Eliakim Araújo – Direto da Redação
Depois
de executar apenas um prisioneiro nos últimos 50 anos, Connecticut está
em vias de tornar-se o décimo-sétimo Estado americano a abolir a pena
de morte e o quinto a assumir essa posição nos últimos cinco anos.
O
projeto de extinção da pena capital tem tudo para ser aprovado, porque
tanto a Câmara de Deputados como o Senado (estaduais) contam com maioria
democrata, amplamente a favor do fim da pena de morte e sua
substituição por prisão perpétua.
E o projeto conta ainda com o apoio irrestrito do governador Dannel Malloy, também democrata, que já prometeu assiná-lo imediatamente, tão logo ele chegue à sua mesa, depois de passar pelas duas casas legislativas do Estado.
E o projeto conta ainda com o apoio irrestrito do governador Dannel Malloy, também democrata, que já prometeu assiná-lo imediatamente, tão logo ele chegue à sua mesa, depois de passar pelas duas casas legislativas do Estado.
O
que o projeto terá que definir, e parece que isso ainda não está claro,
é o que fazer com os onze condenados que aguardam a execução no
corredor da morte.
Especificamente
no caso de Connecticut, os parlamentares terão que enfrentar a opinião
pública que não vê com bons olhos a abolição da pena capital, não por
questões politico-partidárias, mas por um evento criminoso ocorrido em
2007, quando dois homens invadiram a casa de um médico e assassinaram a
mulher e as duas filhas dele.
Pelos
requintes de perversidade como os crimes foram cometidos, os moradores
do Estado temem que, uma vez aprovada a lei, os dois homens condenados
escapem da sentença capital aplicada pelo juri popular. O próprio
médico, cuja família foi executada, afirma que “a pena de morte é a
única e verdadeira punição para determinados crimes hediodons”.
Nesse
caso, caberá ao legislador definir se a abolição da pena de morte terá
efeito retroativo ou não, ou seja, se ela só valerá daqui por diante, e
assim os atuais onze condenados não seriam beneficiados pela nova lei.
Questões
jurídicas à parte, o importante é que há hoje um sentimento de rejeição
à pena de morte em todos os Estados Unidos. Há pelo menos mais uns três
ou quatro Estados que já trabalham em favor de sua abolição. Cada vez
que um preso é executado, volta o debate sobre a validade de se punir o
criminoso com uma pena tão estúpida quanto o crime que ele praticou.
Os
argumentos em favor da pena de morte – nos quais a emoção fala mais
alto que a razão - batem geralmente na mesma tecla: “os assassinos gozam
de muitos direitos, mas e o direito das vítimas”.
Em setembro de 2010, em meu artigo Licença para Matar Clique aqui assinalei que
De
maneira suave ou não, a morte de uma pessoa, por pior que tenha sido
seu crime, é sempre uma demonstração de crueldade. É quando a sociedade
se iguala ao criminoso numa espécie de olho por olho, dente por dente.
Particularmente
sou contrário à pena de morte por vários motivos, mas principalmente
pelo argumento acima, pela maneira fria e calculista como a sociedade
arma o carrasco do instrumental que vai tirar a vida do condenado em
poucos minutos.
E não tenho razões para mudar meu pensamento.
* Ancorou
o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi
âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi
Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke
Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma
produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
Fonte: Página Global
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