O livro apresenta um discurso raro, entre a filosofia e o poema, sobre a
atual condição do Homem. Viviane Mosé reflete sobre a Modernidade,
oferecendo ao leitor a oportunidade de pensar, por exemplo, sobre como
ela pode provocar enormes avanços tecnológicos, mas, ao mesmo tempo,
também crises sociais, ambientais e econômicas.
Qual é a ideia principal do livro?
O livro quer mostrar que o modo como organizamos nosso pensamento, o modo como estruturamos nosso raciocínio no ocidente é um modelo construído pelos gregos e que se tornou o padrão do pensamento em geral. Não apenas isto, busca mostrar que este modelo é excludente e fundamenta os diversos modos de exclusão que instauramos em nossa cultura. Raciocinamos em linha, para afirmarmos alguma coisa temos que excluir o seu oposto: ou bonito ou feio, ou certo ou errado, ou bem ou mal, isto dividiu o mundo em dois, e instaurou a oposição ao mesmo tempo em que negou os graus e sutilezas que existem entre uma coisa e outra. Pensar racionalmente é opor. A grande novidade é que as novas mídias estão nos impondo um pensamento complexo, da linha fomos lançados à rede, e isto exige que nossos modelos educacionais se transformem. O livro busca mostrar também que, desde Kant no final do século XVIII, uma razão mais ampla surgiu, um modo de conceber a relação do homem com o mundo, sustentada não apenas no pensamento conceitual, ou na razão pura, mas também e ao mesmo tempo em um pensamento prático, ou moral, e no pensamento estético. O que acontece é que já sabemos desde Kant que nossa razão é complexa, sustentada na percepção e no corpo, quer dizer, na sensibilidade, e acontece como um jogo entre três faculdades: conhecer, querer e sentir, mas esta concepção não atingiu o modo como aprendemos e ensinamos, sobretudo na escola, que se sustenta unicamente no conhecer. O que Kant não conseguiu por meio de argumentos hoje é imposto pelas novas mídias. Ainda bem.
“Pensar o múltiplo e o móvel é o desafio, ser capaz de lidar ao mesmo templo com diversas interpretações e perspectivas. Não mais pensar de modo sucessivo, mas simultâneo, compor ao invés de excluir, e retomar a difícil complexidade que é viver, pensar, criar, conhecer, querer, sentir... Todas as coisas se relacionam, não há nada realmente isolado, todo gesto produz desdobramentos incalculáveis; um saber, uma escola, uma pessoa não existe sem um contexto: talvez este seja o aprendizado social, a maturidade política que precisamos. Somos ao mesmo tempo o indivíduo e o todo, o apolíneo e o dionisíaco, a lei e a transgressão.”
O livro quer mostrar que o modo como organizamos nosso pensamento, o modo como estruturamos nosso raciocínio no ocidente é um modelo construído pelos gregos e que se tornou o padrão do pensamento em geral. Não apenas isto, busca mostrar que este modelo é excludente e fundamenta os diversos modos de exclusão que instauramos em nossa cultura. Raciocinamos em linha, para afirmarmos alguma coisa temos que excluir o seu oposto: ou bonito ou feio, ou certo ou errado, ou bem ou mal, isto dividiu o mundo em dois, e instaurou a oposição ao mesmo tempo em que negou os graus e sutilezas que existem entre uma coisa e outra. Pensar racionalmente é opor. A grande novidade é que as novas mídias estão nos impondo um pensamento complexo, da linha fomos lançados à rede, e isto exige que nossos modelos educacionais se transformem. O livro busca mostrar também que, desde Kant no final do século XVIII, uma razão mais ampla surgiu, um modo de conceber a relação do homem com o mundo, sustentada não apenas no pensamento conceitual, ou na razão pura, mas também e ao mesmo tempo em um pensamento prático, ou moral, e no pensamento estético. O que acontece é que já sabemos desde Kant que nossa razão é complexa, sustentada na percepção e no corpo, quer dizer, na sensibilidade, e acontece como um jogo entre três faculdades: conhecer, querer e sentir, mas esta concepção não atingiu o modo como aprendemos e ensinamos, sobretudo na escola, que se sustenta unicamente no conhecer. O que Kant não conseguiu por meio de argumentos hoje é imposto pelas novas mídias. Ainda bem.
“Pensar o múltiplo e o móvel é o desafio, ser capaz de lidar ao mesmo templo com diversas interpretações e perspectivas. Não mais pensar de modo sucessivo, mas simultâneo, compor ao invés de excluir, e retomar a difícil complexidade que é viver, pensar, criar, conhecer, querer, sentir... Todas as coisas se relacionam, não há nada realmente isolado, todo gesto produz desdobramentos incalculáveis; um saber, uma escola, uma pessoa não existe sem um contexto: talvez este seja o aprendizado social, a maturidade política que precisamos. Somos ao mesmo tempo o indivíduo e o todo, o apolíneo e o dionisíaco, a lei e a transgressão.”
O Homem que Sabe - Viviane Mosé