Por Rogério Rocha
A
arte de conviver é tão antiga quanto a existência humana sobre a Terra. Apesar
disso, e de ser uma necessidade do indivíduo, que parece trazer em seu gene a
imperiosa necessidade do pertencimento, temos muito ainda por aprender.
Conviver
é, antes de tudo, saber viver junto, dividir espaço e partilhar com o outro
nossos medos e fragilidades, mas também nossas esperanças e realizações. E é o
outro (por vezes tão próximo, por vezes distante), quem justamente nos dá a
certeza de que somos únicos e diferentes.
Mas
por que, afinal de contas, é tão difícil conviver com o diferente? E se somos de
fato únicos e, por isso mesmo, intrinsecamente diferentes, por que será a
convivência harmoniosa tão difícil?
Uma
resposta possível é a de que talvez não tenhamos sido capazes ainda de desenvolver
a virtude fundamental ao convívio humano: a tolerância. A tolerância é a
virtude que nos capacita a aceitar o outro como ele é. Um ser singular. Especial.
E
é justamente por sermos singulares que nos tornamos importantes para o outro. Afinal,
imaginem se fossemos exatamente iguais em tudo. Iguais em qualidades e
defeitos, comportamentos e aspectos físicos, nos gostos e no modo de pensar. Creio
que tudo seria muito monótono, pois qualquer pessoa teria as mesmas características
que as nossas. Consequentemente, ninguém seria especial.
A tolerância, portanto, baseia-se na
capacidade de enxergar em cada ser humano um indivíduo único e especial dentro
da pluralidade que invariavelmente nos rodeia.
Outra qualidade fundamental
ao convívio harmônico é a sabedoria de esperar o tempo próprio de cada coisa. A
isto chamamos paciência. Ser paciente é dar tempo ao tempo, é ajustar nossas expectativas
e equilibrá-las às dos demais. É saber que o momento não pertence só a mim. É
semear hoje o bem e amanhã colher o amor.
Viver
com o outro, portanto, o nosso próximo de cada dia, o diferente, o único, o
singular e especial, é descobrir que buscamos tornar-nos aquilo que aspiramos
ser. Passo a passo, degrau a degrau, entre tropeços e vitórias, nas muitas
trilhas que compõem a jornada da vida. São essas as divinas sutilezas da complexa
arte da convivência.