Novos dispositivos prometem ser menos violentos, mas ainda causarão desconforto em manifestantes
Após lidar com uma onda de revolta que tomou os subúrbios de Londres e
outras cidades britânicas em julho de 2011, o governo do Reino Unido
procura atualmente novos meios para reprimir manifestações. A ideia é
desenvolver armas "não-letais" menos agressivas que as atualmente
utilizadas, como balas de borracha e bombas de efeito moral. No ano
passado, a polícia inglesa foi criticada por organizações de direitos
humanos pelo uso excessivo da força para reprimir os protestos.
As novas armas estão sendo desenvolvidas pelo Cast (Centro para a
Ciência e Tecnologia Aplicada, na sigla em inglês) do Ministério do
Interior do Reino Unido. O jornal britânico The Guardian teve
acesso a documentos que revelam os novos incentivos para a fabricação de
itens de segurança pública, que vão de armas sonoras a projéteis
contendo substâncias mal cheirosas e irritantes.
Esse é o caso da Dips (Projétil Irritante de Discriminação, na sigla em
inglês), uma bala que promete causar menos ferimentos que os projéteis
de borracha, mas que não deixará de causar desconfortos aos
manifestantes. No momento do impacto, a munição pode liberar uma carga
de gás lacrimogêneo ou spray de pimenta.
Outra arma não-letal em desenvolvimento, é o “Skunk Oil”, um projétil
que tem como recurso uma substância altamente mal cheirosa.
Efe
Em julho do ano passado, Londres viveu onda de protestos populares duramente reprimidos pela polícia
Em julho do ano passado, Londres viveu onda de protestos populares duramente reprimidos pela polícia
Os recentes protestos na Grécia contra a série de medidas de
austeridade implementadas pelo governo de Lucas Papademos também
serviram de inspiração ao “brainstorming” do Cast para conter revoltas
populares. Como manifestantes gregos teriam atordoado policiais com
canetas laser, a polícia britânica fala, no dossiê obtido pelo Guardian, da necessidade de desenvolver, no curto-prazo, alguma tecnologia anti-laser capaz de bloqueá-los.
Investimento
Os gastos em AEP’s (Projéteis de Atenuação de Energia, na sigla em
inglês) parecem acompanhar o crescimento da quantidade de novidades que
ingressam no setor. Entre 2010 e 2011, antes da eclosão dos protestos
britânicos, a polícia de Leicestershire já dobrava seus gastos com esse
tipo de armamento, atingindo a marca das 19 mil libras (pouco mais de 50
mil reais).
No sudoeste da Inglaterra, em Avon e Somerset, cidades menores que
também enfrentaram revoltas em 2011, têm gasto valores ainda mais
elevados. Desde o fim de 2009 já desembolsaram o equivalente a mais de
350 mil reais em um pacote de armamentos que inclui 28 lançadores de
AEP’s e uma quantidade de munição “menos letal” 16 vezes maior que a de
outros condados.
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