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terça-feira, 11 de junho de 2013

Itália ouve "olé" em São Januário, empata com Haiti e vê delírio da torcida

  • Julio Cesar Guimaraes/UOL
    Mario Balotelli e El Shaarawy acompanham do banco o jogo
    Mario Balotelli e El Shaarawy acompanham do banco o jogo

O técnico Cesar Prandelli mandou a campo uma equipe totalmente desfigurada, com 11 reservas. Somente na segunda etapa entraram alguns dos titulares, como Balotelli e El Shaarawy.A torcida contra do pouco público presente foi suficiente para que a seleção da Itália fosse parada pelo fraco Haiti, nesta terça-feira, no estádio de em São Januário, no Rio de Janeiro.

Os italianos venciam por 2 a 0, no único teste no Brasil antes da estreia na Copa das Confederações, marcada para o próximo domingo contra o México, no Maracanã. Mas cederam o empate no segundo tempo e viram a torcida delirar com a zebra.


O camisa 9 do Haiti, Saint Preux, foi a grande atração da partida. Quando substituído, foi muito festejado e mandou até beijinho para a torcida.

A "Azurra" ouviu dos 3.257 torcedores gritos de incentivo ao time da América Central durante quase toda a partida. Os gols dos haitianos foram comemorados efusivamente.

No começo do jogo, a cada toque para o lado dado pelos haitianos saiam gritos de "olé". Um esboço de drible, então, gerava ainda mais entusiasmo na arquibancada.

O jogo mal começou e já saiu um gol. Logo aos 20 segundos de partida, Giaccherini aproveitou cruzamento da esquerda e falha da zaga para abrir o placar.

Mas se enganou quem pensou que isso seria um indício de chuva de gols ainda no primeiro tempo. A equipe europeia passou a tirar o pé das jogadas e evitar o desgaste com o calor e sol no estádio do Vasco.

Os italianos conduziam a partida em ritmo sonolento, enquanto o Haiti quase não incomodava. Vivia dos gritos da torcida a cada bom lance parcialmente executado.

A única chance de ampliar o placar na primeira etapa foi em uma falta cobrada por Diamanti, aos 44min. Mas bateu na rede pelo lado de fora.

O segundo tempo começou como terminou o primeiro: com Itália em ritmo lento e pouco querendo jogo. Quase foi punida com o gol de empate do Haiti, que por alguns momentos quase assustou.

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Atacante Gilardino tenta controlar a bola durante amistoso entre Itália e Haiti, no Rio de Janeiro Julio Cesar Guimaraes/UOL

Na melhor chance do time da América Central, aos 8 min, após cobrança de escanteio La France cabeceou sozinho e por pouco não acertou o gol. Prandelli se cansou e colocou Balotelli e Montolivo no jogo. Mais tarde, entraram Marchisio e El Shaarawy.

As trocas deram certo, e três dos jogadores que entraram fizeram a jogada do segundo gol. Aos 26min, Balotelli fez jogada pela direita e cruzou. El Shaarawy chutou em cima do goleiro, mas Marchisio pegou o rebote e marcou.

Mas a torcida local começou a verdadeira festa aos 38min. Maurice penetrou pelo lado esquerdo e foi derrubado por Astori. Saurel bateu e converteu.

Oito minutos depois, o que parecia impossível aconteceu. Peguero recebeu lançamento longo na esquerda da meta, saiu da marcação e dominou de peito para finalizar com chute cruzado: 2 a 2 e muita festa da torcida em São Januário.

sábado, 18 de agosto de 2012

Preparação psicológica de atletas e técnicos será fundamental em 2014 e 2016: veja 7 passos (Por Roberto Shyniashiki)


  • Flávio Florido/UOL
    Atletas como Neymar (e) e Pato terão que suportar a pressão na Copa de 2014 e nos Jogos de 2016
    Atletas como Neymar (e) e Pato terão que suportar a pressão na Copa de 2014 e nos Jogos de 2016
Normalmente é um mistério como um atleta vai reagir em uma Olimpíada, porque só na “hora H” é que saberemos como ele resistirá a um grau de pressão que ele nunca teve a oportunidade de enfrentar.
Eu me lembro de um fenômeno que aconteceu na Faculdade de Medicina. Até o terceiro ano, os melhores alunos eram aqueles que sabiam estudar e tiravam as melhores notas. Esses alunos eram elogiados pelos professores e os pais deles ficavam felizes com as perspectivas de futuro dos filhos.

ELES AGUENTARAM A PRESSÃO

  • Flavio Florido/UOL
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  • Getty Images
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  • Reuters
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Até que no terceiro ano começaram as práticas de enfermaria e, na hora que viam o sofrimento de alguns pacientes, muitos dos melhores alunos da primeira fase passavam a ir mal no curso. E outros, que eram alunos fracos, começavam a crescer.
Novamente iniciava uma série de análises sobre quem iria ser um bom médico, até que no final da faculdade e começo da residência médica os alunos passavam a ter que decidir o que fazer com os pacientes e a ter que agir sob pressão. E a partir daí é que se pode ver quem serão os grandes médicos.
Durante sua carreira, os médicos sofrem pressões muito fortes e precisam ter a tranquilidade de tratar de pacientes em situações gravíssimas. É essa experiência e essa vivência que vai fazer com que eles sejam campeões. O mesmo fenômeno acontece no esporte. Somente quem aguenta pressão é que vai conseguir agir firme em uma Copa do Mundo ou em Jogos Olímpicos.
Em defesa dos treinadores que convocam jogadores que na hora da decisão desaparecem, é preciso dizer que ninguém pode prever com certeza absoluta como um atleta vai reagir nessa situação. Às vezes, o atleta tem todas as competências durante a preparação e é o homem de confiança do treinador, mas, de repente, quando chega ao Campeonato Mundial, ele começa a mostrar sinais de insegurança e não dá mais tempo de fazer um trabalho para corrigir essa situação.
Muitas vezes, a imprensa exige que se convoque um determinado atleta, mas o treinador já sabe que esse atleta não vai suportar a pressão, pois tem estrutura para enfrentar apenas a pressão de clube e não de uma seleção. Algumas vezes, para dar uma satisfação aos torcedores e à imprensa, o treinador convoca esse atleta que chega à concentração já com sinais de insegurança – desde irritação até isolamento, e muitas vezes até com diarreia intensa.
O treinador vê essa situação, mas jamais pode dizer aos jornalistas que “ele não vai para o jogo porque está com medo.” Essas situações não podem ser discutidas em público e, então, fica aquele questionamento sobre as razões para o treinador não convocar determinados jogadores, até como se isso fosse um caso de pura e maldosa perseguição.
Nos clubes acontece um fenômeno muito semelhante, que explica porque o atleta era sensacional no clube pequeno e quando foi jogar em um time grande não rendeu. Um exemplo de hoje é a contratação do Guilherme pelo Corinthians. Daqui alguns meses, vamos ver se ele aguenta a cobrança de um time do porte do Corinthians.
Como poderemos dar um acompanhamento adequado a treinadores e jogadores, para não termos surpresas negativas em situações de pressão como o Mundial de futebol que vai acontecer no Brasil em 2014? Listei sete cuidados que acho fundamentais:
1-Todos que estamos envolvidos com esportes temos de ter uma nova visão do significado da preparação mental dos atletas. Em vez de pensar que psicólogo é um profissional que cuida de pessoas fracas, começar a ver a preparação mental como uma especialidade cotidiana e necessária ao aprimoramento do atleta. Ter um psicólogo na equipe e fazer um trabalho de preparação mental deve ser algo tão rotineiro como um nutricionista ou um fisioterapeuta.
2-Fazer uma acompanhamento desde as categorias de base para ajudar os atletas a criar uma estrutura mental que suporte pressão. Infelizmente, os responsáveis pelas categorias iniciais somente pensam nas habilidades técnica e tática dos atletas e descuidam de sua estrutura psicológica. Mas na carreira de todo atleta a parte psicológica vai decidir muito mais do que a parte técnica. É só analisar os jogadores da seleção de base do Brasil que tiveram uma carreira de sucesso como profissionais. Analisar por que craques como Ganso e Pato não têm conseguido exercer seu talento na seleção. Lembrar que o Kaká sempre foi reserva do Harisson nas categorias de base do São Paulo, até conseguir uma chance que ele aproveitou muito bem.

QUANDO A PRESSÃO ATRAPALHA

  • Flavio Florido/UOL
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  • Jorge Araújo/Folhapress
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3-Criar campeonatos infantis bem organizados, para o atleta se acostumar a competir. Nos Estados Unidos os jovens até 10 anos têm campeonatos onde não são contados os gols, para não criar uma pressão quando a criança não precisa. Mas depois dos 10 anos começam os campeonatos pra valer, com muita frequência de jogos. Dessa forma, quando o atleta vai para um Campeonato Mundial, ele já tem mais de 10 anos disputando campeonatos na vida.
4-Colocar acompanhamento psicológico à disposição dos treinadores das categorias de base. Existem técnicos que são mestres em destruir a autoconfiança dos jovens atletas, porque eles mesmos são muito inseguros. Um treinador que grita até o ponto de humilhar o atleta é inseguro e precisa de acompanhamento mental. Nos centros mais avançados, os treinadores têm reuniões frequentes para conversar sobre o seu estado psicológico. Ver o técnico nervoso é um sinal para a intervenção do psicólogo. Além desse suporte para si mesmo, o treinador tem também reuniões frequentes com psicólogos, para discutir a maturidade psicológica, as atitudes e a resistência à pressão dos seus jovens atletas.
5-Capacitar os treinadores para entenderem da dimensão psicológica dos seus atletas, para saberem quando precisam pedir ajuda ao psicólogo. Infelizmente, muitos treinadores e dirigentes esportivos ainda acham que procurar psicólogo é coisa de gente fraca. Eu mesmo já vi várias vezes treinadores de clube profissional que fazem chacota de atletas que procuram acompanhamento psicológico.
6-Ter cuidado com o uso do pensamento positivo no esporte. Atletas que vemos ter uma performance pobre em uma Olimpíada e que tiveram problemas no passado foram cuidados com uma abordagem de “bola para frente”, somente com pensamento positivo. E o que acontece no seu inconsciente? A experiência negativa do passado fica adormecida e começa a se manifestar no momento de maior pressão. Por isso, quando o atleta teve ou está tendo problemas, é preciso falar no assunto com um profissional especializado, para que essa experiência traumática fique no passado. Se o atleta caiu na final, cometeu um erro grave no jogo, o goleiro falhou, é preciso mergulhar no tema porque isso não se resolve com psicologia de boteco. Junto com a ideia de “bola para frente”, tem que parar e fazer uma análise, para que o passado fique realmente no passado e não venha assombrar no futuro. Ficar repetindo frases positivas quando existe alguma dificuldade interior é uma bomba relógio que vai explodir no momento mais importante da carreira do atleta.
7-Em um Campeonato Mundial ou em uma Olimpíada, temos de ter profissionais de psicologia experientes para ajudar os treinadores e atletas nessa situação. Muitas vezes as confederações levam jovens que não se sentem confiantes para chamar o treinador para uma conversa ou que o próprio técnico nem confia. Ou pior ainda, levam psicólogos que não têm estrutura psicológica para suportar a pressão. E o time naufraga sem ter onde se apoiar.
Nas Olimpíadas, assim como na próxima Copa do Mundo de futebol, precisamos de profissionais com uma boa estrutura psicológica, conhecimento e muita experiência.

ROBERTO SHINYASHIKI

Psiquiatra com pós-graduação em Administração de Empresas e doutorado em Administração e Economia, viaja o Brasil e o mundo fazendo palestras, conduzindo seminários e atuando como consultor para empresários, políticos e esportistas. É autor de vários best sellers, entre eles “Sucesso É Ser Feliz” e “Problemas? Oba!” e já vendeu mais 6 milhões de livros.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Burro passa em concurso?


Burro passa em concurso?

É preciso ter uma inteligência acima da média para passar em concursos públicos ou exames? Quantas pessoas não se pegam com pensamentos e devaneios do tipo: “mas fulano é muito inteligente mesmo, ele passou em vários concursos difíceis e bem colocado!”. Ou seja, muitas vezes e de forma não deliberada e espontânea, associamos a inteligência à aprovação.
E por conseguinte, estabelecemos que a inteligência, enquanto um dom genético-natural-biológico de alguns privilegiados pela natureza, trata-se de condição que leva à aprovação.Por outro lado, também por vezes, convencionamos que não somos detentores do referido dom, e assim, chegamos à conclusão, ainda que não assumida ou inconsciente, de que não podemos passar.  Mas aí reside uma dupla armadilha, a qual pode gerar algum comodismo e conformismo, bem como cria um falso pensamento de inviabilidade da aprovação.
O objetivo do presente texto é apresentar provocações à reflexão, no sentido da desconstrução desta idéia, de modo a evitar que se caia na referida armadilha!
E para tanto, começo com uma primeira provocação, com toda a tranqüilidade de quem passou pelo referido processo de preparação até a aprovação. Ou seja, vivi intensamente o papel de candidato, passando pela experiência relatada. Por vezes tive os mencionados pensamentos de associação da inteligência à aprovação, entendendo que não teria a titularidade do referido dom bio-cognitivo outorgado pela natureza.
Mas a tranqüilidade na abordagem do presente tema atualmente não decorre apenas do fato de que logrei êxito no concurso público que sempre tive como objetivo principal, isto é, a Magistratura do Trabalho, tendo também passado em vários outros concursosO outro motivo que me deixa à vontade consiste no intenso trabalho de estudos e pesquisas sobre o tema da aprendizagem humana que venho desenvolvendo academicamente, numa perspectiva aplicada à preparação para concursos e exames.
Muitas impropriedades na reflexão do tema começam com alguma imprecisão conceitual sobre a inteligência, o que se trata de algo que conta com inúmeras abordagens e paradigmas, trabalhados há séculos. Desde a antiguidade existem concepções estabelecidas sobre a inteligência, nem sempre sendo corretas, estando também o assunto impregnado no senso comum.
E para lhe despertar à reflexão, começo fazendo a seguinte provocação: quem é mais inteligente, o ex-Presidente FHC ou o ex-Presidente Lula? Esta pergunta, passível de despertar paixões, foi intencionalmente colocada para contribuir com o objetivo do texto, no sentido da desconstrução de concepções pré-estabelecidas.
Responda à pergunta! Para você, o mais inteligente é FHC ou Lula?
FHC conta com inúmeros títulos acadêmicos, sendo respeitado em vários cantos do mundo por seu conhecimento. Os seus defensores vão dizer que foi o pai do Plano Real, sustentando aí um traço de sua inteligência. Lula, que não tem nem mesmo um título de graduação, é o mais carismático Presidente da nossa história, superando, segundo muitos, Getúlio Vargas. Também é um dos maiores líderes mundiais da atualidade, tratando-se de um fenômeno de quase-unanimidade mundialmente.
Qual dos dois é o mais inteligente mesmo?
Uma das primeiras tentativas de mensurar a inteligência ocorreu por volta de 1890, com a iniciativa de um primo de Charles Darwin, chamado Francis Galton. Em 1955, horas depois da morte de Albert Einstein, tido por símbolo da inteligência humana, seu cérebro já estava cortado em 240 fatias. Mais contemporaneamente, Howard Garner promoveu uma pequena revolução no tema, propondo o conceito das múltiplas inteligências, as quais correspondem à lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-sinestésica, pessoal, naturalista e existencial.
Existem diversos estudos e pesquisadores na atualidade trabalhando intensamente sobre o tema. Argumentos construídos para refutar a credibilidade dos testes voltados à mensuração do quociente de inteligência não faltam.
Inclusive, neste sentido, recentemente foi apresentada uma tese por um professor da Universidade de Toronto, pesquisador na área da psicologia cognitiva, chamado Keith Stanovich, no sentido dadistinção entre a falta inteligência e o que chama de disracionalidade. Ou seja, ser inteligente não significa ser racional. Segundo o autor, os testes de QI não medem a disracionalidade, a qual é determinada pela forma de solução de problemas e pelo conteúdo intelectualmente apropriado. Assim, é normal que pessoas inteligentes segundo os testes de QI, não sejam racionais, seja pela forma como desenvolvem o raciocínio, seja pela bagagem cultural e conceitual que carregam (“O que os testes de QI não revelam”. Mente&Cérebro, no. 216, Ano XVIII, págs. 42/43). Segundo o autor, os “gênios” também fazem besteiras e erram, sendo que exemplos públicos e notórios não faltam.
Não tenho dúvida de que esta tese consiste num argumento muito importante para desconstruir a idéia de que passar em concurso é para os iluminados e premiados por sua carga bio-neuro-genética-cognitiva. Ou seja, o candidato deve ser predominantemente inteligente ou racional?
Também existem estudos indicativos de que traços da inteligência decorrem do tamanho da massa cinzenta existente no cérebro e da capacidade de baixo consumo enérgico quando da realização de determinadas operações mentais. Mas aí há duas boas notícias. A primeira é que o tamanho da massa cinzenta se altera. A segunda é que o treino leva à redução do consumo de energia. (idem, pag. 41)
Estas constatações, no plano neurobiológico, nos remetem ao conceito de plasticidade cerebral. Conforme sustentam muitos estudiosos do funcionamento do cérebro humano, a função faz órgão!Assim, quanto mais nos mantemos nos estudos, mais avançam nossas capacidades intelectuais. Simples assim, sem precisar de milagres ou fórmulas mágicas!
Tal compreensão, inclusive numa perspectiva aplicada à preparação para concursos, pode ser adotada juntamente com as construções de Reuven Fuerstesin, uma das grandes autoridades contemporâneas no tema da aprendizagem e autor da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural. Conforme a lógica da referida teoria, “…a crença na inteligência como algo fixo, na potencialidade dos estímulos externos e na ênfase da emoção começou a encontrar alguns opoentes como Piaget, para quem a inteligência estaria ligada à construção ativa do pensamento a respeito do mundo, e Feurstein, cuja teoria se baseia na crença de que a inteligência é dinâmica e modificável, construída a partir dos múltiplos fatores gerais que podem ser relacionados a todos os comportamentos cognitivos.” (Souza, Ana Maria, Depresbiteris, Lea e Machado, Osny Telles. “A mediação como princípio educacional”.São Paulo: Senac, pág. 31).
As colocações até aqui apresentadas nos levam ao reconhecimento de duas constatações de grande importância. A primeira é que a prova do concurso público não é um teste de QI, estando mais para um teste de racionalidade. A segunda é que a inteligência é dinâmica.
Tais premissas, por sua vez, nos levam à conclusão de que você não tem o direito de achar que a aprovação é monopólio dos detentores de uma carga neuro-bio-genética privilegiada!
O concurso público está mais para um processo de intensa mobilização cognitiva, do que um mero teste de QI. Vale lembrar que, conforme descrito e explicado no livro que escrevi sobre o tema da metapreparação para concursos públicos, temos funções cognitivas primárias, que correspondem à atenção, memória e percepção, e funções cognitivas secundárias, correspondentes à aprendizagem e linguagem (Como se Preparar para Concursos com Alto rendimento, Ed. Método, pág. 132, apud PANTANO, Telma. Neurociência aplicada à aprendizagem. São Paulo: Pulso, 2009, pág 23).
Neste sentido, conforme sustentado no texto que escrevi para refutar a idéia do Super Homem Cognitivo, tendo como pano de fundo o edital do MPF (Procurador da República), o concurso público, indo muito além de um mero teste de inteligência, exigirá do candidato a realização de várias atividades intelectuais, como a capacidade de resolução de problemas com prévia compreensão e identificação da suas variáveis, mobilização da memória, identificação de conceitos, desenvolvimento de raciocínio e rotas cognitivas, concentração, enquanto capacidade de seleção de estímulos e informações, elaboração de respostas e busca de soluções criativas, dentre outras congêneres. 
Isto sem falar, ao longo do processo de preparação, na necessidade de planificação dos estudos, bem como de condições emocionais para a manutenção na trajetória de busca da aprovação.
Ainda nesta perspectiva crítica, se é bem verdade de que o concurso não é para iluminados detentores de elevados quocientes de inteligência, não é menos verdade que não é preciso que o candidato busque métodos e soluções mágicas e milagrosas, para se transformar numa espécie de mutante da cognição. Atualmente existe um verdadeiro mercado de venda de soluções milagrosas, que dizem aumentar a velocidade e a eficácia de funções cognitivas. Quando as vejo lembro do personagem Professor Xavier (do “X-Men”), de modo que considero se enquadrar bem em roteiros de ficção científica. Mas não à realidade dos concursos e exames. Inclusive em função de várias limitações de ordem biológica. Mas não podemos descartar a possível pequena eficácia decorrente do efeito placebo.
Ou seja, a aprovação no concurso público não é monopólio de uma elite privilegiada por capacidades neuro-bio-cognitivas, geneticamente recebidas da natureza. Mas também não é preciso se tornar um mutante cognitivo para conquistar a aprovação.
Portanto, diante de todas as considerações, como conclusão, proponho à reflexão e atitude as seguintes idéias:
- a aprovação no concurso público não é restrita a candidatos que contem com capacidades e estruturas neurobiológicas tidas por privilegiadas, até mesmo pelo princípio da isonomia no seu sentido jurídico;
- procure se manter e avançar nos estudos, inclusive trabalhando com a lógica do foco no processo, no sentido de contribuir com a lógica da plasticidade ;
- procure se submeter à realização de provas ou mesmo exercícios, considerando a tese de que o treino tende a reduzir o consumo de energia cerebral. Mas cuidado, pois os exercícios devem ser tidos como um processo secundário-complementar.
- se convença de que você não tem o direito de dizer que não conta com condições cognitivas de conquistar a aprovação.
Seja mais do que inteligente, seja racional!
PS: CONFORME SE CONSTATA AO LONGO DO TEXTO, O TÍTULO CONSISTE NUMA PROVOCAÇÃO À REFLEXÃO SOBRE A IDEIA DE QUE A APROVAÇÃO É MONOPÓLIO DOS TITULARES DE INTELIGÊNCIA TIDA POR ELEVADA E DO PRÓPRIO CONCEITO DE INTELIGÊNCIA APLICADA AO PRESENTE CONTEXTO.
Fonte: blog do Professor Rogerio Neiva

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