quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
domingo, 30 de novembro de 2014
A arte de conversar
Alcir Pécora
A ideia da conversação como uma parte decisiva da vida civil foi
desenvolvida por três importantes autores italianos do século 16:
Baldassare Castiglione (1478-1529); Giovanni Della Casa (1503-1556) e
Stefano Guazzo (1530-1593). Em pouco tempo, tais considerações avançaram
pelas principais cortes europeias, delas recebendo diferentes traduções
e emulações.
Nos salões parisienses, em pleno período de rebelião dos grandes
senhores contra a política de centralização monárquica levada a cabo
pelos cardeais Richelieu e Mazarino, tais ideias foram aclimatadas de
maneira interessante. Sob o reinado de Luís XIV, dois nomes, pouco
conhecidos atualmente fora da França, destacaram-se nesse processo.
O primeiro deles é o de Antoine Gombaud, Chevalier de Méré (1607-1684). No De la conversation,
de 1677, define a conversação como qualquer diálogo entre pessoas que
se encontram casualmente ou não, com o propósito principal de diversão.
Portanto, opõe conversa a conselho ou conferência, isto é, reuniões de
negócios, onde não cabem gracejos e brincadeiras. Uma boa conversa deve
ser distinta; agradar aos que escutam, pois apenas se estima o que
contribui para a felicidade própria; suscitar movimentos moderados da
alma, sem tristeza ou riso excessivos; usar argumentos de fácil
inteligência; ter maneiras diversificadas; dar-se em boa companhia;
possuir uma eloquência própria, mais próxima de pequenos retratos sem
relação entre si, do que de grandes quadros.
Além disso, para Gombaud, a boa conversa supõe elocução fluente, sem
grande ornamentação; supõe também simplicidade, que apenas existe no ar
nobre e natural, oposto ao excesso de estudo, e ainda conformidade, isto
é, uma acomodação do discurso às pessoas que se deseja conquistar.
Convém sempre um humor afável e complacente com os amigos, além de um
emprego comedido de provérbios, equívocos e agudezas, pois perdem a
graça quando repetidos ou traduzidos para estrangeiros e visitantes.
Gombaud aconselha adotar um ritmo de “pressa lenta” na conversa, que
nunca demonstre afã de impressionar; com esse mesmo propósito, também
cabe evitar o tom sentencioso, de gosto vulgar. Realça ainda o papel da
desenvoltura, para que não pareça que apenas se consegue falar bem
mediante muito esforço, e a importância de evitar o didatismo livresco
nas conversas. Outro aviso importante é do de temperar os elogios para
que a fala não ganhe ares de adulação.
Para o autor, a regra mais decisiva da conversação é a de perceber o
que cai ou assenta melhor na conversa, o que implica ser capaz de intuir
sentimentos e pensamentos dos que escutam, de modo a jamais
embaraçá-los. Ou seja, um conversador hábil deve saber o que a matéria e
ocasião pedem, o que talvez se possa traduzir pelo critério mais geral
de “senso de conveniência”.
O segundo nome que gostaria de mencionar é o de Madeleine de Scudéry (1607-1701), cujas séries de Conversations,
escritas entre 1680 e 1688, recebem grande atenção de seus
contemporâneos. Para ela, a utilidade e o prazer da conversação residem
no estabelecimento de laços entre os homens. A isso se opõem vários maus
hábitos correntes, como conversar sobre cuidados domésticos, sobre
criados ou filhos, e ainda mais sobre roupas e o quanto elas custaram.
Tampouco julga adequado falar cifradamente de intrigas; discutir
genealogia e bens de família; falar da própria profissão, que em geral é
maçante e só interessa aos que fazem o mesmo; e, de modo geral, entrar
em assuntos graves, nos quais não cabe jovialidade. Também desaconselha
reunião exclusiva de mulheres, sem a presença de ao menos um homem,
mesmo que seja tolo, pois, a sós, tendem a esfriar o ambiente com
bagatelas.
Madame de Scudéry ainda condena risos excessivos; narrações de casos
funestos bem como de histórias do passado para gente que não o tenha
vivido; empregar-se a falar de novidades locais, sem interesse para o
visitante; falar baixinho, como se fosse segredo, o que geralmente não
vai além de segredar falsas novidades. Tampouco julga adequado fantasiar
grandes novidades ou falar de tudo seguidamente, para demonstrar
espírito. É péssimo o hábito de falar aprofundadamente de um só assunto,
que nunca se deixa mudar.
Para ela, a regra mais geral a adotar-se para uma conversação é a de
falar livre e diversamente, segundo a ocasião, os lugares onde se está e
as pessoas com quem se fala. O corolário dessa regra de ouro é que um
grande conversador, dotado de espírito de polidez, reúne em si três
talentos principais: o de desviar a direção usual das conversas; um
espírito alegre e um sentido de conveniência sem apego a regras rígidas.
Salvo engano, portanto, a leitura dessas antigualhas ainda pode, senão instruir, divertir um bocado a quem se aventurar nelas.
Fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/2014/11/a-arte-de-conversar/
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Rogério Rocha
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Levantamento mostra que a televisão ainda é a campeã de audiência em todo o país
Por Ruy Martins Altenfelder Silva*
A Pesquisa Brasileira de Mídia, encomendada pela Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República ao Ibope, traz algumas novidades, mas,
basicamente, ajuda a con firmar e a dimensionar tendências já detectadas
aqui e no exterior. Suas conclusões certamente poderão balizar a
comunicação mais e ciente do governo com a população, especialmente nas
chamadas mídias eletrônicas (rádio, TV e internet), já que tanto
emissoras quanto programas e sites o ficiais são pouco lembrados e ainda
menos assistidos.
De acordo com o levantamento, a televisão é a campeã inconteste
de audiência em todo o País, pois 65% dos brasileiros se postam
diariamente, por mais de três horas, diante da telinha. Esse percentual
sobe para 82%, quando considerados aqueles que a assistem cinco ou seis
dias por semana. Surpresa, pelo menos para quem não está muito
familiarizado com estudos sobre a mídia, é a forte preferência declarada
dos telespectadores por noticiários e outros programas de cunho
jornalístico, que chega a 80%, deixando em segundo lugar as novelas, com
48%.
O rádio vem em segundo lugar, mas com um dado que desmente sua
penetração nos Estados com ocupação mais rarefeita. No Centro-Oeste, por
exemplo, 52% da população nunca ouve rádio, o mesmo acontece com 51% dos
moradores da região Norte. A maior audiência está no Rio Grande do Sul,
com 72% dos gaúchos sintonizando suas emissoras preferidas pelo menos
uma vez por semana. O último lugar fica com o Maranhão (9%). Não foi
abordado na pesquisa o quesito programas mais ouvidos, o que daria mais
clareza ao per fil dos ouvintes.
O terceiro lugar do ranking já pertence à internet, embora 53% da população nacional ainda não acesse esse meio de comunicação, enquanto 26% ficam conectados à web durante a semana, com uma média diária de mais de três horas e meia. Nenhuma surpresa: a internet é a campeã entre os jovens menores de 25 anos (77%) e a menos cotada entre os maiores de 65 anos (3%). Com 68% das citações, as redes sociais aparecem como as mais acessadas, com prevalência do Facebook - uma tendência que estatísticas mais recentes sinalizam como já sendo abandonada pelos mais jovens. Aliás, o Facebook, com 38%, é o site mais procurado por quem está interessado em informação, seguido por portais essencialmente jornalísticos e ligados à mídia impressa, como Globo.com, G1 e UOL. Entre os entrevistados, em respostas de múltipla escolha, o acesso à internet por celular registra sensível avanço, com 40% das citações, contra os 80% dos computadores. Q uando se chega à mídia impressa, é sensível a queda da leitura de jornais e revistas entre os hábitos dos brasileiros: 70% e 85%, respectivamente, nunca abrem um jornal ou uma revista - fato que vem a confirmar as previsões de que esses meios de comunicação estão fadados ao desaparecimento. Já os mais otimistas alimentam a esperança de que com esses tradicionais veículos de comunicação aconteça o mesmo que ocorreu com o cinema, condenado à morte quando a televisão se popularizou. Ou seja, que jornais e revistas consigam sobreviver e até se fortalecer numa simbiose com os outros meios que ameaçam sua sobrevivência. Além disso, é bom não confundir o meio com a mensagem, pois o bom jornalismo pode ser exercido em outras mídias que não a impressa. E mais, como demonstra a preferência pelos programas noticiosos de TV, a fome pela informação não está desaparecendo entre as pessoas; ao contrário, ela só cresce.
SINAIS DOS TEMPO Na análise das várias segmentações estatísticas apresentadas pela Pesquisa Brasileira de Mídia, aparece um forte sinal. O acesso aos meios de comunicação tem relação direta com dois indicadores sociais nos quais o Brasil não brilha, apesar de avanços recentes: a escolaridade e o nível de renda. Ou seja, quem tem mais anos de estudo e orçamento mais folgado, poderá ser um cidadão mais bem informado e com maior visão de mundo. Será, por exemplo, um eleitor mais consciente na escolha de seus representantes; um melhor pai ou um melhor professor para crianças e jovens; um indivíduo mais preparado para usufruir os direitos - e para cumprir os deveres - da cidadania; e assim por diante. Por tudo isso, para quem se interessa pelo tema, é sempre importante lembrar-se de aliar as pesquisas de mídia à qualidade do conteúdo que elas transmitem. |
VANTAGEM
Num importante quesito, entretanto, a mídia impressa leva nítida
vantagem. Q uando está em jogo a credibilidade, ou a confiança na notícia
recebida, 53% dos leitores acreditam no leem nos jornais, enquanto
apenas 28% dos usuários põem fé nas informações postadas nas redes
sociais. Outro ponto a observar na pesquisa é o peso da oferta de
serviços de interesse da população. Por exemplo, no amplo sistema de
emissoras, programas e sites mantido e alimentado pelo governo Federal,
apenas dois sites receberam citações de acesso acima dos 10% e ambos com
foco em assuntos de grande interesse: o do Ministério da Educação, com
12,6%; e o da Receita Federal, com 12,3%.
SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Os meios de comunicação públicos ainda não são citados
espontaneamente pela população. Os brasileiros não mencionam a TV Brasil
nem a Rádio Nacional, por exemplo, quando perguntados sobre qual
emissora de TV ou estação de rádio mais acessam. Os dados são da
Pesquisa Brasileira de Mídia divulgada hoje pela Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR). De acordo com
a publicação Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira,
encomendada pela Secom e feita pelo Ibope Inteligência, programas da TV
Brasil e emissoras de rádio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
apenas são lembrados pelos cidadãos brasileiros quando seus nomes são
estimulados pelos entrevistadores.
|
Fonte: Portal Conhecimento Prático UOL - Revista Geografia
Postado por
Rogério Rocha
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quinta-feira, 27 de novembro de 2014
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
O professor é o fator que mais influencia na educação das crianças
A família, a vizinhança e o esforço pessoal contam no resultado de cada aluno. Mas pesquisa após pesquisa mostra que um fator importa muito mais que os outros: o professor
CAMILA GUIMARÃES (ÉPOCA Online)
As irmãs americanas Beatriz e Elizabeth Vergara, de 15 e 16 anos, passam por uma experiência inusitada para adolescentes que frequentam o ensino médio público. Com mais sete alunos, elas processam o Estado da Califórnia, onde moram e estudam, por oferecer uma educação ruim. O processo correu entre janeiro e junho. Mais surpreendente foi o argumento usado: segundo os advogados das meninas, o Estado da Califórnia fere a Constituição dos Estados Unidos, ao manter a estabilidade de emprego e outras leis de proteção ao professor, porque isso dificulta a demissão de educadores ruins. A decisão do juiz Rolf True não tem precedentes. Ele concordou que a estabilidade de emprego mantém os maus professores em sala de aula. Na sentença, afirmou: ‘‘Os maus professores são determinantes para a educação das crianças. Além de chocar nossa consciência, isso viola o direito constitucional dos estudantes de ter oportunidade de uma educação básica de qualidade”. A causa das irmãs Vergara foi levada à Justiça pela ONG Students Matter (Estudantes Importam), de David Welch, um empresário do setor de fibras ópticas e ex-estudante de escola pública.
Apesar de a decisão ser de primeira instância e de não criar jurisprudência, True fez barulho, na Califórnia e nos EUA. Precisa fazer barulho também no Brasil. Acabamos de passar por campanhas eleitorais, para presidente e governadores, fraquíssimas em propostas de mudanças na educação. Por aqui, o debate se concentra quase exclusivamente em quanto investir. Pouco se discute como investir de forma a melhorar o nível do professor.
Os EUA passam por profundas reformas na educação, regionais e nacionais, há décadas. Uma das maiores lutas dos reformistas é pela qualidade dos educadores. Isso passa pela avaliação do trabalho do professor. É preciso dar a ele oportunidade para melhorar e, se for o caso, dispensá-lo – medidas controversas, que contrariam leis antigas, o senso comum e os poderosos sindicatos de professores. A interpretação da lei feita pelo juiz True abalou as amarras dessas velhas regras. Desde junho, pelo menos mais três processos semelhantes ao das irmãs Vergara foram abertos em outros Estados americanos.
Um professor ruim ensina metade ou menos do que o aluno precisa aprender no ano
Reduzir a estabilidade de emprego dos professores é apenas uma das várias estratégias adotadas por países como EUA, Finlândia, Polônia e Chile. Todos já fizeram ou conduzem reformas educacionais, para chegar a um objetivo: melhorar a qualidade do professor e, dessa forma, melhorar o aprendizado do aluno.
Pode parecer óbvia, mas a ligação entre a qualidade do professor e o que se aprende em sala de aula só foi estudada e comprovada nos últimos anos. As pesquisas mais recentes mostram que não há fator mais importante para o sucesso do aluno na escola e na vida adulta. É mais decisivo que o tamanho das redes de ensino, em que região do mundo estão, as diferenças socioeconômicas entre os estudantes, os gastos com a educação de cada país, se a escola tem ou não computador, se a família ajuda na lição de casa. Por isso, para elevar o nível da educação, deve-se colocar o professor sob o microscópio. “Ninguém precisa reinventar a roda para melhorar a educação brasileira. Se a escola é o lugar onde alunos ganham conhecimento, então o professor é chave para um aprendizado de sucesso”, afirma João Batista de Oliveira, doutor em pesquisa educacional e autor do livro Repensando a educação brasileira.
Pode parecer óbvia, mas a ligação entre a qualidade do professor e o que se aprende em sala de aula só foi estudada e comprovada nos últimos anos. As pesquisas mais recentes mostram que não há fator mais importante para o sucesso do aluno na escola e na vida adulta. É mais decisivo que o tamanho das redes de ensino, em que região do mundo estão, as diferenças socioeconômicas entre os estudantes, os gastos com a educação de cada país, se a escola tem ou não computador, se a família ajuda na lição de casa. Por isso, para elevar o nível da educação, deve-se colocar o professor sob o microscópio. “Ninguém precisa reinventar a roda para melhorar a educação brasileira. Se a escola é o lugar onde alunos ganham conhecimento, então o professor é chave para um aprendizado de sucesso”, afirma João Batista de Oliveira, doutor em pesquisa educacional e autor do livro Repensando a educação brasileira.
>> A importância da participação dos pais na educação escolar
As pesquisas se preocuparam em medir a influência do professor entre crianças com o mesmo nível socioeconômico, na mesma escola e até na mesma série. Pesquisadores da Faculdade de Educação da Universidade Stanford descobriram que, enquanto o estudante com professor fraco aprende metade ou menos do que deveria no ano, aquele que tem bons professores aprende o equivalente a um ano a mais, e o que tem professores considerados excelentes, um ano e meio a mais. A mais recente pesquisa sobre o assunto, da Universidade Harvard, analisou duas décadas de desempenho de alunos e professores. Chegou à conclusão de que os alunos de classes com melhores professores ganham, ao longo da vida adulta, US$ 250 mil a mais.
As pesquisas se preocuparam em medir a influência do professor entre crianças com o mesmo nível socioeconômico, na mesma escola e até na mesma série. Pesquisadores da Faculdade de Educação da Universidade Stanford descobriram que, enquanto o estudante com professor fraco aprende metade ou menos do que deveria no ano, aquele que tem bons professores aprende o equivalente a um ano a mais, e o que tem professores considerados excelentes, um ano e meio a mais. A mais recente pesquisa sobre o assunto, da Universidade Harvard, analisou duas décadas de desempenho de alunos e professores. Chegou à conclusão de que os alunos de classes com melhores professores ganham, ao longo da vida adulta, US$ 250 mil a mais.
Para além da academia, a vida real também mostra os efeitos positivos do bom professor. “O professor é o segredo das reformas bem-sucedidas de potências educacionais, como Finlândia, Polônia e Coreia”, afirma Amanda Ripley, autora do livro As crianças mais inteligentes do mundo. Ela viajou e acompanhou estudantes em cada um desses países para compreender o que fizeram. “São diferentes países, com diferentes culturas e tamanhos, com poucas coisas em comum. Uma delas é levar mais a sério a preparação dos professores para a sala de aula”, afirma.
Como tornar os professores melhores? Por onde começar? Há um consenso entre estudiosos e educadores: um bom começo é mudar a forma como recrutamos e formamos os futuros educadores. No Brasil, alunos do grupo dos melhores e mais brilhantes no ensino médio dificilmente seguem para o curso de pedagogia. A maioria dos jovens que prestam vestibular para esse curso está entre os 20% piores resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Os melhores seguirão carreiras mais atraentes, como medicina e engenharia”, afirma Barbara Bruns, economista que chefia os estudos de educação do Banco Mundial para a América Latina. Em novembro, será publicado no Brasil um livro com os resultados de uma ampla pesquisa liderada por ela, sobre a qualidade dos professores da região. Ela afirma que, na Universidade de São Paulo (USP), onde os ingressantes estão entre os melhores alunos do Brasil, pedagogia é o único curso que aceita candidatos com pontuação inferior à metade da prova do vestibular. Cerca de 90% dos professores do Brasil se formam em faculdades de baixa qualidade.
Todos os países que investiram para tornar a carreira mais atraente também tinham estratégias para melhorar a qualidade de quem já estava no sistema. No caso do Brasil, são 2 milhões de professores da educação básica. Um caminho comum é fazer uma avaliação periódica do professor, descobrir suas falhas e ajudá-lo a melhorar. A avaliação de professores, com a redução da estabilidade de emprego, enfrenta resistências, especialmente se o propósito for premiar os melhores. Os defensores da meritocracia afirmam que tratar professores bons e ruins da mesma forma espanta os jovens talentosos e desprestigia a carreira. Quem é contra menciona programas de bonificação sem efeito nenhum no resultado do aprendizado, como em alguns Estados americanos. “Sou contra avaliar professor para premiar os melhores”, diz Maria Izabel de Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, o maior da América Latina. “Para valorizar a carreira docente e avançar na qualidade do ensino, é preciso pagar salários maiores e melhorar as condições de trabalho do professor.”
Todos os países que investiram para tornar a carreira mais atraente também tinham estratégias para melhorar a qualidade de quem já estava no sistema. No caso do Brasil, são 2 milhões de professores da educação básica. Um caminho comum é fazer uma avaliação periódica do professor, descobrir suas falhas e ajudá-lo a melhorar. A avaliação de professores, com a redução da estabilidade de emprego, enfrenta resistências, especialmente se o propósito for premiar os melhores. Os defensores da meritocracia afirmam que tratar professores bons e ruins da mesma forma espanta os jovens talentosos e desprestigia a carreira. Quem é contra menciona programas de bonificação sem efeito nenhum no resultado do aprendizado, como em alguns Estados americanos. “Sou contra avaliar professor para premiar os melhores”, diz Maria Izabel de Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, o maior da América Latina. “Para valorizar a carreira docente e avançar na qualidade do ensino, é preciso pagar salários maiores e melhorar as condições de trabalho do professor.”
As discordâncias são muitas, mas é possível chegar a um acordo. Isso ocorreu no Chile, país latino-americano mais bem colocado nas avaliações internacionais de educação. Em 2003, os chilenos adotaram a avaliação de professores. Seus critérios foram elaborados em conjunto pelo Ministério da Educação, pelo sindicato dos professores, pelos administradores municipais e por técnicos da área. Ficou definido ali como o professor deve organizar uma aula e como deve elaborar uma prova para avaliar o aprendizado. A prova para os professores se tornou obrigatória. Eles são avaliados por pares e suas aulas são filmadas por observadores externos. “Avaliamos se ele tem domínio do conteúdo e da turma, como ele interage com os alunos, como organiza a aula”, diz Sergio Martinic, pesquisador da Universidade Católica do Chile. Se, após cinco avaliações, o professor ainda tiver desempenho insuficiente, é demitido. Ao mesmo tempo, os cursos de pedagogia chilenos modernizaram o currículo. Orientam-se mais para práticas em sala de aula que para disciplinas teóricas. O governo passou a financiar os estudos dos candidatos que tirarem mais de 60% da nota do vestibular.
Mexer na formação e na carreira dos professores envolve tomar medidas impopulares e esperar resultados no longo prazo. Mas não é impossível. A Finlândia começou fechando todas as faculdades de pedagogia. A Coreia leva a meritocracia a extremos e paga salários milionários aos professores-astro. É preciso ir além das políticas de inclusão na escola e estabelecer um debate sobre qualidade de ensino e dos professores. Falta só começar.
Fonte: ÉPOCA ONLINE
Mexer na formação e na carreira dos professores envolve tomar medidas impopulares e esperar resultados no longo prazo. Mas não é impossível. A Finlândia começou fechando todas as faculdades de pedagogia. A Coreia leva a meritocracia a extremos e paga salários milionários aos professores-astro. É preciso ir além das políticas de inclusão na escola e estabelecer um debate sobre qualidade de ensino e dos professores. Falta só começar.
Fonte: ÉPOCA ONLINE
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Rogério Rocha
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