Por Rogério Rocha
O
Prêmio Nobel é constituído por seis prêmios concedidos todo ano em
várias categorias, sendo conferido a pessoas que tenham dado alguma
contribuição relevante à humanidade em sua área de atuação. São seis as
categorias: medicina, física, química, literatura, paz, economia.
Nesse artigo quero falar sobre um dos prêmios. Especificamente o Nobel de Literatura, que será entregue no dia 7 de outubro.
Para
início de conversa é bom lembrar que faz quase uma década que a
Academia Sueca não premia alguém de fora do eixo América do
Norte/Europa. Tal fato, em tese, depõe contra o caráter supostamente
“inclusivo” da instituição, razão pela qual, segundo os analistas, a
partir de alguns indícios, possivelmente o(a) escolhido(a) da vez seja
um não ocidental ou alguém de outro continente.
Mas
afinal, a pergunta é: quem levará o prêmio de 10 milhões de coroas
suecas (o equivalente a 980 mil euros) para casa? As cartas já estão na
mesa. Ou melhor, os nomes, as carreiras, os lobbies e os livros.
Como
não sou vidente, nem tenho pretensão de evocar dos meus ancestrais
algum poder mental escondido, não posso cravar quem vai vencer. Ainda
mais ao lembrar que os “critérios” de escolha dos eleitos passa longe do
simples mérito literário, sendo composto de um bom número de variáveis
sobre as quais, pelo menos para mim, recaem dúvidas mais do que
fundadas.
Querem entender o
que estou falando? Anotem aí! Nomes como Jorge Luís Borges, Carlos
Drummond Andrade, Franz Kafka, Leon Tolstói, Marcel Proust e Philip Roth
– reconhecidamente notáveis escritores e cujas obras ultrapassam as
quadras internas da geografia de seus países de origem, nunca foram
lembrados pelos suecos, desde 1901, quando a premiação teve início.
Este
ano, muitos são cotados para suceder a norte-americana Louise Glück,
vencedora da última edição. Dentre os favoritos estão Jamaïca Kincaid
(uma caribenha estadunidense), César Aira (da Argentina), Mia Couto (de
Moçambique) e o japonês Haruki Murakami. Também figuram dentre prováveis
candidatos à máxima láurea das letras mundiais o polêmico francês
Michel Houellebecq (indico a leitura de “Submissão”, um livro
impactante), a canadense Margareth Atwood (muito em voga pelo seu ótimo
“O conto de Aia”, adaptado para uma série), o americano Don Delillo
(autor de livros como “Americana” e “Ruído de fundo”) e a inquietante
Joyce Carol Oates, dona de uma bibliografia que (pasmem!) ultrapassa os
cem livros.
Caso optem por
eleger o vencedor ou vencedora, como apontam alguns, de países ainda não
contemplados com a premiação, temos aqui dois nomes importantes a serem
observados: o queniano Ngugi wa Thiong’o (um forte candidato), que
aborda as tensões raciais e a violência em seus escritos, e a jovem
escritora Chimamanda Ngozi Adichie, cuja visibilidade midiática tem
passado pela visão pós-colonial e pela defesa do feminismo.
Temos
aí, então, um mosaico humano que traz as figuras que poderão compor a
lista de escolha de onde será definido o nome do homem ou mulher a
receber o Nobel de Literatura de 2021. Se tenho favoritos? Sim. São
eles: Michel Houellebecq, Margareth Atwood e Ngugi wa Thiong’o.
É
isso! Agora nos resta esperar para saber se a Academia Real de Ciências
Sueca e a Fundação Nobel irão nos surpreender este ano.