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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sobe para 49 número de mortos em acidente de trem em Buenos Aires


AE
Um ferido é transportado para atendimento após o acidente - Damian Dopacio/Efe
Damian Dopacio/Efe
Um ferido é transportado para atendimento após o acidente
BUENOS AIRES - Pelo menos 49 pessoas morreram em um acidente com um trem cheio de passageiros que bateu na movimentada estação ferroviária Once, em Buenos Aires, nesta quarta-feira, 22. A informação é do jornal argentino Clarín, que cita o porta-voz da polícia local como fonte. De acordo com o diário, uma jornalista viu a retirada dos primeiros corpos.
De acordo com agências de notícias, o número de feridos é de 675 pessoas. Mais cedo, o secretário dos Transportes local, J.P. Schiavi, falava em 340 feridos. O Clarín, contudo, fala em mais de 600 feridos. Segundo a Embaixada do Brasil em Buenos Aires, não há informações sobre brasileiros entre os mortos ou feridos até o momento.
Aparentemente, o trem chegou ao local em alta velocidade e bateu contra a barreira no final da plataforma, danificando seriamente o primeiro e segundo carros da composição. "Ainda há pessoas presas nos destroços, pessoas vivas e pode haver mortos. Mas não sabemos se há mortos" nas ferragens, declarou Schiavi, mais cedo, aos jornalistas.
O trem estava a cerca de 20 quilômetros por hora quando atingiu a barreira, declarou Schiavi. Um dos carros entrou seis metros dentro do outro, disse ele. O carro mais atingido foi o primeiro, onde os passageiros podem levar bicicletas. Sobreviventes disseram ao canal Telenotícias que muitas pessoas ficaram feridas num amontoado de metal e vidro.
Passageiros disseram que janelas explodiram quando o teto do trem se separou do restante do carro. Os trens costumam estar cheios neste horário, com pessoas em pé entre os assentos. Muitas foram jogadas umas contra as outras e caíram no chão com o impacto da batida.
Várias pessoas sofreram escoriações e ferimentos leves e ainda esperavam socorro na plataforma da estação, enquanto helicópteros e mais de uma dezena de ambulâncias levavam os feridos mais graves para hospitais próximos.
Fonte: Estadão.com.br

Tragédia do Jet-Ski: a imprensa seletiva



Por Sylvia Debossan
Toda vez que um adolescente preto e pobre comete um crime, os jornais se assanham com manchetes incitando o “debate” em torno da redução da idade para imputabilidade penal. (As aspas estão aí porque, numa situação de comoção, evidentemente inexistem as condições elementares para qualquer debate merecedor desse nome).
Não deixa de ser curioso verificar que o comportamento da imprensa é completamente distinto quando o crime – perdão: o ato infracional – é cometido por adolescentes de classe média ou alta.
O caso mais recente foi o desse rapaz que perdeu o controle do jet-ski e acabou matando uma menina de 3 anos que brincava à beira do mar de Guaratuba, em Bertioga (SP). (Não sei se vale a pena comentar o argumento de seu advogado, de que o jovem apenas ligou o aparelho, que saiu desembestado pela praia. Inclusive porque ele dá declarações contraditórias à sua tese).
Em situações assim, não passa pela cabeça de ninguém pedir o rebaixamento da maioridade penal, ou invocar qualquer alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente, aliás lembrado apenas em sua face punitiva, quando o espírito da lei é francamente favorável à proteção da infância e da adolescência, expostas, sobretudo em situação de pobreza, a todo tipo de violência.
“Menores de outro tipo”
O motivo é simples: é que a imprensa é tão seletiva quanto o sistema penal, cuja “clientela” todos sabemos qual é.
Bem a propósito, reportagem publicada no portal UOL traz uma notável declaração de um advogado. Diz o texto:
“O homicídio culposo (sem intenção de matar), como está sendo tratado o caso, não levaria o ocupante do jet ski à internação na Fundação Casa –que lida com menores no Estado de São Paulo. ‘Fundação Casa se aplica a menores de outro tipo, que cometem ações ilegais deliberadamente. Não parece ser o caso’, afirma o advogado Jonatas Lucena, especialista em casos como esse”.
Definição mais precisa, impossível. Claro, há vários tipos de menores, e a Fundação Casa é para um tipo bem específico: essa negrada descendente da senzala.
Nem se discuta se esse menor “de outro tipo”, branco e bem nascido, cometeu deliberadamente a ação ilegal de se exibir com sua máquina à beira da praia. Tampouco se indague quantos menores desse tipo que cometem crimes – perdão: atos infracionais – violentos foram parar em instituições como a Fundação Casa.
Dois pesos...
Mas, antes que se pense o contrário, esclareço que não vai aqui qualquer defesa da redução da idade para imputabilidade penal. Pelo contrário, sou radicalmente contra o encarceramento – de modo geral – como solução de conflitos. O objetivo aqui foi estritamente apontar as diferenças do tratamento jornalístico conforme a origem social dos infratores. O que, aliás, não é novidade para quem sabe da orientação ideológica da grande imprensa.
E antes que se diga que o episódio do jet-ski assassino não se compara a crimes como os que vitimaram o menino João Hélio, o casal de namorados Liana Friedenbach e Felipe Caffé ou a empresária Ana Cristina Johannpeter, lembro do índio Galdino, incendiado em Brasília por um grupo de rapazes da juventude dourada da capital, um deles menor de idade. A cobertura da imprensa, em geral, foi enfática na denúncia da barbárie, mas, também ali, ninguém pensou em propor alterações no ECA.
***
[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)]
Fonte: Observatório da Imprensa

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