quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sobre o Cristianismo (por Fustel de Coulanges)




Fustel de Coulanges (18.03.1830 - 12.091889)

"Com o cristianismo, não somente o sentimento religioso foi reavivado como também assumiu uma expressão mais elevada e menos material. Enquanto que outrora se fizera deuses da alma humana ou das grandes forças físicas, começou-se conceber Deus como sendo realmente estranho, por sua essência, à natureza humana por um lado, e ao mundo, por outro. O divino foi decididamente colocado fora e acima da natureza visível. Enquanto que outrora cada homem fazia seu deus, havendo tantos deuses quanto famílias e cidades, Deus apareceu então como um ser único, imenso, universal, sozinho animando os mundos, e devendo sozinho preencher a necessidade de adoração que reside no homem. Se a religião outrora junto aos povos da Grécia e da Itália fora tão-só um conjunto de práticas, uma série de ritos que se repetia sem nisto se perceber qualquer sentido, uma sequência de fórmulas que amiúde não se compreendia mais, porque suas palavras tinham envelhecido, uma tradição que se transmitia de idade em idade, encerrando seu caráter sagrado apenas em sua antiguidade, em lugar disso essa nova religião foi um conjunto de dogmas e um grande objeto proposto à fé. Não foi mais exterior; instalou-se, sobretudo, no pensamento do homem. Não foi mais matéria; tornou-se espírito. O cristianismo mudou a natureza e a forma de adoração: o homem não dava mais a Deus alimento e bebida; a oração não foi mais uma fórmula de encantamento; foi um ato de fé e humilde súplica. A alma esteve numa outra relação com a divindade: o medo dos deuses foi substituído pelo amor de Deus." (A cidade antiga, p.314)
















Considerado o fundador da moderna historiografia de seu país, o francês Fustel de Coulanges publicou A cidade antiga em 1864, com enorme impacto nos meios intelectuais. Várias traduções e reedições depois, o livro foi considerado um clássico e, mesmo muito tempo após a morte do autor, em 1889, permanece, como está escrito no prefácio, uma obra "muito conhecida e famosa, ainda que pouco lida, um elemento do patrimônio literário da França".


Sobre o vinho (por Charles Baudelaire)



"Profundas alegrias do vinho, quem não vos conheceu? Todo homem que tenha tido que amenizar um arrependimento, evocar uma lembrança, afogar uma tristeza, construir um castelo de vento, todos enfim vos invocaram, deusas misteriosas escondidas nas fibras da videira. Como são grandes os espetáculos do vinho, iluminados pelo sol interior! Como é verdadeira e ardente esta segunda juventude que o homem nele encontra! Mas quão temíveis também suas volúpias fulgurantes e seus encantos exasperantes. (...) quem de vós terá a coragem impiedosa de condenar o homem que está bebendo genialidade?

"O vinho é semelhante ao homem: nunca saberemos até que ponto podemos prezá-lo e desprezá-lo, amá-lo e odiá-lo, nem de quantas ações sublimes ou delitos monstruosos ele é capaz. Não sejamos pois mais cruéis com ele que com nós mesmos, e tratemo-lo como nosso igual."

"Tenho aliás, outra ideia. Se o vinho desaparecesse da produção humana, acho que haveria, na saúde e no intelecto do planeta, um vazio, uma ausência, um defeito muito mais horrível que todos os excessos e deviações pelas quais o vinho é julgado responsável."


"Um homem que só bebe água tem algum segredo para esconder de seus semelhantes." 

A capa da invisibilidade


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Harry Potter e sua capa da invisibilidade
Uma das últimas mágicas propostas por pesquisadores está ligada à capa de invisibilidade, que vem ganhando avanços incríveis e está cada vez menos distante de se tornar algo concreto. Há cerca de 10 anos, uma primeira geração dessas vestimentas começou a ser desenvolvida. Trata-se de uma roupa feita com material retro-reflexivo, no qual uma imagem é projetada. Isso é possível com a ajuda de uma câmera e de um computador, que captam a imagem e calculam as perspectivas e os ângulos de reflexão, a fim de que uma simulação perfeita seja realizada. Ou seja: é como se pudéssemos enxergar o que está acontecendo do outro lado da capa, o que faz com que quem a esteja usando ganhe uma certa característica de invisibilidade.
Os avanços e as novas propostas

Em informações publicadas na base de dados arXiv, em junho desse ano, Moti Fridman e Alexander Gaeta (da Universidade de Cornell, EUA) apresentaram um dispositivo que pode fazer com alguns eventos se tornem simplesmente invisíveis. Não foram apontados muitos detalhes, já que possivelmente um artigo sobre o assunto sairá na importante revista Nature. O básico da pesquisa, entretanto, pode ser percebido. A idéia dos pesquisadores é a de criar um ponto cego no tempo, durante o qual um evento pode acontecer sem ser notado.

Essa perspectiva teórica de uma capa para o espaço-tempo, algo também chamado de “editor da história”, foi aberta por um trabalho publicado no início do ano por Martin McCall e Kinsler Paul, do Imperial College. Os físicos explicaram que quando a luz passa através de determinados materiais, como algumas lentes, as ondas que a compõe se tornam mais lentas. É possível, entretanto, construir uma lente que divida a luz em dois, de modo que a metade - os comprimentos de onda mais curtos, por exemplo - acelerem, enquanto a outra metade, os comprimentos de onda mais longos, fique mais vagarosa. Isso abre uma lacuna na percepção da luz na qual um acontecimento pode ser escondido, já que metade das ondas chega aos olhos antes de o evento ter acontecido, enquanto que a outra só chegará depois.
Imagem
A primeira geração de capas de invisibilidade
Os experimentos de Fridman e Gaeta seguem esse mesmo padrão. Eles usaram um conjunto de lentes para abrir uma brecha em um feixe de luz, abrandando longos comprimentos de onda como os da luz vermelha, e acelerando ondas curtas, como as do azul. Com um segundo conjunto de lente, os cientistas fecharam a abertura existente pelo descompasso entre as ondas, fazendo com o feixe de luz ficasse igual ao do início. Os experimentos indicam que, nesse momento, é possível esconder um evento que dure cerca de 1,25 microssegundo. A expectativa é a de que esse tempo seja aumentado indefinidamente.

Estamos ainda longe de termos uma capa tão boa quanto à de Harry Potter, mas tudo indica que um dia ainda chegaremos lá, ainda que nossa bruxaria seja um pouco diferente.

Fonte: Click e aprenda UOL

Nomeação de parentes para cargos políticos configura nepotismo?



De acordo com o enunciado de súmula vinculante de número 13 do Supremo Tribunal Federal:

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

A nomeação de parentes para cargos políticos NÃO configura nepotismo. O Supremo Tribunal Federal, ao firmar o preceito de repúdio ao nepotismo, excepcionalizou os cargos políticos como se visualiza nos termos da Reclamação 6650 MC-AgR / PR – Julgamento em 16/10/2008:

AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR EM RECLAMAÇÃO. NOMEAÇÃO DE IRMÃO DE GOVERNADOR DE ESTADO. CARGO DE SECRETÁRIO DE ESTADO. NEPOTISMO. SÚMULA VINCULANTE Nº 13. INAPLICABILIDADE AO CASO. CARGO DE NATUREZA POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. ENTENDIMENTO FIRMADO NO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 579.951/RN. OCORRÊNCIA DA FUMAÇA DO BOM DIREITO. 1. Impossibilidade de submissão do reclamante, Secretário Estadual de Transporte, agente político, às hipóteses expressamente elencadas na Súmula Vinculante nº 13, por se tratar de cargo de natureza política. (...) (Grifamos)

Fonte: LFG.com.br

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Na quietude secreta da paz





     Quando para sempre tiver meus olhos fechados
 E carregares contigo todos os meus legados,
    Ouve então os cânticos que deixei ao infinito.

      Quando meus pés a terra mãe não mais tocarem
       E quiseres saber o rumo novo de minha jornada,
           Olha então o céu estrelado com suas vias absolutas.

E guardarás contigo a minha doce semente.
                                    
                                    
                                 Rogério Rocha

Assaltos a banco e eleições no Maranhão: um estudo de caso

Publico aqui uma interessante pesquisa presente na edição de n.º 20, do ano de 2009, da revista eletrônica "Pensando o Direito", produzida pela Associação Brasileira dos Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais e pela UNB, em parceria com o Ministério da Justiça. 

O fenômeno em estudo (aumento dos assaltos a bancos em períodos próximos a eleições no Maranhão) tem se manifestado, ao longo do tempo, como uma questão intrigante, visto que, passado tal período, o número de ocorrências criminais desta natureza volta a seus patamares habituais, muitas vezes com estatísticas pouco significativas.  

Obs.:Esta pesquisa reflete as opiniões dos seus autores e não do Ministério da Justiça.


2.5 Estudo de caso: asaltos a banco e eleições no Maranhão

2.5.1 Descrição do caso

No final de 2006, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado do Maranhão (SEEB-MA), divulgou seu Dossiê Assaltos a Banco (1996-2006), fazendo menção à constância crescente (sic) de “assaltos constantes a bancos, casas comerciais, terminais de auto-atendimento bancário (...)” (SEEB, 2006).

Após a publicação do dossiê, o então diretor da Regional de Imperatriz do referido sindicato, afirmou que “Não pode ser uma simples coincidência os assaltos se intensificarem nos anos eleitorais, e principalmente nos cinco meses imediatamente anteriores aos pleitos” (VIVIANI, 2006).

Decidiu-se, no contexto do presente projeto de pesquisa, por dirigir atenção a esses sinais preliminares, como elementos para a descoberta de caminhos pelos quais se pudesse investigar a correlação entre práticas delituosas relacionadas a desvios patrimoniais e o financiamento privado ilícito de campanhas.

Os dados divulgados pelo SEEB-MA foram inicialmente analisadas a partir dos montantes roubados das agências bancárias do Estado do Maranhão no período de 10 anos, com início em 1996 e conclusão em 2006.

O estudo revelou uma nítida congruência com as observações iniciais do SEEB-MA. 

Nos anos eleitorais de 1996, 1998, 2000, 2002 e 2004 houve em regra um volume maior de dinheiro roubado que nos anos anteriores e posteriores a cada um. Exceção foi o ano de 2006, que apresentou aparente queda nos resultados dessa modalidade de atos ilícitos.

De qualquer forma os dados relativos a 1996 não se referem a todo o ano. Em 2004, houve um montante roubado bastante superior aos dos anos não eleitorais anteriores, apesar de 2005 (ano do referendo das armas) haver sido também marcado por grande soma ilicitamente apropriada.

2.5.2 M etodologia aplicada no estudo de caso

Para testar a hipótese suscitada pelo sindicato optou-se pela produção de dados qualitativos consistentes em entrevista semi-estruturadas com cinco praticantes de assaltos a banco, dois líderes políticos, dois policiais de posição hierárquica elevada e um membro do GECOC – Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas do Estado do Maranhão.

2.5.3 Análise das entrevistas

Dentre os participantes de assaltos a banco entrevistados – num total de cinco pessoas do sexo masculino que admitiram haver realizado pelo menos um ato ilícito dessa natureza no estado do Maranhão – dois afirmaram reconhecer a existência de relações desse tipo de crime com a atividade política.

Esta pesquisa reflete as opiniões dos seus autores e não do Ministério da Justiça O primeiro entrevistado afirmou que “já ouviu falar de alguma participação de políticos. Tem fulano que pode dar um apoio: prefeito, vereador... Soube de uma vez em que quatro ou cinco assaltantes ficaram aguardando a hora do assalto na fazenda de um político”. 

Outro entrevistado, envolvido em assaltos a banco, reconheceu, como o primeiro, ter ouvido falar do apoio de um político, de um vereador. Mesmo para esse, assim como para três outros assaltantes entrevistados, o aumento do volume do dinheiro roubado dos bancos nos anos eleitorais se deve à diminuição da eficiência nas atividades policiais e à majoração da quantidade de dinheiro disponível nos bancos, em virtude das necessidade ínsitas ao próprio processo eleitoral.

O primeiro entrevistado, por outra via, reconheceu que nem todos os participantes do assalto têm acesso às fontes de informação e financiamento da operação. Isso pode justificar em parte a afirmação dos outros três praticantes desse tipo de crime entrevistados nesta pesquisa, no sentido de desconhecer a existência de uma conexão dessa atividade com a política.

O primeiro dirigente da Polícia Civil (PC1) reconheceu preliminarmente que as informações relativas ao aumento do dinheiro roubado das agências bancárias nos anos eleitorais já eram do conhecimento daquele órgão, afirmando: A gente nota claramente que em anos de eleição o pico aumenta. A quantia aumenta. Às vezes a quantidade de roubo a banco também aumenta. Sempre próximo à eleição toda a quantia em dinheiro roubada é maior. A única justificativa que nós encontramos para isso é que exitem políticos ligados ao crime organizado que efetuam roubo a banco.

PC1 afirma que a falta de inquéritos ou ações penais em que a relação entre integrantes da política estadual e os membros das quadrilhas se deve à dificuldade de obtenção de depoimentos. Segundo suas palavras, “nós não temos prova efetiva disso porque quando a gente prende a quadrilha eles simplesmente não comentam, não dizem o nome de ninguém. É um pacto que há entre eles”.

Ainda para PC1, sua observação indica que a conexão crime e política tem, neste caso, nítida correlação com a necessidade de financiamento para as campanhas, afirmando ter... fortes suspeitas de que o aumento é devido a políticos estarem ligados a esse tipo de crime inclusive para se capitalizar para a eleição.

Apesar das dificuldades observadas nas investigações, ele afirma acreditar, sim, na existência de “um apoio de políticos no interior do Estado com relação a esse tipo de crime”, embora reconheça a adoção de regras de conduta por parte dos envolvidos com a finalidade de ocultar a identidade dos políticos envolvidos.

Essas considerações são apoiadas pela entrevista realizada com o segundo entrevistado membro da cúpula da Polícia Civil do Maranhão (PC2). Para ele há um pacto de silêncio entre os membros das organizações criminosas e os políticos a elas relacionados. E apresenta possíveis justificativas para a existência desse acordo de discrição: 

Geralmente esse pacto de silêncio se justifica na medida em que eles precisam de apoio quando eles saírem da prisão. Então aquelas pessoas que dão apoio material, são responsáveis pela logística da quadrilha, não são denunciadas pelo grupo. Porque justamente quando eles saírem, forem soltos, eles vão contar com esse mesmo apoio. E, além disso, há um pacto também no sentido de que essas pessoas que não são denunciadas, eles financiam também a questão dos honorários advocatícios.

PC2 afirma que em algumas ocasiões a polícia chegou a obter informações sobre o apoio prestado por políticos às práticas delituosas. Segundo o delegado: Geralmente quando eles vão fazer, praticar um assalto, na noite anterior ou então dias antes eles ficam homiziados ou num mato, num matagal, ou numa fazenda, que seria o apoio. E geralmente esse apoio é dado por pessoas influentes de certo município e políticos.

Houve um caso, ou melhor, houve vários casos, em que informalmente a gente obteve a informação de que o apoio seria dado por vereadores e até prefeitos de algumas cidades.

A visão dos dois dirigentes da Polícia Civil do Maranhão é convergente. Ambos admitem a associação entre políticos e assaltantes de banco, reconhecem as dificuldades presentes na investigação do liame intersubjetivo e apontam razões para a existência de tais obstáculos. Esse ponto-de-vista é, no geral, acorde com as observações de um dos membros do GECOC. Também ele admite que: Com relação a assalto a banco em período eleitoral, existe esse fenômeno, principalmente em eleições municipais. A gente identifica que existe com mais freqüência, não só de [assalto] a banco, mas a carro forte também. Então são várias as modalidades de assalto. 

E as organizações criminosas que estão atuando são as mais diversas e acabam se misturando.

Também para ele a explicação para essa aproximação se dá em virtude da necessidade de obtenção de verbas de campanha.

[O assalto a bancos] é uma fonte de arrecadação de dinheiro fácil para campanhas. Depois há o envolvimento com muitos assassinatos, pistolagem de alguns políticos, ou por motivação política ou mesmo por questões financeiras. A gente identifica muitos agiotas também já assumindo um papel no financiamento de campanhas.

Na mesma linha de raciocínio do delegado, o Promotor de Justiça avalia que os assaltantes são beneficiados por um esquema de proteção baseado na proximidade mantida com detentores do poder político.

Além disso, há a concessão da infra-estrutura ou, como prefere, de uma logística para a prática do crime. Segundo ele: 

São utilizadas fazendas. Antes da realização do assalto geralmente essas quadrilhas vão para fazendas de pessoas já sabedoras da finalidade para qual está sendo utilizada a fazenda. A gente consegue identificar isso aí. 

Um dos políticos entrevistados concorda com a existência dessa conexão. Seu depoimento, no entanto, apresenta-se um tanto incoerente, pois de início afirma serem poucos os casos de envolvimento de políticos, para logo em seguida dizer ser grande a proporção de prefeitos envolvidos com os assaltos a banco. Segundo ele:  Existem poucos casos de envolvimento de políticos com esses crimes. É uma coisa pesada. É uma minoria, mas que pode causar danos. Já tinha ouvido falar disso. Há muitos prefeitos envolvidos com assalto. Mas isso é minoria na Assembléia Legislativa.

Já o outro político que aceitou conceder a entrevista afirmou que os assaltos não têm vinculação com a política. Para ele, O problema é que no período eleitoral há um afrouxamento no serviço de segurança, porque “(...) a princípio diminui o número de agentes policiais na ação direta de combate”. E segue afirmando que no interior um prefeito tem à disposição todo o efetivo policial, pois banca desde a alimentação até ajudas de custo. Quando vai viajar o prefeito leva o policial. Deixa de ser uma segurança pública para ser uma segurança quase pessoal, para proteger o detentor do cargo público.

O entendimento de que no período eleitoral há um déficit na capacidade de ação da polícia é também lembrado, embora com outros argumentos, por PC1, para quem: Os conflitos eleitorais geram problemas complicados para a polícia. Toda hora denúncia de que estão levando dinheiro daqui para lá, ilegalidades, e a polícia vai ter que ir atrás. 

Às vezes nós somos obrigados a deixar de fazer a nossa rotina de investigação, como nos roubos a banco para ver se não há dinheiro ilícito sendo levado de um ponto a outro aqui na capital.

Nessa passagem identifica-se outra hipótese possível, embora não excludente da anterior, para as causas do aumento dos assaltos a banco no estado do Maranhão no período que antecede as eleições.

2.5.4 Considerações sobre o estudo de caso

Esta pesquisa procurou levantar apenas dados preliminares a partir da premissa sustentada pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado do Maranhão, para o qual os períodos eleitorais vêm sendo acompanhados por um acréscimo significativo no volume dos assaltos a banco.

De fato, a partir do dossiê divulgado pela referida entidade sindical, chegou-se preliminarmente à elaboração de pesquisa que confirma a denúncia divulgada. Entretanto, os dados quantitativos relacionados aos montantes roubados e à quantidade de assaltos não são conclusivos, nem exatos, já que algumas vezes os bancos se recusam a revelar os valores levados pelas quadrilhas por razões de segurança interna.

Não há dúvida, no entanto, de que os dados publicados pelos bancos e reunidos pelo SEEB-MA demonstram uma variação constante e relevante nos números relacionados aos montantes roubados, demonstrando ser factível o incremento nos delitos dessa natureza em anos eleitorais.

Essa observação é robustecida pelo conteúdo das entrevistas realizadas, especialmente as realizadas com autoridades ligadas ao sistema de Segurança Pública do Estado do Maranhão.

Direta e especializadamente envolvidos com a investigação de assaltos a banco, as autoridades entrevistadas foram todas acordes com a hipótese de que há uma estreita relação entre o aumento no volume roubado e as necessidades de obtenção de recursos ínsitas às campanhas políticas. Embora não sejam conclusivas, as informações prestadas pelos assaltantes e pelos políticos contêm detalhes que em parte servem de alicerce a esse entendimento.

Esta pesquisa, por sua envergadura, não logrou deixar a salvo de dúvida a denúncia pública apresentada pelo SEEB-MA. Mas sem dúvida demonstrou a sua plausibilidade, o que aconselha maior investigação a respeito, tanto desde um viés acadêmico, como sob a perspectiva da atuação do aparelho de segurança do Maranhão. Também parece recomendável a realização de um estudo de abrangência nacional a fim de que seja verificada a eventual repetição dessas tendências em outros estados e regiões do País.



Professores sabem mexer menos no computador do que alunos



A atual geração de professores enfrenta o desafio de aprender a mexer na internet e ensinar com poucos recursos disponíveis.

Pesquisa realizada pelo Cetic.br (Centro de estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação) aponta que 64% dos professores de português e matemática de 497 escolas públicas brasileiras acham que sabem mexer menos no computador que os alunos, informa reportagem de Patrícia Gomes publicada na Folha desta segunda-feira. 

Foram entrevistados 1.541 professores, 4.987 alunos, 497 diretores e 428 coordenadores pedagógicos.

Para Adriana Martinelli, coordenadora de Educação e Tecnologia do Instituto Ayrton Senna, pela primeira vez o papel do professor, como único detentor do conhecimento, está sendo questionado.
"Alunos e professores transitam entre os papéis de ensinar e aprender, principalmente quando trabalhamos com as novas tecnologias".

Dados da pesquisa mostram ainda que as atividades em que os professores mais usam tecnologia são as que têm o centro no docente, sem interação, como exercícios de fixação e aula expositiva, o que é questionado por especialistas.

"A educação tem que ser cada vez mais trabalhada no sentido de partilhar", diz Marc Prensky, educador americano autor dos termos "imigrantes" e "nativos digitais".

Fonte: Folha.com

As culturas e as "drogas"




Com o lançamento do livro Drogas e Cultura: novas perspectivas, editado em parceira com a Universidade Federal da Bahia, o Ministério da Cultura espera contribuir para uma maior eficácia das políticas públicas sobre “drogas” em nosso País. Não poderíamos nos furtar a esta discussão, especialmente pela gravidade crescente de que se reveste. Sobretudo porque dela a dimensão cultural da questão não pode estar ausente, se quisermos desenvolver uma ação responsável sobre o assunto.
O consumo de “drogas” sempre remeteu a várias esferas da vida humana. Fatores de ordem moral e cultural possuem uma ação determinante na constituição de padrões reguladores ou estruturantes do consumo de todos os tipos de “drogas”.
A cultura não é apenas um componente a mais, ela é de fundamental importância. Sentimos que a sociedade não está sabendo tratar o tema das drogas. Ele não é apenas um caso de polícia e de saúde pública. Com “droga”, ou sem “droga”, os seres humanos, ao longo do tempo, têm buscado ampliar o horizonte do real. Parece ser algo intrínseco à sua natureza.
Não podemos continuar tendo uma visão simplista e superficial sobre o assunto. Não se trata de desconsiderar os riscos e as complexidades bioquímicas do uso dessas substâncias, mas de abrir mais espaço para este tipo de reflexão na discussão sobre as “drogas”.
A militarização no combate às “drogas” está perdendo a batalha em todo o Ocidente, e no Oriente. Esta ação não tem diferenciado o usuário do traficante, para ela o consumidor é um cúmplice.
Não basta a descriminalização. Algumas drogas, como o crack, viciam e geram dependências com conseqüências devastadoras; inclusive, parte das drogas legais. A bebida, por exemplo, tem presença maciça nos acidentes de trânsito e muitos remédios causam níveis altos de dependência. Entretanto, não podemos imputar à cultura a possibilidade de solucionar o problema. A cultura entra como um componente a mais de uma análise multidisciplinar, mas de fundamental importância.  
A diferenciação entre o consumo próprio – individual ou coletivo – e o tráfico ainda não foi totalmente estabelecida. A ausência de tal distinção acarreta um tratamento de desconfiança moral, policial e legal frente a todos os usuários de substâncias psicoativas, independente de seus hábitos e dos contextos culturais.
Existem drogas legais, e drogas ilegais. Drogas leves e pesadas. Drogas que criam dependência e drogas que não criam.
Precisamos balizar de um modo mais atento e detalhado as relações entre os usos, os consumos, a circulação e os direitos privados dos cidadãos.
Devemos incorporar uma compreensão “antropológica” sobre as substâncias psicoativas, uma abordagem mais voltada para a atenção aos comportamentos e aos bens simbólicos despertados pelos diversos usos culturais das “drogas”, tanto no nível individual quanto social. Precisamos exercer um papel propositivo na elaboração da atual política nacional sobre a matéria, buscando sempre a ênfase na redução dos danos.
Ao desconhecer certas singularidades e ignorar os diversos contextos culturais, acabamos por tratar de modo estanque e indiferenciado as distintas apreensões culturais e nos tornamos incapazes de distinguir as implicações dos múltiplos usos das “drogas”.
As “drogas” estão na sociedade e nas culturas e, portanto, não podem ser entendidas fora delas. Nossos pesquisadores e nossa legislação devem, em alguma medida, levar em consideração a dimensão cultural para cunhar políticas públicas mais eficazes e mais adequadas à contemporaneidade.   
Juca Ferreira
Ministro de Estado da Cultura

O último post de José Saramago



No dia 18 de junho de 2011, no seu blog "Outros Cadernos", o escritor português José Saramago publicava sua última postagem. Em seu breve texto, Saramago nos deixou um alerta a respeito da necessidade da filosofia e da reflexão nos dias de hoje.

"Acho que na sociedade atual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma."

Bob Esponja canta "Sweet Victory"

Um dos episódios do conhecido personagem Bob Esponja que assisti recentemente trouxe um momento muito bacana. O Lula Molusco teve que bancar o professor de música e ensinar alguns de seus amigos, moradores da Fenda do Biquini, a tocar um instrumento musical para um show marcado de última hora. Ao final, para surpresa de todos, não só conseguiu seu intento como deu nisso que vocês podem ver no vídeo abaixo.


sábado, 8 de outubro de 2011

Aquele momento...

Discurso de Steve Jobs em Stanford


Discurso de Steve Jobs na cerimônia de formatura da Universidade Stanford, na Califórnia, em 12 de junho de 2005, onde fez um balanço de sua vida, falando de sua doença, da perspectiva da morte, de sua visão do futuro, suas intuições, das dificuldades pelas quais passou (e superou) e de suas motivações, num belo exemplo de força, coragem e determinação de quem veio, viu e venceu.

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