quinta-feira, 27 de setembro de 2018
domingo, 23 de setembro de 2018
REGISTROS DE UMA PASSAGEM POR CABO VERDE (ÁFRICA)
Em julho deste ano, durante as férias, fui pela primeira vez ao continente africano. Uma experiência muita interessante. Conhecer aquelas terras de África, muito ricas em cultura, natureza e tradições populares.
O destino que escolhi foi Cabo Verde. Um um arquipélago ao largo da costa da África Ocidental, formado por pequenas ilhas vulcânicas e regiões montanhosas.
Com temperaturas variando entre os 20 e os 25 graus durante o ano e com basicamente duas estações do ano (uma seca e outra chuvosa), aquele pequeno país é um destino turístico ainda em expansão.
Fica evidente, por exemplo, que carece ainda de melhor estrutura para receber os turistas que mais e mais tem visitado o belo país africano. Contudo, com um pouco de boa vontade e com uma boa dose daquele espírito liberto e leve de quem está ali a passeio, é possível desfrutar imensamente daquilo tudo.
Cabo Verdeconstitui-se por 10 (dez) ilhas, das quais 9 são habitadas. Fiquei situado na Ilha do Sal, um dos destinos que mais atraem turistas por aqueles lados.
Outro sítio muito visitado é a capital do país, a cidade de Praia. Sal e praia, aliás, são dois elementos que definem bem o clima insular daquele país. De fato, há muitas salinasem Cabo Verde, bem como praias das mais agradáveis e belas, com água a boa temperatura.
As maiores ilhas do arquipélago são a de Santiago, onde fica Praia, e capital do país, e a ilha de Santo Antão, no extremo noroeste.
O idioma falado por aquelas plagas é o português. É inclusive o oficial. Contudo, nota-se muito explicitamente que a verdadeira língua do povo caboverdiano é mesmo o crioulo, falado pela maioria dos habitantes quando se comunicam entre si.
Outro aspecto interessante é que a moeda (o escudo cabo-verdiano) é recebida no comércio e nos serviços assim como o euro. Deve-se isso a uma indexação econômica e a uma jogada que favorece sobretudo os turistas europeus, fomentando o crescimento do turismo inclusive, visto que recebe-se e pagam-se coisas com as duas moedas. É pouco usual, mas funciona.
Cabo Verde, além de seus nacionais, recebe muitos senagaleses e nigerianos. Vê-se muitos deles espalhados pelas ilhas. Estuda-se, por isso, inglês e francês nas escolas secundárias. Outros nacionais que visitam bastante o país são italianos e alemães, além dos portugueses, por óbvias razões.
Há uma identificação cultural muito forte entre os caboverdianos e nós brasileiros. O idioma português, as novelas, a música e o futebol, bem como a simpatia natural destes povos, são traços que nos unem. Completa essa equação o clima, a comida e a alegria de viver.
Em resumo, fui, vi, descobri e gostei.
Com voo direto de 4 horas de duração, saindo às sextas-feiras de Fortaleza pra lá, Cabo Verde é um lugar a se conhecer e desfrutar. Sem pressa e sem estresse.
Abaixo seguem alguns registros em fotos e vídeos que fiz deste aprazível destino na costa da África. Espero que gostem!
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Rogério Rocha
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sábado, 22 de setembro de 2018
RESUMO DIDÁTICO DE "MORTE E VIDA SEVERINA"
CONTEXTO HISTÓRICO:
A obra de João Cabral de Melo Neto foi lançada no ano de 1956. O autor fez parte da 3ª geração ou 3ª fase do modernismo brasileiro, também chamada de geração de 1945, que historicamente coincide com o final da Segunda Grande Guerra mundial e o início das hostillidades e ameaças mútuas entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e os Estados Unidos das Américas: a chamada guerra fria.
Uma época que influenciou diretamente a produção literária mundial, inclusive a nacional, com o crescimento de um sentimento de descrença no ser humano e de desencantamento para com os rumos da vida.
Outro elemento constante da obra de João Cabral, e que nos ajuda a caracterizá-la, em consonância com o período e suas circunstâncias, é a noção de desumanização ou coisificação do homem (concepção objetualista).
Pode-se observar ainda a presença de uma sintaxe seca e de versos curtos e de caráter experimental.
Suas obras centram-se muito em temas sociais. Nelas a emoção é quase sempre contida e no poema a palavra ganha concretude, dureza, razão pela qual se vê nele o poema como uma construção de engenharia.
Suas obras centram-se muito em temas sociais. Nelas a emoção é quase sempre contida e no poema a palavra ganha concretude, dureza, razão pela qual se vê nele o poema como uma construção de engenharia.
CARACTERÍSTICAS DO ESTILO:
Temos, portanto, uma poesia formalista, pós-moderna, com novas expressões, de tom intimista, regionalista e onde se propaga a ideia de "despoetização do poema".
Trata-se aqui de um poema trágico, um auto de natal Pernambucano. Um poema que trata de questões sociais como conflitos fundiários (por terra), a violência na zona rural, a seca, a miséria, a fome, etc.
É um poema teatral, portanto integra o gênero dramático. E nele percebe-se o uso da redondilha menor e da linguagem alegórica. Caracteriza-se ainda por ser aquilo que se convencionou chamar de literatura de travessia.
O autor também se utiliza do recurso da ironia. Sua linguagem é seca, enxuta. Tem poucos adjetivos e é mais substantivada.
Percebe-se a interferência de um narrador em 3ª pessoa.
Como curiosidade da obra e do estilo de Cabral, afirmam seus críticos que sua poesia se divide em duas modalidades: uma poesia pra ser lida em silêncio e outra pra se ler em voz alta, numa leitura cantada, que remete à necessidade de memorização e que lembra um pouco a linguagem do cordel, como nos caso da que aqui analisamos.
"Morte e Vida Severina" foi um grande êxito da literatura brasileira, com mais de 100 edições desde o seu lançamento.
Vê-se nela uma poesia con engajamento social.
Traz ao leitor a paisagem a a geografia dos lugares que atravessa.
Traz ao leitor a paisagem a a geografia dos lugares que atravessa.
- No poema vemos um retirante da seca nordestina (o Severino do título) a acompanhar o curso do rio Capibaribe em direção à cidade do Recife. Nesse périplo, o sertanejo, em travessia, depara-se com a onipresença da morte (ora consumada, ora em potencial).
- A vida severina aqui tem a conotação de uma condição existencial ligada a uma vida miserável.
UM ESCLARECIMENTO NECESSÁRIO:
MAS, AFINAL, O QUE É UM AUTO?
- Um auto é uma peça breve, de tema religioso ou profano, encenado durante a idade média;
- Acha-se vinculado aos mistérios e moralidades;
- É uma composição dramática com personagens alegóricos como os pecados, as virtudes, etc.;
- Se caracteriza pela simplicidade da linguagem, caracterizações exacerbadas e intenção moralizante.
OBS.: Pode conter, por vezes, elementos cômicos ou jocosos. Teve origem na Espanha medieval e na poesia de Gil Vicente (Portugal).
IMPORTANTE DESTACAR:
Na obra nos são mostradas duas forças que exercem o domínio na região: o poder político (coronéis) e a Igreja (poder clerical).
O Severino aqui representa a coletividade, isto é, representa não só a sua, mas também várias outras biografias que repetem os traços da dele.
Para fins didáticos, pode-se dividir a obra em dois momentos ou partes distintas:
1ª) A fuga da morte, consubstanciada na retirada para a capital (Recife);
2ª) A chegada à cidade grande e o reencontro com a vida.
ESTRUTURA DA OBRA E DESENVOLVIMENTO DO ENREDO:
A obra começa com a MORTE. Quando há um enterro, deve-se ter em conta, segundo revela-se em seu decorrer, que ou é morte morrida ou matada.
E a sua estrutura se compõe numa narrativa em forma de ladainha.
Ex.: Quando se usa a expressão "ave bala", para dizer que "sempre há uma bala voando, desocupada."
Vemos aqui a denúncia da questão da violência no campo, a existência de graves e constantes conflitos de terra, da luta pela propriedade rural.
Logo, ao nos lembrar que o rio é como um "rosário", nota-se que a caminhada é como uma prece, onde se reza de conta em conta. Ela se constitui quase que numa "via crucis", dolorosa e inclemente, com momentos em que o personagem central pensa em deixar a vida.
No trajeto, já próximo de chegar à cidade, encontra-se com uma mulher que tem por ofício "encomendar a morte". Aliás, a morte ou a ideia da morte é companhia constante do personagem em seus deslocar-se rumo à cidade grande.
Ao chegar a Recife, fugindo do flagelo da morte, Severino encontra-se novamente com ela. (p. ex.: a menção ao muro caiado, ao cemitério).
Ao decidir tirar sua vida pulando da ponte, o personagem principal encontra-se com José Carpina (alusão ao Carpinteiro José, pai de Jesus Cristo), o que constitui-se, de certo modo, num simbolismo do encontro (ou reencontro) com a vida e a esperança.
Ao decidir tirar sua vida pulando da ponte, o personagem principal encontra-se com José Carpina (alusão ao Carpinteiro José, pai de Jesus Cristo), o que constitui-se, de certo modo, num simbolismo do encontro (ou reencontro) com a vida e a esperança.
Na sequência do enredo a mulher de José da a luz dentro de um mocambo onde residem e que passa a ser visitado por pessoas humildes da comunidade a trazer presentes para a criança (referência ao presépio, no nascimento do Cristo).
No desfecho vemos o nascimento do menino filho de José Carpina como uma gota de esperança, ou seja, a resistência da vida vencendo a crueza da morte.
No desfecho vemos o nascimento do menino filho de José Carpina como uma gota de esperança, ou seja, a resistência da vida vencendo a crueza da morte.
CURIOSIDADE/BÔNUS:
A obra possui uma forte intertextualidade com outras duas grandes obras do regionalismo nordestino modernista, quais sejam, "Vidas Secas", de Graciliano Ramos (da qual é, por certo modo, um desdobramento) e "O auto da Compadecida", de Ariano Suassuna.
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Rogério Rocha
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sexta-feira, 21 de setembro de 2018
CAFÉ PENSANTE - 2ª EDIÇÃO (ANÁLISE DE OBRAS LITERÁRIAS)
É amanhã no espaço cultural da Livraria da AMEI. Nós da INICIATIVA Inciativa Eidos estaremos esperando por vocês lá, para mais uma tarde de muita reflexão sobre a literatura. Presença minha e dos professores Sebastião Moreira e Fernando Reis, que estaremos a analisar as obras escolhidas para o PAES 2019 da UEMA. O evento começará às 17h30. Chegue cedo. Imperdível! Entrada franca.
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Rogério Rocha
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segunda-feira, 17 de setembro de 2018
CAFÉ PENSANTE EIDOS SOBRE ANÁLISE DE OBRAS LITERÁRIAS TERÁ 2ª EDIÇÃO
Atendendo
a pedidos, buscando retribuir a receptividade do público e contemplar os que
não puderam presenciar in loco o evento passado, o Café Pensante da Iniciativa
EIDOS sobre a análise das obras literárias do vestibular do PAES/UEMA 2018 terá
uma edição extra. É isso mesmo,
PENSANTES! No próximo Sábado, dia 22/09,
a partir das 17h30, no Espaço Cultural da AMEI, teremos a segunda edição do
evento, que foi um sucesso total. Desta vez teremos a presença especial dos
professores e escritores Sebastião
Moreira Duarte e Fernando Reis.
A mediação e comentários ficarão a cargo do professor Rogério Rocha, da Inciativa EIDOS. As inscrições gratuitas serão
feitas na própria livraria da AMEI, com preenchimento de ficha, com limite a
100 vagas.
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quarta-feira, 12 de setembro de 2018
domingo, 9 de setembro de 2018
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
EXPOSIÇÕES UNIVERSAIS
As exposições internacionais condensaram o que o século XIX entendeu como modernidade: o progresso construído sobre a ciência e a indústria; a liberdade entendida como livre mercado; o cosmopolitismo baseado na idéia de que o conhecimento humano e a produção seriam transnacionais, objetivos e sem limites.
As cidades onde as exposições foram montadas - Londres, Paris, Chicago, entre outras - foram os epicentros da modernidade. Aí se chegou ao estágio mais avançado da civilização ocidental, que convivia com os problemas advindos da desigualdade e da marginalização de grande parcela da população. As exposições universais queriam ser um retrato em miniatura desse mundo moderno avançado, composto de espetáculos nos campos da ciência, das artes, da arquitetura, dos costumes e da tecnologia. A idéia era mostrar e ensinar as virtudes do tempo presente e confirmar a previsão de um futuro excepcional. A torre Eiffel, o palácio de cristal e a roda gigante eram os símbolos visíveis do avanço tecnológico exibido nas feiras mundiais.
As exposições propiciavam também o sentimento de se estar em um estágio de desagregação social. Tudo o que era familiar e seguro estava desaparecendo, e o efêmero parecia tomar conta da cultura da época. A sensação de decadência moral, de degeneração do espírito, de enfraquecimento intelectual também fazia parte desse universo modernista do final do século XIX.
A construção da imagem da superioridade do presente ocidental - através da engenharia, da medicina, da antropologia, da criminologia, da arqueologia, entre outras ciências - permitia uma nova avaliação do passado e dos "outros". A exibição do exótico, sob a forma de produtos, costumes e mesmo indivíduos naturais das colônias atestava o poderio e o expansionismo das nações centrais e confirmava sua supremacia racial e cultural.
As nações mais pobres do Ocidente também hospedaram, já no século XX, exposições internacionais. Estas eram vistas como uma oportunidade ímpar de fazer parte, ainda que por um breve espaço de tempo, do concerto internacional das nações. A Exposição Universal do Rio de Janeiro, em 1922, se inclui neste caso.
Organizadas como expressão do progresso supranacional, as exposicões estiveram conectadas com festas e calendários nacionais; programadas como momento de reconciliação entre nações, acabaram fornecendo material simbólico para o culto da nacão e para a construção dos nacionalismos que cresceram após a Primeira Guerra Mundial.
Fonte: FGV CPDOC
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Rogério Rocha
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