sábado, 29 de outubro de 2011

Judiciário congestionado: justiça tardia é injustiça



Por Luiz Flávio Gomes* e Mariana Cury Bunduky**

A chamada taxa de congestionamento tem como finalidade aferir anualmente o percentual de processos não baixados no Judiciário. Após divulgar que o congestionamento do Judiciário brasileiro (considerado em sua totalidade) foi de 70% em 2010, o CNJ publicou um relatório detalhado do estudo Justiça em Números acerca do congestionamento em cada esfera e instância do país[1].


Assim, a Justiça Estadual fechou o ano de 2010 com uma taxa total de 72% de congestionamento. Na Primeira Instância da esfera Estadual houve 60% de congestionamento em relação aos processos de conhecimento e Juizados Especiais e 85,6% relativamente aos processos de execução. Já na Segunda Instância, a taxa de congestionamento foi de 48%.


Na Justiça Estadual, de cada 100 processos de conhecimento que tramitaram em 1º Grau em 2010, 60 não foram resolvidos; de cada 100 processos de execução existentes, 85 não foram concluídos e de cada 100 recursos que chegaram aos tribunais estaduais, 48 não foram julgados.

Em relação à Justiça do Trabalho, em Primeira Instância houve uma taxa de congestionamento de 35,8% em relação aos processos de conhecimento e Juizados Especiais, 67,8% em relação aos processos de execução e em Segunda Instância o congestionamento foi de 27,7%.

Já na Justiça Federal a taxa de congestionamento em Primeira Instância foi de 58% em relação aos processos de conhecimento e Juizados Especiais, 84,6% relativamente aos processos em fase de execução. Em Segunda Instância, o total foi de 68,3%. 

O Poder Judiciário brasileiro encontra-se seriamente congestionado não só em sua totalidade, mas também em cada uma de suas esferas e instâncias. Considerando a fase de execução, a taxa de congestionamento ultrapassa todas as demais. O autor da ação ganha mas, depois, na fase de execução, não leva. E muita gente, que perdeu a ação, se vale do Judiciário para protelar o cumprimento da sua responsabilidade. Sobretudo o Estado. A sensação de ineficiência e ineficácia da justiça brasileira é cada vez maior. Isso é muito ruim para a imagem do Judiciário, visto que para ele a confiança é o eixo sobre o qual se ampara sua existência.

*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Acompanhe meu Blog. Siga-me no Twitter. Assine meu Facebook.
** Advogada e Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio

DIca de Livro: Michael Sandel - Justiça: o que é fazer a coisa certa



Nossa dica de livro de hoje trata-se de uma obra recentemente lançada no mercado nacional pela editora Civilização Brasileira. Em "Justiça: o que é fazer a coisa certa", o professor de Harvard, Michael Sandel, através de argumentos filosóficos consolidados sobretudo pelo pensamento kantiano nos mostra que a justiça é um conceito por demais complexo. Mostra-nos que geralmente tomar uma decisão entre o que é certo ou errado é muito mais difícil do que parece. 

Dentre as questões abordadas nesse livro, estão: quais são nossos deveres para com os outros como pessoas de uma sociedade livre? O governo deve taxar o rico para ajudar o pobre? O livre mercado é justo? Pode ser errado, às vezes, falar a verdade? Matar pode ser moralmente necessário? É possível, ou desejável, legislar sobre a moral? Os direitos individuais e o bem comum conflitam entre si?


A obra ora publicada é fruto do curso “Justiça”, que o autor desenvolve na Universidade de Harvard e que figura dentre os mais populares e influentes daquela instituição. Nele Sandel relaciona as grandes questões da filosofia política aos mais prosaicos assuntos do dia, em aulas que são verdadeiros exemplos de como um professor pode tornar atraente e empolgante a disciplina da filosofia do Direito.


Este livro é uma exploração investigativa e lírica do significado de justiça que convida os leitores de todas as doutrinas políticas a considerar as controvérsias familiares de maneira nova e iluminada. Ação afirmativa, casamento entre pessoas do mesmo sexo, suicídio assistido, aborto, serviço militar, patriotismo e protesto, os limites morais dos mercados — Sandel dramatiza o desafio de meditar sobre esses conflitos e mostra como uma abordagem mais firme da filosofia pode nos ajudar a entender a política, a moralidade e também nossas convicções. 
 
Na esteira da autores como Jürgen Habermas e Amartya Sen, Michael Sandel confirma ainda mais sua posição de destaque entre os maiores pensadores deste século, trazendo a lume esta nova e essencial contribuição para o estudo da ética, da moral e da teoria da justiça.

TÍTULO: JUSTIÇA: O QUE É FAZER A COISA CERTA
ISBN: 9788520010303
IDIOMA: Português
ENCADERNAÇÃO: Brochura
PÁGINAS: 352
ANO DA OBRA/COPYRIGHT: 2011
ANO DE EDIÇÃO: 2011
EDIÇÃO: 

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