Rogério Rocha |
Símbolo
A vida dentro da vida
guardada n’alma,
sorvida da aurora
das nossas alegrias.
O símbolo dentro do símbolo.
A guarda do sagrado,
O império dos segredos,
Instado a dizer-nos
No não dito, no não visto,
No sim, no não, no íntimo.
Somos sonho, somos signo,
Somos tempo, somos símbolo.
O vermelho do sangue
Na pele brotando,
A ferida nefasta
Nascida de um parto,
De um grito, de um fato.
Um sinal que emite sentidos.
Um som inaudível, a princípio,
E no princípio, ruídos ao fundo.
A voz da memória, o passado em jogo,
O sinal do princípio no crepitar do fogo.
No mais antigo do antigo a figura perene,
A dizer, no sempre, o que queremos.
A esfinge nos atinge: Kerub.
O mistério de ser gente,
De ser corpo, de ser homem.
O olhar que nos fala,
O corpo que nos fala,
O silêncio que nos fala,
A paixão que nos consome.
A gramática do ser
Abundante, a mostrar,
Apontar, consignar,
Uma physis constante.
Somos sonho, somos signo,
Somos tempo e somos símbolo.
Ainda assim, nos importa
Saber ler nos símbolos
A linguagem dos túmulos,
A voz dos narradores,
A letra dos pergaminhos,
O som dos arredores.
Fragmentos de um tempo
Adormecido.
P.S.: Poema do livro "Travessias" (no prelo)
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