Foram 11 dias seguidos sem entrar em campo. Onze dias de pressão da torcida e imprensa por um título relevante na temporada. Onze dias de lembranças da Era Guardiola, que chegaria ao seu ponto final ou de forma melancólica ou com mais uma conquista. O Barcelona não teve dúvidas: escolheu a segunda opção e precisou de apenas 24 minutos para presentear o treinador mais vitorioso da história do clube em sua despedida oficial. Com o futebol que o notabilizou por todo o mundo desde 2008, o time de Lionel Messi & companhia derrotou o Athletic Bilbao, por 3 a 0, no Vicente Calderón, em Madri, e se sagrou campeão da Copa do Rei de 2011/2012.
O craque argentino, inclusive, deixou sua marca. Foi o segundo do Barcelona, marcado aos 20 minutos de jogo e com o pé direito. E o 73º dele em 60 jogos na temporada, ampliando o próprio recorde. A estrela, porém, foi Pedro Rodríguez, que marcou duas vezes, aos dois e 24 minutos, e possivelmente selou a sua convocação para a disputa da Eurocopa com a seleção da Espanha. Pedrito, aliás, que manteve a fama de artilheiro em finais: ele já havia feito gols em decisões de Supercopa espanhola, europeia, Liga dos Campeões e Mundial de Clubes.
Vice-campeão da última edição, o Barça levantou o troféu com uma campanha segura. Na fase de 16 avos, atropelou o L'Hospitalet (10 a 0 no agregado). O adversário na sequência foi o Osasuna, vítima após duas vitórias (6 a 1 no agregado). O superclássico precoce diante do Real Madrid veio nas quartas, e uma vitória no Santiago Bernabéu, ainda na ida, garantiu a vantagem do empate por 2 a 2 na volta. Na semifinal, a vítima foi o Valencia (3 a 1 no total).
Desta forma, Josep Guardiola passará o bastão para o auxiliar Tito Vilanova com 14 troféus acumulados em 19 disputados. Foram três Campeonatos Espanhóis (2008/09, 2009/10 e 2010/11), duas Liga dos Campeões (2008/09 e 2010/11), dois Mundiais de Clubes (2009 e 2011), três Supercopas da Espanha (2009, 2010 e 2011), duas Supercopas da Europa (2009 e 2011) e duas Copas do Rei (2008/09 e 2011/12). O segundo treinador com mais títulos do Barcelona é o holandês Johan Cruyff, com 11 entre 1988 e 1996.
O feio e a bela
Antes de a bola rolar, torcedores catalães e bascos protagonizaram uma cena lamentável ao vaiarem em alto e bom som o hino da Espanha. Fora do estádio, membros da ultradireita do país realizaram um protesto nas ruas da capital contra os movimentos separatistas. Sob gritos de "Viva Franco", os manifestantes exibiram símbolos fascistas contra o que consideram insulto por parte do País Basco e da Catalunha. As duas regiões são as que reúnem o maior número de pessoas a favor de mais autonomia em seus territórios ou até mesmo a independência.
A festa nas arquibancadas, no entanto, era linda. E ficou ainda mais com a presença da cantora colombiana Shakira, namorada do zagueiro Gerard Piqué. Ela viu bem de perto a blitz que o Barcelona imprimiu ao Athletic Bilbao nos minutos iniciais.
Título em 24 minutos
O primeiro gol saiu logo aos dois minutos, quando o Barça já concluira duas vezes contra a meta de Iraizoz. Depois da cobrança de escanteio, Piqué desviou para o segundo poste, a zaga do Bilbao não conseguiu o corte e a bola sobrou com Pedro, que só completou.
Desfalcada de Iturraspe e Ander Herrera, a equipe de Marcelo "Loco" Bielsa praticamente perdeu a qualidade de sua saída de bola. O Barcelona, como de costume, não perdoou e definiu a parada logo. Aos 20, Iniesta deu ótima enfiada de bola para Messi na direita, nas costas da zaga. O argentino foi à linha de fundo e, quase sem ângulo, bateu forte com o pé direito para estufar as redes pela 73ª vez na temporada - ele também soma 29 assistências.
A situação para os bascos já era delicada, mas tornou-se uma missão impossível com o terceiro gol. Aos 24, Piqué entregou para Xavi na direita. O meia rolou para trás, na entrada da área. Pedro concluiu de primeira e acertou o canto direito de Iraizoz.
Nem o pênalti não marcado para o Bilbao logo na sequência, aos 27, fez com que o panorama de jogo mudasse. Se Llorente sofreu a falta em um puxão de Piqué, o Bilbao penou com a inércia diante de um adversário que cozinhou o jogo na etapa final - e mesmo com a defesa praticamente reserva, já que Puyol, Daniel Alves e Abidal foram desfalques. Àquela altura, era só contar os minutos para festejar o título no fim de uma era que o Barça espera apenas ter mudado de nome.
Fonte: globoesporte.globo.com
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