domingo, 13 de novembro de 2011

DEDÉ BRILHA DE NOVO, VASCO DERROTA O BOTAFOGO E SEGUE NA COLA DO TIMÃO



por GLOBOESPORTE.COM

A fórmula já é conhecida. E deu certo mais uma vez. Basta o técnico Ricardo Gomes entrar em cena para o Vasco ganhar motivação extra e garantir mais três pontos. Foi assim com o telefonema antes da vitória sobre o Atlético-MG, e as visitas à concentração nas vésperas das partidas contra Universitário-PER, pela Sul-Americana, e Botafogo. No clássico deste domingo, o clube de São Januário mostrou sua força novamente. A vitória por 2 a 0, com a marca do zagueiro Dedé mais uma vez, foi a primeira do Cruz-Maltino em clássicos neste Campeonato Brasileiro e manteve a equipe do técnico interino Cristóvão Borges na vice-liderança do competição, na cola do Corinthians.
A equipe paulista, que horas mais cedo derrotou o Atlético-PR, no Pacaembu, tem os mesmos 61 pontos do Vasco, mas lidera no número de vitórias (18 x 17). O resultado negativo, segundo seguido do Botafogo no Engenhão, fez a equipe do técnico Caio Junior estacionar nos 55 pontos e ainda cair para a quinta posição. A quarta derrota do Alvinegro, que não tinha perdido nenhum clássico no Brasileirão até o momento, nos últimos cinco jogos evidenciou ainda a queda de rendimento da equipe na reta final da competição.
As duas equipes voltam a campo na próxima quarta-feira. O Botafogo vai até Sete Lagoas para encarar o América-MG, às 20h30m (de Brasília). Logo depois, às 21h50m, o Vasco enfrenta o Palmeiras, no Pacaembu.
O Vasco, de Éder Luís, chegou aos 61 pontos e colou novamente no líder Corinthians  Foto: André Portugal/Photocom/Divulgação
Contra-ataque, gol e displicência
Depois da visita do técnico Ricardo Gomes à concentração vascaína, na tarde do último sábado, Cristóvão surpreendeu na escalação. Com Juninho Pernambucano, Élton e Alecsandro no banco, o interino repetiu a fórmula que deu certo na vitória sobre o Bahia: meio-campo recheado de volantes e ataque rápido com Diego Souza e Éder Luis. Os primeiro minutos da partida, porém, deram a impressão de que a opção vascaína tinha sido equivocada. Com calma, passes rápidos e seu time titular completo, o Botafogo começou sufocando e teve duas boas chances para abrir o placar com Herrera e Elkeson antes mesmo dos 10 minutos.
Aos poucos, no entanto, o Vasco encaixou a marcação e começou a levar muito perigo nos contra-ataques. Logo no primeiro deles, Fellipe Bastos já balançou a rede alvinegra. Alan achou Éder Luis livre na direita. O atacante tinha Diego Souza e Rômulo como opções no meio da área, mas o passe saiu errado e encontrou Bastos na corrida. O chute saiu seco e rasteiro. Em impedimento, Diego Souza pulou e acabou atrapalhando a visão de Jefferson, mas o bandeirinha validou o lance.
O Vasco brilhou neste domingo e derrotou o Botafogo. A equipe de São Januário manteve a vice-liderança do Campeonato Brasileiro  Foto: André Portugal/Fotocom/Divulgação
Dedé, sempre ele, decide outra vez
O segundo tempo começou como se ainda fosse o primeiro: Botafogo perdido e Vasco soberano. De tanto insistir, não demorou muito para o Cruz-Maltino ampliar. Éder Luis já tinha perdido outra boa chance quando Dedé voltou a brilhar no ataque. Jefferson acabara de realizar um milagre em uma finalização de canela do zagueiro Renato Silva, quando o ídolo da torcida vascaína roubou a bola, driblou Elkeson e tocou para Rômulo. O volante abriu para Fellipe Bastos na esquerda e o cruzamento encontrou a cabeça de Dedé, que ainda aproveitou o erro de marcação de Cortêz para colocar 2 a 0 no placar. Com os dois gols sobre Universitário-PER, foi o terceiro gol do zagueiro-artilheiro na semana.
Quando tinha a bola, o Botafogo não sabia o que fazer com ela. A falta de objetividade alvinegra levava o goleiro Fernando Prass a ser um mero expectador. Com a chuva forte que caia sobre o Engenhão àquela altura, só restava ao Vasco esperar o tempo passar. O volante Rômulo ainda deu mais emoção à vitória ao ser expulso aos 31 minutos da etapa final por supostamente xingar o juiz Antônio Carvalho Schneider.
Nem mesmo a vantagem numérica foi suficiente para o Botafogo assustar. Com calma, o Vasco seguiu com a posse de bola e esperou apenas o apito final. De sua casa, Ricardo Gomes provavelmente sorriu. Trabalho bem feito mais uma vez.

Júnior Cigano nocauteia Velásquez e conquista título dos pesados do UFC


Catarinense é o segundo brasileiro a deter o cinturão da categoria e o primeiro a ser campeão absoluto entre os pesos-pesados

O brasileiro Júnior "Cigano" dos Santos conquistou o cinturão dos pesos-pesados do UFC neste sábado, ao derrotar o mexicano-americano Cain Velásquez por nocaute, em apenas 1m04s de luta, em Anaheim, EUA. Ele se tornou o primeiro representante do país a deter o título absoluto da categoria - seu "padrinho", Rodrigo Minotauro, foi campeão interino dos pesados. Foi sua 14ª vitória em 15 lutas na carreira, e a primeira derrota de Velásquez em 10 combates no seu cartel.
Considerado a "zebra" da luta, Cigano entrou, como de costume, sob o tema do filme "Rocky, o Lutador", cujo personagem principal também entrava nos ringues desacreditado. Velásquez, por sua vez, entrou celebrado ao som de um "mariachi", música típica do México. Ao ser apresentado, Júnior foi muito vaiado, mas manteve a expressão séria. O mexicano-americano, por sua vez, se mostrava tenso, mas concentrado e preparado para a batalha.
Junior dos Santos Cigano com o cinturão de campeão do UFC (Foto: Getty Images)Júnior Cigano exibe a bandeira brasileira, já com o cinturão de campeão do UFC na cintura (Foto: Getty Images)
Velásquez começou com um chute baixo, mas Cigano também acertou um cruzado de direita. O mexicano-americano quase derrubou o catarinense ao segurar uma pisada, mas ele defendeu bem. Velásquez se arriscou no jogo de pé, e sua falta de ritmo após mais de um ano afastado do octógono foi sentida. Cigano atacou e acertou um gancho de direita que derrubou o campeão. Júnior não desperdiçou a oportunidade e partiu para cima do adversário, castigando-o com marretadas até ser interrompido pelo árbitro "Big" John McCarthy com 1m04s de primeiro round.
- Não tenho palavras para explicar. Quero agradecer ao meu time e minha família, tenho gente muito boa na minha vida. Cain Velásquez foi o cara mais duro que já enfrentei, estava com medo de enfrentá-lo, eu não estava 100% para esta luta. Estou muito feliz - declarou Cigano, que não segurou o choro de emoção.
Cain Velásquez admitiu que sua atuação não foi à altura de seu nível.
- Desculpem-me, eu vou voltar. Ele meio que mexeu com meu equilíbrio, é muita força. Eu esperei muito para ele vir pra cima e ele fez o que tinha que fazer. Parabéns para ele - lamentou Velásquez.
Com o título de Cigano, o Brasil igualou o número de cinturões do UFC com os EUA - agora, são três campeões brasileiros (Anderson Silva, dos pesos-médios, e José Aldo, dos pesos-pena, são os outros) e três campeões americanos (Dominick Cruz, dos pesos-galo, Frankie Edgar, dos pesos-leves, e Jon Jones, dos pesos-meio-pesados). A única categoria com campeão de outra nacionalidade é a meio-médio (Georges St-Pierre, do Canadá).
Fonte: Sportv.globo.com

O caráter



*Reinaldo Gonçalves

Apesar de os valores humanos, sociais e culturais variarem e se modificarem, ao correr do tempo e ao sabor de novos critérios, há determinadas virtudes e qualidades que jamais perderão a sua importância.
Dizer-se de uma pessoa que tem caráter e dignidade é definir uma vontade sempre fixada no bem, consciente dos seus deveres, dos seus compromissos e das suas responsabilidades. Nele a palavra assume a força de um juramento, de um contrato, de um documento.
Uma pessoa de caráter não nasce por acaso. Não é resultado de temperamento, não é fruto de uma inclinação natural. É trabalho de uma disciplina interna, de sacrifícios, de atos de renúncia, de exercícios continuados da vontade, da educação dos impulsos instintivos, das tendências.
Não se nega a importância que os fatores hereditários, o ambiente de família, a influência do círculo de relações sociais, podem atuar como motivações e dinâmica catalisadora na formação da personalidade. O caráter, a dignidade é trabalho pessoal, é resultado de nossa auto-educação.
Não é fácil este trabalho porque cada um de nós é um complexo de qualidades negativas e positivas em conflito. A natureza humana é mais inclinada ao comodismo, ao prazer, ao menor esforço, e fugir de tudo que represente sacrifício, sofrimento, dispêndio de energias. Por outra parte, a sociedade com os seus prazeres, as suas insinuações, com todos os recursos de degradação moral, com uma filosofia eminentemente hedonista, torna mais difícil a pessoa equilibrar-se coerente com os seus princípios morais e suas convicções religiosas.
Platão já definia o homem como uma carruagem puxada por dois corcéis indomáveis, cada um tomando rumos diferentes e opostos. O homem sempre viverá neste conflito de tendências, neste clima de luta tremenda, seja pelos impulsos das suas paixões e tendências naturais, seja pela força das pressões externas, do ambiente em que vive e das pessoas com que se relaciona.
É muito fácil ser o caniço que se dobra ao menor sopro do vento. Difícil é ser árvore altaneira que resista à fúria das tempestades e dos vendavais. Estes varões de Plutarco vão rareando em nossos dias. E, radicalizamos, que é uma graça, quando temos a felicidade de encontrar uma pessoa de caráter, porque seu exemplo nos dignifica e nos enriquece humana e moralmente.
*Membro do MFC do Amapá

Fonte: MFC.org.br

Lançamento do Firefox 8


Mas download do programa já está disponível para os usuários nesta segunda

Divulgação
(Divulgação)
O Firefox, um dos navegadores mais populares do mundo, ao lado do Internet Explorer e do Chrome, ganha uma versão nesta terça-feira. A Mozilla, desenvolvedora do programa, já disponibilizou o download do software, que pode ser baixado na página internacional da empresa. 
A nova versão do navegador chega para os computadores Windows, da Microsoft, e para os Macs, da Apple, que utilizam o Mac OS como sistema operacional. O lançamento acontece somente um mês e meio após o Firefox 7 ser anunciado pela Mozilla. 
O Firefix 8 terá um atalho para o Twitter em sua barra de buscas, abas adicionais, além das correções dos bugs e novos aplicativos de segurança. Segundo a Mozilla, o navegador também chega ao mercado mais rápido e com suporte ao HMTL 5.    
Fonte: Veja

No primeiro dia, SWU tem 78 ocorrências e 7 presos


De acordo com a organização do evento, 38 celulares foram recuperados e documentos perdidos foram encaminhados para o setor de achados e perdidos

Foram registrados 78 furtos no primeiro dia do festival SWU, segundo divulgou a organização do evento neste domingo. Com a ajuda das 28 câmeras de vigilância, a polícia acompanhou a movimentação de suspeitos e prendeu sete pessoas. Até agora, foram recuperados 38 celulares e os documentos perdidos foram encaminhados ao setor de achados e perdidos, onde devem permanecer até o fim do festival, depois seguirão para a prefeitura de Paulínia.
O primeiro dia também foi marcado por muito lixo espalhado pela arena. Os 2.000 latões de lixo disponíveis no local não foram suficientes para impedir que copos plásticos, latinhas e sacos de comida ficassem pelo chão.  A meta, segundo os organizadores, é reciclar todos os resíduos que foram retirados do local durante a madrugada.
Na manhã deste domingo, foi realizada revista nas barracas do camping em busca de drogas e objetos proibidos, como facas. Quem estava no acampamento reclamou, mas a organização disse que as revistas estão previstas no regulamento e que continuarão sendo feitas. As falhas de iluminação e água registradas no primeiro dia já foram sanadas.

sábado, 12 de novembro de 2011

Onde fica o céu? (Por Jorge Leão)

Reproduzo aqui um excelente artigo do nosso querido amigo, professor Jorge Leão, acerca de importante reflexão filosófica sobre a fé e a religião em nosso tempo. Saboreiem!




Ainda vigora entre nós um discurso religioso amortecedor das reais implicações da vida. Nos meios católicos e protestantes, estatisticamente os grandes representantes do cristianismo no Ocidente, é possível ainda ouvir-se expressões como “céu, inferno e purgatório” como lugares, dimensões físicas, de caráter póstumo, isto é, espaços geográficos situados além da morte. Vigora ainda a triste idéia de que a morte, por si mesma, seria capaz de amenizar as culpas e máculas de alguém, pelo simples fato de desejarmos que um ente querido, já falecido, esteja na eternidade, ao lado de Deus, como a dar a ele um prêmio automático.
São visões de Deus bastante infantis, que endossam uma relação de profundo distanciamento com a realidade. Muitos segmentos intitulados “cristãos” promovem atualmente uma liturgia sensualista, onde as pessoas precisam de um manto branco, ou de medalhas no peito, ou mesmo das propagadas bênçãos. É impressionante como há bênçãos hoje nos lembretes ao final das liturgias; há bênçãos para tudo, para garganta mal curada, para empresários falidos, para filhos que irão fazer o concorrido vestibular, ritos especiais onde se encontram velas com poderes de expulsar os males que se fincam na casa dos devotos, corredores abençoados por gritos e êxtases, as romarias e caravanas para verem formigas que tecem a face de Maria em folhas caídas pelo chão, peregrinações e sacrifícios a santuários exigindo esforços corpóreos ultra-humanos, e tantas outras proclamações de crença ritualista, que em nada aprofunda o amor e a justiça, os pilares centrais da mensagem de Jesus de Nazaré para a vida concreta, sem disfarces pretensamente imaculados ou estratégias psicológicas de sedução pelas fraquezas ou necessidades materiais de quem neste tipo de crença adentra. Fato este que facilita por demais a entrada neste falso céu geográfico, que nos distancia da mensagem de Jesus de Nazaré.
Isto é, em muitos discursos religiosos de hoje há práticas de alienação patrocinadas por televisão e rádio, que não fazem nada mais que fabricar ilusões e mentiras para o povo, pois, nestes lugares, não interessa a verdade, mas uma manutenção garantida de benesses e privilégios com o poder político constituído. Assim, vemos também denominações religiosas das mais variadas origens proclamando nada mais do que marketing religioso, muito bem elaborado por sinal, apenas com o intuito de ter já aqui na terra o desejado céu sem dívidas, problemas e contradições, como prega há séculos os poderes religiosos que se dizem cristãos. É um céu que o ego fabrica. É ganhar na loteria de Deus. É ter sozinho a mega-sena acumulada por anos e anos de serviços prestados à igreja do Senhor. A recompensa então é o justo prêmio, e um lugar no céu, a vitória merecida.
Mas falar disso em público, e pior ainda dentro das igrejas, amedronta um vasto segmento de prosélitos que julgam e condenam a quem o faça de “herege”, ou de “falso profeta”. A reação hoje é tão violenta quanto nos tempos de Jesus ou na Idade Média, apenas a forma mudou e se aperfeiçoaram os métodos. Não se acendem mais fogueiras, mas se impõe o silêncio àqueles que porventura ousarem transpor os limites da crença institucional e adentrar fundo no Evangelho do Cristo. Proíbe-se a publicação de livros de teólogos considerados desobedientes e perniciosos. Cala-se a voz dos pastores que andam ao lado dos pobres, e contra o poder dominante dos chefes e autoridades que se sentam nas primeiras poltronas dentro das catedrais. Infelizmente, percebemos que permanecer preso a um discurso marcado por interesses humanos estreitos e opressores sempre foi uma marca histórica das religiões cristãs no Ocidente, isso, como sabemos, desde Constantino Magno, no início da falsificação da mensagem do Cristo em doutrina religiosa, com o Edito de Milão, em 312 d.C. Mas, como se sabe pelo Evangelho, o medo só nasce da ignorância, e todo mal se abate àquele que desconhece que a mensagem do Reino de Deus não possui amarras com a ideologia da culpa, da punição ou de um falso céu póstumo. O Mestre já advertira: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino!” (Cf. Lc 12, 32), e ainda: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Cf. Jo 8, 32).
Entretanto, para muitos líderes religiosos ditos “cristãos”, seduzidos pela situação cômoda de gozar de um status social privilegiado, não seria interessante proclamar a verdade às claras. Isso desmoronaria um castelo de cartas armado há séculos para enganar as massas, inviabilizando a elaboração de uma liturgia dominical repleta de sensacionalismos, como a dizer: “esperem mais um pouco, rebanho obediente, Jesus já está chegando”. Enquanto isso, nós, como Pedro em suas negações, covardemente esquecemos que este mesmo Jesus causou divisões em seu tempo (Cf. Lc 12, 51; Mt 10, 34), a começar pela própria estrutura religiosa do templo de Jerusalém (Cf. Jo 9, 13-41; Mt 23, 13-32), responsável pela conspiração de seu assassinato (Cf. Mt 26, 1-5). Mas, como se observa hoje, é mais cômodo dizer que Jesus veio ao mundo para padecer por nossos pecados, como ovelha obediente aos seus algozes, do que trazer uma mensagem de libertação integral ao ser humano, a partir do livre-arbítrio de cada um, e da responsabilidade em assumir tal decisão, a que Jesus chama de “carregar a sua cruz” (Cf. Lc 14, 27). É mais fácil proclamar o martírio do cordeiro (como o fez Paulo de Tarso em sua carta aos Romanos, ver Rm 5, 8-10) do que caminhar passo a passo com ele rumo ao Gólgota. Assim, entra ano e sai ano e os discursos sobre a morte e paixão de Jesus se repetem para manter o mito oportuno do bode expiatório. É importante que alguém morra para amenizar nossas culpas e nos livrar do inferno. É oportuno administrar a mentira, para receber um prêmio celestial depois da morte, onde todos os que proclamaram e seguiram a mesma mentira se encontrarão, segundo o seu desejo, para dizer: “viram como foi necessário todo aquele suplício na terra? Afinal de contas, onde estamos agora? No céu... E aqueles arruaceiros, os hereges, inimigos da igreja? Todos no inferno, que é o lugar dos que desobedecem a Deus e aos seus santos ministros!”...
Enquanto isso, na periferia do mundo o diabo anda solto, e o povo empobrecido permanece excluído das igrejas em seus cultos dominicais, com sua voz calada pela fome, pelo tráfico de drogas, pela morte de crianças por desnutrição, pela falta de escolas públicas e hospitais que atendam às suas necessidades materiais míninas, por doenças estrategicamente proclamadas como “incuráveis”, enfim, por calçadas invadidas pelo esgoto mal-tratado de nossas orações dominicais. Vejamos, então, que tipo de pregação nós estamos a seguir em nossos encontros dominicais. Não percamos de vista que “não existe discípulo superior ao mestre, nem servo superior ao seu senhor” (Cf. Mt 10, 24). Por isso, toda garantia de um céu exclusivista, fechado em seus dogmas e em suas colunas de bronze e calçadas de mármore, serve justamente para distanciar a mesma massa faminta da raiz de seus problemas, a saber, o egoísmo humano, manifestado historicamente pelo sistema capitalista, dominante a partir das grandes navegações européias, empreendidas com o aval do catolicismo romano e depois pelo vínculo sócio-econômico com o protestantismo, a partir do século XVI, vindo a dizimar povos, culturas e tradições em nome de um falso Deus.
Ora, como se observa, o discurso sobre o céu geográfico constitui apenas uma das inúmeras facetas de domínio ideológico religioso contemporâneo, que é muito mais violento que a morte na fogueira medieval, pois passa sutil e silenciosamente de geração em geração, a cada novo discurso mentiroso que se fabrica dentro das igrejas, reproduzindo, a partir das crianças, a imagem de uma recompensa final todo o bem que fizermos aqui na terra. Com isso, a liberdade de proclamar a verdade foi perdida, e hoje se encontra completamente calada, no momento em que se optou pelo poder político, e por todos os privilégios advindos dos anéis de ouro nos dedos e da cruz pendurada na parede de nossas repartições públicas. É bem mais interessante para o ego, que é alimento pelo poder, pelo ter e pelo prazer (Cf. Mt 4, 1-11; Lc 4, 1-13), ser aclamado como autoridade e representante oficial de Deus na terra, e como vínculo de aproximação com o próprio Deus, por ter um cargo dentro de uma hierarquia eclesiástica. Isso sempre encheu os olhos dos que se deixam seduzir pelas tentações do deserto do ego, afastando-se do Mestre de Nazaré, que, como nos diz o Evangelho, “não tinha onde reclinar a cabeça” (Cf Mt 8, 20), e que enxugou os pés de seus discípulos, e proclamou: “se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Cf. Mc 9, 35). Essas verdades, para serem libertadoras, precisam partir de alguém que não tenha compadrio com o dinheiro, com o prestígio e com a imaculada bajulação das autoridades farisaicas que continuam esperando seu lugar no céu, certamente, pela última reforma no teto da catedral da cidade. Vejamos e escutemos o Evangelho do Cristo, estando atentos à voz do Mestre: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Cf. Mt 6, 24a).
Por isso, assim como nos ensina o Evangelho, o céu é um estado de espírito, de nossa consciência, e está dentro de cada um de nós e no meio de nós (Cf. Lc 17, 20-21), pela nossa livre adesão ao amor e à justiça, assim como o inferno de nossas culpas e pecados. Nós mesmos criamos nosso inferno, e nós mesmos saímos dele. Nós mesmos criamos condições de céu, e nós mesmos as desfazemos. O estado de céu só terá real valor se for compreendido a partir de nossas atitudes e de nossas ações, quando dizemos sim ao amor, à justiça e à fidelidade ao projeto de Jesus de Nazaré. Por isso, o Mestre proclama o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo, como os pilares de toda aproximação com o Reino de Deus (Cf. Mc 12, 28-34). Não nos iludamos com o infantilismo de um céu pronto em algum lugar pós-morte, pois ele é construído pela consciência do indivíduo transformado e pelo seu vínculo com a comunidade, que atende ao chamado de seguir e proclamar como irmãos o Reino de Deus, com todas as implicações que tal decisão oferecer, pois seremos conhecidos pelos frutos que dermos (Cf. Mt 7, 20) e pelo amor com que nos amarmos (Cf. Jo 13, 35).
Em Jesus, o Reino de Deus inicia-se com a santificação do Nome de Deus, e se manifesta pelo cumprimento de sua vontade, tanto na terra como no céu (Cf. Mt 6, 9). Ele não é feito de ritos ou imagens externas, para satisfazer a vontade de acolhimento daqueles que se sentem abandonados ou mal-amados pelos outros, pelo simples fato de desejarem que todos reconheçam que ele ou ela é cristão ou cristã, pelo simples fato de estar ligado a alguma igreja institucional. Deus vê a intenção em segredo (Cf. 6, 16-18), não o calo dos joelhos em dias de procissão. Deus é conhecido no silêncio de nossa conversão diária, não nos gritos evasivos de nossos choros e alaridos psicológicos. O Reino de Deus é dom gratuito, não exige sacrifícios, longas caminhadas ou feitos mirabolantes, para chamar atenção de quem sobrevive de holofotes (Cf. Lc 11, 39-48). O céu de Jesus, não aquele fabricado por muitos discursos dominicais de hoje em dia, é o céu do serviço, que não se importa em propagar em rede de televisão curas milagrosas, mas de verdadeiramente promover uma mudança radical de atitude no interior de cada pessoa. Por isso, a mensagem de Jesus de Nazaré se fundamenta na morte do grão de trigo (Cf Jo 12, 24), isto é, de nosso velho homem, ainda aprisionado e controlado pelo desejo de posses e reconhecimento social. A purificação da alma somente ocorre com a transformação da mente. E a isso chamamos de Reino de Deus entre os homens e mulheres de boa vontade. Portanto, as ações fecundadas pelo amor serão naturalmente as conseqüências dessa adesão, livre e consciente, ao projeto de Jesus de Nazaré. A isso então chamamos de “céu”.

Jorge Leão
Professor de Filosofia do IFMA e membro do Movimento Familiar Cristão em São Luís – MA.

Fundamentalistas (por Zeca Baleiro)


Zeca Baleiro (Cantor e Compositor - Colunista Mensal)
Não creio em Deus. Pelo menos não da mesma forma que um cristão ou um muçulmano. Tenho apreço pelos ritos católicos e curiosidade por vidas de santos, isso por ser um amor aprendido na infância – e amores da infância são (quase) eternos. O “Deus” que me interessa é um Deus mais “filosófico” (ou mesmo “teológico”) que um Deus santíssimo. Aí está a grande questão. A filosofia é, grosso modo, a possibilidade de relativizar as coisas, e para as religiões não há relativização possível. Ou é céu ou inferno, ou pecado ou virtude, ou Deus ou diabo, bem ou mal.

Seja como for, religião é um assunto que me interessa. E que ultimamente me preocupa. 
Porque noto que as religiões estão todas se tornando um tanto fundamentalistas (e não só o islamismo, como já é sabido). Todo fundamentalismo é perigoso, seja quando se trata de religião, política, economia, nacionalismo ou até em temas “prosaicos” como futebol e música (conheço alguns “fundamentalistas de mesa de bar”, aqueles sujeitos de opinião irredutível que têm a convicção dos crentes e a falta de humor dos fanáticos).

Os fundamentalistas querem a volta à barbárie, querem subtrair da humanidade todas as suas conquistas, quando o único futuro possível do mundo – se é que há um – parece ser o culto à civilidade, a busca da democracia (mesmo que esta seja uma busca utópica) e o respeito e a tolerância às escolhas dos outros. Um mundo próximo do ideal seria um mundo onde todos pudessem vivenciar seus credos e convicções sem o barulho insano e cego das urbas, sem a sanha fundamentalista dos grupos e doutrinas. Mas isso parece cada vez mais longe.

Entre os anos 60 e 70, muitos americanos se converteram ao islamismo, entre eles personalidades pop como o lutador Classius Clay e o cantor Cat Stevens. Isso ajudou bastante a difundir a doutrina islâmica mundo afora. Era charmoso, com uma certa tinta contracultural até. Naquela altura, ninguém imaginaria que a religião islâmica seria a máquina de morte em que se transformou hoje. Hoje também evangélicos às pencas, dispostos a carregar mais ovelhas para seu rebanho, invadem a internet como pragas no Egito para difundir seu pensamento moral totalitário em comentários nem sempre felizes ao pé de blogs e sites de notícias. E os católicos buscam, com a Renovação Carismática e sob o comando de um papa sem carisma, a volta dos fiéis pela espetacularização da fé através da missa-show e do sermão-palestra motivacional.

A falência das liturgias e o avanço de uma visão fundamentalista do mundo são sintomas do que Nietzsche, não por acaso um filósofo, decretou bem antes de nós, com a certeza de um crente: “Deus está morto.” Com esses questionamentos acerca da fé, me indago: estarei eu sendo um fundamentalista também? 

Zeca Baleiro é cantor e compositor
Fonte: Istoé

Como usar o tempo livre


Pesquisa mostra que a maioria das pessoas não sabe lidar com as horas ociosas. Saiba o que fazer para valorizar esses períodos

Francisco Alves Filho
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CONFUSÃO
A universitária Ana Carolina Emellick não consegue administrar suas horas livres
Ter tempo livre e não saber o que fazer com ele. Esse dilema pode parecer paradoxal numa sociedade tão acostumada a se queixar da falta de horas ociosas. Para muitas pessoas, no entanto, é isso o que acontece. Pesquisa de duas universidades americanas, a University of Cincinnati e a Baylor University, feita com 1.329 jovens concluiu que entrevistados com mais tempo livre se mostraram mais infelizes. A prática em consultório leva especialistas a lamentar que as pessoas não saibam como aproveitar os momentos sem a pressão do trabalho ou do estudo. Um deles, o psicanalista paulista Viktor Salis registrou esse fenômeno moderno no livro “As Orelhas do Rei Midas”. Segundo ele, essa é a causa de muitos casos de ansiedade e depressão que chegam ao seu consultório. O problema se agrava quando, mesmo com todo o tempo do mundo, os projetos pessoais não são tocados. “É comum os indivíduos gastarem suas horas livres com atividades secundárias, e isso gera muita frustração”, aponta o psicólogo paranaense Flávio Pereira. Nessas circunstâncias, o tempo ocioso, antes tão ansiado, vira fator de angústia.

O primeiro passo para aprender a usar o tempo livre é achar o equilíbrio entre estar muito ocupado e ter tempo de sobra. “Vivemos em uma sociedade em que o tempo é essencial e a percepção da falta dele está associada a níveis baixos de felicidade”, diz o relatório da pesquisa das universidades Cincinnati e Baylor. Os resultados do trabalho mostram que essas horas de sobra não são obrigatoriamente uma alavanca para o bem-estar. “Viver com quantidade equilibrada de tempo é o ideal.” Encontrar esse caminho não é nada fácil, e a cada dia surgem novos obstáculos. O professor de filosofia Eduardo Chaves, do Centro Universitário Salesiano, em São Paulo, diz que essa falta de habilidade em lidar com o tempo livre é muito comum. “Por isso, adolescentes em férias reclamam de tédio, apesar de antes terem contado os minutos até o fim das aulas”, exemplifica. O problema é mais grave quando acomete adultos, que elegem suas prioridades e não conseguem cumpri-las. Nesses casos, segundo Chaves, a solução se resume a uma palavra, vista por muitos como antipática: disciplina. “É preciso entender que disciplinar nossa rotina não é algo opressor, mas uma forma de exercer plenamente a liberdade”, afirma.

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OCUPAÇÃO
A chef Célia Pessoa arruma atividades até nos feriados, como plantar mudas na varanda
É o que falta à universitária carioca Ana Carolina Emellick, 20 anos. Até um mês atrás, ela tinha o dia completamente tomado e sonhava com o momento em que poderia se dedicar a seus interesses. Atualmente, mantém como único compromisso fixo a faculdade, apenas na parte da manhã, e não consegue tirar proveito das horas livres. “Num dia deixo de ir à academia porque fico mais do que deveria na internet, no outro não vou fazer compras porque dormi além da conta”, diz a jovem, que se confessa frustrada por não aproveitar o tempo como gostaria.

Férias e aposentadoria são dois gatilhos para a angústia que ataca quem não sabe mais viver fora da pressão. Como Roberto Guilheiro, 58 anos, que quase foi à loucura com a ociosidade depois de vender a loja de automóveis na qual trabalhou por 15 anos, na zona sul do Rio de Janeiro. “Tento ocupar meu tempo com entretenimento e lazer, mas fico achando que estou perdendo alguma coisa”, conta ele, que pensa em abrir um novo negócio para resolver a questão. Dona de um bufê, a chef Célia Pessoa é outra que não relaxa nas horas de folga. Nos fins de semana e feriados, mesmo quando não tem nenhum evento para organizar, não fica parada. “Nem lembro a última vez que passei muito tempo sentada, apenas refletindo”, diz ela. No último feriado, em vez de descansar, plantou mudas no jardim de sua varanda. Também é comum organizar reuniões em casa em que põe a mão na massa e cuida da comida. “Fui como convidada ao aniversário de um amigo e abandonei os conhecidos para me juntar ao pessoal da cozinha”, lembra. O professor Eduardo Chaves diz que é preciso dar valor ao ócio. “Até para voltar ao trabalho renovado, com mais energia.” O psicanalista Viktor Salis critica o fato de que o período de ócio tenha deixado de ser encarado como processo criador. “É nesse espaço que você constrói sua personalidade e reflete sobre o mundo”, ensina..

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“É preciso entender que disciplinar nossa rotina não é algo
opressor, mas uma forma de exercer plenamente a liberdade”

Eduardo Chaves, professor de filosofia
A tecnologia poderia ser um grande aliado na otimização dos dias livres, mas gera um efeito contrário. “Com os apelos dos tablets, smartphones e outros aparelhos, as pessoas tenderão nos próximos anos a ter ainda mais dificuldade para gastar seu tempo de maneira proveitosa”, acredita o psicólogo Flávio Pereira. Por via das dúvidas, ele próprio tomou suas providências para não cair na armadilha. “Tenho um novo smartphone cheio de recursos e já descartei vários aplicativos que poderiam me fazer perder tempo à toa.” Evitar ceder às tentações tecnológicas é uma providência fundamental para valorizar o próprio tempo.
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Fonte: Istoé

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