 
Ryan e equipe alegam que, antes do dilúvio, as pessoas não habitavam somente a costa do Mar Negro, mas também parte do seu fundo (denominada plataforma), que era terra seca na época. Apesar de décadas de busca por habitações pré-históricas submersas na plataforma anteriormente exposta, nada se achou abaixo de dez metros de profundidade.

Havia agricultura na região do Mar Negro naquela época?
 
Havia na vizinhança. Os registros de pólen não revelam evidências de produção de grãos no Mar Negro antes de 5.718 anos atrás. Os traços encontrados na plataforma de partículas de carvão originárias de pastagens queimadas, e de esporos de fungos crescidos em esterco animal em recintos lotados, desacreditam a ideia de que a pecuária era praticada em plataforma extensiva. A hipótese contrasta com as evidências arqueológicas da prática da pecuária há 8 mil anos encontradas em Ilipinar, ao sul do vizinho Mar de Mármara.

As evidências apontam para o aumento gradual do nível do Mar Negro?
 
A hipótese de uma grande inundação no Mar Negro 8,4 mil anos atrás capturou a imaginação do público. Mas a mídia não noticiou que geólogos e arqueólogos do Canadá, da Ucrânia, da Rússia e de outros países não encontraram evidências de inundações catastróficas na região. Em vez disso, as evidências apontam para uma gradual reconexão com o Mar Mediterrâneo entre 9.5 mil e 8 mil anos atrás.

Na opinião de Andrei Chepalyga, a grande enchente ocorrida entre 17 mil e 14 mil anos atrás não é aquela descrita na Bíblia. Ele argumenta que inundações catastróficas teriam marcado a memória coletiva por milhares de anos, até serem registradas em antigas escrituras arianas, como o Rig Veda (hindu) e o Avesta (indo-iraniano). A história de um grande dilúvio também foi contada pelos antigos habitantes da Mesopotâmia.

Fonte: Revista Planeta - Edição 483  - DEZ12/JAN13

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Stan Lee, gênio dos quadrinhos, completa 90 anos


Stan Lee
O dia 28 de dezembro de 2012 é especial para o mundo dos quadrinhos. Nesta sexta, Stan Lee, gênio das HQs, completa 90 anos bem vividos e aproveitados.
Quando Stanley Martin Lieber nasceu, em Nova York, o mundo não conhecia os super-heróis da forma que nós conhecemos hoje. A ordem mundial havia mudado após o encerramento da Primeira Guerra Mundial e o mundo se encaminhava para um segundo grande confronto. É graças a alguns gênios como ele que crianças e adultos de 2012 podem sonhar com um mundo cheio de superseres cujos poderes incluem andar pelas paredes como aranhas e ter força suficiente para arremessar tanques de guerra como se fossem bolinhas de papel.
A carreira de Lee nas editoras de HQs começou de forma pouco promissora, como uma espécie de faz-tudo da Timely Comics. Mas quando os editores Joe Simon e Jack Kirby deixaram a empresa, em 1944, Lee foi promovido a editor-interino, com apenas 19 anos.
Desde então, Lee só cresceu. Entre seus filhos mais queridos pelo público estão Quarteto Fantástico, Homem de Ferro, Homem Aranha, Hulk, Demolidor e os mutantes de X-Men.
Stan Lee seguiu também para televisão, em que apresentou um reality show de super-heróis reais. Mas sua participações mais divertidas são, sem dúvida, nos filmes com os heróis da Marvel, como um vendedor de cachorro-quente em X-Men, de 2000, ou um senhor que joga xadrez e não acredita que super-heróis estejam em Nova York, no recente Os Vingadores.
Fonte: Revista Rolling Stone

Evidências de Ufos no passado (Livro de Enoch e livros sagrados hindus)

Bad Company - "If You Needed Somebody" (HQ)

Governo adia para 2016 início do acordo ortográfico


O governo federal adiou para 2016 a obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico. A decisão foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União.
As novas regras, adotadas pelos setores público e privado desde 2008, estavam previstas para serem implementadas de forma integral a partir de 1º de janeiro de 2013.
A reforma ortográfica altera a grafia de cerca de 0,5% das palavras em português. Até a data da obrigatoriedade, tanto a nova norma como a atual poderão ser usadas.
Editoria de arte/Folhapress
O adiamento de três anos abre brechas para que novas mudanças sejam propostas. Isso significa que, embora jornais, livros didáticos e documentos oficiais já tenham adotado o novo acordo, novas alterações podem ser implementadas ou até mesmo suspensas.
DIPLOMACIA
A decisão é encarada como um movimento diplomático, uma vez que o governo, diz o Itamaraty, quer sincronizar as mudanças com Portugal.
O país europeu concordou oficialmente com a reforma ortográfica, mas ainda resiste em adotá-la. Assim como o Brasil, Portugal ratificou em 2008 o acordo, mas definiu um período de transição maior.
Não há sanções para quem desrespeitar a regra, que é, na prática, apenas uma tentativa de uniformizar a grafia no Brasil, Portugal, nos países da África e no Timor Leste.
A intenção era facilitar o intercâmbio de obras escritas no idioma entre esses oito países, além de fortalecer o peso do idioma em organismos internacionais.
"É muito difícil querer que o português seja língua oficial nas Nações Unidas se vão perguntar: Qual é o português que vocês querem?", afirma o embaixador Pedro Motta, representante brasileiro na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
Editoria de arte/Folhapress
Editoria de arte/Folhapress
Fonte: Folha de São Paulo/Educação

domingo, 23 de dezembro de 2012

Band of Horses - "Laredo"

Uma banda que tem me agradado muito ouvir. Chama-se Band of Horses. Eles fazem um indie/alternative rock de qualidade. Vale ouvir! 

Indústria não se preocupa em desenvolver remédios para o Terceiro Mundo, diz Prêmio Nobel


Ferid Murad critica a falta de investimento em tratamentos de doenças que matam muita gente em países pobres

por Julliane SilveirafonteTxt=Julliane Silveira
Editora Globo
(Fotos: Editora Globo)
Em todo o mundo, 1,5 milhão de crianças morrem anualmente por causa da diarreia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em países em desenvolvimento, a OMS estima que cada criança tenha três episódios de diarreia por ano.

Esse problema faz parte das doenças comuns em países pobres, como a malária, a tuberculose, a doença de Chagas, entre outras. São patologias que recebem pouquíssima atenção das grandes empresas farmacêuticas – quando há pesquisadores que se interessam em estudá-las e descobrir novos tratamentos, é quase impossível obter financiamento, porque certamente não trarão grandes retornos financeiros. Por isso, são chamadas pela OMS de doenças negligenciadas.

Um desses pesquisadores é o farmacologista Ferid Murad que, além de uma cadeira na Universidade do Texas (EUA), tem no currículo o Prêmio Nobel de Medicina de 1998, recebido com dois outros colegas pela descoberta dos mecanismos que possibilitaram o desenvolvimento do Viagra.


Editora Globo
(Fotos: Editora Globo)

Murad sempre criticou ferozmente a falta de incentivos para pesquisa e desenvolvimento de tratamentos que pudesse conter doenças que ainda matam muita gente em países pobres. Agora, encontrou um parceiro para desenvolver um medicamento contra diarreia causada pelo Cólera e pela bactéria Escherichia coli. A Biolab, farmacêutica brasileira, fechou em outubro um acordo com o pesquisador para a criação de uma nova droga.

Pode parecer inusitado, mas o óxido nítrico, mesmo componente usado para criar o Viagra, deve ser aplicado no medicamento contra diarreia, como Murad conta nesta entrevista concedida a Galileu. O óxido nítrico atua no controle do sistema cardiovascular e, por isso, medicamentos à base dessa substância são usados também para tratar arterosclerose, hipertensão pulmonar, entre outras doenças.

E também pode controlar outras manifestações, como a diarreia. Mas nenhum almoço vem de graça: a expectativa é que a mesma droga possa tratar síndrome do intestino irritável, uma doença que também solta o intestino, causa fortes dores abdominais e atinge cerca de 15% da população dos EUA e da Europa, segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia. 


GALILEU – Você sempre diz que é muito difícil para um grupo de pesquisa conseguir fundos para estudar doenças de países pobres. 
Ferid Murad – Muitas fundações não estão nem um pouco interessadas em patrocinar ou desenvolver remédios para o Terceiro Mundo, simplesmente porque não haverá lucros. Isso é muito ruim. 

Podemos ver um movimento de gente patrocinando pesquisas contra essas doenças. A Fundação Bill e Melinda Gates, por exemplo, a China, que é um país em grande crescimento. Você acha que temos um novo cenário? 
Sim, estamos melhorando. Sei que Gates está interessando em pesquisas sobre tuberculose, vacinas e diarreia também. Mas ele tem uma equipe muito pequena para ajudá-lo a direcionar corretamente os investimentos. Para você ter uma ideia: nos EUA, uma empresa pode ser livre de impostos se gastar 5% dos ganhos com ações filantrópicas. Como a companhia de Gates faz US$ 33 bilhões por ano, deve gastar US$ 1,5 bilhão. É muito dinheiro e eles não têm uma força cavalar para analisar tudo o que cai em suas mãos. Mas dar grandes quantias para qualquer projeto não é a melhor forma de financiar pesquisa e, por isso, eles precisam de ótimos revisores para avaliar quais pesquisas realmente merecem os fundos. 

Existem boas ações? 
Sim, há muita gente estudando formas de combater tuberculose, esquistossomose, malaria, dermatoses. Há mudanças, mas o problema é que não há muita gente sendo tratada com elas. É preciso missionários e médicos para ir até essas pessoas, para informá-las. Temos um progresso enorme contra doenças cardiovasculares, que são as que mais matam gente no mundo. Falar de 2 milhões de pessoas mortas por diarreira é ínfimo. Mas existem pessoas que morrem disso e não deveriam! Não há médicos para tratá-las, não há água potável. E as pessoas não se importam. 

Mas isso seria mais um problema de saúde pública do que de desenvolvimento de um remédio, não? 
Sim, a questão é mais ampla. Mas é preciso mais pesquisa. A tuberculose, por exemplo, tem se manifestado em formas muito resistentes, porque as pessoas não usaram os antibióticos corretamente e as bactérias se tornaram resistentes. Há também o problema da qualidade da droga. Na África, por exemplo, em muitos casos as pessoas acreditam estar usando um bom medicamento, mas não estão. 

A parceira aqui no Brasil parece ser um passo importante nesse cenário. 
Sim, se pensarmos que 2 milhões de pessoas morrem de diarreia por ano, principalmente crianças e idosos. Temos um composto químico e estamos testando outros compostos também, onde a Biolab entra como parceira. Por enquanto, a pesquisa é feita em laboratório e, depois, será testada em animais. Em um ou dois anos começaremos os protocolos clínicos, em humanos.

O composto será específico para o público brasileiro?
Vamos fazer os testes aqui e desenvolveremos a droga aqui, com aprovação das autoridades brasileiras. Se falamos de diarreia, estamos pensando num mercado mais social. Mas se funcionar em síndrome do intestino irritável, estamos falando de um mercado bem mais abrangente e grande em termos de dinheiro. Acredito que muita gente pagaria mais para ter um remédio que realmente funcione. Então parece ser um caminho para fazer isso ser economicamente viável e acabar com a diarreia. Então a doença “de rico”, a síndrome do intestino irritável, é um caminho para driblar a dificuldade de ter fundos para tratar uma doença de pobre. Tenho certeza de que, se descobrirmos que o composto também funciona para a síndrome haverá muitas empresas interessadas em ajudar a gente. Mesmo porque líderes de muitas empresas têm essa doença. [risos] 

E como o remédio age? 
No caso da diarreia, as bactérias liberam toxinas no organismo. Descobrimos um remédio que bloqueia o mecanismo das células e interrompe o problema. Não matamos o micro-organismo, mas cessamos a ação do corpo. A droga funciona com E-Coli e Cólera.

É verdade que o mesmo componente do Viagra, o óxido nítrico, vai ser usado na nova droga? 
Sim. Para entender melhor, é preciso saber que as células do organismo produzem elementos o tempo todo, que são lançados nos vasos sanguíneos, o cérebro libera neurotransmissores... Enfim, existem centenas de mensageiros no corpo, procurando seu alvo. Eles encontrarão o alvo com a ajuda de receptores que ficam nas membranas das células. Esses primeiros “mensageiros” interagem com os receptores como uma chave e uma fechadura, mas não precisam entrar na célula. O contato intracelular é feito por meio de mecanismos bioquímicos, realizado por receptores internos, chamados de segundos mensageiros intracelulares. Existem centenas de primeiros mensageiros, mas só sete ou oito mensageiros intracelulares – entre eles, o óxido nítrico. Se o óxido nítrico é um dos sete, posso dizer que ele regula 14% do nosso corpo.

Matematicamente faz sentido. Mas como um mesmo químico resolve problemas de ereção, doenças vasculares e diarreia? 
O sistema cardiovascular tem seus mensageiros. Se tiver o receptor certo para o primeiro mensageiro, a mensagem chegará para dentro das células e a função ocorrerá: dilatação dos vasos, coração baterá mais forte etc. Para questões vasculares, precisamos de altos níveis do composto, para diarreia, acredito que precisaremos de baixos níveis. É como a aspirina: as pessoas usam para tratar dor de cabeça e prevenir ataques cardíacos e câncer colorretal.

Já se sabe qual será o veículo remédio? Injeção, cápsula? 
Não ainda. Temos que ver como ele vai funcionar. Espero que seja por via oral, porque poderíamos até colocar em pirulitos para crianças. Estimo que em três anos possamos ter o produto no mercado.

Fonte: Revista Galileu Online

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas