Lars Plougmann/Flickr
Um executivo de má índole que passa
esse valor para seu time alimenta o egoísmo, o individualismo, e faz a
empresa perder anos de lucratividade. Geralmente o problema só é
detectado tarde demais
Já é de conhecimento comum que o melhor
caminho para se obter sucesso profissional é através da meritocracia,
extremamente reconhecida no mundo corporativo. Neste mundo o investidor
empresário ou acionista entende que somente a meritocracia consegue
remunerar melhor, pagando desigualmente os desiguais. Este é o sistema
administrativo para quem espera chegar lá. Quem se garante entra, se
especializa, desempenha bem seu cargo e ganha. A meritocracia não
diferencia mulheres, homens, homossexuais, negros, brancos, pardos,
amarelos, vermelhos, cristãos, judeus, muçulmanos, velhos, jovens,
deficientes. Eles trabalham juntos, tendo de comprovar resultados
operando sob uma mesma égide administrativa, e seguindo o mesmo credo
empresarial. Falamos aqui de um mundo empresarial que se estende além
das fronteiras. São empresas que se tornam apátridas, com operação
presente em mais de 100 países.
É típico do ser humano, para sobreviver em um mundo competitivo como o
é o mundo corporativo, ter de aprender a conviver com traições,
marketing pessoal e uma infinidade de sentimentos menores. O poder e o
deslumbramento corrompem. Arrogância, orgulho, egoísmo, ciúmes e
escárnio ganham força para esconder a insegurança, os medos e as
covardias. Encontramos pessoas vaidosas e presunçosas, abusando da
futilidade, convivendo com pessoas do bem, sérias, voltadas ao
desenvolvimento pessoal e ao trabalho. Este é o lado literalmente
infernal do mundo corporativo.
O desafio do bom gestor é fazer com que todos pensem da mesma forma e
estejam na mesma página. O bom líder precisa transformar o “homem
complexo”, com todos seus defeitos e qualidades, em “homem
organizacional”, sabendo usar da maneira correta todos os mesmos
defeitos e qualidades. Precisa ajudar a criar a personalidade do
profissional, que pode ser extremamente maleável, pois é imitativa.
Precisa passar o ensinamento de que, se a empresa vai bem, todos ganham,
se ela vai mal, todos perdem.
Para um profissional obter sucesso ele precisa, obrigatoriamente,
interagir com outros. Precisa ajudar e ser ajudado. Precisa saber quem
admirar, em quais gestores e colegas deve se espelhar. Precisa cuidar da
sua personalidade. É possível transformar um profissional do bem em um
profissional ruim, e é aí que mora o perigo. Somos moldados através de
exemplos, e esses podem interferir diretamente em nossa personalidade. O
que nunca muda é a nossa essência.
O time do bem constrói um currículo de realizações que nenhuma trama
ou traição haverá de macular. Soma ao intelecto cada curso que
participou, cada livro que leu, cada ensinamento que nunca será tirado
dele. Essas pessoas cuidam da sua essência e da sua personalidade. Esse é
o lado da balança que o gestor precisa deixar pender mais, SEMPRE.
O executivo que entende e prega a cultura e o valor da empresa pode
aumentar a lucratividade e o desempenho do seu time. É uma matemática
simples: uma pessoa que possui a cultura da empresa passa esse valor
para o subordinado. Esse, por sua vez, passa esse valor para seus pares e
todos lutam pelo mesmo objetivo, fazer a empresa crescer.
Um executivo de má índole que passa esse valor para seu time alimenta
o egoísmo, o individualismo, e faz a empresa perder anos de
lucratividade. Geralmente o problema só é detectado tarde demais, e as
soluções vêm em marcha lenta.
O bom gestor, além de excelente líder, precisa saber identificar os
perfis que tem embaixo do seu guarda-chuva. Precisa estar atento e lutar
sempre para ser um “homem organizacional” melhor. Precisa saber dar feedbacks
aos seus colegas sobre seus aspectos negativos, e precisa ser firme em
seus posicionamentos. Precisa gerir a empresa objetiva e subjetivamente.
Não pode ser amigo demais, fraco demais ou sensível demais. Precisa ser
admirado! Afinal, escada suja se lava de cima para baixo. Na hora em
que se torna exemplo do bem a ser seguido ele ou ela estará gerindo o
intangível para o bem. É nesta hora que atinge a alma e o espírito das
pessoas tornando-as “homens organizacionais” do bem. Sustentabilidade se
faz com mais consciência através do desenvolvimento das pessoas para o
bem.
Fonte: Revista Carta Capital Online