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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"120 Dias de Sodoma", de Sade, é banido na Coreia do Sul


Clássico do século 18 é considerado de “extrema obscenidade”

Cena de "Saló ou Os 120 Dias de Sodoma" (1975), filme de Pasolini inspirado na obra de Sade
“120 Dias de Sodoma”, marco da literatura do século 18 do escritor francês Marquês de Sade, foi proibido na Coreia do Sul pelo seu conteúdo de “extrema obscenidade”.
Publicado originalmente em 1785, o livro chegou às livrarias sul-coreanas no mês passado e foi vetado pelo Comitê de Ética, que justificou a censura: “Uma grande parte do livro, extremamente obsceno e cruel, inclui atos de sadismo, bestialidade, incesto e necrofilia”.
O Comitê afirma que este é o primeiro trabalho criativo interditado no páis desde 2008.
Por parte da editora Dongsuh Press, responsável pela edição coreana, que recorreu à decisão demonstrando desejo de levar o caso ao  tribunal, este foi um ato de “sentença de morte”.
“Este livro não promove pornografia ou violência [...]. Ele ridiculariza e critica o lado sombrio da natureza humana por trás desses atos”, pondera Lee Yoong, diretor da editora, e completa: “Há muitos livros pornográficos por toda parte. Não posso compreender o motivo de este livro, objeto de estudos acadêmicos por psiquiatras e críticos literários, receber um tratamento diferente”.
Fonte: Revista Cult

sábado, 7 de julho de 2012

Gabriel Garcia Márquez: o outono de um gênio


Por Mauro Santayana
Entre outras dívidas que tenho para com a memória de Jorge Amado está a de ele me ter apresentado, em 1972, em Bad Godesberg, a Gabriel Garcia Márquez. Era um encontro de escritores latino-americanos, patrocinado pelo governo alemão, que eu cobria para este Jornal do Brasil, e pude conhecer, também ali, o genial gualtemateco Miguel Angel Astúrias. Dissera a Jorge de minha admiração por Cién años de soledad, ao manifestar a minha timidez diante do gênio. Jorge sorriu e me confidenciou: “o escritor escreve para ser admirado. Vamos conversar com ele”. Assim, conversamos algum tempo com Gabriel. Ele já se encontrava no planalto de sua glória. Era ainda muito jovem, e exibia, aos 44 anos, o bigode um pouco grisalho.
Gabriel Garcia Márquez
Gabriel Garcia Márquez
Gabriel foi extremamente amável e me disse que éramos colegas. Colegas no jornalismo, o que o autorizava a ver-me também como escritor. O bom jornalismo é sempre boa literatura, disse. E quem não sabe escrever, não faz literatura, nem jornalismo. Só pode ser considerado jornalista ou escritor aquele que vive do que escreve. Ele me surpreendeu pelo bom humor. Antes Astúrias me impressionara pela sobriedade. Enfim, entre um e outro, havia quase trinta anos de diferença.
Não o vi em Praga, quando ali encontrei, em dezembro de 1968, Carlos Fuentes e Julio Cortazar. Ele, naquela noite — que foi a do AI-5 no Brasil — era convidado especial de Milan Kundera. Eles, juntamente com Jean Paul Sartre, haviam sido convidados pelos intelectuais tchecos, para assistir à premiére de Les Mouches, a peça doescritor francês.
Leio, agora, em El Pais, que seu irmão mais moço, Jaime Garcia Márquez, que vive em Cartagena de Índias, conversa com o escritor, pelo telefone, quase todos os dias. A pedido de Gabriel, fala do passado que o irmão está perdendo. O escritor transita em seu labirinto, e o tênue fio de Ariadne é a voz do irmão. Não teremos mais notícias novas do mundo fabuloso que ele criou, tendo como centro a instigante Macondo.
Gabriel está com demência senil, um dos sinônimos da doença de Alzheimer. Com a memória, ele perdeu também as letras. Não escreverá mais — de acordo com a dolorosa conclusão do irmão. Mas ainda o teremos com vida: é o consolo que nos dá Jaime Garcia Márquez. Enquanto procurar o passado, Gabriel, de um mundo que se esvazia, estará voltando ao mundo que criou.
Em Roma, em 1987, José Saramago, outro que deixou o jornalismo pela literatura, me disse que gostaria de morrer quando estivesse buscando a frase ideal para colocar na boca de um personagem estúpido: “Quando não conseguir mais isso, estará na hora de morrer”. Mas Saramago era homem de uma Europa sempre angustiada. Gabriel é homem de nossa América, e, por isso, insiste em recuperar a vida que se esmaece, porque na vida, em nossa geografia humana, sempre habita a alegria da esperança. 
Fonte: Jornal do Brasil

domingo, 1 de julho de 2012

5 famílias formadas por pessoas geniais


O biólogo inglês Thomas Henry Huxley morreu no dia 29 de junho 1895, 117 anos atrás. Além de ser um amigo próximo de caras como Charles Darwin, Huxley é conhecido por ser de uma família ~pra lá de genial~. Um de seus netos, por exemplo, é ninguém menos que o escritor Aldous Huxley, autor de “Admirável Mundo Novo”. Diante de tanta notoriedade, resolvemos contar a história dos Huxley e de outras quatro famílias cheias de pessoas geniais de verdade. Coincidência ou genética? Leia para tirar suas conclusões:
1. Os “Huxley”
Thomas Henry huxley famílias geniais
O patriarca: O biólogo que serviu de inspiração para esta lista foi um dos cientistas mais influentes da Inglaterra no século 19. Conhecido como “Buldogue de Darwin” (“Darwin’s Bulldog”) por sua amizade com o naturalista e por sua defesa da teoria da evolução, Thomas Henry Huxley também é o responsável por cunhar o termo “agnóstico” – que ele criou para descrever a si próprio como um homem que não acreditava em Deus, mas não descartava sua existência.
Os descendentes: Thomas é pai do escritor Leonard Huxley que, por sua vez, teve três filhos geniais: o zoólogo Julian, o fisiologista e ganhador do Prêmio Nobel de Medicina Andrew Fielding, e o escritor Aldous Huxley, autor do clássico “Admirável Mundo Novo”.
2. Os “Curie”
Marie Curie famílias geniais
O patriarca e a matriarca: O casal de físicos franceses Pierre e Marie Curie (na foto acima) foi pioneiro nos estudos sobre radioatividade. Em 1903, os dois foram premiados com o Prêmio Nobel por isso. Além disso, Marie foi a primeira pessoa a ser honrada com dois Prêmios Nobel em diferentes categorias: ela ganhou um em Física e um em Química. Como se já não fosse suficiente, Marie também foi a primeira professora mulher da Universidade de Paris.
Os descendentes: A filha do casal, a pesquisadora francesa Irène Joliot-Curie, não fica pra trás. A cientista também ganhou um Nobel: em 1935, na área de Química por sua descoberta da radioatividade artificial. Com isso, a família Curie é a mais premiada pelo Nobel. Como se não bastasse, os dois filhos de Iréne, Hélène e Pierre, também são estimados pesquisadores.
3. Os “Darwin”
Charles Darwin famílias geniais
O patriarca: O senhor da foto acima, Charles Darwin, dispensa apresentações, não? Mas o que nem todo mundo sabe é que a família do naturalista também esbanjava genialidade. Dá uma olhada:
Os descendentes: Darwin casou com sua prima Emma Wedgeood e teve dez filhos, dos quais 3 morreram na infância. Entre os sobreviventes, três se tornaram membros da “Fellowship of the Royal Society”, honra concedida apenas para os mais eminentes cientistas, engenheiros e tecnólogos do Reino Unido. São eles: o astronômo George Howard Darwin, o botânico Francis Darwin e o engenheiro civil Horace Darwin. Outro filho importante foi Leonard Darwin, soldado, político, economista, eugenista e mentor do estatístico Ronald Fisher. Além disso, Darwin também era primo de Francis Galton, um famoso intelectual inglês. Foi Galton que iniciou a meteorologia científica e criou o primeiro mapa climático. Galton também era antropólogo, eugenista, explorador, geógrafo, estatístico, entre outras coisas.
4. Os “Leakey”
Louis Leakey famílias geniais
O patriarca e a matriarca: O antropólogo queniano Louis Leakey (na foto) chocou a comunidade científica quando afirmou, com base nas teorias de  Darwin, que o homem pode ter surgido na África e de lá ter-se espalhado pelo mundo. Leakey provou o que disse ao descobrir, no continente africano, o primeiro fóssil do Homo habilis. Sua esposa e parceira de escavações, Mary Leakey, também é genial: ela desenterrou o Australopithecus boisei em 1959 e concluiu que o homem andava sobre duas pernas há 3,5 milhões de anos, muito antes do que se supunha até então. Já estava bom para uma família só, não? Mas tem mais.
Os descendentes: O filho do casal, Richard, que rejeitava o ofício dos pais e só queria ser guia de safáris, literalmente esbarrou numa mandíbula de australopiteco em 1963. Virou antropólogo e não se arrependeu. Em 1967, ele e sua equipe desenterraram mais de 400 fósseis de antepassados do homem no Lago Turkana, na Etiópia. Em 1994, a mulher de Richard, Meave Leakey, comprou uma briga com a sogra (que morreria em 1996) ao descobrir que o homem andara sobre duas pernas há 4 milhões de anos – 500 000 anos antes do que supunha Mary Leakey.
5. Os “Humboldt”
Alexander von Humboldt famílias geniais
O patriarca: Alexander Georg von Humboldt foi um proeminente major do exército prussiano. Mas a genialidade da família fica por conta de seus dois únicos filhos: Wilhelm e Alexander (na foto acima).
Os descendentes: Wilhelm von Humboldt foi filósofo e diplomata prussiano. Entre seus feitos mais famosos estão “apenas” a fundação da Universidade de Berlin, que inclusive leva seu nome, e a sua gestão como ministro da educação, que serviu de modelo para países como o Japão e os Estados Unidos. Seu irmão mais novo, Alexander von Humboldt, foi um famoso geógrafo, naturalista e explorador da época. Seu extenso trabalho sobre geografia botânica foi um dos responsáveis por criar as bases para o campo conhecido hoje como biogeografia.

sábado, 2 de junho de 2012

Eles mostraram a real cara do Brasil ao brasileiro


No centenário de nascimento de Nelson Rodrigues e Jorge Amado, especialistas explicam como obra dos autores influeciaram a cultura do país
Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, na Bahia. Treze dias depois, em Pernambuco, nasce Nelson Rodrigues. Apesar de terem visões políticas totalmente opostas, os escritores tiveram grande importância para a história cultural do Brasil. Rodrigues era anticomunista. Já Amado simpatizava com a esquerda. Mesmo assim, ambos sofreram com a censura em seus trabalhos. Outro ponto em comum entre os dois é a abordagem da sexualidade em suas obras, que renderam tanto a um quanto ao outro o repúdio da elite brasileira. No ano de centenário de nascimento desses brasileiros, especialistas analisam o papel que suas obras têm ainda hoje para o relato do cotidiano e dos costumes do povo à época de seus romances.
Linha do tempo compara trajetória dos dois artistas. (Imagem: Paula Zogbi Possari e Meire Kusumoto)
Dois “Jorges”
Jorge Amado ajudou a difundir a cultura do Brasil no exterior e, por que não dizer, aos próprios brasileiros. Com livros publicados em mais de 50 países e em 49 idiomas diferentes, o baiano tornou-se popular principalmente pelo seu variado repertório de assuntos, como conta a doutoranda Marly D’Amaro Blasques Tooge na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. “Ele toca em questões fundamentais, como relações de trabalho, raça, matrimônio e a estrutura da sociedade capitalista”, diz. O professor de Literatura Brasileira, Antonio Dimas, concorda ao dizer que, “mais que temas, Jorge escolhe gentes muito parecidas com a que ainda vemos no nosso cotidiano, nas esferas mais diversas”.
Jorge é conhecido por caracterizar o povo baiano e as classes sociais mais baixas. Na juventude, muda-se para o Rio de Janeiro para cursar Direito. Ainda na faculdade, toma contato com o movimento comunista, que se reflete em suas obras. “No trabalho dele há muita identificação de uma grande massa. A linguagem é acessível, diferente de outros autores contemporâneos mais rebuscados. Até como comunista, Jorge não escrevia para a elite”, explica Marly.
O escritor chega a ser deputado federal pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), mas é cassado depois que o partido perde o registro, na ditadura do Estado Novo, em 1948. Com as perseguições políticas e as desilusões quanto ao método totalitário que o comunismo tinha adotado, Amado se desvincula do PCB e abandona a militância. Alguns críticos dividem a obra do escritor a partir desse ponto. “Depois disso ele se aproxima muito do candomblé e faz obras dedicadas a mulheres, criando personagens como Gabriela, Tieta, Dona Flor. Mas continua com a temática social”, conta Marly. Para Dimas, “existe um Jorge antes e outro depois” de sua militância. “O melhor é o que vem depois. É um Jorge livre de dogmatismos políticos, menos idealista. Portanto, menos autoritário e menos professoral”, explica. O divisor de águas de seu trabalho, segundo o professor, é Gabriela, Cravo e Canela, romance de 1958. A obra, que virou novela nas décadas de 1960 e 1970, ganhará uma nova montagem na televisão ainda esse ano.
Além de revelar a cultura do Brasil ao exterior, Jorge também colaborou na popularização de temas que eram pouco retratados pelos artistas: o Brasil do interior. “Ele deu [à televisão] um sotaque mais abrangente, deixando claro que o país não se limita apenas aos 8 mil km de litoral. Que ele é mais profundo também”, conclui Dimas.
O teatro pós Nelson
Nelson Rodrigues era mestre em causar reações ambíguas. Em vida, foi considerado gênio e idiota, moralista e tarado. Defendia um estilo próprio de jornalismo, no qual cabiam até algumas mentiras, e alinhou-se à ditadura militar nos anos 70, apesar de ter a obra fortemente censurada.
“Aos cem anos de nascimento, Nelson Rodrigues merece ser lembrado como um autor que revolucionou o texto dramático brasileiro”, afirma Berta Waldman, professora de literatura hebraica e judaica da FFLCH e pesquisadora de Nelson Rodrigues. A peça Vestido de Noiva, encenada pela primeira vez em 1943, é considerada um marco do teatro moderno no país. “Com vergonha de dizer às pessoas que havia escrito a peça em seis dias, Nelson mentia dizendo que havia levado seis meses para escrevê-la”, conta Priscila Melo, jornalista e especialista no autor.
A aclamação no âmbito teatral foi quase imediata: Vestido de Noiva é apenas sua segunda peça. No entanto, atingir o ápice no início da carreira teve seus pontos negativos. De acordo com Berta Waldman, o próprio autor costumava dizer: “Com Vestido de Noiva, conheci o sucesso; com as peças seguintes, perdi-o, para sempre”.
A terceira peça foi Álbum de Família, publicada em 1946. Ela foi encenada cerca de 20 anos depois, por ter sofrido censura. “Sua publicação foi marcada pela reação da crítica que não sabia como se posicionar perante o acumulo de incestos e de relações marcadas pela violência, antagonismo e morte”, conta Paulo Maciel, pesquisador de teoria e história do teatro. “Boa parte da sociedade da época repugnava suas obras literárias, acreditando que estas poderiam instigar as pessoas a terem os mesmos desejos relatados”, completa Priscila Melo.
Censura
Nelson era anticomunista declarado. Usava suas crônicas para debochar da esquerda brasileira e defender o golpe militar de 1964. Apesar disso, foi o autor mais censurado no teatro brasileiro. A acusação era de “representar uma ameaça às famílias, a sua moral e aos bons costumes. Em sua defesa o dramaturgo alegava a burrice dos censores que não percebiam a moralidade de seu ‘teatro desagradável’”, explica Maciel.
Muito além do teatro
Apesar ter sido imortalizado como dramaturgo, Nelson Rodrigues estreou no campo das letras como jornalista, aos 13 anos, no periódico A Manhã, que pertencia a seu pai. Ele teve uma produção significativa em diversos gêneros textuais. “Nelson transitou do jornalismo à crônica, passando pelo conto, pelo teatro, romance, pelas confissões e memórias”, conta Maciel.
Grande parte do estilo do autor vem da época em que foi repórter policial. “Nelson Rodrigues é o único jornalista brasileiro a possuir uma tipologia própria e uma resistência ao ‘novo’ jornalismo objetivo implantado pelos norte-americanos”, afirma Priscila Melo. De acordo com a pesquisadora, Nelson utilizava a subjetividade e até a ficção para relatar um fato. Eram acrescentadas falas no corpo das matérias, sem deixar de usar os elementos referenciais para dar credibilidade à notícia.


Fonte: Jornal do Campus

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ariano Suassuna vai representar o Brasil na disputa pelo Prêmio Nobel de Literatura de 2012


Escritor paraibano teve a indicação aprovada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado

Ariano Suassuna vai representar o Brasil na disputa pelo Prêmio Nobel de Literatura 2012
Ariano Suassuna vai representar o Brasil na disputa pelo Prêmio Nobel de Literatura 2012 (Divulgação/Renato Rocha Miranda/TV Globo)
O escritor Ariano Suassuna vai ser o candidato brasileiro na disputa pelo Prêmio Nobel de Literatura de 2012. O autor paraibano de obras como O Auto da Compadecida e A Pedra do Reino teve a indicação aprovada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado. 
"A vida e a obra de Ariano Suassuna contêm expressão filosófica que transpõe as limitações temporais e de gerações, atingindo todos os públicos e transportando-se pelos mais diversos e modernos meios de comunicação”, disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB/PB), que sugeriu o nome de Suassuna à disputa pelo prêmio.
Entre os escritores brasileiros que já foram indicados à Academia Sueca estão Jorge Amado (1967), Guimarães Rosa (1966), o poeta Jorge de Lima (1958), que não pode entrar na competição por que morreu em 1953 e o Nobel só concede prêmio a personalidades em vida, Ferreira Gullar (2002) e João Ubaldo Ribeiro (2010). Nenhum brasileiro jamais foi laureado com o prêmio.
Fonte: veja.abril.com.br

sábado, 10 de março de 2012

500 contos de fada inéditos são descobertos na Alemanha


Os contos são parte de uma coleção de mitos, lendas e contos de fadas reunidas pelo historiador Franz Caver von Schönwerth (1810-1886), na mesma época dos famosos irmãos Grimm.



Cerca de 500 contos de fada inéditos foram encontrados na cidade de Regensburg, na Alemanha. Estima-se que as histórias estavam guardadas há 150 anos. Os contos são parte de uma coleção de mitos, lendas e contos de fadas reunidas pelo historiador Franz Caver von Schönwerth (1810-1886), na mesma época dos famosos irmãos Grimm.

Von Schönwerth passou décadas da sua vida entrevistando camponeses e trabalhadores rurais sobre hábitos, tradições, costume e história da região e transcrevendo tudo que lhe era contado. O historiador reuniu toda a sua pesquisa em um livro chamado Aus der Oberpfalz – Sitten und Sagen, que foi publicado em três volumes em 1857, 1858 e 1859, caindo na obscuridade logo depois disso.

Dos 500 contos de fadas descobertos, alguns são totalmente inéditos. Outros, são versões modificadas de contos famosos, como da Cinderela ou de Rumpelstiltskin.

Fonte: Sociedade do Livro

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

200 anos do nascimento do escritor Charles Dickens

Charles Dickens (*07.02.1812  +09.061870)


"Se alguem me ofender, procurarei elevar tão alto a minha alma, de forma que a ofensa não consiga me alcançar!"


"Ninguém pode achar que falhou a sua missão neste mundo, se aliviou o fardo de outra pessoa."


"Cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender."


"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Dica de Leitura: "Cemitério de Praga" - Umberto Eco


"Cemitério de Praga", novo livro do autor de "O Nome da Rosa", narra um dos mais famosos episódios de falsificação da história: a invenção dos "protocolos dos sábios de Sião", fraude que serviu --e ainda serve-- para fundamentar o antissemitismo. Na trama de conspirações e assassinatos, o protagonista, Simone Simonini, se encontra com diversas figuras históricas, como Sigmund Freud, Ippolito Nievo e Garibaldi. Leia um trecho do exemplar.
*
O PASSANTE QUE NAQUELA MANHÃ CINZENTA
Divulgação
Umberto Eco conta uma história de complôs, enganos e assassinatos
Umberto Eco conta uma história de complôs, enganos e assassinatos
"O passante que naquela manhã cinzenta de março de 1897 atravessasse por sua conta e risco a place Maubert, ou a Maub, como a chamavam os malfeitores (centro da vida universitária já na Idade Média, quando acolhia a multidão de estudantes que frequentava a Faculdade das Artes no Vicus Stramineus ou rue Du Fouarre, e mais tarde local da execução capital de apóstolos do livre-pensamento como Étienne Dolet), se encontraria em umdos poucos lugares de Paris poupado das demolições do barão Haussmann, no meio de um emaranhado de becos malcheirosos, cortados em dois setores pelo curso do Bièvre, que ali ainda se extravasava daquelas vísceras da metrópole, onde fora confinado havia tempo, para se lançar febricitante, estertorante e verminoso no Sena muito próximo. Da place Maubert, já desfigurada pelo boulevard Saint-Germain, partia ainda uma teia de vielas, como a rue Maître Albert, a rue Saint-Séverin, a rue Galande, a rue de la Bûcherie, a rue Saint-Julien-le-Pauvre, até a rue de la Huchette, todas disseminadas de hotéis sórdidos mantidos em geral por auvérnios, estalajadeiros de lendária cupidez, que pediam um franco pela primeira noite e quarenta cêntimos pelas seguintes (mais vinte soldos, se a pessoa também quisesse um lençol).
Se, em seguida, enveredasse pela rue Sauton, encontraria mais ou menos na metade desse caminho, entre um bordel disfarçado de cervejaria e uma taberna onde se servia, com vinho péssimo, um almoço de dois soldos (já então bem barato, mas era o que os estudantes da Sorbonne, não muito distante, podiam se permitir), um impasse ou beco sem saída, que na época já se chamava impasse Maubert, mas que antes de 1865 era de nominado cul-de-sacd'Amboise e anos antes ainda abrigava um tapis-franc (na linguagem da delinquência, uma baiuca, uma bodega de nível ínfimo, ordinariamente mantida por um ex-presidiário e frequentada por forçados recém-saídos da colônia penal) e se tornara tristemente famoso também porque no século XVIII ali ficava o laboratório de três célebres envenenadoras, um dia encontradas asfixiadas pelas exalações das substâncias mortais que elas destilavam em seus fogareiros.
Na metade desse beco, passava totalmente inobservada a vitrine de um belchior que uma tabuleta desbotada celebrava como Brocantage de Qualité - vitrine já opacificada pelo pó espesso que lhe sujava os vidros, que pouco revelavam das mercadorias expostas e do interior porque cada um deles era um quadrilátero de 20 centímetros de lado, reunidos por uma armação de madeira. Junto dessa vitrine, o passante veria uma porta, sempre fechada, e, ao lado do cordão de uma campainha, um cartaz que avisava quando o proprietário estava temporariamente ausente.
Se, como raramente acontecia, a porta estivesse aberta, quem entrasse iria entrever, à luz incerta que clareava aquele antro, dispostos sobre poucas estantes trôpegas e algumas mesas igualmente bambas, objetos em mixórdia e à primeira vista atraentes, mas que, a uma inspeção mais acurada, se revelariam totalmente inadequados a qualquer intercâmbio comercial honesto, mesmo que fossem oferecidos a preços igualmente esfarrapados. Por exemplo, um par de trasfogueiros que desonrariam qualquer lareira, um relógio de pêndulo em esmalte azul descascado, almofadas outrora bordadas em cores vivas, floreiras de pé com cupidos lascados, instáveis mesinhas de estilo impreciso, uma cestinha porta-notas em metal enferrujado, indefiníveis caixas pirogravadas, horrendos leques de madrepérola decorados com desenhos chineses, um colar que parecia de âmbar, dois sapatinhos de lã branca com fivelas incrustadas de pequenos diamantes da Irlanda, um busto desbeiçado de Napoleão, borboletas sob vidros rachados, frutas em mármore policromado sob uma redoma outrora transparente, frutos de coqueiro, velhos álbuns com modestas aquarelas de flores, alguns daguerreótipos emoldurados (que naqueles anos sequer tinham aparência de coisa antiga) - de tal modo que quem se empolgasse depravadamente com um daqueles vergonhosos sobejos de antigas penhoras de famílias pobres e, encontrando à sua frente o suspeitíssimo proprietário, perguntasse o preço deles, escutaria uma cifra capaz de desinteressar até o mais pervertido colecionador de teratologias antiquariais.
E se por fim, em virtude de alguma senha, transpusesse uma segunda porta que separava o interior da loja dos pisos superiores do edifício e subisse os degraus de uma daquelas vacilantes escadas em caracol que caracterizam aquelas casas parisienses com a fachada da largura da porta de entrada (ali onde elas se amontoam oblíquas, uma ao lado da outra), o visitante penetraria em um amplo salão que parecia abrigar não o bricabraque do térreo, mas uma coletânea de objetos de bem outra feitura: uma mesinha império de três pés ornados por cabeças de águia, um console sustentado por uma esfinge alada, um armário século XVII, uma estante de mogno que ostentava uma centena de livros bem encadernados em marroquim, uma escrivaninha daquelas ditas à americana, com porta de enrolar e tantas gavetinhas quanto umasecrétaire. E, se passasse ao aposento contíguo, encontraria um luxuoso leito com baldaquino, uma étagère rústica, carregada de porcelanas de Sèvres, de um narguilé turco, de uma grande taça de alabastro, de um jarro de cristal, e, na parede do fundo, painéis pintados com cenas mitológicas, duas grandes telas que representavam as musas da história e da comédia, e, dispersamente pendurados às paredes, túnicas árabes, outras vestes orientais em caxemira, um antigo cantil de peregrino; e ainda um lavatório de tripé com uma bancada cheia de objetos de toalete em materiais preciosos - em suma, um conjunto extravagante de peças curiosas e custosas que talvez não testemunhassem um gosto coerente e refinado, mas certamente um desejo de ostentada opulência."
"Cemitério de Praga"
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Páginas: 480
Quanto: R$ 37,10 (preço promocional de lançamento*)
Fonte: Folha UOl/Livraria da Folha

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