Dom Quixote e Sancho Pança - obra de Gustave Dorè |
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Dom Quixote e Sancho Pança
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Rogério Rocha
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Sobre tragédias, (in)certezas e o imponderável
O imponderável é o deus da certeza
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2009. Era para ser mais um dia de tantos iguais. Mulher, pouco mais de 40 anos. Arranjara um bico, copeira em festa de bacana em Botafogo. Com o dinheirinho, planos para um Natal mais gordo, com peru, farofa e brinquedo para o filho. Não que tivesse um só, mas aquele, tal qual fizera Deus com Abel, fora o escolhido da vez. Talvez sobrasse algum para ajudar o marido com o material de construção, ainda refletiu. Trabalho terminado. Início da madrugada. Subiu no ônibus. Poucos pensamentos e minutos depois, o estrondo. Uma pedra, pesando 20 quilos, certeira em sua cabeça, acabou com ela e com o sabor antecipado de peru recheado com farofa.
Gela, província de Caltanissetta, Sicília, 455 a.C.. O dia estava soberbo. A brisa do Mediterrâneo acariciava a face barbada e a calva do grande dramaturgo grego. Partira de Atenas incontáveis dias antes. A caminhada, antecipando o peripatético conterrâneo Aristóteles, sempre fora, desde Os persas, o artifício inspirador de suas Tragédias. Aquele dia não seria diferente. Caminhar, esboçar, mentalmente, os diálogos de Prometeu Acorrentado e arranjar algo para comer. Ledo engano. Muitos pensamentos e minutos depois, o estrondo. Desgarrada de uma águia, a carapaça de uma tartaruga fez da cabeça de Ésquilo o seu alvo acidental. Inerte, jazia o corpo no solo quando sicilianos o encontraram. Metatragédia?
Fonte: Blog Amigo de Montaigne
Após levar bronca por gostar de Iron Maiden, menino roqueiro muda de escola
Ellen de Lima
Especial para o UOL Educação
Em São José do Rio Preto (SP)
Especial para o UOL Educação
Em São José do Rio Preto (SP)
- Marcelo, 8, é advertido por diretora de escola de São José do Rio Preto (SP) por gostar de rock pesado
O garoto Marcelo Corrêa Carvalho, 8 anos, que foi repreendido pela diretora por gostar de rock pesado e não quis mais frequentar as aulas depois disso, começa nesta segunda-feira (8) em outra escola de São José do Rio Preto. A unidade segue a linha construtivista.
A escola dá aulas de música, tem uma banda e o garoto poderá até tocar guitarra, se quiser. A mãe de Marcelo, Nara Campos Calachi, não quis comentar sobre a mudança de escola do filho. Ele vai estudar no período da tarde e começa hoje, como ouvinte. Ela ainda deve decidir se ele fica definitivamente no novo colégio.
O menino estava em seu primeiro dia de aula na escola no Colégio Ponto Alfa quando foi repreendido pela diretora, a professora Ana Maria Fernandes, por gostar de rock pesado. Ele é fã das bandas de heavy metal Iron Maiden e Ozzy Osbourne. A diretora disse a ele que essas bandas fazem referência ao demônio e seus músicos praticam rituais satânicos. Depois da conversa, Marcelo não voltou mais à escola e deixou de tocar guitarra e violão, instrumentos que gosta e toca desde pequeno.
Batucada na carteira
Tudo começou porque Marcelo começou a batucar na carteira como se estivesse tocando bateria. A professora do Ponto Alfa não gostou e o mandou para a diretoria. Lá, a diretora Ana Maria Fernandes questionou seu comportamento e suas escolhas.
O menino teria dito a ela que quer ser guitarrista e que sonha em tocar com o Iron Maiden. A diretora mostrou imagens de capas de CDs das bandas, na tela do computador, e o alertou que “todas fazem referência ao demônio, com imagens satânicas e que lembram a morte”.
“Eu quis despertar nele uma reflexão para a realidade. Esse é meu trabalho, e as letras que ele ouve fazem alusão à besta, ao demônio. Não têm mensagem positiva”, disse a diretora Ana Maria ao UOL Educação na semana passada.
Marcelo é fã dos Beatles e do The Who desde os dois anos, mas hoje prefere Iron Maiden e Ozzy Osbourne. É um garoto considerado superdotado, segundo a mãe. “Ele tem grandes habilidades, pertence ao grupo dos supertalentosos para a música, matemática e derivados”, afirmou Nara. A diretora confirmou ser perceptível que o menino tem grau de inteligência acima da média.
Terapeuta discorda, mas pastor vê vantagens
Para o psicoterapeuta Renato Dias Martino, que também é professor universitário e já teve uma banda de rock, a diretora errou. “O que ela fez foi absurdo”, disse ele ao UOL Educação. Martino considera que, como educadora, ela precisaria ter cautela, principalmente por ser administradora de um colégio que prega a inclusão.
O terapeuta considera que o rock pesado é uma forma de extravasar temas que são tabu. “O rock é uma forma lúdica de lidar com o perverso. Ela foi incapaz de entender isso”, disse Martino. Para ele, a diretora não tem preparo para a função que ocupa.
O pastor evangélico Tiago Seilert, da Igreja Luterana no Brasil, afirmou concordar parcialmente com a decisão da diretora do colégio Alfa. “Realmente existem letras malignas que influenciam gerações. O que ela disse tem fundamento”, afirmou .
Porém, o pastor disse acreditar que a diretora exagerou na dose de realidade para a criança. “Eu acho que o estilo musical não é maléfico, mas as letras podem ser”. Para ele, a diretora errou ao passar por cima dos pais. “Ela exagerou.”
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Rogério Rocha
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