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domingo, 16 de junho de 2019
FERNANDO PESSOA E SEUS HETERÔNIMOS
Nascido em 13 de junho de 1888, em Lisboa, Fernando Pessoa liderou o movimento modernista em Portugal, cujos ideais vieram à tona na revista Orpheu. Considerado um escritor singular e muito criativo, foi através da heteronomia que Fernando Pessoa alcançou o prestígio e o sucesso não só em Portugal, mas em toda a literatura universal.
Através de seus heterônimos, Fernando Pessoa mostrava seu vasto projeto artístico: seus heterônimos tinham biografia, estilo e ideais próprios, eram diferentes uns dos outros. Foram mais de 70 heterônimos criados, alguns desenvolvidos completamente, outros não. Os mais marcantes foram: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Como ele mesmo, Fernando Pessoa tinha um forte traço nacionalista. Alimentava o gosto pelo épico e fazia retomada às Grandes Navegações, época de grandes conquistas para Portugal que foi apagado com o tempo.
Voltando-se para temas tradicionais, vemos ainda um traço saudosista nele.
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro era o mestre de todos os outros heterônimos, além de ser mestre do próprio Fernando Pessoa. Nascido em 16 de abril de 1889, Caeiro era órfão de pai e mãe e viveu a vida inteira no campo com sua tia.
Fruto de um local bucólico, Caeiro defende a simplicidade da vida e seus pensamentos são extraídos do contato com a natureza e a vida simples. Ele procurava ver o real e como a realidade se configura de maneira simples.
Acreditava que os pensamentos do poeta - as sensações – eram obtidos por meio dos sentidos do ser humano, sem a interferência do pensamento humano. Para ele, as coisas “eram como eram”, não havia necessidade de pensar. Tudo era objetivo.
Caeiro faleceu em 1915, tuberculoso.
Ricardo Reis
Nascido em 19 de novembro de 1887, no Porto, Ricardo Reis tinha formação em medicina. Exilou-se no Brasil porque não concordava com a Proclamação da República Portuguesa. É uma face de Fernando Pessoa ligada ao clássico, à cultura greco-latina.
Ricardo Reis valorizava a vida campestre e a simplicidade das coisas, mas ao contrário de Caeiro, ele não se sente feliz e integrado à natureza, sentindo-se fruto de uma sociedade decadente, que caminha para a destruição. Para Reis, o destino de todos já havia sido traçado e só restava aproveitar a vida ao máximo.
Álvaro de Campos
Era a face mais ligada ao modernismo e ao futurismo. Nascido em 15 de outubro de 1890, em Távira, Álvaro é engenheiro formado em Glasgow, mas não exerceu a profissão por não gostar de sentir-se preso em escritório.
É um homem voltado para o presente e sua poesia buscava transmitir o espírito do mundo moderno. Teve três fases: decadentista, futurista e pessoal. Na fase decadentista há uma ligação com o simbolismo, um descontentamento, o tédio em relação ao mundo presente; na fase futurista vemos a ligação com o moderno e o tempo presente, que passava por modernização; na fase pessoal, vemos questionamentos sobre si próprio, descontentamentos e certo abatimento.
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quarta-feira, 24 de abril de 2019
AS SUTILEZAS DA COMPLEXA ARTE DA CONVIVÊNCIA
Por Rogério Rocha
A
arte de conviver é tão antiga quanto a existência humana sobre a Terra. Apesar
disso, e de ser uma necessidade do indivíduo, que parece trazer em seu gene a
imperiosa necessidade do pertencimento, temos muito ainda por aprender.
Conviver
é, antes de tudo, saber viver junto, dividir espaço e partilhar com o outro
nossos medos e fragilidades, mas também nossas esperanças e realizações. E é o
outro (por vezes tão próximo, por vezes distante), quem justamente nos dá a
certeza de que somos únicos e diferentes.
Mas
por que, afinal de contas, é tão difícil conviver com o diferente? E se somos de
fato únicos e, por isso mesmo, intrinsecamente diferentes, por que será a
convivência harmoniosa tão difícil?
Uma
resposta possível é a de que talvez não tenhamos sido capazes ainda de desenvolver
a virtude fundamental ao convívio humano: a tolerância. A tolerância é a
virtude que nos capacita a aceitar o outro como ele é. Um ser singular. Especial.
E
é justamente por sermos singulares que nos tornamos importantes para o outro. Afinal,
imaginem se fossemos exatamente iguais em tudo. Iguais em qualidades e
defeitos, comportamentos e aspectos físicos, nos gostos e no modo de pensar. Creio
que tudo seria muito monótono, pois qualquer pessoa teria as mesmas características
que as nossas. Consequentemente, ninguém seria especial.
A tolerância, portanto, baseia-se na
capacidade de enxergar em cada ser humano um indivíduo único e especial dentro
da pluralidade que invariavelmente nos rodeia.
Outra qualidade fundamental
ao convívio harmônico é a sabedoria de esperar o tempo próprio de cada coisa. A
isto chamamos paciência. Ser paciente é dar tempo ao tempo, é ajustar nossas expectativas
e equilibrá-las às dos demais. É saber que o momento não pertence só a mim. É
semear hoje o bem e amanhã colher o amor.
Viver
com o outro, portanto, o nosso próximo de cada dia, o diferente, o único, o
singular e especial, é descobrir que buscamos tornar-nos aquilo que aspiramos
ser. Passo a passo, degrau a degrau, entre tropeços e vitórias, nas muitas
trilhas que compõem a jornada da vida. São essas as divinas sutilezas da complexa
arte da convivência.
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segunda-feira, 22 de abril de 2019
POR QUE NOS EUA NÃO TEM BATUCADA?
Por Cynara Menezes
Não é curioso que os Estados Unidos não usem tambores em sua música como todos os outros países que tiveram mão-de-obra escrava vinda da África? Eu sempre fiquei me perguntando isso. Por que a música dos negros norte-americanos é tão diferente da música brasileira, de Cuba, do Caribe? Onde foram parar os tambores? Cadê a batucada?
Pense em todos os grandes ídolos da música afro-americana: Charlie “Bird” Parker tocava sax. Louis Armstrong tocava trompete. Nina Simone tocava piano, assim como Stevie Wonder e Ray Charles. Miles Davis tocava trompete. E Wynton Marsalis, idem. Robert Johnson tocava guitarra. Chuck Berry, idem. Leadbelly tocava um violão de 12 cordas.
Os negros chegaram aos EUA vindos, em sua maioria, de regiões que hoje se conhecem como Senegal, Gâmbia, Nigéria, Camarões, Namíbia, Congo, Angola e Costa do Marfim. Os negros brasileiros vieram de Moçambique, do Benin, da Nigéria, e também de Angola, Congo e da Costa do Marfim. Com todas as diferenças existentes entre estas nações africanas, todas elas faziam uso de tambores com fins musicais e de comunicação. Por que então nós temos o samba e os gringos não? Por que não tem atabaque, agogô e cuíca na música afro-americana e sim saxofone, clarinete, trompete, instrumentos “de brancos” que os negros, aliás, aprenderam a tocar com maestria? Simplesmente porque os tambores foram proibidos na terra do tio Sam durante mais de 100 anos.
No dia 9 de setembro de 1739, um domingo, em uma localidade próxima a Charleston, na Carolina do Sul, um grupo de escravos iniciou uma marcha gritando por liberdade, liderados por um angolano chamado Jemmy (ou Cato). Ninguém sabe o que detonou a rebelião, conhecida como a “Insurreição de Stono” (por causa do rio Stono) e que é considerada a primeira revolta de escravos nos EUA. Conta-se que eles entraram numa loja de armas e munição, se armaram e mataram os dois brancos empregados do lugar. Também mataram um senhor de escravos e seus filhos e queimaram sua casa. Cerca de 25 brancos foram assassinados no total. Os rebeldes acabaram mortos em um tiroteio com os brancos ou foram recapturados e executados nos meses seguintes.
A reação dos senhores foi severa. O governo da Carolina do Sul baixou o “Ato Negro” (Negro Act) em 1740, trazendo uma série de proibições: os escravos foram proibidos de plantar seus próprios alimentos, de aprender a ler e escrever, de se reunir em grupos, de usar boas roupas, de matar qualquer pessoa “mais branca” que eles e especialmente de incitar a rebelião. Como os brancos suspeitavam que os tambores eram utilizados como uma forma de comunicação pelos negros, foram sumariamente vetados. “Fica proibido bater tambores, soprar cornetas ou qualquer instrumento que cause barulho”, diz o texto.
A proibição se espalhou pelo país e só foi abolida após a guerra civil, mais de um século depois, em 1866. Antes disso, o único lugar onde os negros podiam se reunir com certa liberdade eram as igrejas; daí o surgimento dos spirituals, a música gospel, com letras inspiradas pela Bíblia, que eles cantavam muitas vezes à capela (sem instrumentos) ou marcando o ritmo com palmas. As mãos batendo no corpo e os pés batendo no chão foram os substitutos que os escravos encontraram para os tambores, resultando em formas de dança e música conhecidas como “pattin’ juba”, “hambone” e “tap dance” (sapateado), ainda hoje utilizados por artistas negros (e também brancos) dos EUA.
“Os tambores ‘falantes’ africanos interagiam com os dançarinos utilizando diferentes ritmos, assim como comunicando mensagens através dos tons e batidas. Os tocadores de tambor podiam fazer seus instrumentos ‘falarem’ sons específicos, de forma que a percussão constituía um texto sonoro. A musicalidade de várias palavras africanas era tão precisa que elas podiam ser escritas como notas musicais. Os escravos levaram estes ritmos e o uso destas técnicas para a América”, diz o coreógrafo norte-americano Mark Knowles, autor do livro Tap Roots: the Early History of Tap Dance.
Os brancos sabiam que as rebeliões de escravos eram organizadas durante encontros que envolviam dança e que a cadência dos tambores podia ser um convite à insurreição, com o uso dos tambores falantes. “Proibidos os tambores, o corpo humano, o mais primitivo de todos os instrumentos, se tornou a principal forma de ritmo e de comunicação entre os escravos. Usando o corpo como percussão, em uma tentativa de imitar os sofisticados ritmos e cadências dos tambores, com o elaborado uso de batidas dos saltos e do bico do sapato, surgiu o que chamamos de ‘tap dance’. Mesmo hoje em dia, quando dois sapateadores mantêm uma conversação com seus pés, é como se estivessem telegrafando mensagens, como faziam originalmente os tambores africanos”, afirma Knowles.
Alguns estudiosos atribuem ao banimento dos tambores o fato de a música dos EUA em geral não ser tão rica em compassos como a sul-americana ou a caribenha. “Há uma coisa peculiar que quase toda a música norte-americana tem em comum: uma extensa ênfase em um mesmo ritmo, muito diferente da encontrada em qualquer outro lugar no mundo. É assim: Boom – Bap – Boom – Bap, com um bumbo na primeira e terceira batidas, ou em todas as quatro, uma caixa precisamente na segunda e quarta, e quase nada entre elas. Este ritmo é chamado de ‘duple’ (compasso binário) em teoria musical, e você pode encontrar variações dele em todos os estilos da música americana popular moderna: Blues, Motown, Soul, Funk, Rock, Disco, Hip Hop, House, Pop, e muito mais”, diz o DJ Zhao neste interessante artigo.
“O predomínio generalizado deste monorritmo simplificado, rígido e mecânico, minimizando elementos polirrítmicos na música para o papel de embelezamento, às vezes ao ponto de não-existência, é muito diferente do foco em polirritmos complexos que existe em várias formas da moderna música sul-americana e caribenha: o Son Cubano e a Rumba, a Bossa Nova brasileira, o Gwo Ka e Compas haitiano, o Calipso de Trindade e Tobago… Nenhum deles depende tão extensivamente do duple.”
Em sua autobiografia, To be or Not… to Bop, o trompetista Dizzy Gillespie atribui esta menor complexidade rítmica da música afro-americana em relação à música afro latino-americana à proibição dos tambores. “Os ingleses, ao contrário dos espanhóis, tiraram nossos tambores”, lamenta Gillespie (leia mais aqui). Em meados da década de 1940, muitos congueros (tocadores de conga, espécie de atabaque) migraram para os Estados Unidos e exerceram influência na música local, criando o jazz afro-cubano. Gillespie colocou a conga do cubano Chano Pozo em sua música e a parceria resultou em Manteca (1947), canção pioneira por introduzir percussão cubana no jazz.
Nos rincões do Mississippi, driblou-se a proibição dos tambores com bandas de flautas e tarol (caixa), instrumentos que eram aceitos e inclusive tocados no Exército durante a guerra civil. Em 1942, o folclorista Alan Lomax gravou pela primeira vez gente como Othar Turner e Ed e Lonnie Young, cuja sonoridade esbanja ancestralidade, soa a África e foi comparada à música haitiana. É o mais próximo de uma batucada que encontrei na música negra dos EUA. Não parece meio maracatu?
Enquanto nos Estados protestantes os tambores eram banidos, na católica Louisiana eles foram permitidos até o século 19 e eram utilizados sobretudo nas cerimônias de vodu, religião afro-americana levada para os EUA pelos escravos do Benin, antigo Daomé – de onde vieram também a maioria dos negros da Bahia. Assim como em Salvador, havia muito sincretismo em New Orleans até começar a perseguição ao vodu e por conseguinte aos tambores.
A partir de 1850 o uso de tambores passou a ser restringido até mesmo na Congo Square, uma praça da cidade onde tradicionalmente os negros se reuniam para tocar tambores, dançar e entrar em transe espiritual ao som de música. Nos anos 1970 a praça foi reabilitada e até hoje rola um batuque de primeira por lá.
Apesar desta “percussofobia”, como alguns chamam, a música negra dos EUA é maravilhosa, sem sombra de dúvidas. Mas como seria ela se os tambores não tivessem sido proibidos? Mais parecida com a brasileira? Nunca saberemos.
*Artigo originalmente publicado no site Socialista Morena em 15.11.2015
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A CONSCIÊNCIA DO SOFRIMENTO DOS ANIMAIS
Os animais são conscientes de seu sofrimento? Para qualquer pessoa que conviva com um animal, a resposta para essa pergunta é muito clara. No entanto, o que a neurociência tem a dizer sobre o assunto? Podemos assegurar que a ciência comprova a consciência que os animais têm de seu próprio sofrimento e do alheio?
Bom, como não podia ser de outra forma, a resposta é “sim”. A neurociênciatem provas contundentes de que todos os animais mamíferos, aves e outras espécies são conscientes de seu próprio sofrimento. A informação não é nova. Em 2013, a Declaração de Cambridge falou sobre este assunto com provas inegáveis. As pesquisas continuam e confirmam cada vez mais esta verdade.
Foram identificados circuitos homólogos, tanto em humanos quanto em animais, cuja atividade coincide com a experiência consciente. Parece que os circuitos neuronais que se ativam enquanto um animal sente uma emoção são os mesmos que se ativam em humanos para a mesma emoção.Neurologistas reconhecidos de todo o mundo avaliam este estudo e concordam que os animais experimentam a consciência de seu próprio sofrimento.
A Declaração de Cambridge sobre a consciência
Há sete anos, em 7 de julho de 2012, cientistas renomados assinaram a Declaração de Cambridge sobre a Consciência. Este documento declara que não só os seres humanos, mas também uma quantidade significativa de animais, incluindo vertebrados e invertebrados, são seres conscientes. Isso quer dizer que são seres sensíveis, ou seja, experimentam o que acontece com eles e têm estados mentais que podem ser positivos ou negativos para eles.
Existe um consenso científico da evidência que demonstra que os animais não humanos possuem os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados conscientes junto com a capacidade de exibir comportamentos intencionais. Ou seja, os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram consciência.
Philip Low, fundador e diretor executivo da companhia neurodiagnóstica NeuroVigil, na California; Christof Koch, do Instituto Allen de Ciências do Cérebro em Seattle; David Edelman, do Instituto de Neurociências de La Jolla, California, e outros neurocientistas de prestígio participaram da Declaração de Cambridge.
É uma mensagem nítida que confirma que a capacidade de ter experiências positivas e negativas possibilita que um ser possa ser machucado. Existem evidências poderosas para pensar que isso é o que se deve ter em conta quando se trata de dar a alguém uma consideração não discriminatória.
Os estudos recentes sobre a consciência do sofrimento dos animais
Durante todo este tempo foram realizados estudos que confirmaram, mais uma vez, estes acontecimentos. Jarrod Bailey e Shiranee Pereira apresentaram em 2016 uma pesquisa sobre os circuitos cerebrais relativos às emoções e à empatia em cães. Este estudo confirma e amplia as conclusões da declaração de Cambridge.
O INRA, em colaboração com a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, realizou uma nova avaliação científica atualizada da literatura sobre a consciência animal. Os resultados foram apresentados em 2017 em Parma, na Itália. Esta pesquisa corrobora que os animais possuem sistemas nervosos que suportam processos conscientes de informação complexa, incluídas as emoções negativas causadas por estímulos nociceptivos.
O estudo contempla diferentes espécies, entre primatas, corvídeos, roedores e ruminantes. A pesquisa conclui que devido à memória autobiográfica observada em animais como os primatas, corvídeos e roedores, é possível que eles tenham desejos e metas que se estendem ao passado e ao futuro, podendo ser afetados negativamente pela experiência aversiva.
Não há desculpas para justificar o sofrimento dos animais
Sete anos depois da apresentação de evidências sólidas sobre a consciência que os animais possuem em relação ao seu próprio sofrimento e a infinidade de estudos posteriores que comprovam o mesmo, não há desculpas para ignorar os maus-tratos animais alegando que eles não sofrem.
Todos aqueles que ignoram e defendem seu direito de se divertir com o dano causado a outros seres vivos devem procurar outros argumentos, pois a ciência não cabe mais. Da mesma forma, a regulação do direito destes seres vivos à proteção e bem-estar está produzindo um importante eco no campo jurídico, onde estas evidências estão se materializando em forma de leis que vão afetar muitos outros campos.
Apesar do estudo da consciência em humanos ser complexo, parece que, a partir de agora, os estudos sobre a consciência humana andarão de mãos dadas com a dos nossos companheiros de planeta.
Retirado do site: A mente é maravilhosa
Acesso ao artigo no site: https://amenteemaravilhosa.com.br/consciencia-de-sofrimento-dos-animais/
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segunda-feira, 1 de abril de 2019
O destino de cada um (por Alexandre Correa Lima)
O destino de cada um segue uma trilha quase insondável aos olhos humanos. O que faz com sejamos o que somos ou nos tornemos o que nos tornamos?
Não faz muito tempo eu estacionei meu carro numa rua do centro da cidade e uma voz sem vida me perguntou se poderia guardar o carro. Assenti com a cabeça, menos pelo desejo do serviço e mais pelo temor de alguma represália posterior. Uma transação comercial resolvida em gestos econômicos e silenciosos, porque são dois mundos que se constrangem ao se encarar.
Involuntariamente percebi o sujeito se afastando:
Moreno claro, pele queimada pelo sol, esquelético, tatuagens no braço, boné virado, bermuda surrada, o rosto chupado, e um sorriso banguela faltando um monte de dente.
E então bateu um estalo:
– Eu conheço esse cara!
Lembrei que frequentamos a mesma escola no ensino médio. Não a mesma sala, porque ele era pouco mais velho, mas agora parecia que era 20 anos mais velho do que eu, e olha que eu já estou um bocado estragadinho.
Ele era popular na escola, namorador, andava com roupa de marca e era um dos únicos caras que iam estudar de moto, mesmo com 15 ou 16 anos de idade.
Agora era viciado em crack, tinha perdido a saúde, a família, a dignidade e os dentes da boca.
E eu fiquei pensando, o que aconteceu na história de vida dele pra chegar nesse ponto da decadência humana?
Mas as tragédias humanas se multiplicam e repetem, só mudam os cenários e os nomes.
– “Ele tinha tudo, e o bobão faz isso”?
Quem falou a frase acima não fui eu, mas a mãe de Guilherme Taucci, de 17 anos, que estarreceu o Brasil quando junto com um amigo abriu fogo e matou diversos colegas de sua antiga escola em Suzano.
O destino de cada um segue uma trilha quase insondável aos olhos humanos. O que faz com sejamos o que somos ou nos tornemos o que nos tornamos?
Famílias, amigos e vizinhos dizem que os dois, apesar de um pouco reservados, não se comportavam de modo que causasse estranheza ou que pudesse indicar que um dia iriam protagonizar a monstruosidade que fizeram.
Uma barbaridade insondável, ou nem tanto.
Apesar de Tatiana, mãe do menor, dizer que ele tinha “tudo”, a verdade é que ele tinha, no máximo, “quase tudo”. Não tinha por exemplo a própria mãe, que morava longe dos filhos porque não conseguia abandonar as drogas e vagava feito zumbi pelas ruas queimando a própria dignidade num caximbo fedido. E o menino também não tinha o pai, que só costumava ver numa foto amarelada, que apareceu queimada ao lado da cama no dia que acordou para executar o seu grande plano.
Outras incontáveis tragédias têm em comum famílias desestrutadas, sem amor pra abrandar a dureza do asfalto, sem educação pra crescer, sem futuro pra sonhar.
O buraco causado pela ausência dos pais ajuda a explicar, mas não resolve os mistérios insondáveis da vida de cada um. Seu parcerio no crime morava com os pais e os avós e até onde se sabe não tinha o mesmo histórico familiar do colega. Filhos bem nascidos, bilíngues e educados também queimam índios e humilham colegas nos trotes das melhores e mais caras universidades do Brasil.
É que um monte de gente está crescendo sem pais, mesmo quando tem os pais ao lado. É possível estar ausente mesmo estando ao lado. E é possível criar filhos vazios mesmo quando cheios de coisas.
O destino de cada um segue uma trilha quase insondável aos olhos humanos. O que faz com sejamos o que somos ou nos tornemos o que nos tornamos?
Família, Educação, distúrbios emocionais, idiossincrasias, bullying, miséria moral podem até inclinar, mas jamais irão determinar.
Dentro da gente mora um monte de anjo e uma comunidade de demônios também. Todo dia eles tentam te convencer a fazer alguma coisa. Mas no final das contas é você quem decide a quem você dá ouvidos e a qual dos dois você alimenta.
Crimes como esse extrapolam a nossa capacidade de compreensão e nossa busca vã por um sentido qualquer que explique o inexplicável.
No final das contas são apenas mais um caso para a coleção de tragédias humanas que se acumulam desavergonhadamente no nosso caminho. Gente sem pai, sem mãe, sem dignidade, sem dente e agora sem vida também.
Amanhã estacionarei meu carro mais uma vez em alguma rua qualquer e alguma voz esquálida vai me pedir para guardar o carro e eu vou assentir com a cabeça mais uma vez pra não ter que encarar aquele sorriso banguela antes do meu almoço e não ter que ficar sem resposta pra pergunta que não quer calar:
O que faz com que nos tornemos aquilo que nos tornamos?
Fonte: Diário do Vale online, Coluna Contos e Crônicas.
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