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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

UFOLOGIA É CIÊNCIA?


Boa parte dos estudos sobre óvnis carece de rigor científico ou está impregnada de forte misticismo. A culpa é também dos cientistas, que evitam pisar nesse campo minado para não colocar em risco sua reputação

por Leandro Steiw

Em novembro de 1977, o primeiro-ministro de Granada, Eric Matthew Gairy, sugeriu a criação de uma agência na Organização das Nações Unidas (ONU) para coordenar os estudos mundiais sobre o fenômeno óvni. A proposta foi adiante e, um ano depois, foi constituído um grupo de trabalho, formado, entre outros, pelos astrofísicos Josef Allen Hynek e Jacques Vallée, pelo engenheiro Claude Poher e pelo astronauta Leroy Gordon Cooper Jr. Pela primeira vez na curta história da ufologia, objetos voadores não-identificados seriam estudados com o aval de uma instituição digna de crédito no mundo todo. Mas os Estados Unidos não gostaram muito da idéia e avisaram que não financiariam qualquer investigação oficial sobre óvnis. Sem o apoio e a grana da maior economia do planeta, a idéia foi engavetada. E ficou uma pergunta no ar: se a ONU tomasse a frente desses estudos, a ufologia seria levada mais a sério?
O estudo de óvnis é um campo minado, no qual os cientistas evitam pisar para não explodir a própria reputação. A maioria dos acadêmicos considera a ufologia uma pseudociência, ou seja, um trabalho destituído do rigor da metodologia científica. Para piorar, dezenas de charlatões tomaram conta das pesquisas ufológicas, com a intenção de explorar a boa-fé das pessoas. Mas há cientistas, com formação acadêmica e reconhecimento público, que adotaram a ufologia como sua especialidade. Como identificar quem é quem no meio desse balaio de gatos?
Primeiro, é preciso entender o conceito. A ufologia investiga o fenômeno óvni – qualquer objeto visto no céu que não possa ser identificado ao primeiro olhar. A hipótese extraterrestre é apenas uma das possibilidades a serem investigadas. “Este é o principal problema da ufologia: a maioria dos próprios ufólogos”, diz Rogério Chola, ombudsman da revista UFO. “Eles são os responsáveis por perpetuar os paradigmas de que óvni é o mesmo que nave extraterrestre.”
Esqueça os preconceitos
Os óvnis realmente existem. Pode ser um avião passando entre as nuvens, uma estrela brilhante, um meteoro, um satélite artificial, um balão meteorológico, pássaros. Pode ser um punhado de coisas banais que normalmente não tomariam a sua atenção, mas que, por terem aparecido em condições desfavoráveis – escuridão, neblina, distância –, não puderam ser identificadas de imediato. Os pilotos de aviões comerciais e militares freqüentemente encontram objetos desconhecidos no céu e relatam como óvnis. O papel dos ufólogos é este: buscar uma explicação para os fenômenos. “Se nenhuma dessas hipóteses explicar ou reproduzir o fenômeno, então o objeto continua sendo um óvni. Claro que a hipótese extraterrestre deve ser a última a ser considerada e, caso o óvni preencha certos requisitos, poderá ser enquadrado como um artefato de origem desconhecida da tecnologia humana e da natureza do planeta Terra. Ir além disso é especular sem argumentos convincentes”, afirma Chola.
As teorias
Atualmente, há quatro teorias sobre o fenômeno óvni. A primeira apela para o racional: óvni é algum tipo de aeronave avançada, secreta ou experimental de fabricação humana, desconhecida ou mal reconhecida pelo observador. A segunda é a mais polêmica: se nenhum fenômeno natural ou tecnologia terrestre servir de explicação, trata-se de uma espaçonave alienígena. A terceirateoria aponta para hipóteses psicossociais e psicopatológicas: quem vê um óvni sofre de algum distúrbio. E a quarta escola apóia-se na religião, no ocultismo e no sobrenatural – os óvnis são mensagens divinas ou diabólicas. Pobre do ufólogo quando as hipóteses de uma tendência misturam-se às de outra. “A ufologia extrapolou os seus limites ao enveredar por caminhos místicos e transcendentais, passando a estudar vida extraterrestre, canalizações de mensagens extraterrestres, contatos telepáticos e entidades de outras dimensões, entre outros, o que a rigor não compete a ela estudar”, diz Chola.
Mas a responsabilidade não é só dos ufólogos. Como a ciência abdicou do direito de estudar os óvnis, diversas histórias permanecem sem resposta e adubam a já fértil imaginação do homem. Um dos poucos cientistas que tentaram encontrar uma explicação para o fenômeno óvni foi o astrofísico americano Josef Allen Hynek (1910-1986), fundador do Centro para Estudos Ufológicos e conselheiro do Projeto Blue Book (leia mais na página 22). Nos anos 50, Hynek era cético sobre óvnis e acreditava que as descrições eram feitas por testemunhas que não haviam sido capazes de identificar objetos naturais ou de fabricação humana. Depois de ler dezenas de papéis, porém, ele encontrou relatos de gente instruída – como astrônomos, pilotos, oficiais de polícia e militares – que mereciam um mínimo de crédito. Hynek conversou com físicos que também contaram ter visto objetos voadores impossíveis de explicar à luz dos conhecimentos atuais daciência . Ele então abandonou o ceticismo, encarou a ufologia como profissão, aplicou a metodologia científica nas pesquisas e foi um dos personagens da frustrada tentativa de abrir a agência coordenadora na ONU.
No entanto, aos poucos, Hynek se tornou um crítico da explicação extraterrestre. Em 1976, ele afirmou: “Tenho apoiado cada vez menos a idéia de que os óvnis são espaçonaves de outros mundos. Há tantas coisas se opondo a essa teoria . Para mim, parece ridículo que superinteligências viajariam grandes distâncias para fazer coisas relativamente estúpidas, como parar carros, coletar amostras de solo e assustar pessoas”. No final da vida, ele estava convencido de que os “discos voadores” tinham mais a ver com fenômenos psíquicos do que com veículos alienígenas.
Seja como for, a hipótese extraterrestre vem perdendo das outras teorias por falta de provas físicas. Em 60 anos, nenhum dos milhares de humanos que alegam ter contatado ETs conseguiu apresentar um único objeto comprovadamente de origem extraterrena. O mais famoso ufólogo do século 21, o americano cético Philip Klass, oferece 10 mil dólares a qualquer vítima de abdução que registrar queixa no FBI e deixar a polícia federal americana averiguar o caso. Se for verdade, o denunciante ganha a grana. Se for mentira, será multado em 10 mil dólares e preso por cinco anos. Até hoje, ninguém topou o desafio. H
"O principal problema da ufologia hoje é a maioria dos próprios ufólogos. Eles são os responsáveis por perpetuar os paradigmas de que óvni é sinônimo de nave extraterrestre"
Rogério Chola, ombudsman da revista ufo
"Parece ridículo que superinteligências viajariam grandes distâncias para fazer coisas relativamente estúpidas, como parar carros, coletar amostras e solo e assustar pessoas"
Josef Allen Hynek, astrofísico americano
Fonte: Supertinteressante - jun. 2005

sábado, 18 de agosto de 2012

Curiosity registra temperatura em Marte


Região explorada pela sonda se assemelha ao deserto de Mojave, nos EUA
Curiosity é o robô mais avançado enviado a Marte / Divulgação/NASACuriosity é o robô mais avançado enviado a MarteDivulgação/NASA
A temperatura na cratera marciana Gale, onde o robô Curiosity da Nasa realizou uma aterrissagem bem-sucedida em 5 de agosto e que tem uma paisagem "parecida com a do Arizona", superou 0 grau Celsius, informou esta sexta-feira o chefe da missão.

John Grotzinger, chefe científico da missão no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em Pasadena, comemorou que os cientistas tenham novamente, graças ao Curiosity, uma estação meteorológica em Marte.

"Posso dizer que a temperatura máxima de ontem na superfície de Marte perto do robô foi superior" a 0 grau Celsius, disse Grotzinger em entrevista coletiva, afirmando que a medição exata era de "276º Kelvin" ou 2,85°C.

"Esta é uma referência muito importante para a ciência, pois a última estação meteorológica de longa duração em Marte remonta exatamente a 30 anos", quando a sonda Viking 1 deixou de se comunicar com a Terra em 1982, disse.

Grotzinger também apresentou quatro novas fotos, em uma das quais se podem ver claramente as diferentes camadas de rochas das colinas cor de argila aos pés do Monte Sharp, que o robô deve subir durante seus dois anos de missão.

"A borda da cratera se parece um pouco com o deserto de Mojave, na Califórnia e agora o que veem é semelhante à região de Four Corners (cruz formada pelas quatro esquinas dos estados de Colorado, Arizona, Utah e Novo México), ou de Sedona, no Arizona, onde essas colinas e mesetas também são vistas", disse o cientista.

"Deve haver minerais hidratados em todas estas camadas", acrescentou. Os cientistas acreditam que a área da cratera de Gale tinha água no passado e as antigas formações geológicas do Monte de Sharp podem ter conservado vestígios da vida passada.


Superfície marciana fotografada pela curiosityDivulgação/NASA

Grotzinger disse que o robô poderia por à prova "na próxima semana" seus primeiros movimentos.

Ele anunciou também que o primeiro destino do robô provavelmente será uma região chamada Glenelg, "a união de três sítios geológicos interessantes". Esta área fica na direção oposta ao Monte Sharp, que continua sendo "nosso verdadeiro objetivo", assegurou Grotzinger.

Se o robô se dirigir diretamente a Glenelg, deverá chegar em "duas ou três semanas". Mas o cientista não descarta a ideia de parar caso no caminho sejam encontradas amostras interessantes.

A longo prazo, "perto do final de 2012", penso que o objetivo deve ser o Monte Sharp, do qual novas e mais precisas fotos deveriam estar disponíveis "em uma ou duas semanas", disse.

O robô Curiosity, uma missão de US$ 2,5 bilhões de dólares, é o robô mais avançado enviado até agora a Marte pela Nasa.

Superfície marciana fotografada pela curiosityDivulgação/NASA

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Capa não impediria Batman de se espatifar no chão


Ao pular de um arranha-céu de 150 metros de altura, super-herói chegaria ao solo a 80 quilômetros por hora, segundo físicos britânicos

Christian Bale é Batman no cinema
Nem mesmo a cara de bravo de Christian Bale, o Batman no cinema, será capaz de mantê-lo a salvo em uma queda(Divulgação)
Hollywood nunca foi muito fiel a conceitos científicos. Já exibiu explosões com estrondos no espaço (sem oxigênio seria impossível a explosão, e, sem ar, a propagação do som), fez tiranossauro correr atrás de vítimas indefesas (sem considerar a anatomia do animal, que, provavelmente, era muito lento) e inventou aliens que “sangram” um ácido capaz de corroer espaçonaves (mas tal substância jamais teria esse efeito em uma liga metálica potente o suficiente para ser usada em veículos intergalácticos). Agora, outra gafe dos estúdios americanos foi desmascarada por um grupo de físicos da Universidade de Leicester, da Inglaterra: a capa do Batman.
Na trilogia do diretor Christopher Nolan, Batman aparece usando uma capa que dá livre movimento para as lutas, proteção contra os golpes e ainda permite ao herói planar quando pula de grandes alturas. Os físicos da universidade britânica resolveram analisá-la, levando em conta o peso do Batman (95 quilos) e o efeito das correntes de ar. Conclusão: o herói se espatifaria no chão, caso confiasse apenas na capa.

Biblioteca

A Ciência dos Super-Heróis
Reprodução
Livro "A ciência dos super-herois" dos escritores Lois Gresh e Robert Weinberg
Livro "A ciência dos super-herois" dos escritores Lois Gresh e Robert Weinberg
Os autores desvendam neste livro a ciência que há por trás dos super-heróis das histórias em quadrinhos. Mas ao contrário das gafes científicas de Hollywood, este livro pretende explicar justamente usando conceitos científicos os superpoderes dos personagens. Com o Super-Homem, por exemplo, os autores exploram a possibilidade de ter vida em outros planetas

Autor: GRESH, LOIS E WEINBERG, ROBERT
Editora: EDIOURO
Se Batman pulasse de um edifício de 150 metros de altura (cerca de 50 andares, como o edifício Itália em São Paulo), com uma capa de envergadura de 4,7 metros – aproximadamente a metade de uma asa delta – ele até conseguiria planar por 350 metros, mas ao final se chocaria contra o chão a uma velocidade de 80 quilômetros por hora. A conclusão dos pesquisadores é de que Batman deveria considerar levar, no próximo filme, um paraquedas junto com a capa – para evitar maiores acidentes. O artigo foi publicado no anuário da Universidade de Leicester, que compila trabalhos dos alunos que estão concluindo o mestrado naquele ano.
Pausa para a ficção – Para o professor de física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Paulo Jarschel, vale a pena deixar a ciência um pouco de lado para fazer filmes mais divertidos. "Afinal, estamos tratando de super-heróis. Se os roteiros fossem sempre totalmente fiéis à ciência, dificilmente teríamos uma boa obra de ficção científica", diz. Jarschel cita como exemplo dois autores consagrados na literatura deste gênero: Isaac Asimov e Carl Sagan. "Em Eu, Robô, Asimov não dá muita importância para o problema do consumo de energia dos robôs, capacidade de processamento, dissipação de calor etc. EmContato, Sagan não dá nenhuma explicação para a máquina que transporta a mocinha para outro sistema solar."
Jarschel também lembra outro super-herói dos quadrinhos cuja performance vai bem além das leis da física.  "Num dos filmes antigos do Super-Homem, ele aparece salvando a Lois Lane, que caía do alto de um prédio. Na cena, ele a pega imediatamente antes do choque no chão. Se isso acontecesse de verdade, a desaceleração seria tão brusca que ela ia acabar se partindo ao meio."
Novo filme – O terceiro longa da trilogia do diretor Christopher Nolan, O Cavaleiro das Trevas Ressurge, chega aos cinemas em 27 de julho. O trailer do novo filme já foi divulgado.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/capa-voadora-de-batman-e-desmascarada-por-fisicos

domingo, 1 de julho de 2012

5 famílias formadas por pessoas geniais


O biólogo inglês Thomas Henry Huxley morreu no dia 29 de junho 1895, 117 anos atrás. Além de ser um amigo próximo de caras como Charles Darwin, Huxley é conhecido por ser de uma família ~pra lá de genial~. Um de seus netos, por exemplo, é ninguém menos que o escritor Aldous Huxley, autor de “Admirável Mundo Novo”. Diante de tanta notoriedade, resolvemos contar a história dos Huxley e de outras quatro famílias cheias de pessoas geniais de verdade. Coincidência ou genética? Leia para tirar suas conclusões:
1. Os “Huxley”
Thomas Henry huxley famílias geniais
O patriarca: O biólogo que serviu de inspiração para esta lista foi um dos cientistas mais influentes da Inglaterra no século 19. Conhecido como “Buldogue de Darwin” (“Darwin’s Bulldog”) por sua amizade com o naturalista e por sua defesa da teoria da evolução, Thomas Henry Huxley também é o responsável por cunhar o termo “agnóstico” – que ele criou para descrever a si próprio como um homem que não acreditava em Deus, mas não descartava sua existência.
Os descendentes: Thomas é pai do escritor Leonard Huxley que, por sua vez, teve três filhos geniais: o zoólogo Julian, o fisiologista e ganhador do Prêmio Nobel de Medicina Andrew Fielding, e o escritor Aldous Huxley, autor do clássico “Admirável Mundo Novo”.
2. Os “Curie”
Marie Curie famílias geniais
O patriarca e a matriarca: O casal de físicos franceses Pierre e Marie Curie (na foto acima) foi pioneiro nos estudos sobre radioatividade. Em 1903, os dois foram premiados com o Prêmio Nobel por isso. Além disso, Marie foi a primeira pessoa a ser honrada com dois Prêmios Nobel em diferentes categorias: ela ganhou um em Física e um em Química. Como se já não fosse suficiente, Marie também foi a primeira professora mulher da Universidade de Paris.
Os descendentes: A filha do casal, a pesquisadora francesa Irène Joliot-Curie, não fica pra trás. A cientista também ganhou um Nobel: em 1935, na área de Química por sua descoberta da radioatividade artificial. Com isso, a família Curie é a mais premiada pelo Nobel. Como se não bastasse, os dois filhos de Iréne, Hélène e Pierre, também são estimados pesquisadores.
3. Os “Darwin”
Charles Darwin famílias geniais
O patriarca: O senhor da foto acima, Charles Darwin, dispensa apresentações, não? Mas o que nem todo mundo sabe é que a família do naturalista também esbanjava genialidade. Dá uma olhada:
Os descendentes: Darwin casou com sua prima Emma Wedgeood e teve dez filhos, dos quais 3 morreram na infância. Entre os sobreviventes, três se tornaram membros da “Fellowship of the Royal Society”, honra concedida apenas para os mais eminentes cientistas, engenheiros e tecnólogos do Reino Unido. São eles: o astronômo George Howard Darwin, o botânico Francis Darwin e o engenheiro civil Horace Darwin. Outro filho importante foi Leonard Darwin, soldado, político, economista, eugenista e mentor do estatístico Ronald Fisher. Além disso, Darwin também era primo de Francis Galton, um famoso intelectual inglês. Foi Galton que iniciou a meteorologia científica e criou o primeiro mapa climático. Galton também era antropólogo, eugenista, explorador, geógrafo, estatístico, entre outras coisas.
4. Os “Leakey”
Louis Leakey famílias geniais
O patriarca e a matriarca: O antropólogo queniano Louis Leakey (na foto) chocou a comunidade científica quando afirmou, com base nas teorias de  Darwin, que o homem pode ter surgido na África e de lá ter-se espalhado pelo mundo. Leakey provou o que disse ao descobrir, no continente africano, o primeiro fóssil do Homo habilis. Sua esposa e parceira de escavações, Mary Leakey, também é genial: ela desenterrou o Australopithecus boisei em 1959 e concluiu que o homem andava sobre duas pernas há 3,5 milhões de anos, muito antes do que se supunha até então. Já estava bom para uma família só, não? Mas tem mais.
Os descendentes: O filho do casal, Richard, que rejeitava o ofício dos pais e só queria ser guia de safáris, literalmente esbarrou numa mandíbula de australopiteco em 1963. Virou antropólogo e não se arrependeu. Em 1967, ele e sua equipe desenterraram mais de 400 fósseis de antepassados do homem no Lago Turkana, na Etiópia. Em 1994, a mulher de Richard, Meave Leakey, comprou uma briga com a sogra (que morreria em 1996) ao descobrir que o homem andara sobre duas pernas há 4 milhões de anos – 500 000 anos antes do que supunha Mary Leakey.
5. Os “Humboldt”
Alexander von Humboldt famílias geniais
O patriarca: Alexander Georg von Humboldt foi um proeminente major do exército prussiano. Mas a genialidade da família fica por conta de seus dois únicos filhos: Wilhelm e Alexander (na foto acima).
Os descendentes: Wilhelm von Humboldt foi filósofo e diplomata prussiano. Entre seus feitos mais famosos estão “apenas” a fundação da Universidade de Berlin, que inclusive leva seu nome, e a sua gestão como ministro da educação, que serviu de modelo para países como o Japão e os Estados Unidos. Seu irmão mais novo, Alexander von Humboldt, foi um famoso geógrafo, naturalista e explorador da época. Seu extenso trabalho sobre geografia botânica foi um dos responsáveis por criar as bases para o campo conhecido hoje como biogeografia.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Migrações forçadas


Pesquisadores propõem levar animais, como elefantes, para a Austrália e para o Pantanal brasileiro a fim de restabelecer o equilíbrio ecológico onde os grandes mamíferos foram extintos pelo homem

André Julião
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IMIGRANTE
Elefantes africanos podem fazer parte da paisagem australiana em breve
A semana passada marcou o aniversário de três anos do episódio conhecido como “Sábado Negro”, quando incêndios florestais consumiram 400 mil hectares no sul da Austrália, matando 173 pessoas e milhões de animais. Foi o momento para o pesquisador David Bowman, da Universidade da Tasmânia, trazer à tona um assunto polêmico, mas recorrente entre os cientistas. Num artigo na prestigiada revista “Nature”, Bowman sugere levar elefantes africanos para a Austrália. Só animais desse porte teriam capacidade para ingerir a vegetação que, quando seca, provoca incêndios que consumiram 5% do território australiano no ano passado.

Os cientistas chamam esse procedimento de “migração assistida”. Os animais exóticos exerceriam um papel que foi de bichos nativos, extintos no fim do Pleistoceno, entre 50 mil e 11 mil anos atrás – período do primeiro contato desses grandes mamíferos com os humanos. “Os elefantes precisariam ser manejados com cautela, não soltos de forma descontrolada e usados como máquinas de comer capim”, disse Bowman à ISTOÉ. 

No Brasil, o ecólogo Mauro Galetti, da Unesp, defende a introdução de elefantes e outros animais no Cerrado e outros ecossistemas. “Se tirarem as vacas que estão no Pantanal, certamente aumentarão os incêndios”, diz. Segundo ele, esses animais domésticos exercem, hoje, a função que foi de herbívoros extintos, como preguiças-gigantes, mamutes e cavalos selvagens.
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CONTRASTE
Australianos combatem incêndio florestal. Abaixo,
o Cerrado brasileiro, que também pode ser repovoado
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A prática é controversa. “Sou radicalmente contra”, diz o biólogo Célio Haddad, colega de Galetti na Unesp. Ele cita o caso da rã-touro, que chegou ao Brasil nos anos 1930 para ser criada em cativeiro, mas acabou solta na natureza, se tornando uma praga para espécies nativas. “Além disso, ninguém sabe as doenças que as espécies invasoras podem trazer”, afirma Haddad. Os defensores da migração assistida dizem que os riscos praticamente não existiriam se veterinários acompanhassem os animais introduzidos, que ficariam em espaços controlados. 

Um exemplo de sucesso é o Parque do Pleistoceno, uma área de 16 quilômetros quadrados na Sibéria. Desde 1989, o russo Sergey A. Zimov tenta reproduzir o ambiente da época dos mamutes, introduzindo espécies como renas e alces, que comem a vegetação e estariam restabelecendo o equilíbrio ecológico. O estudo, porém, ainda está longe de acabar. Até lá, não há como afirmar categoricamente os prós e contras de mais essa interferência humana na natureza.
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Fonte: Istoé

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Entrevista: cientista japonês cria robôs humanoides de olho no futuro


Ele já foi comparado por alguns cientistas ao Dr. Frankenstein da literatura por estar sempre levantando questões profundas sobre a humanidade e suas criações. As roupas de cores pretas e os cabelos cheios, no estilo dos anos 70, são a marca registrada de Hiroshi Ishiguro, o especialista em robótica mais famoso do Japão e um dos mais importantes do mundo. Dedicado ao trabalho – que ele considera um “divertido passatempo” – em um dos seus quatro laboratórios, Ishiguro, 48 anos, começou a construir robôs há mais de uma década, depois de abandonar a ideia de ser um artista plástico. E defende a ideia de os robôs se parecerem conosco para facilitar sua aceitação. “Se faltam pessoas, por que não criar algumas?”, diz.
Com a agenda sempre lotada de compromissos, dentro e fora do Japão, Ishiguro aceitou receber a reportagem do Terra em seu laboratório instalado no campus Toyonaka da Universidade de Osaka. Numa tarde fria de outono, o professor chegou atrasado ao encontro – o que é muito raro, disse uma das três secretárias. Mal entrou na apertada sala onde está instalada a recepção, um professor assistente o levou para o escritório e, com as portas abertas, discutiram uma palestra de última hora na cidade de Xangai, na China.
Passou novamente pela recepção, soltou um wait a minute (“espere um momento”) e saiu apressado. Voltou cerca de dez minutos depois, ainda atordoado com o novo compromisso. Depois de discutir a agenda do dia seguinte, pediu-me para acompanhá-lo ao seu escritório. No pequeno cômodo, não tão diferente de qualquer outra sala de um professor universitário – abarrotado de livros, caixas, enfeites -, um poster do filme Substitutos(Surrogates) se destaca na parede – Ishiguro e um dos seus androides aparecem no começo deste filme. “Como salvar a humanidade quando a única coisa real é você?”, lê-se no cartaz. “Você já assistiu a esse filme?”, pergunta o professor ao ver que anoto a frase no caderno. “Não…”, começo a responder, mas sou cortado por ele. “É um ótimo filme. Assista.”
Tento começar a entrevista, mas sou interrompido novamente com perguntas sobre o Brasil, mulheres brasileiras e nosso Carnaval. Ishiguro não escondeu a vontade de conhecer o País e falar para os brasileiros sobre suas criações. “Mas quero ir no Carnaval, para conhecer o Rio de Janeiro”, fala. “Posso levar robôs pequenos e também os que jogam futebol”, emenda. A conversa é interrompida pela secretária que nos serve chá verde e bolachas. Durante toda a entrevista, Ishiguro pediu para repetir as perguntas diversas vezes, pois estava sempre fazendo outras coisas ao mesmo tempo: respondendo e-mails, atendendo ligações. Talvez esteja cansado de falar das suas criações, robôs que o tornaram um dos cientistas mais famosos no mundo. Confira abaixo os principais trechos da conversa exclusiva de Terra com o pesquisador.
Hiroshi Ishiguro tem 48 anos de idade. O Geminoid HI-1 (à direita) foi construído à semelhança do cientista
Terra – Como é o seu dia-a-dia? Quantas horas por dia trabalha?
Hisroshi Ishiguro -
 Meu trabalho é meu passatempo. Apenas tento sobreviver neste mundo, então tento fazer do meu trabalho um hobby. Estou sempre a procura de inspiração para minhas criações, meus livros e, mais recentemente, estou investindo na área artística. Muitas pessoas dizem que eu sou como um adolescente (risos).
Terra – O senhor se diverte com seu trabalho então?
Ishiguro -
 Sim, tento me divertir, sempre. Mas às vezes é difícil. Tem horas que penso apenas no meu ganha-pão.
Terra – Como os robôs entraram na sua vida? Ishiguro - Eu queria ser pintor, mas entrei para a área de ciência da computação e comecei a estudar inteligência artificial e a área de reconhecimento visual. A questão é: o computador precisa reconhecer algo. Então, para ter um reconhecimento real, achei que o computador precisava ter um corpo para ter essa experiência. Então, naturalmente passei para a área de robótica.
Terra – Mas eles precisam se parecer conosco?
Ishiguro -
 Depende da situação. Se for uma recepcionista, um robô com aparência humana é muito melhor do que outro qualquer. Além disso, nós já temos a expectativa de encontrar um ser humano nesta função, certo? Agora, trabalho com os Elfoid (um robô com função de telefone celular) e Telenoid, robôs com uma aparência humana, mas que não podemos dizer sua idade ou seu gênero sexual. Penso que os idosos vão gostar de usar esses robôs, pois podemos usar nossa imaginação para mentalmente projetar uma feição para essas máquinas. É muito mais fácil falar com esses aparelhos, pois falamos com nossa imaginação, sem nenhuma pressão.
Terra – Podemos dizer que caminhamos para uma sociedade integrada entre máquinas e homens, como nos filmes de ficção científica? Ishiguro - Filmes mostram sempre situações extremas, mas parte do que é retratado nós vamos usar definitivamente. Teremos um mundo parecido com o que é mostrado nos filmes. Por exemplo, Substitutos (Surrogates) mostra que teremos um androide idêntico a nós que faria o nosso trabalho. Eu adoraria ter um substituto nas aulas, caso eu fique doente. E pessoas com problemas físicos também poderiam usar um androide para executar tarefas que elas não podem fazer.
Terra – Os filmes de ficção científica geralmente retratam o homem lutando contra os robôs…
Ishiguro -
 Não em Transformers. Robôs são amigos dos humanos neste filme. Os produtores de Hollywood parece que finalmente se influenciaram com a cultura japonesa e mudaram de ideia (risos).
Terra – O Geminoid foi um grande marco na robótica. Continua a desenvolver esse robô?
Ishiguro -
 Continuamos a trabalhar com ele, e logo teremos um Geminoid muito melhor e mais portátil. Nós usamos muitos computadores e sistemas complicados para criar esse robô. Mas a próxima versão será mais simples e compacta. Está quase pronto e não posso contar os detalhes ainda. Quero fazer com que ele possa me substituir em entrevistas como esta ou conferências, assim posso continuar trabalhando em outros projetos (risos).
Terra – O senhor acredita, assim como outros pesquisadores como David Levy e Kurz Weil, que algum dia homens e robôs poderão até mesmo ter relações de amor e sexo?
Ishiguro – Por que não?
 Você acredita que sou um ser humano, mas como ter certeza disso? Por exemplo, temos muitos amigos que conhecemos virtualmente pela internet. Mas como checar se eles são humanos de verdade? Além disso, os humanos são cheio de mistérios. Já ouvi muitos dizerem que meus androides são muito melhores que humanos. Olha só: podemos tocá-los de forma mais amistosa, sem pressão social.
Terra – No que a sociedade japonesa pode servir como modelo, já que a robótica está tão avançada entre os japoneses?
Ishiguro -
 Nós temos uma situação diferente do resto do mundo. Aqui não temos militares e não temos a pressão de criar máquinas com intuito bélico. Nunca pensamos nisso. Nós pensamos em aplicações dos robôs no dia-a-dia, por isso que a tecnologia se desenvolveu rapidamente aqui. Somos bons em desenvolver pequenos aparelhos, como gadgets eletrônicos, celulares, televisores… Podemos construir robôs para o uso cotidiano ou mesmo para ajudar a cuidar de idosos.
Terra – Qual o estágio da robótica hoje? Em cinco ou dez anos, que tipos de robôs teremos?
Ishiguro -
 Falei sobre isso uma vez. A situação hoje da robótica é igual dos computadores pessoais. Há alguns anos, não sabíamos usar um computador. Ele já existia, mas não tinha muitas funções e aplicativos de uso fácil. Na robótica hoje temos muita tecnologia sendo desenvolvida. Mas ainda não sabemos como usá-los. Em breve teremos aplicativos que facilitarão o uso deles pelas pessoas comuns.
Terra – Em quanto tempo? Cinco anos? Dez anos?
Ishiguro -
 Não saberia dizer. Nossa sociedade muda muito rápido. Não dá para prever nada nessa área tecnológica. Há poucos anos, não dava para esperar uma sociedade tão informatizada ou essa invasão dos smartphones. Nossa sociedade é muito dinâmica e vai ser mais dinâmica ainda.
Terra – O senhor tem algum robô em sua casa?
Ishiguro – …
 (alguns segundos pensando)… Não. Mas hoje muitas pessoas têm aquele aspirador de pó que trabalha sozinho e também aparelho de ar condicionado que faz autolimpeza dos filtros. Ah, sim, e os aparelhos celulares também são uma espécie de robôs, pois têm sensores e câmeras.
Fonte: Terra/Japão Online

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