Mostrando postagens com marcador ativista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ativista. Mostrar todas as postagens

domingo, 2 de junho de 2013

O mano Malcolm

Ladrão, traficante, jogador e presidiário. Biografia de Malcolm X revela que ele foi um marginal antes de se tornar símbolo da luta pela igualdade racial nos EUA

Michel Alecrim
2013_05_28_ED3_ISTOE_MALCON_255.jpg

Chamada.jpg
CAPA DO LIVRO 
Recém- lançado: um rebelde sem consciência política que se tornou ídolo dos rappers atuais
Ao nascer nos EUA, em 1925, deram-lhe o nome de Malcolm Little. Na escola, ainda quando criança, veio o apelido de Harpia. Adolescente, virou delinquente, garoto de programa homossexual e ganhou aí o codinome de Detroit Red – o que lustrou sua vaidade, já que possuía mesmo os cabelos naturalmente avermelhados. Sim, ele era um moço bonito, e meio que galã da marginalidade. Transformou-se em dançarino de boate e passou a ser chamado de Jack Carlton. A cadeia era o caminho previsível nessa jornada, e atrás das grades ele se fez fera em seu temperamento agressivo. Conquistou o respeito da malandragem como o incendiário Satã – o mínimo que fazia era blasfemar noite e dia. De volta à liberdade, dando-se conta de que a discriminação racial e social que sofria por ser negro não era uma questão pessoal “do mundo inteiro” contra ele, e sim uma política do Estado americano, o nosso personagem foi se tornando o famoso Malcolm X, um dos principais líderes na luta pelos direitos civis nos EUA, embora nunca o seu ideário viesse a ganhar a dimensão da consciência política. Foi assassinado em 1965, aos 40 anos, e chamava-se então Malik El-Shabazz em decorrência de sua conversão ao islamismo. Todas essas fases são retratadas pelo historiador americano Manning Marable no livro “Malcolm X – Uma Vida de Reinvenções” (Companhia das Letras), obra que lhe valeu o prêmio Pulitzer de 2012.
1.jpg
Faces diversas 
Fotos de Malcolm X feitas pela polícia em sua 
juventude, quando ele desafiava as leis como marginal
Malcolm cresceu numa América do Norte incendiada pelos conflitos raciais, contava quatro anos quando a sua casa foi explodida pela organização de ultradireita Ku Klux Klan e, dois anos depois, seu pai morreu num misterioso acidente de bonde. Passou fome, a sua mãe foi internada num manicômio e “não demorou muito para que Malcolm começasse a roubar alimento”. Conseguiu emprego na companhia ferroviária da linha Boston – Nova York e cedo lhe mostraram que ganharia mais se traficasse maconha. Nenhum pobre enjeitado nasce líder de seus iguais, e por isso é comum espelhar-se em quem manda. Também Malcolm nessa época negou a raça: ele alisou o cabelo. Completara 15 anos quando se bandeou para a região barra-pesada do Harlem, em Nova York, já então uma referência na luta dos negros. “Na condição de Detroit Red, tomava parte em prostituição, venda de maconha, roubos ocasionais”, escreve Marable. Acabou preso em 1944 por porte ilegal de arma e cumpriu pena de oito anos na penitenciária de Charlestown.
2.jpg
O rebelde Malcolm jamais foi um “rebelde primitivo” na acepção do historiador Eric Hobsbawm, para quem o gene da consciência política pode estar no comportamento marginal. É certo, porém, que foi na prisão que ele leu biografias de inúmeros líderes, entre elas a de Mahatma Gandhi, e sua compreensão das questões sociais se ampliou. Ao sair do cárcere converteu-se ao islamismo, e o sobrenome herdado dos ex-proprietários brancos escravocratas não mais lhe cabia – virou X, identidade que muitos adotavam enquanto não descobriam suas origens. Malcolm se mostrou nada radical no campo religioso, já não era o mano a resolver à bala as discordâncias. Propunha-se a ouvir e a falar. Aos seus comícios compareciam milhares de pessoas, inclusive de outras religiões, e o líder conclamava os negros à revolução sem sangue. Mais como Malcolm X, muito menos como marginal, ele segue no mundo de hoje sendo um líder, por exemplo, para os jovens rappers – segundo Marable, “um representante da esperança e da dignidade humanas”.
3.jpg 
 Fotos: Time Life Pictures/Getty Images
Fonte: Revista Istoé 5 Jun/2013 - Ano 37 - N.º 2272

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O mundo perdeu um prodígio visionário

O ativista da internet Aaron Swartz em foto de 30 de junho de 2009. Ele foi encontrado morto em seu apartamento em Nova York, no dia 11 de janeiro de 2013. Swartz tinha 26 anos (Foto: The New York Times, Michael Francis McElroy/AP)
Aaron Swartz era um jovem prodígio. Tinha talento natural para a programação, mas era também um visionário. Lançou uma enciclopédia online antes da Wikipédia existir e evoluiu para abraçar a causa do ativismo na internet. Swartz era uma das principais vozes na defesa do livre acesso à informação digital. Em 2008, escreveu em um manifesto: “Chamam de roubo ou pirataria, como se compartilhar conhecimento fosse o equivalente a afundar um navio e matar a tripulação. Compartilhar não é imoral – é um imperativo moral. (...) Temos de pegar a informação, onde quer que esteja guardada, fazer cópias e compartilhá-las com o mundo”.
Foi exatamente isso que Swartz fez – e por isso virou um alvo da Justiça americana. Em 2011, foi preso e acusado de ter usado computadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês) para acessar ilegalmente a JSTOR, uma rede de de artigos acadêmicos para assinantes. Segundo a acusação, Swartz baixou 4,8 milhões de documentos. Se considerado culpado, poderia ser multado em US$ 1 milhão e condenado a até 35 anos de prisão. No último dia 11, meses antes do início do julgamento, previsto para abril, o rapaz suicidou-se em seu apartamento em Nova York.
Aaron Swartz em foto de 8 de dezembro de 2012. Ele foi encontrado morto em seu apartamento no dia 11 de janeiro de 2013 (Foto: ThoughtWorks, Pernille Ironside/AP)
Todos os projetos de Swartz tiveram sua causa como ponto central. Aos 13 anos, pôs no ar uma enciclopédia online, a The Info Network. O site não tinha anúncios nem cobrava pelo acesso. “A internet não foi feita para ganhar dinheiro com propaganda”, disse em uma entrevista na época. Um ano mais tarde, estava no grupo que desenvolveu o sistema RSS, que permite acessar as atualizações de sites eblogs sem ter de ir ao endereço onde foram publicadas. Também ajudou a criar o Reddit, ainda hoje um dos maiores fóruns de discussão da internet. Foi uma das mentes por trás da Creative Commons, organização que advoga por direitos autorais mais flexíveis, do OpenLibrary.org, um catálogo online gratuito de livros, e da Demand Progress, organização sem fins lucrativos que combate acensura na internet.
Segundo seu pai, essa sempre foi uma preocupação do jovem Aaron. Em casa, ele teve acesso à internet antes da maioria de seus amigos. Isso ajudou a moldar seu ponto de vista. “Mesmo criança, ele já discutia direito autoral e defendia que a informação digital deveria ser grátis”, diz o pai, Robert. “Mas ele não apoiava a pirataria de coisas como filmes e músicas.” Ao mesmo tempo, o ativismo era uma marca da família. Seu avô criou a Fundação Prêmio pela Paz Albert Einstein e trabalhava na Pugwash, organização que defende o fim de conflitos armados. “Ele cresceu em um ambiente em que trabalhar por um mundo era algo valorizado.”

O mais velho dos três filhos de dono de uma empresa de software, Swartz começou a brincar com computadores quando ainda tinha três anos. Criou seu primeiro programa aos 10. Nunca gostou do sistema de educação tradicional. Largou a escola na adolescência para ser ensinado em casa. Estudou por um ano na Universidade Stanford, mas desistiu por considerar a faculdade pouco estimulante. “Crianças têm uma curiosidade intensa. Mas a escola acaba com isso, porque, se você tenta fazer algo diferente, se metem em encrencas. Isso mata a curiosidade da maioria das pessoas. A minha, por acidente, sobreviveu”, disse.
Há seis anos, Swartz começou a colocar em prática o que defendia em seu manifesto. Em 2006, obteve (sem nunca revelar como) os dados bibliográficos completos da biblioteca do Congresso Americano e os postou no site Open Library. Ele considerava injusto que o acesso a esses dados fossem cobrados, já que se tratava de algo feito pelo governo e, por esse motivo, não seria coberto pelas leis de direitos autorais dos Estados Unidos. Depois, em 2009, ele baixou e publicou na internet 18 milhões dos 500 milhões de documentos do sistema Registros Eletrônicos Judiciais de Acesso Público (Pacer, na sigla em inglês), que reúne a documentação gerada por tribunais americanos. O acesso a esses documentos era cobrado, o que Swartz considerava um absurdo. O FBI investigou o caso, mas não o levou adiante. Só se veria realmente encrencado dois anos mais tarde.
Não se sabe ao certo se a possibilidade de ser preso foi o motivo de seu suicídio. Swartz sofria de depressão. No ano passado, ficou abalado com uma doença grave que acometia sua mãe. Mas o pai diz que não era um rapaz constantemente infeliz. O que o abalava era o impacto da prisão sobre seu futuro. “Uma condenção como essa reduz substancialmente o que você pode fazer com a sua vida”, diz o pai.
A morte de Swartz intensificou ainda mais as discussões em torno de sua causa. Desde o fim de semana, mais de 1,5 mil artigos protegidos por direitos autorais foram publicados para acesso na gratuito na internet por seus donos e autores. Ao mesmo tempo, criou uma nova discussão em torno da forma como autoridades combatem o que consideram pirataria. Não é possível processar todos os que compartilham informações protegidas por direitos autorais. Mas é possível processar quem faz isso com frequência e em grandes volumes – e ganha destaque na mídia por isso. Esses casos servem de exemplo e – assim esperam as autoridades – podem inibir outros a fazer o mesmo. Segundo Larry Lessig, diretor do Centro de Ética Edmond J. Safra da Universidade de Harvard, Swartz foi levado ao seu limite pelo que considera bulling e uma pena pesada demais. “Eu entendo os limites do que é errado, mas a acusação é desproporcional ao que ele fez”, diz.
No caso de Swartz, tudo já havia sido encerrado na esfera civil em abril de 2011, quando o JSTOR retirou as queixas. Mas algumas pessoas próximas ao caso dizem que o MIT decidiu levar a questão adiante. Swartz foi acusado criminalmente pouco depois pela promotoria do Estado de Massachussets. Em um comunicado, a família de Swartz diz que sua morte não é apenas uma tragédia pessoal. “É um produto de uma sistema judicial criminal que intimida e vai além do limite. Decisões da promotoria e do MIT contribuíram para a sua morte”, diz o texto. Uma petição assinada por 12 mil pessoas foi enviada à Casa Branca pedindo a remoção da promotora Carmen Ortiz de seu cargo. O MIT abriu uma investigação para apurar sua responsabilidade no desenrolar dos acontecimentos.
Swartz manteve-se em silêncio na maior parte dos últimos meses. Talvez por causa de sua depressão, talvez por conselho de seus advogados. Em seu blog, o último post data de novembro e traz uma análise detalhada do último filme da série do super-herói Batman. O texto encerra da seguinte forma: “Então o Sr Wayne fica sem soluções. Sem opções, não é de se estranhar que a série se encerre com a encenação de seu suicídio”. As palavras espelham de forma sinistra a situação de seu autor, com a única (e significativa) diferença: a morte de Swartz não foi mera encenação.
Fonte: Revista Época

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Pensamento do Dia - Martin Luther King Jr.

Ativista político pelos direitos civis

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas